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CLASSIFICAÇÃO CITOMORFOLÓGICA E PREVALÊNCIA DOS SUBTIPOS DE TUMOR VENÉREO TRANSMISSÍVEL CANINO NO MUNICÍPIO DE MOSSORÓ, RIO GRANDE DO NORTE, BRASIL CITOMORPHOLOGICAL CLASSIFICATION AND PREVALENCE OF CANINE TRANSMISSIBLE VENARY TUMOR SUBTYPES IN THE CITY OF MOSSORÓ, RIO GRANDE DO NORTE, BRAZIL Yannara Barbosa Nogueira FREITAS 1 ; Maria Vanuza Nunes de MEIRELES 2 ; Ivana Cristina Nunes GADELHA LELIS 3 ; Éricka Natália BESSA 4 ; Higina Moreira MELO 5 ; Erinaldo Freire de AMORIM 6 e André Menezes do VALE 7. 1 Médica Veterinária, Mestre em Ambiente, Tecnologia e Sociedade, Residente de Patologia Clínica, Universidade Federal Rural do Semi-Árido, yannara_freitas@hotmail.com 2 Médica Veterinária, Especialista em Patologia Clínica Veterinária 3 Médica Veterinária, Doutora em Ciência Animal 4 Médica Veterinária, Residente de Patologia Clínica, Universidade Federal Rural do Semi-Árido 5 Médica Veterinária, Mestre em Ciências Fisiológicas 6 Técnico de Laboratório, Universidade Federal Rural do Semi-Árido 7 Farmacêutico-bioquímico, Doutorando em Ciência Animal, Universidade Federal Rural do Semi- Árido Resumo: O tumor venéreo transmissível (TVT) é uma neoplasia de células redondas que acomete, principalmente, cães errantes, cuja atividade sexual não é acompanhada. O diagnóstico é realizado fundamentalmente pelos sinais clínicos e achados citológicos típicos das células. Esses achados citomorfológicos permitem a subdivisão da doença em classes: linfocitóide, plasmocitóide e misto. O conhecimento dessas informações torna-se imprescindível para a precisão do diagnóstico e prognóstico do paciente. Dessa forma, o presente trabalho teve como objetivo classificar citologicamente os casos de TVT canino, a fim de investigar o subtipo prevalente na região, bem como averiguar o sexo e a raça dos animais acometidos e a localização (genital e extragenital) da massa tumoral. A partir do diagnóstico de TVT em animais atendidos em um hospital escola do município de Mossoró, Rio Grande do Norte, entre março de 2016 a janeiro de 2017, 43 nódulos neoplásicos foram caracterizados por meio de citopatologia. A subclasse plasmocitóide representou 95,34% (41/43) dos casos, o subtipo linfocitóide foi observado em apenas 2,32% (1/43) das amostras e 2,32% (1/43) foram do subtipo misto. Fêmeas representaram 72,09% (32/40) das amostras. Quanto à raça, 93,02% (40/43) eram sem raça definida e 6,97% (3/43) eram da raça poodle. Quanto à localização do tumor, 93,02% (40/43) foram genitais, enquanto nas regiões Anais do 38º CBA, 2017 - p.1529

extragenitais foi acometido mucosa nasal, pele e mama inguinal em igual proporção (2,32%, cada). Os resultados mostraram que na região estudada, essa neoplasia acomete principalmente fêmeas caninas, sem padrão racial definido, havendo maior prevalência do subtipo plasmocitóide e de manifestação genital. Palavras-chave: Citopatologia. Neoplasia. Doença venérea. Caninos. Keywords: Cytopathology. Neoplasia. Venereal disease. Canines. Introdução: O tumor venéreo transmissível (TVT) é uma neoplasia indiferenciada de células redondas, com provável origem reticuloendotelial (COHEN, 1985). Acomete exclusivamente canídeos, principalmente, animais errantes, cuja atividade sexual não é acompanhada (ROMERO et al., 2014; STRAKOVA e MURCHISON, 2014). Para o diagnóstico dessa enfermidade a análise citológica é o método de eleição, pois é uma técnica simples, minimamente invasiva, realizada com rapidez e produzindo menos distorção da morfologia celular (DUNCAN e PRASSE, 1979; ROCHA, 1998). As características citomorfológicas observadas têm sido atribuídas a diferentes linhagens celulares permitindo a divisão em três subclasses: linfocitóide, plasmocitóide e misto, que podem determinar alterações no comportamento biológico da neoplasia (AMARAL et al., 2004; FLÓREZ et al., 2012). Dessa forma, a classificação citomorfológica apresenta importância prognóstica (AMARAL et al., 2007), pois algumas linhagens celulares, como a plasmocitóide, estão geralmente associadas a maior frequência em sítios extragenitais, metástases e anormalidades nucleares (GASPAR et al., 2009) que influenciam diretamente na resposta terapêutica do animal. Portanto, o presente trabalho teve como objetivo classificar citologicamente os casos de TVT canino, a fim de investigar o subtipo prevalente na região, bem como averiguar raça, idade e sexo dos animais acometidos e a localização (genital e extragenital) da massa tumoral. Metodologia e Métodos: Para elaboração do trabalho foram utilizados 43 animais com diagnóstico citopatológico de TVT, atendidos entre março de 2016 a janeiro de 2017, em um hospital veterinário, localizado no município de Mossoró, situado na mesorregião do Oeste Potiguar, no estado do Rio Grande do Norte. As amostras foram colhidas através de swab ou imprint das lesões, em seguida as lâminas, devidamente identificadas, foram fixadas e coradas pelo kit comercial Panótico Rápido. As lâminas foram analisadas em toda a extensão, com objetiva de Anais do 38º CBA, 2017 - p.1530

40X, para observação citomorfológica, incluindo critérios de malignidade, e classificação da neoplasia em plasmocitóide, linfocitóide ou misto, segundo protocolo de análise de Amaral et al. (2007). As informações referentes a sexo, padrão racial, faixa etária, localização e descrição da massa tumoral foram obtidas a partir das fichas de atendimento clínico fornecidas pelo hospital. Resultados e Discussão: Dos 43 animais diagnosticados com TVT, 95,34% (41/43) apresentaram o subtipo plasmocitóide e na análise morfológica foi observado mais de 60% de células redondas dispostas isoladamente, com núcleo redondo excêntrico, cromatina grosseira com um ou mais nucléolos e citoplasma basofílico repleto de microvacúolos periféricos. Observou-se também a presença de figuras de mitose, grande quantidade de hemácias e alguns neutrófilos em permeio. O subtipo linfocitóide foi observado em apenas 2,32% (1/43) das amostras, onde foi constatado a predominância de células com citoplasma abundante, menor relação núcleo:citoplasma, maior quantidade de vacúolos claros e núcleo central. O subtipo misto também apresentou baixa prevalência, equivalente ao linfocitóide. Nessa amostra foi observado a presença de células plasmocitóides e linfocitóides, porém com nenhuma das populações excedendo 59% do total de células (FLÓREZ et al., 2012). A prevalência do subtipo plasmocitóide na região de estudo, corrobora com outros estudos realizados no país, como na região Centro-Oeste (AMARAL et al., 2004) e Sudeste (VALENÇOLA et al., 2015). A prevalência dos subtipos de TVT podem variar de acordo com as regiões brasileiras (AMARAL et al., 2004; AMARAL et al., 2007), por isso é importante o conhecimento das características desse subtipo da neoplasia para a região geográfica. Os tumores da subclasse plasmocitóide podem apresentar resistência à quimioterapia, prolongamento do tempo de tratamento (SIMERMANN, 2009) e maior risco de metástase (AMARAL, 2005; GASPAR et al., 2009). Essa situação é agravada, ainda, pela presença de critérios de malignidade, tanto nucleares quanto citoplasmáticos presentes em todas as amostras estudadas. Quanto ao perfil dos animais acometidos pela doença, 93,02% (40/43) eram sem raça definida e 6,97% (3/43) eram da raça poodle, sendo 72,09% (32/40) fêmeas. O resultado do presente estudo corrobora com outros trabalhos que mostraram que essa neoplasia é diagnosticada mais frequentemente em cães sem raça definida (VALENÇOELA et al., 2015; FÊO et al., 2016), principalmente, em reflexo da grande Anais do 38º CBA, 2017 - p.1531

população de cães mestiços, pelo baixo controle de cruzamentos e fácil acesso à rua por esses animais (SOBRAL et al., 1998). Todavia, é importante ressaltar que não há predisposição racial ou sexual para o acontecimento da doença (GANGULY et al., 2013). No que diz respeito a localização da massa tumoral, 93,02% (40/43) foram genitais, ou seja, em machos os tumores são verificados no pênis e/ou prepúcio e nas fêmeas acomete vagina, vestíbulo e junção vestíbulovaginal; enquanto nas regiões extragenitais, 2,32% (1/43) foram excepcionalmente em mucosa nasal, 2,32% (1/43) em diversos nódulos cutâneos presentes no mesmo animal, sem envolvimento genital, e 2,32% (1/43) em mama inguinal acompanhada do envolvimento genital. A implantação e desenvolvimento do tumor pode ocorrer em sítios extragenitais quando há quebra da integridade das mucosas ou da pele (PAPAZOGLOU et al., 2001). Isso acontece naturalmente em resposta a comportamentos sociais dos cães, como lamber, arranhar, morder e farejar, bem como hábitos maternais e o parto participam ativamente na transmissão, embora em menor escala (GANGULY et al., 2013). Conclusão: Essa neoplasia acomete principalmente fêmeas caninas sem padrão racial definido e com manifestação genital, apresentando características citomorfológicas de TVT do subtipo plasmocitóide. Os dados apresentados são condizentes com aqueles observados em outras regiões brasileiras. Referências Bibliográficas: AMARAL, A. S. et al. Diagnóstico citológico do tumor venéreo transmissível na região de Botucatu, Brasil (estudo descritivo: 1994-2003). Revista Portuguesa de Ciências Veterinárias, v. 99, p. 167-171, 2004. AMARAL, A. S. Transmissible venereal tumor: cytological criteria of malignancy, and cytomorphological characterization correlated with DNA damage and immunocytochemistry. 2005. 228f. Tese (Doutorado em Medicina Veterinária) Faculdade Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade Estadual Paulista, Botucatu, 2005. AMARAL, A. S. et al. Cytomorphological characterization of transmissible canine venereal tumor. Revista Portuguesa de Ciências Veterinárias, v. 102, p. 253-260, 2007. COHEN, D. The canine transmissible venereal tumor: a unique result of tumor Anais do 38º CBA, 2017 - p.1532

progression. Advances in Cancer Research, v. 43, p. 75-112, 1985. DUNCAN, J. R.; PRASSE, K. W. Cytology of canine cutaneous round cell tumors: mast cell tumor, histiocytoma, lymphosarcoma and transmissible venereal tumor. Veterinary Pathology, v. 16, n. 6, p. 673-679, 1979. FÊO, H. B.; FLORÉZ, L. M.; ROCHA, N. S. Tumor venéreo transmissível canino: análise da casuística 2008-2014 no Hospital Veterinário de Botucatu. Veterinária e Zootecnia, v. 23, n. 3, p. 409-418, 2016. FLÓREZ, M. M. et al. Cytological subtypes of canine transmissible venereal tumor. Veterinary Clinical Pathology, v. 41, p. 3-5, 2012. GANGULY, B.; DAS, U.; DAS, A. K. Canine transmissible venereal tumour: a review. Veterinary and Comparative Oncology, p. 1 12, 2013. GASPAR, L. F. J. et al. Imunorreatividade à glicoproteína-p nos diferentes tipos citomorfológicos de tumor venéreo transmissível canino. Veterinária em Foco, v. 6, p. 140-146, 2009. PAPAZOGLOU, L.G. et al., Primary intranasal transmissible venereal tumour in the dog: a retrospective study of six spontaneous cases. Journal of Veterinary Medicine. A, Physiology, pathology, clinical medicine. v. 48, n. 7, p. 391-400, set. 2001. ROCHA, N. S. Citologia aspirativa por agulha fina em medicina veterinária (I). Cães e gatos, n. 75, p.15-16, 1998. ROMERO, F. et al. Tumor venéreo transmissível com metástase ovariana em cadela - relato de caso. Revista Clínica Veterinária, v.111, n. 1, p. 66-72, 2014. SIMERMANN, N. F. S. Sulfato de vincristina no tratamento do tumor venéreo transmissível frente à caracterização citomorfológica. 2009. 46f. Dissertação (Mestrado em Medicina Veterinária) - Escola de Veterinária, Universidade Federal de Goiás, Goiânia, 2009. SOBRAL, R. A.; TINUCCI-COSTA, M.; CAMACHO, A. Ocorrência do tumor venéreo transmissível em cães na região de Jaboticabal. Revista Ars Veterinaria, v.14, n.1, p.1-10, 1998. STRAKOVA, A.; MURCHISON, E.P. The changing global distribution and prevalence of canine transmissible venereal tumour. BMC Veterinary Research, 2014. Disponível: http://www.biomedcentral.com/1746-6148/10/168. [Capturado em 26 jan. 2015]. VALENÇOELA, R. A. et al. Aspectos citomorfológicos e frequência dos subtipos de Anais do 38º CBA, 2017 - p.1533

tumor venéreo transmissível canino no município de Campo Grande, MS, Brasil. Acta Veterinaria Brasilica. v. 9, n. 1, p. 82-86, 2015. Anais do 38º CBA, 2017 - p.1534