PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA FEDERAL DE 1a INSTÂNCIA SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE ÊUNÁPGLIS - BAHIA Processo n. 2006.33.10.003507-8



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Transcrição:

SUBSEÇÃO JUDICIÁRIA DE ÊUNÁPGLIS - BAHIA Processo n. 2006.33.10.003507-8 AUTOR: MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL RÉUS: INSTITUTO BRASILEIRO DO WSESO AMBIENTE E DOS NATURAIS RENOVÁVEIS - IBAIVIA OUTROS. ASSISTENTE DO AUTOR: ORDEM DOS ADVOGADOS DO BRASIL SENTENÇA* O MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERAL propõe a presente Ação CivíS Pública em face do INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS - IBAMA, CENTRO DE RECURSOS AMBIENTAIS - CENTRO DE RECURSOS AMBIENTAIS - CRA (sucedido pelo INSTITUTO DO MEIO AMBIENTE - IMA) e do ESTADO DA BAHIA, em que sustenta a competência da autarquia federal ambiental para licenciamento da aíívídade de carcinicultura (criação de camarões), Em 2006 a COOPEX - Cooperativa dos Criadores de Camarão do Sul e Extremo Sul da Bahia - requereu o licenciamento da atividade no Município de Caraveías-BA, numa área de 1.517 ha. paaundo o MPF, a competência do IBAMA funda-se no fato de queia ajividade se localiza em zona costeira, utiliza-se de bens de domínio da/união e, ainda, de

Processo n. 2006.33.10.003507-8 que o impacto ambiental é verificado no âmbito regional e/ou nacional. Invoca o princípio da precaução. À fl. 391, requerimento da Ordem dos Advogados do Brasil para intervir no feito, na qualidade de assistente litisconsorcial do autor, o que foi deferido (fl. 769). "W Após regular citação, o IBAMA contesta o feito alegando, em apertada síntese, que a localização da atividade na zona costeira, a utilização de bens de domínio da União e o impacto indireto em âmbito regional ou nacional não têm o condão de transferir a atribuição do licenciamento da atividade para a referida autarquia federal (fls, 394/410). _, O IMA também contesta a ação sustentando que compete ao Conselho Estadual de Meio Ambiente - CEPRAM o licenciamento da atividade de carcinicultura no Município de Caravelas/BA, nos termos do inciso VII, do art. 7, da Lei Estadual n. 7.799/2001. Afirma que lhe incumbe tão-someníe a realização dos estudos e análises técnicas pertinentes, que culminarão com a elaboração de um Parecer Técnico Conclusivo, o qual será encaminhado ao CEPRAM para deliberação sobre a concessão ou não da licença. Alega que foi concedida pelo CEPRAM à COOPEX, Licença de Localização! q^e não dá direito ao empreendedor de realizar qualquer intervenção física na área. Isso só * Sentença classificada como Tipo A, para fins da Resolução n, 535/2006, docjf.

JUSTfÇA FEDERAL DE 1a INSTÂNCIA SUBSEÇÂO JUDICIÁRIA DE EUNÁPOLIS - BAHIA Processo n. 2006.33,10.003507-8 pode ocorrer mediante a obtenção de Licença de Implantação e Licença de Operação, apreciadas em fase posterior. Reafirma a competência do órgão estadual para licenciamento da atividade de carcinicuitura e alega que não há que se falar em impacto nacional ou regional. À f!. 728 decretou-se a revelia do Estado da Bahia. Pela decisão de ffs. 765/769, deferiu-se, em parte, o pedido liminar para determinar a paralisação imediata do processo de licenciamento de atividade de carcinicultura no Município de Caravelas. Às fls. 774/775, a COOPERATIVA DOS CRIADORES DE CAMARÃO DO EXTREMO SUL DA BAHIA - COOPEX pleiteou seu ingresso na lide, o que foi indeferido às fls. 866. Contra esta decisão foi interposto agravo, tendo este Juízo se retratado às fls. 891, para admiti-la na lide. Em audiência (fls. 906/907), verificou-se a inexistência de fatos controversos. Consignou-se a substituição do CRA pelo IMA - INSTITUTO DO MEIO AMBIENTE DO ESTADO DA BAHIA, o qual apresentou acordo de cooperação técnica com o IJÈ&MA, bem como a Moção 090 de 2008, do CONAMA, sobre a definiçaojde competências para emissão de licenciamento ambiental para proje\os de maricultura 3

1 PODER JUDICIÁRIO Processo n. 2006.33.10.003507-8 em águas da União. Os referidos documentos se encontram às fls. 899/905. Manifestação da COOPEX às fls. 911/918 sobre os documentos juntados peio IMA. À fls. 976 a UNIÃO FEDERAL declarou não ter interesse no ingresso à lide, II - FUNDAMENTOS FEDERAL II. a, - PRELIMINAR - DA INCOMPETÊNCIA DA JUSTIÇA Alegou-se a incompetência da Justiça Federal. O fato de o l B AM A, autarquia federal, figurar no poio passivo desta demanda, por si só, afasta a alegação ventilada. Como os fatos todos se entrelaçam em caráter de prejudiciaíidade recíproca, a ws atractiva da Justiça Federal revela-se inconteste. Apenas para argumentar, caso o Ministério Público ajuizasse a presente ação apenascontra o IBAMA, fatalmente teria o autor de trazer todas as pessoas e jtodos os fatos narrados na inicial à baila, para demonstrar a prete\is^ irregularidade do licenciamento ambiental no âmbito do Estado.

Processo n. 2006.33.10.003507-8 A competência sobre licenciamento de atividade de carcinicultura é a própria questão de mérito. Como isso não se pode definir a príori, tern-se necessariamente de se levar à questão à competência federal, que é englobante das três esferas do Executivo, quando estas tenham de estar em Juízo. ILb. - DOS FATOS A questão fática não é controversa, conforme consignado em audiência (fl. 906). Por Isso, não houve necessidade de produção de provas para a!ém das documentais trazidas pelas partes. O objeto da lide se limita a determinar qual o ente, se federai ou estadual, competente para o licenciamento da atividade de carcinicultura, questão puramente jurídica. Nessa ordem de ideias, os enunciados fáticos incontroversos fundamentais e relevantes para a posterior decisão podem ser assim definidos: a) os órgãos ambientais da Bahia informam que se entendem competentes para o licenciamento da atividade em questão; b) o IBAMA, por sua vez, pela sua Divisão de Licenciamento, consoante o ofício 195/2006-DILIC/IBAMA (fls. 411 e segs.), não acatou a recomendação do MPF de assumir o licenciamento em tela; e c) No dia 19 de maio de 2006 o CEPRAM-BA aprovou licença de localização à COOPEX, o que confirma as definiçõe\áe competência no âmbito administrativo (fl. 533). /^\ ^^ 5

SUBSEÇÃO JUPiejÁRIA Dl EUNÁPQUS - BAHIA Processo n, 2006.33.1Q.003507-8 A Licença de Localização foi deferida à COOPEX (fls. 533/536), de quem foi exigida a apresentação de ElA/RIMA (fls. 304), ll.c. - DO DIREITO Os pedidos foram de: a) declaração de nulidade das licenças já concedidas pelo Estado da Bahia; b) condenação do IBASVIA na obrigação de fazer, consistente em assumir a responsabilidade pela condução do licenciamento da atividade proposta pela COOPEX no ÍVJunicípio de Caravelas; e) condenação do IMA e do ESTADO DA BAHIA na obrigação de fazer (rectíus: não fazer), consistente em abster-s de analisar, fornecer ou renovar qualquer licença ambiental relativa ao empreendimento em questão; d) condenação do IMA e do ESTADO DA BAHIA na obrigação de fazer, consistente em encaminhar ao IBAIViA toda a documentação referente ao assunto. Apesar de todas as manifestações contrárias à implantação do empreendimento, deve-se ater para os estreitos limites dos pedidos formulados pelo MPF, que, apesar de estar desdobrado em diversas obrigações de fazer, na verdade orbitam sobre uma mesma e única questão, que é a de saber se o IBAMA é o órgão licenciador da atividade em tela. Que o IBAMA é órgão físcalizador, não resík dbvida, assim como qualquer ente das três esferas do Executivo (Urrpo, Estados e 6

Processo n4.2006,33,10.003567-8 Municípios), no exercício do poder de polícia que lhes é inerente em competência concorrente. Que o MPF, ibama e outras entidades legitimadas podem propor ação civi! pública ambiental contra o empreendimento, também não resta dúvida. Isso importaria um exame sobre a possibilidade de licenciamento em contraste com a aíivídade e, em caso positivo, se as licenças expedidas não extrapolam a legalidade no plano jurídico e fático. Mas nada disso está aqui agitado. A ação não se dirige contra o empreendedor ou contra a expedição da licença ou contra a atividade em si. Os pedidos voltam-se estritamente para a questão da competência administrativa. Tratando-se de competências administrativas concorrentes, a quem cabe o licenciamento? Essa é uma das questões mais tormentosas de Direito Ambiental. Por falta de uma legislação no plano ordinário mais contundente, há muitas zonas cinzentas, um emaranhado de argumentos tópicos que nem sempre se aplicam ao caso. Adota-se o pouco sói ido critério da preponderância do interesse e, conforme a perspectiva, esse interesse podei pentíer para o Estado, União ou Município, ao sabor de uma competente argumentação.

Processo n, 2006.33.10.003507-8 Além disso, há uma sempre presente desconfiança quanto à seriedade dos licenciamentos estaduais emitidos pelos órgãos ambientais do Estado da Bahia. Essa desconfiança está bem fundada e já constatadas em diversos outros processos nesta Subseção Judiciária. Mas, não se pode retirar uma competência estadual para o licenciamento, reconhecido peio próprio ÍBAMA e peia legislação de regência (art. 4, III e 5. da Resolução CONAMA 237/97, Moção CONAMA 090/2008}, porque as instituições estaduais encarregadas do licenciamento não são confiáveis. O aperfeiçoamento das instituições passa lambem pelo exercício de suas compeíências e o crivo dos órgãos fiscalizadores e do Judiciário. Ou seja, se há falhas no licenciamento estadual, deve-se atacá-lo por ação própria. Se há implantação em zonas de interesse ecológico, deve-se trazer esse fato em ação que impugne o licenciamento, não a competência para emiti-lo. Além disso, como já reiterado, o IBAMA não perde a sua competência fiscalizadora. Ill - DISPOSITIVO Ante o exposto, JULGO IMPROCEDENTES \s pedidos formulados pelo MINISTÉRIO PÚBLICO FEDERADA é extingo o processo com resolução de mérito {art. 269, l, do CPC). / \