Recuperação da cobertura florestal nativa nas últimas décadas no estado de São Paulo Juliana Sampaio Farinaci Pesquisadora de Pós-Doutorado Centro de Ciência do Sistema Terrestre (CCST) Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) XIII SIGA, 21 de agosto de 2016
Introdução Transição florestal processos de melhora ambiental Mather, 1992 Teoria da Transição Florestal Crescimento econômico, urbanização, industrialização, intensificação agrícola, escassez florestal An increasing number of countries and regions are transitioning from deforestation to afforestation, raising hopes for a turning point for the world as a whole (Kauppi et al., 2006) (Fonte: Rudel et al., 2005) 36% dos 50 países com mais florestas apresentaram transição florestal sem empobrecimento ou redução da população
Por que São Paulo? Evidências IF, LUPA, IBGE; SOS Mata Atlântica/INPE; Ehlers, 2007 Características socioeconômicas e políticas do estado Objetivos Identificar fatores sociais e biofísicos relacionados à recuperação da área florestal no estado de São Paulo, em diferentes escalas espaciais, discutindo suas implicações para a TTF Analisar as informações disponíveis sobre a evolução da cobertura florestal em SP Estudar relações entre os fatores biofísicos e sociais e o aumento na área florestal em diferentes escalas
Levantamento de dados secundários: IF, SOS/INPE, CATI, IBGE, SEADE Entrevistas estruturadas: prop. rurais em 6 municípios (N=532) Entrevistas semi-estruturadas: habitantes e proprietários rurais, gestores, turismo, ONG, setor florestal (N=39) Observação direta: Conselhos Municipais (S.L.Paraitinga) Geoprocessamento Classificação de imagens média resolução (30 m) e alta resolução (1 m) MDE ASTER mapas de declividade e vertentes Transição pixel a pixel evolução de uso e cobertura Métricas de paisagem Análise quali-quantitativa Métodos de pesquisa
Turvinho Cachoeirinha
Variação na cobertura vegetal nativa em São Paulo: um panorama do conhecimento atual Farinaci e Batistella (2012) Revista Árvore 4(36) Revisão de 4 fontes de dados Mapeamentos: Instituto Florestal e SOS Mata Atlântica/INPE Censitários: LUPA/CATI e IBGE
Variação na cobertura vegetal nativa em São Paulo: um panorama do conhecimento atual Apesar das diferenças nos valores brutos é possível identificar tendência Diferenças metodológicas e de objetivos Evidência de transição florestal em SP na década de 1990 Incremento possivelmente composto por matas secundárias em estágios médio e inicial Principais dificuldades para integração dos dados Recomendação: articulação das agências para discutir Compatibilização de metodologias Como disponibilizar dados georreferenciados sem ferir sigilo?
Adriane Calaboni (dados não publicados)
Relação entre fatores socioeconômicos, relevo e cobertura florestal em seis municípios paulistas Relevo pode influenciar estrutura, composição florística, riqueza de spp. e acúmulo de biomassa Com ou sem mediação humana Objetivo Caracterização socioeconômica e da dinâmica espacial da cobertura florestal nativa em seis municípios paulistas (1986/88 a 2007)
Relação entre fatores socioeconômicos, relevo e cobertura florestal em seis municípios paulistas Cobertura florestal e relevo Declividade e orientação de vertentes influenciam distribuição espacial e dinâmica de recuperação/desmatamento Mata antiga: sul, em declividades acentuadas Desmatamento e recuperação: Maior dinamismo no sul e oeste e em declividades com mais mata (exceto Ubatuba) Fator a ser considerado em planos de reflorestamento e restauração; alocação de passivos ambientais
Motivações para o aumento da cobertura florestal em propriedades rurais de seis municípios paulistas Farinaci et al., 2014. Humans as agents of change in forest landscapes. In Forest landscapes and global change: challenges for research and management Decisões individuais: fatores biofísicos, sociais e valores subjetivos Boa parte da vegetação nativa de SP em terras privadas Objetivo Analisar fatores que motivam decisões de proprietários rurais a conservar ou aumentar a área florestal Métodos 532 entrevistas estruturadas em propriedades > 2 ha Análise quantitativa, espacialização
Sucessão secundária como processo/ valores estéticos e de conservação como motivação Programas de incentivo ao reflorestamento: pouco conhecidos e usados Relação positiva entre ocorrência de reflorestamento, grau de educação formal e ocupação profissional não ligada a atividades agropecuárias Relação positiva entre emprego fora ou seguridade social e reflorestamento Relação inversa não verificada
Objetivo Processos de recuperação florestal em duas microbacias de São Luiz do Paraitinga, SP Analisar, no nível de microbacias hidrográficas, os fatores que influenciam a decisão dos proprietários rurais de conservar ou aumentar a área de mata nativa em suas propriedades
Cachoeirinha No Turvinho Mata secundária, mais fragmentada, uso da terra mais intenso Turvinho
Entrevistas estruturadas Atributos dos proprietários mais propensos a reflorestamento Perfil diferente entre microbacias Cachoeirinha: menos ligado à produção; maior frequência de proprietários de fora
Entrevistas semi-estruturadas Percepção de aumento da mata Declínio da pecuária leiteira: padrões de qualidade, ordenha mecanizada, introdução de braquiária Procura por sítios p/ lazer ou investimento, aposentados Restrições legais flora e fauna (papel regulador e educativo) Valores de conservação ambiental qualidade da água, amenidades (pouco relacionado à erosão) Eucalipto? Desvalorização dos modos de vida, falta de perspectivas de futuro
Separação da paisagem em espaços de produção e espaços de conservação (Silveira, 2008, 2009) Contexto de crise socioecológica na região Híbridos que não atendem a nenhum dos objetivos Crises como oportunidades para renovação institucional Memória e inovações Mecanismos de desenvolvimento econômico e social integrados à conservação ambiental Valorização dos modos de vida Habitantes rurais como agentes do processo e.g. sistemas agro-silvo-pastoris e turismo de base comunitária
Conclusões Gerais
Vias de transição florestal Conclusões Gerais Globalização, políticas públicas florestais (Lambin e Meyfroidt, 2010) Regeneração espontânea é o cenário + frágil (Rudel, 2010) Estímulo à via do pequeno proprietário Políticas públicas: incentivo a reflorestamento como parte de programas mais amplos de desenvolvimento rural com vistas à conservação ambiental Auto-organização e conquista de autonomia Conhecer as diferentes formas de ruralidade; pobreza como fenômeno multidimensional
Agradecimentos Dynamics of Reforestation in Coupled Social-Ecological Systems: Modeling Land-Use Decision Making and Policy Impacts Urban growth, vulnerability and adaptation: social and ecological dimensions of climate change on the coast of São Paulo