PRODUZIR MIRTILOS Orientações técnicas para a produção de mirtilos ao ar livre, na região Norte e Centro*



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Transcrição:

PRODUZIR MIRTILOS Orientações técnicas para a produção de mirtilos ao ar livre, na região Norte e Centro* *não dispensa aconselhamento técnico

1 Avaliação da aptidão do solo, água e clima Fertilidade do solo (análise completa, incluindo bases de troca e micronutrientes). Visita de diagnóstico Textura do solo determinada através da análise granulométrica/mecânica. Análise completa de água de rega (ph, CE (ms/cm), Cloretos, Bicarbonatos e Carbonatos). Determinação do número de horas de temperatura inferior a 7ºC nos meses de dezembro a fevereiro. Análise de outros dados meteorológicos como frequência e intensidade das geadas, direção e intensidade dos ventos. Colheita de solo para análise detalhada Histórico da parcela antes da instalação da cultura (zonas de encharcamento, ). 2 Preparação do Solo Documento elaborado no âmbito do projeto Cluster do Pequenos Frutos com o objetivo de disponibilizar um conjunto de orientações técnicas para a produção de mirtilo ao ar livre na região Norte e Centro, a todos os técnicos e produtores interessados. No entanto, a consulta deste documento não dispensa o aconselhamento técnico. Controlo das infestantes deve ser feito com antecedência (se possível um ano) relativamente à plantação. Mobilizações de solo com profundidade até 50cm, sem inversão de camadas. NA INSTALAÇÃO DO POMAR Correção do ph do solo para valores ácidos (4.5-5.5). Baixar o ph - aplicação de enxofre 6 meses antes. Subir o ph - calagem com aplicação de calcário ou similar. Não incorporar estrumes ou chorumes com salinidade elevada. Avaliar a necessidade de efetuar trabalhos de drenagem. Preparação do solo Incorporar matérias orgânicas maturadas ou não decompostas (estilha de madeira, casca de pinheiro, etc.).

3 Armação e cobertura do Solo 6 Sistema de Suporte Camalhão com dimensões apropriadas para o desenvolvimento das raízes com cobertura em material vegetal (estilha, casca de pinheiro, ) ou tela plástica. Cobertura do solo com tela plástica quando esta permite uma abertura longitudinal para incorporação de matéria orgânica. O camalhão deverá ser efectuado de acordo com a orientação do declive do terreno. Armação do camalhão com a colocação do sistema de rega e tela Espaldeira simples com uma fiada de arames apenas indispensável em plantações de cultivares de hábito vegetativo prostrado e plantações em vaso. 7 Rede Anti Pássaro Aplicada dois anos após a plantação (caso necessário). Na entrelinha optar pelo enrelvamento, permitindo uma melhor transitabilidade no decorrer das operações culturais e favorecer a instalação de insectos polinizadores. Plantação com mulching orgânico (mistura de estilha, casca de pinho e composto) e entrelinha com enrelvamento natural 8 Cultura Protegida 4 Densidade de Plantação Pode ser utilizada em zonas litorais com alguma precocidade ou em regiões com grande probabilidade de chuva na época da colheita. Podem ser adotados compassos desde 0,8 a 1,5 metros na linha e 2,5 a 3,0 metros na entrelinha, em função da geografia do terreno e do cultivo. 9 Fertilização de Fundo 5 Poda de Plantação De acordo com as análises de terra. Incorporação de 20 40 t/ha de matéria orgânica com baixa salinidade. Eliminar os ramos pequenos, fracos e prostrados. 10 Sistema de Rega Eliminar os gomos florais para favorecer o crescimento vegetativo, em plantas debéis ou pouco vigorosas. Plantas antes da poda de plantação e limpeza Exemplo de poda à plantação, poda de formação da planta Deve ser instalado um sistema de fertirrega. A rega deve ser localizada com dupla tubagem por cada linha de plantação, com gotejadores cujo espaçamento (0,3 a 0,5 m em função da textura do solo) permita a distribuição uniforme da água no solo (<2 litros por hora). Sistema de rega gota a gota com a colocação de dois tubos

Dimensionado em sectores que garantam a mesma dotação para plantas do mesmo cultivar. Garantir uma reserva de água para 2 a 5 dias. O sistema de captação deve estar dimensionado para 40m3/ha/dia nos períodos de maior calor. 11 Infraestruturas de Apoio Armazém com dimensão adequada para máquinas, equipamentos, fatores de produção, preparação de fruta, etc. Infraestruturas necessárias para obter a certificação GlobalGAP. Câmara frigorífica para manutenção da fruta em frio, caso a dimensão da exploração o justifique. Garantir que não ocorre quebra da cadeia de frio no transporte ao entreposto ou posto de receção. Estruturas de apoio à exploração com câmara de frio O QUE TER EM CONTA: Produção em consonância com o mercado A qualidade organolética do fruto Horas de frio Norte e interior do país tem restrições à plantação de Southern Highbush No máximo optar por 2 variedades/ha Colocação de polinizadores auxiliares (colmeias de abelhas e abelhões) NO DECORRER DA CULTURA

1 Poda de Manutenção e Monda de Flores 3 Controlo de Infestantes A monda de flores só deve ser efectuada caso as plantas se encontrem pouco vigorosas ou doentes. A poda deve ser realizada entre dezembro e fevereiro, dependendo das condições climatéricas e da região. Na linha: com herbicida homologado (consultar site http://www.dgv.min-agricultura. pt/), sempre que as infestantes tenham 5-10 cm de altura (aplicado junto ao camalhão quando tiver a tela aplicada (largura: 20 a 30cm)). Na entrelinha: com destroçador, sempre que as ervas tenham 15cm de altura. Retirar todos os ramos mal inseridos, doentes e prostrados, e os que tenham tido desenvolvimento tardio (Outono). Poda de formação e frutificação 4 Controlo da Rega Abertura da copa para penetração de luz e ar. Fazer controlo da carga de fruto caso haja evidências de quebra de calibre eliminando parte dos gomos florais desse ramo. Nas cultivares que emitam várias varas do ano a partir da raiz, estas devem ser mantidas até ao máximo de quatro anos. Efetuada todos os dias em função da ETP e coeficiente cultural (Kc). Necessidades hídricas da cultura do mirtilo variam entre 750 a 1000 mm por ano. Deve ser efectuada uma monitorização diária do sistema de rega e registadas as dotações diárias. Garantir que não há encharcamentos devido à água de rega. Garantir que não há tempos prolongados de falta de água na zona radicular. Cultivares com dificuldade de emissão de varas manter ramos com inserção baixa. Poda de Frutificação e limpeza 5 Controlo Fitossanitário 2 Fertilização Apenas devem ser aplicados produtos homologados para o binómio cultura x finalidade (consultar site http://www.dgv.min-agricultura.pt/). Aplicação de adubos solúveis e incorporada na água de rega de acordo com o resultado das análises de solo e/ou foliares (ver normas para a colheita de solos e de folhas). Azoto aplicado na forma amoniacal sob a forma de sulfato de amónio. 6 Colheita Efetuadas semanalmente, no máximo de três a sete dias segundo o cultivo e as condições climatéricas. A adubação azotada gradualmente interrompida após o mês de julho para preparar as plantas para o repouso vegetativo. Tanque para colocação de fertilizantes, sistema de fertirrega Frutos colhidos em estado de maturação adequado tendo em conta o período temporal entre a colheita e o consumo. Colheita manual

Evitar a colheita de frutos submaduros e sobremaduros. Frutos totalmente colhidos mesmo na zona do pedúnculo. Frutos preferencialmente colhidos para a embalagem definitiva com manuseamento mínimo. Organização e preparação da colheita OUTRA INFORMAÇÃO IMPORTANTE Vista geral de uma exploração após a plantação 1 Legislação 2 Usos Menores O Plano de Ação Nacional para o Uso Sustentável dos Produtos Fitofarmacêuticos, foi aprovado pela Portaria n.º 304/2013, de 16 de outubro. A aprovação do Plano vem dar cumprimento ao disposto no artigo 51.º da Lei n.º 26/2013 de 11 de abril, que regula as atividades de distribuição, venda e aplicação de produtos fitofarmacêuticos para uso profissional, e de adjuvantes de produtos fitofarmacêuticos, e define os procedimentos de monitorização à utilização dos produtos fitofarmacêuticos, (Diretiva n.º 2009/128/CE, do PE e do Conselho de 21 de outubro, que estabelece um quadro de ação a nível comunitário para uma utilização sustentável dos pesticidas). Usos Menores são todos os usos que representam pequenos consumos de determinados produtos fitofarmacêuticos, ou porque as culturas em que se verificam têm pequena expressão, ou porque correspondem a finalidades de pequena incidência em culturas importantes. A cultura do mirtilo encontra-se nesta categoria pelo que a lista de extensão de autorização para utilizações menores já concedidas (artigo nº51 do Regulamento 1107/2009) pode ser consultada em: http://dgv.min-agricultura.pt/portal/page/dgv/genericos?generico=4207 291&cboui=4207291 Toda a documentação com as fases relevantes do processo de certificação GLOBALGAP (regulamento geral e outros), na página: http://www.globalgap.org/

Documento elaborado no âmbito do projeto Cluster dos Pequenos Frutos. Promotor: Co-Promotor: Parceiros: Co-financiamento: Apoio: