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1 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES / AVM PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU Abalos psicológicos provocados pelo assédio moral. Natália Urbane da Silva ORIENTADOR: Jorge Vieira Rio de Janeiro DOCUMENTO PROTEGIDO PELA LEIDE DIREITO AUTORAL 2017

2 UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES / AVM PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU Abalos psicológicos provocados pelo assédio moral. Apresentação de monografia à AVM como requisito parcial para obtenção do grau de especialista em MBA em Gestão de Pessoas. Por: Natália Urbane da Silva. Rio de Janeiro 2017

3 AGRADECIMENTOS Á Deus por ter me dado saúde e forças para superar as dificuldades. Ao meu esposo Rafael por me incentivar e entender que nos momentos da minha ausência dedicado aos estudos, sempre, compreendeu que o futuro é feito à partir de constante dedicação do presente. Aos meus pais pelo exemplo de garra, força e determinação.

4 DEDICATÓRIA Dedico este trabalho ao meu esposo, porque, quando pensei em desistir ele me deu forças para ir além.

5 RESUMO Nos tempos atuais podemos afirmar que o assédio moral nas relações do trabalho é um dos problemas mais sérios enfrentados pela sociedade. Ele é fruto de um conjunto de fatores, tais como, a implantação de novas ideologias de produção e organização do trabalho, voltadas para a produtividade e competitividade, exigindo do trabalhador empenho, dedicação, capacitação e, ao mesmo tempo, gerando um clima de insegurança quanto à manutenção de emprego e medidas de flexibilização além de propiciar a gestão sob pressão para se atingir a todo custo a lucratividade, criando assim, um ambiente propenso para o surgimento de problemas psicológicos para a saúde do trabalhador. O presente trabalho visa abordar o fenômeno do assédio moral na relação de emprego, que traz graves consequências psicológicas para o obreiro assediado, atingindo um dos principais direitos fundamentais, a dignidade da pessoa humana. Dá ênfase ao assédio moral, configurando-se como um fenômeno de conduta abusiva e repetitiva, que atente contra a dignidade ou integridade psíquica de uma pessoa, ocasionando ameaças a seu emprego, degradando o ambiente de trabalho. Ainda ressalta os elementos que caracterizam esse terror psicológico, bem como as consequências psíquicas trazidas a vítima como também as direcionadas ao empregador.

6 METODOLOGIA Diante do crescimento das cobranças provocadas pelas instituições, cobrança essa onde as empresas acabam excedendo o limite, provocando assim, o assédio e, com isso, desencadeando uma série de problemas psicológicos nos colaboradores. Através desse idéia, será feita uma pesquisa exploratória em: site www.assediomoral.org, livros e artigos, à fim de, compreender melhor o tema proposto.

7 SUMÁRIO INTRODUÇÃO 9 CAPÍTULO I Assédio Moral 10 1.1 Histórico 11 1.2 Conceito 13 1.3 Assédio moral no trabalho 16 CAPÍTULO II Assédio Moral no Ambiente de Trabalho 19 2.1 Conceito 19 2.2 Elementos Caracterizadores 21 2.2.1 Conduta Abusiva 22 2.2.2 Natureza psicológica de atentar contra dignidade psíquica do indivíduo 22 2.2.3 Reiteração prolongada de conduta ofensiva 22 2.2.4 Finalidade de exclusão 23 2.3 Espécie de assédio moral 24 2.3.1 Assédio moral vertical descendente 24 2.3.2 Assédio moral organizacional 24 2.3.3 Assédio moral horizontal 24 2.3.4 Assédio moral vertical ascendente 25

8 2.4 Principais causas do assédio moral 25 2.5. Principais formas do assédio moral 27 2.5.1 Deteorização proposital das condições de trabalho 27 2.5.2 Isolamento e recusa de comunicação 28 2.5.3 Atentado contra a dignidade do empregado 29 2.5.4 Ataque à saúde da vítima violência 30 2.6 Consequências do assédio moral 30 CAPÍTULO III Abalos psicológicos provocados pelo assédio moral 35 CONCLUSÃO 41 BIBLIOGRAFIA 42

9 INTRODUÇÃO O objetivo deste trabalho é mostrar que o assédio moral já existe desde o início dos tempos. A psiquiatra francesa Marie-France Hirigoyen (2000), uma das primeiras estudiosas a se preocupar com o assédio moral no trabalho, da perspectiva de sua especialidade, entende o mesmo como sendo qualquer conduta abusiva, configurada através de gestos, palavras, comportamentos inadequados e atitudes que fogem do que é comumente aceito pela sociedade. Essa conduta abusiva, em razão de sua repetição ou sistematização, atenta contra a personalidade, dignidade ou integridade psíquica ou física de uma pessoa, ameaçando seu emprego ou degradando o ambiente de trabalho. Porém mostrar como esse assunto vem crescendo dentro das organizações, à fim de alcançar resultados maiores, e com isso provocando vários abalos psicológicos na vida do colaborador. De outro lado procurar entender o que levam as pessoas dentro das organizações a terem atitudes grosseiras dentro da organização. Precisamos conscientizar as pessoas para que saibam reconhecer quando estão sendo vítimas de assédio moral, o assediador e quais os danos causados na sua saúde. O medo de perder seu emprego, faz com que, as pessoas que estão sofrendo assédio moral passem a aceitá-lo, sendo assim, trazendo para sua vida um mal e tendo consequências psicológicas maiores, pois a vítima nem sempre tem meios psíquicos para agir contrariamente às atitudes do agressor.

10 CAPÍTULO I Assédio Moral É a exposição de alguém a situações humilhantes e constrangedoras, repetitivas e prolongadas durante a jornada de trabalho e no exercício de suas funções. Nos últimos anos, um problema social tem sido a tônica das discussões de vários setores da sociedade, profissionais, advogados, médicos e psicólogos : o assédio moral. Embora exista em todas as relações sociais, desde os primórdios da humanidade, esse tipo de ação passou a ser divulgado, principalmente, a partir da obra de Hirigoyen, a qual detectou, que cada vez mais, na competitividade do mercado, pode-se observar esse fenômeno e constatar seus efeitos perversos, que vão da baixa autoestima, a doenças físicas, psíquicas e até a morte. Verifica-se que, a intensificação do assédio, invariavelmente, acarreta o isolamento de vítima, como maneira de autoproteção, o que proporciona prejuízo do relacionamento do indivíduo assediada com as demais pessoas, principalmente, no ambiente de trabalho. Vislumbra-se que, o assédio moral no trabalho é um dos mais comuns em todo mundo, conforme descrito abaixo: (...) o assédio moral no trabalho é definido como qualquer conduta abusiva (gesto, palavra, comportamento, atitude...) que atende, por sua repetição ou sistematização, contra a dignidade ou integridade psíquica ou física de uma pessoa, ameaçando seu emprego ou degradando o clima de trabalho. (HIRIGOYEN, 2006, p.17).

11 Compreende-se que, o assédio moral é uma maneira de violência, a qual atinge a vida dos indivíduos assediados e de todos ao seu redor ou que possuem relação com ela. 1.1. HISTÓRICO Tal abuso tem recorrência histórica por todo o mundo, sobretudo nas sociedades ocidentais industrializadas, nas quais o mercado de trabalho é um campo de batalha do qual muitos se aproveitam de forma perversa em busca de melhores resultados. O assédio moral não é algo novo, mas a discussão do tema sim. Desde os primórdios da humanidade e do surgimento do trabalho o assédio moral existe e participa do processo disciplinar: nos ofícios dos antigos artesãos; no casos de escravidão; nos feudos da Idade Média; nas indústrias da Era Moderna pós-revolução Industrial e perdura ainda e até hoje. Até antes dos anos 90, os estudos embasavam-se na área de saúde do trabalho e em estudos sociológicos que analisavam as mudanças de estrutura e as relações de trabalho. Apenas na década de 1990 inicia a discussão e o próprio conceito de assédio moral no trabalho. Em 1992, Andrea Adams escreve o livro Bulling at Work, levando o conceito de bulling ao ambiente de trabalho. Em 1996, o sueco Heinz Leymann fez uma vasta pesquisa sobre o comportamento violento, chamado por ele de psicoterror, no ambiente de trabalho. Em 1998, a psiquiatra e psicanalista Marie-France Hirigoyen lança o best-seller Le harcèlement moral: la violence perverse au quotidien que inaugurou o debate em vários países e inspirou a realização de muitas pesquisas com a temática. Foi também em

12 1996 que a Organização Mundial do Trabalho publicou um relatório analisando diversas formas de violência no trabalho. O conceito de assédio moral inclui o de humilhação, que é um sentimento de ser ofendido, menosprezado, inferiorizado, ultrajado, envergonhado, de não ter qualquer valor. Engloba sentimento de raiva, mágoa e, em conseqüência, tristeza e sofrimento. Portanto, assédio moral é a exposição dos trabalhadores e trabalhadoras a situações humilhantes e constrangedoras, repetitivas e prolongadas durante a jornada de trabalho e no exercício de suas funções, sendo mais comuns em relações hierárquicas autoritárias e assimétricas, em que predominam condutas negativas, relações desumanas e aéticas de longa duração, de um ou mais chefes dirigida a um ou mais subordinados, desestabilizando a relação da vítima com o ambiente de trabalho e a organização, forçando-o a desistir do emprego. Por volta do ano de 1980, o fenômeno foi identificado pelo sueco Heinz Leymann, psicólogo do trabalho, sendo o primeiro a estudar as consequências de um comportamento que denominou de mobbing, quando uma durante um certo espaço de tempo sofria no local de trabalho, fosse por parte dos superiores ou dos seus colegas. em: O Mobbing segundo Marie-France citando Heinz Leymann consiste manobras frequentes e repetidas no local de trabalho, visando sistematicamente, à mesma pessoa e provém de um conflito que degenera, sendo uma forma particularmente grave de estresse psicossocial (LEYMANN apud HIRIGOYEN, 2001, p.116). No ano de 1984, os estudos de Leymann desenvolveram-se, sobretudo na Suécia, onde o National Board of Occupational Safety and Health in Stokolm publicou o resultado de seu trabalhocom ênfase nas consequências

13 advindas do mobbing, sobretudo na esfera neuropsíquica, da pessoa exposta a um comportamento humilhante no trabalho durante um certo tempo, seja por parte dos superiores ou por parte dos colegas de trabalho. Na França em 1993, surgiu a primeira legislação específica sobre o assédio moral. Em 1998, Hirigoyen publicou um livro sobre o tema onde constata que o assédio moral não se restringe a casos pontuais e sim a um comportamento permanente, comum, destrutivo, distanciado daquele caso isolado que ocasionalmente ocorre entre os indivíduos de uma organização. No Brasil, primeiramente, surgiu no campo do direito administrativo, sendo que a primeira iniciativa legislativa sobre o tema partiu do município de Iracemápolis no estado de São Paulo, que editou a Lei 1163/00, denominando o fenômeno de assédio moral, prevendo penalidades á pratica do assédio moral na administração pública. A temática enfocada é de tão grande importância que a Organização Internacional do Trabalho (OIT), em seus periódicos mais recentes, tem reservado considerável espaço à análise deste complexo fenômeno que atinge grande número de países, sendo que, no Brasil, um grupo de médicos e psicólogos criou o site: www.assediomoral.org, onde é possível encontram publicações e eventos que e disponibilizam conhecimento. (...) A relevância do estudo, porém, reside, na constatação de que só nas últimas décadas do século XX é que o assedio moral veio as ser identificado como fenômeno destruidor do ambiente de trabalho. (GUEDES, 2008, p. 167). 1.2. CONCEITO O assédio moral na concepção de Heloani (2004) se apresenta como uma maneira de abuso emocional nomeio ambiente de trabalho, responsável por causar ao indivíduo assediada intimidação, humilhações,

14 descrédito e isolamento, com sofrimento psicossocial que em alguns casos proíbe o desempenho do profissional com o mesmo nível de motivação e de produtividade. Evidencia-se que, a degradação do âmbito de trabalho de maneira deliberada, como descreve Leymann apud Glina e Garbin (2005) e o tratamento realizado de maneira abusiva por parte dos empregadores em relação aos seus empregados, usando de sua posição privilegiada em relação ao colega de trabalho, proporciona um quadro de miséria física, psicológica e social, denominado como assédio moral. Analisa-se que: Nos últimos anos, um problema social tem sido a tônica das discussões de vários setores da sociedade, profissionais, advogados, médicos e psicólogos: o assédio moral. Embora exista em todas as relações sociais, desde os primórdios da humanidade, esse tipo de ação passou a ser divulgado, principalmente, a partir da obra de Hirigoyen, a qual detectou, que cada vez mais, na competitividade do mercado, pode-se observar esse fenômeno e constatar seus efeitos perversos, que vão da baixa auto-estima, a doenças físicas, psíquicas e até mesmo à morte. [...] O assédio moral é uma forma de coação social, que pode instalar-se em qualquer tipo de hierarquia ou relação social que se sustente pela desigualdade social e autoritarismo. Disso decorre a afirmação de que existe desde os primórdios da civilização humana (DARCANCHY,2006,p.1) Consubstancia- se que, os sinais do assédio moral não aparecem apenas em circunstâncias de crise, mas são vividos no cotidiano por milhares de indivíduos que sutilmente são ofendidas, humilhadas, e desacreditadas aonde trabalham, tendo consequências psicológicas, sociais e morais devido a tal violência emocional.

15 Um dos maiores problemas, é conseguir identificar o assédio moral no ambiente de trabalho, pois em muitos casos, os assediados não têm coragem de denunciar o assédio, em razão de se sentirem feridos em sua auto-estima. Na interpretação de Blanch (2005) apud Ferreira et al. (2006) o assédio moral pode ser definido como uma maneira de violência psicológica provinda de uma conduta hostil, que engloba manifestações físicas, psicológicas e morais, fazendo com que o assediado passe por situações de violência emocionais. O assédio moral no trabalho se caracteriza por qualquer tipo de atitude hostil, individual ou coletiva, dirigida contra o trabalhador por seu superior hierárquico (ou cliente do qual dependa economicamente), por colega do mesmo nível, subalterno ou por terceiro relacionado com a empregadora, que provoque uma degradação da atmosfera de trabalho, capaz de ofender a sua dignidade ou de causar-lhe danos físicos ou psicológicos, bem como de induzi-lo à prática de atitudes contrárias à própria ética, que possam excluí-lo ou prejudicá-lo no progresso em sua carreira. O assédio moral no trabalho, enfim, não compreende apenas a degeneração do ambiente laboral, mas gera uma cadeia de transtornos sociais que se estende até as pessoas que fazem parte do convívio social da vítima, como filhos, cônjuge, parentes, amigos etc. Isto se dá pelo fato de a situação estressante a que é imposta à vítima. Com isso, o assediado, em geral, passa a externar a sua insatisfação para as pessoas de seu circulo íntimo, principalmente a família[...](picanço, 2011,p.1). Verifica-se que, a intensificação do assédio, invariavelmente, acarreta o isolamento de vítima, como maneira de autoproteção, o que proporciona o prejuízo o relacionamento do individuo assediada com as demais pessoas, principalmente, no ambiente de trabalho.

16 Vislumbra-se que, o assédio moral no trabalho é um dos mais comuns em todo o mundo, conforme descrito abaixo: (...) o assédio moral no trabalho é definido como qualquer conduta abusiva (gesto, palavra, comportamento, atitude...) que atente, por sua repetição ou sistematização, contra a dignidade ou integridade psíquica ou física de uma pessoa, ameaçando seu emprego ou degradando o clima de trabalho (HIRIGOYEN, 2006, p.17). Compreende-se que, o assédio moral é uma maneira de violência, a qual atinge a vida dos indivíduos assediados e de todos ao seu redor ou que possuem relação com ela. Na interpretação de Hirigoyen (2001) o assediado passa a ter um comportamento arredio e triste, não apresentando um bom nível de relacionamento interpessoal com os demais indivíduos que pertencem ao grupo. 1.3 ASSÉDIO MORAL NO TRABALHO Caracteriza-se na exposição dos trabalhadores e trabalhadoras a situações humilhantes e constrangedoras, repetitivas e prolongadas durante a jornada de trabalho e no exercício de suas funções, sendo mais comuns em relações hierárquicas autoritárias e assimétricas, em que predominam condutas negativas, relações desumanas e aéticas de longa duração, de um ou mais chefes dirigida a um ou mais subordinado (s), desestabilizando a relação da vítima com ambiente de trabalho e organização, forçando-o a desistir do emprego. Caracteriza-se pela degradação deliberada das condições de trabalho em que prevalecem atitudes e condutas negativas dos chefes em relação a seus subordinados, constituindo uma experiência subjetiva que

17 acarreta prejuízos práticos e emocionais para o trabalhador e a organização. A vítima escolhida é isolada do grupo sem explicações, passando a ser hostilizada, ridicularizada, inferiorizada, com sentimento de culpa e desacreditada diante dos pares. Estes, por medo do desemprego e a vergonha de serem também humilhados associado ao estímulo constante à competitividade, rompem os laços afetivos com a vítima e, frequentemente, reproduzem e reatualizam ações e atos do agressor no ambiente de trabalho, instaurando o pacto da tolerância e do silêncio no coletivo, enquanto a vitima vai gradativamente se desestabilizando e fragilizando, perdendo sua autoestima. Em resumo : um ato isolado de humilhação não é assédio moral. Este, pressupõe : 1. repetição sistemática 2. intencionalidade (forçar o outro a abrir mão do emprego) expiatório) 3. direcionalidade (uma pessoa do grupo é escolhida como bode 4. temporalidade (durante a jornada, por dias e meses) 5. degradação deliberada das condições de trabalho Entretanto, quer seja um ato ou a repetição deste ato, devemos combater firmemente por constituir uma violência psicológica, causando danos à saúde física e mental, não somente daquele que é excluído, mas de todo o coletivo que testemunha esses atos. O desabrochar do individualismo reafirma o perfil do novo trabalhador : autônomo, flexível, capaz, competitivo, criativo, agressivo, qualificado e empregável. Estas habilidades o qualificam para a demanda do mercado que procura a excelência e saúde perfeita. Estar apto significa responsabilizar os trabalhadores pela formação/qualificação e culpabilizá-los

18 pelo desemprego, aumento da pobreza urbana e miséria, desfocando a realidade e impondo aos trabalhadores um sofrimento perverso. A humilhação repetitiva e de longa duração interfere na vida do trabalhador e trabalhadora de modo direto, comprometendo sua identidade, dignidade e relações afetivas e sociais, ocasionando graves danos à saúde física e mental*, que podem evoluir para a incapacidade laborativa, desemprego ou mesmo a morte, constituindo um risco invisível, porém concreto, nas relações e condições de trabalho. A violência moral no trabalho constitui um fenômeno internacional segundo levantamento recente da Organização Internacional do Trabalho (OIT) com diversos paises desenvolvidos. A pesquisa aponta para distúrbios da saúde mental relacionado com as condições de trabalho em países como Finlândia, Alemanha, Reino Unido, Polônia e Estados Unidos. As perspectivas são sombrias para as duas próximas décadas, pois segundo a OIT e Organização Mundial da Saúde, estas serão as décadas do mal estar na globalização", onde predominará depressões, angustias e outros danos psíquicos, relacionados com as novas políticas de gestão na organização de trabalho e que estão vinculadas as políticas neoliberais.

19 CAPÍTULO II Assédio moral no ambiente de trabalho. 2.1 Conceito O assédio moral no trabalho é definido como qualquer conduta abusiva (gesto, palavra, comportamento, atitude...) que atente por sua repetição ou sistematização, contra a dignidade ou integridade psíquica ou física de uma pessoa, ameaçando seu emprego ou degradando o clima de trabalho. Sendo assim, o assédio moral é caracterizado por atos que acontecem em razão de uma conduta insistente e repetitiva conduzida pelo empregador, seus colegas ou prepostos, no ambiente de trabalho, sujeitos a degradar e violar a integridade psíquica com o querer de destruir a dignidade da pessoa humana. O assédio moral é tido por alguns autores pelo modo no qual o trabalhador sofre constrangimentos físicos ou psíquicos, mas o que é prevalecente é que constrangimentos físicos seria um procedimento para se chegar ao assédio moral. Quando falamos de forma generalizada, o assédio moral não ficaria restrito somente a uma relação de emprego, mas podendo acontecer onde se encontrar uma coletividade, como escolas, corporações militares, comunidades eclesiásticas, entre outros locais que sejam passíveis de acontecer este inconveniente. Aqui reproduzimos o assédio moral na relação de emprego, em que esse acontecimento terrível se da em razão de seus sujeitos não serem auto-suficientes, em que a possível perda do emprego, que da o sustento do empregado assediado, faça com que este venha a ser submetido a terríveis tratamentos desumanos feitos pelo seu empregador, e até mesmo pelos seus próprios colegas de trabalho. Assédio moral se caracteriza por ser uma conduta abusiva, de natureza psicológica, que atenta contra a dignidade psíquica, de forma repetitiva e prolongada e que expõe o trabalhador a situações humilhantes e constrangedoras, capazes de causar ofensa a personalidade, a dignidade ou a

20 integridade psíquica, e que tenha por efeito excluir a posição do empregado no emprego ou deteriorar o ambiente de trabalho, durante a jornada de trabalho no exercício de suas funções. Tal procedimento por ser reiterado pode ser manifestado também por meio de palavras, atos gestos ou até mesmo escritos. No Brasil, o termo adotado, denominado de assédio moral, é oriundo principalmente da obra da autora francesa Marie-France Hirigoyen. Assim sendo configurado o assédio moral trabalhista como a conduta em que os trabalhadores, ficarão expostos a situações reiteradas de constrangimentos e humilhações de forma a se prolongar durante as jornadas de trabalho e na maioria das vezes nas relações hierárquicas descendentes entre o empregador e o trabalhador subordinado, haverá a responsabilidade de o agressor indenizar o obreiro perante a sua conduta ilícita. O assédio moral no trabalho consiste numa violência psicológica reiterada que se desenvolve por meio de um conjunto de atos voltados para três esferas da vida. O primeiro conjunto de atos se destina à comunicação. Com a vítima não se fala, se berra, se grita, se recrimina, se faz terrorismo por telefone, ou se cortam relações. Quando o fenômeno toma pé e o perverso percebe que domina a situação, a vítima é isolada do conjunto de colegas. Um segundo conjunto de atos se volta a atingir a reputação da vítima. Para derrubar sua auto-estima, o perverso utiliza-se de vocabulário rasteiro, derrisão, frases de duplo sentido, comparações indecentes, finge ignorar a presença da vítima cochilando e murmurando na sua presença. Critica-se seu modo de ser, suas atitudes, seu modo de vestir-se, de andar, de falar, de um defeito físico. Um terceiro conjuntos de atos se destina à prestação de trabalho. Aqui a intenção é golpeara profissionalidade da vítima, seu trabalho é depreciado. É recorrente a transferência de rebaixamento

21 de função, obrigada a realizar trabalhos inúteis ou condenada a ociosidade. Confinada a vítima termina na enredada numa armadilha sem chances de defesa. (GUEDES, 2008, P.34). 2.2 Elementos Caracterizadores. O nosso ordenamento jurídico não faz previsão a respeito do que seja realmente e quais os elementos caracterizadores do assédio moral, mas há uma explicação através da doutrina e da jurisprudência para clarear e trazer tais elementos que configurem o instituto, para o nosso efetivo entendimento. O assédio por sua vez, é definido como uma conduta reiterada de forma abusiva, com o objetivo de desestruturar o indivíduo, atingindo seu pensamento, tem por eficácia o sentimento de exclusão no âmbito laboral e a vivência com seus amigos fora do trabalho. Assim podemos então destacar os seguintes elementos então utilizados pela metodologia empregada pela maioria da doutrina e por grandes especialistas da área médica, que tratam de doenças psicológicas. (PAMPLONA FILHO, 2009, WEB). A saber, são eles: a) conduta abusiva; indivíduo; b) natureza psicológica de atentar contra dignidade psíquica do c) reiteração prolongada da conduta ofensiva e d) finalidade de exclusão

22 2.2.1 Conduta abusiva A conduta abusiva está relacionada à norma do artigo 187 do Código Civil Brasileiro, que trata do ato ilícito, quando é manifestado o excesso dos limites permitidos em lei, Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos bons costumes. (ANGHER, 2009, p. 159). Destarte, quando certas brincadeiras ultrapassam os limites onde até se pode tolerar, agindo com o abuso do direito e devendo ser contido por lei. 2.2.2 Natureza psicológica de atentar contra dignidade psíquica do indivíduo. Vale ressaltar que o estudo sobre o assédio moral é direcionado a saber se houve violação aos direitos da dignidade da pessoa humana, se ocorreram atos contra a integridade mental da vítima. Se por acaso o ato ilícito tenha atingido a integridade física do ser humano, haverá uma tipicidade diversa e prevista em lei do que não venha a ser características específicas do assédio moral, seria um dano físico, lesão corporal, entre outros, dependendo do potencial da agressão a ser ora analisada. Sendo chamado de terror psicológico por muitos autores, o que mais afeta o assediado, é a sua saúde mental, que a maioria das vezes chega a adquirir doenças como depressão e estresse, até chegar a o suicídio. 2.2.3 Reiteração prolongada de conduta ofensiva. A percepção do assédio moral está unida a uma prática de condutas ofensivas e humilhantes que se repetem por um determinado tempo. Pois devemos sempre lembrar que o assédio moral da à idéia de cerco, onde não

23 seja contingente, mas sim esteja presente a habitualidade. Obviamente se o ato humilhante for isolado, esporádico, a doutrina não aponta como requisito inerente ao assédio. Quando se compara o assédio sexual com o moral, no direito equiparado, através de jurisprudências, pode-se dizer que se o agente assediador agi com gravidade sem moderação, como exemplo podemos citar contatos físicos com intensa intimidade, não aceitos pela sociedade, não é preciso o pressuposto de reiteração desta conduta, para que ocorra o assédio sexual. 2.2.4 Finalidade de Exclusão É tido como um dos principais elementos que mais dá destaque ao assédio moral. Pois com a junção dos demais pressupostos, dará a terminação do ato, com o fundamento de excluir o assediado do grupo em que o mesmo está vivenciando as situações desagradáveis. A exclusão é causada pelo empregador ou até pelos colegas de trabalho, insistindo que a vítima venha pedir demissão, ou para obter licença para fazer tratamento de saúde, até mesmo constranger a vítima julgando que ela é o responsável pela deterioração da empresa, pressionando para que ela venha se ausentar definitivamente do ambiente laboral. Essa finalidade visa obter a despedida indireta do empregado, por consequência e discriminação por parte do empregador, que está previsto em nossa legislação como motivo justo para rescisão do vinculo contratual por parte do empregado.

24 2.3 Espécie de assédio moral. São eles: assédio vertical descendente, assédio moral organizacional, assédio moral horizontal e assédio moral vertical ascendente. 2.3.1 Assédio moral vertical descendente. Trata-se do tipo de assédio moral mais comum nas empresas. Esse tipo de assédio toma forma quando o assédio é praticado por um trabalhador hierarquicamente superior ao empregado assediado. Pode-se visualizar esse tipo de assédio, por exemplo, quando um gerente cobra metas de seus subordinados e, para isso, os coloca em situações vexatórias, fazendo com que façam "dancinhas", paguem "micos", apelidando-os com cognomes pejorativos, etc. Para Marie-France Hirigoyen, esse tipo tem consequências muito mais graves na saúde mental do trabalhador que nas outras espécies de assédio moral porque a vítima se sente muito mais isolada e com menos recursos. (HIRIGOYEN apud THOME, 2008, P.57). 2.3.2 Assédio moral organizacional. Nesta hipótese, o empregado sofre violência psicológica da própria empresa pelo ambiente de trabalho que está inserido. Normalmente ocorre em empresas extremamente competitivas que estimulam seus funcionários a disputarem entre si, propagando o medo (normalmente por meio de ameaças, ainda que de menor grau). 2.3.3 Assédio moral horizontal O assédio moral horizontal ocorre entre funcionários que ocupam a mesma posição hierárquica dentro da empresa.

25 Pode-se visualizar essa situação quando um funcionário bate suas metas e debocha do outro que não as conseguiu cumpri-las. Também é muito comum no dia a dia das empresas que cultivam a competitividade entre seus funcionários. 2.3.4 Assédio moral vertical ascendente. O assédio vertical ascendente, embora seja extremamente raro, ocorre quando um funcionário hierarquicamente inferior assedia seu superior. Embora seja mais difícil de visualizar na prática, pode-se visualizálo em situações em que um funcionário sabe alguma informação sigilosa da empresa ou do seu superior hierárquico e a utiliza como meio de chantagem para benefício próprio (faltar injustificadamente, pedir aumento de salário, etc.). caracteriza-se por atitudes agressivas constante feitas por uma pessoa ou várias de grau hierárquico inferior ao da vítima (THOME, 2008,p.56). 2.4 Principais causas do assédio moral. São inúmeras as causas do assedio moral nas organizações, especialmente sob a liderança autoritária, em que pessoas explodem quando acontece algum problema mais sério ou quando trabalham sobre pressão, ficando nervosas, podendo às vezes até conseguir os objetivos diante de seus subordinados, mas com isso gera consequentemente a rotatividade excessiva, isto porque em curto prazo o autoritarismo funciona, mesmo na primeira oportunidade, aquele que se considera subjugado, busca outra organização para trabalhar e ser respeitado como ser humano, quando possível. O assediador diante da sua liderança como uma forma de punição, reprime seus funcionários aproveita ocasiões como reuniões e os expõem a seus

26 erros, esquecendo que o ser humano é passivo de erro e não há algo pior que receber criticas na presença de outros funcionários, afetando diretamente sua auto estima, pois seus erros são comentados e seus acertos esquecidos. Quando se tem uma família para sustentar e a idade avançada o funcionário tem medo de enfrentar o problema por achar que pode ficar fora do mercado de trabalho e assim aceita ser humilhado pelo supervisor, impossibilitando acertar ou até mesmo a realização de projetos, que acabam expostos em público, não tendo condições física e psicológica, recaindo em erros sobre si, colocando-o em muitas ocasiões a prova, sendo punido pelo próprio clima de constantes fofocas. Essa situação o deixa cada vez mais desmotivado e descontente em saber que no dia seguinte terá que enfrentar todos novamente. O assédio moral simbolizado pelos maus administradores que insistem em amargurar os colaboradores da organização é visualizado pelo pensamento que os colaboradores ficam na base da pirâmide como de fato, mas esquecem que essa mesma base é a segurança da elevação da organização. As graves falhas na comunicação acontecem quando o chefe imediato não passa para o colaborador de forma clara e eficiente de que forma será realizada a tarefa, deixando propositalmente a cargo do funcionário para que o mesmo erre e seja altamente criticado. Segundo Barreto (2000, p. 242) quando o homem prefere a morte à perda da dignidade se percebe muito bem com a saúde, trabalho, emoções, ética e significado social se configuram num mesmo ato revelando a patogenicidade da humilhação. Sendo assim temos o salário como um fator higiênico e não motivacional, pois o profissional deve ser respeitado como ser humano e ao perder sua dignidade não há motivos para viver. Uma vez implantado o assédio moral, com a dominação psicológica do agressor e a submissão forçada da vítima, a dor e o sentimento de perseguição passam para a esfera do individual sem uma participação do coletivo, marcado pelo cansaço, ansiedade, depressão, estresse e sensação de abandono. Cada um sofre no seu canto sem compartilhar suas dificuldades como um grupo

27 solidário explica Hirigoyen (2002, p.26). Isso acontece por medo da repressão e da humilhação perante seus colegas de trabalho. 2.5 Principais formas de assédio moral. São várias as formas de manifestação do assédio moral com objetivo de constranger, inferiorizar e humilhar a vítima. Para Marie-france Hirigoyen as formas são divididas em 4 categorias. 2.5.1. Deteorização proposital das condições de trabalho. Geralmente, o agente busca meios para dificultar o tranqüilo desenvolvimento do trabalho da vítima, atribuindo-lhe falhas, negando informações, limitando prazos tornando as metas impossíveis de serem realizadas e atribuindo-lhe tal incompetência, até que a vítima peça demissão, ou seja demitida por tais condições. Marie-France Hirigoyen criou uma lista dessas atitudes hostis em seu livro Mal Estar no Trabalho Redefinindo o Assédio Moral. Interessante é observá-las: Retirar da vítima a autonomia. Não lhe transmitir mais as informações úteis para a realização de tarefas. Contestar sistematicamente todas as suas decisões. Criticar seu trabalho de forma injusta ou exagerada. Priva-la do acesso aos instrumentos de trabalho: telefone, fax, computador... Retirar o trabalho que normalmente lhe compete. Dar-lhe permanentemente novas tarefas. Atribuir-lhe proposital e sistematicamente tarefas inferiores às suas competências. Pressioná-la para que não faça valer seus direitos (férias, horários prêmios). Agir de modo a impedir que obtenha promoção. Atribuir a vítima, contra a vontade dela trabalhos perigosos. Atribuir a vítima tarefas incompatíveis com sua saúde. Causar danos em seu local de trabalho. Dar-lhe deliberadamente instruções impossíveis de executar. Não levar em conta recomendações de ordem médica indicadas pelo médico do trabalho. Induzir a vítima ao erro (HIRIGOYEN, 2005, p. 108).

28 2.5.2 Isolamento e recusa de comunicação. O isolamento é a prática mais comum de Assédio Moral e, quando é praticada pelo superior hierárquico, toma conta de todos na empresa, contagiando-os por mero comodismo, por quererem fazer o mesmo que o chefe, para agradá-lo ou por medo. A recusa de comunicação é outra típica conduta, pois o silêncio é uma forma de dizer o quanto ela não interessa para a empresa, ou mesmo para deixá-la sem entender, sem respostas para tamanho desprezo e mesmo para prejudicá-la ao omitir informações importantes sobre a empresa. Em uma reportagem especial da revista Veja, de 13 de julho de 2005, há um relato típico da conduta de Assédio Moral através do isolamento: Entre 2004 e 2005, fui moralmente assediada por coordenadores do departamento da universidade onde trabalhei até o mês passado. Depois de um período de afastamento, encontrei um ambiente hostil. Deram-me um horário irracional. Em um dia, tinha que trabalhar doze horas ininterruptas. Quase todos os dias, recebia ofícios de advertência, sem que nada tivesse feito de errado. Elegi-me para uma comissão de prevenção de acidentes e passei a ser ainda mais humilhada. Deram-me atividades de orientação de estagiários, com a justificativa de que eu não tinha qualificação para dar aula. Numa reunião, o coordenador agrediu-me aos berros na frente dos colegas e funcionários. Chequei a ser colocada em uma salinha, sem nada para fazer. Nesse processo estressante, adoeci e voltei a sofrer convulsões depois de 24 anos sem ter esse problema. Também perdi mais da metade da minha renda (SANTOS, 2005, p. 105) [6]. Hirigoyen também elenca uma série de condutas em que a vítima é interrompida constantemente. Superiores hierárquicos ou colegas não dialogam com a vítima. A comunicação com ela é unicamente por escrito. Recusam todo o contato com ela, mesmo o visual. É posta separada dos outros. Ignoram sua presença, dirigindo-se apenas aos outros. Proíbem os colegas de lhe falar. Já não a deixam falar com ninguém. A direção recusa qualquer pedido de entrevista (2005, p. 108-109).

29 2.5.3 Atentado contra a dignidade do empregado. É um processo de desqualificação feito pelo agressor à vítima, no qual ele põe em suspeita sua competência fazendo com que ela perca sua auto-estima e sua autoconfiança através de desprezo, críticas exageradas, gestos, etc. Outro relato da reportagem da revista Veja mostra tal processo de humilhação: Durante um ano e quatro meses vivi num inferno, como vendedor de uma companhia de bebidas. A ordem da gerência era ridicularizar quem não cumpria as metas. Nas reuniões que precediam as nossas saídas para a rua, cada vendedor relatava os resultados do dia anterior. Quando eu era um dos que não tinha alcançado a meta, me via obrigado a pagar prendas, como subir na mesa e fazer flexões. Ao mesmo tempo, meus colegas eram instigados pelos gerentes a passar as mãos nas minhas nádegas. Às vezes, era obrigado a desfilar de saias ou passar por um corredor polonês formado por colegas, ouvindo palavrões e ofensas, como burro e imprestável. Em seguida, eu ia para o banheiro e chorava escondido. Um dia de trabalho depois disso era o maior sacrifício. Em casa, vivia estressado, brigava com a minha mulher. Vivia a ponto de explodir (SANTOS, 2005: p. 107). As características definidas por Hirigoyen neste caso deixam claro que os agressores utilizam insinuações desdenhosas para desqualificar a vítima. Além disso, os assediadores fazem gestos de desprezo diante dela (suspiros, olhares desdenhosos, levantar de ombros...). É desacreditada diante dos colegas, superiores ou subordinados. Espalham rumores a seu respeito. Atribuem-lhe problemas psicológicos (dizem que é doente mental). Zombam de suas deficiências físicas ou de seu aspecto físico; é imitada ou caricaturada. Criticam sua vida privada. Zombam de suas origens ou de sua nacionalidade. Implicam com suas crenças religiosas ou convicções políticas. Atribuem-lhe tarefas humilhantes. É injuriada com termos obscenos ou degradantes (2005, p. 109).

30 2.5.4 Ataque direto à saúde da vítima com violência Geralmente, quando o ataque é direto à saúde da vítima com violência, já se está em um grau muito avançado de Assédio Moral. Hirigoyen exemplifica essas atitudes, dizendo que a vítima sofre ameaças de violência física. Agridem-na fisicamente, mesmo que de leve, é empurrada fecham-lhe a porta na cara. Falam com ela aos gritos. Invadem sua vida privada com ligações telefônicas ou cartas. Seguem-na na rua, é espionada diante do domicílio. Fazem estragos em seu automóvel. É assediada ou agredida sexualmente (gestos ou propostas). Não levam em conta seus problemas de saúde (2005, p. 109). 2.6 Consequências do assédio moral A pesquisa feita por Hirigoyen revela que, no processo de Assédio Moral, a vítima, na maioria das vezes, sai do emprego em um estado tão deplorável que acaba ficando sem condições físicas nem psicológicas de conseguir um novo emprego. As conseqüências são sociais e econômicas e, em 36% dos casos, o assédio é seguido da saída da pessoa assediada; em 20% dos casos, a pessoa é despedida por falha; em 9% dos casos, a demissão é negociada; em 7% dos casos, a pessoa pede demissão; e, em 1% dos casos, a pessoa é colocada em pré-aposentadoria. Juntando esses dados aos 30% de pessoas que ficam doentes por um longo tempo, inválidas ou desempregadas, chega-se a um total de 66% de casos de pessoas efetivamente excluídas do mercado de trabalho, pelo menos temporariamente (cf. HIRIGOYEN, 2002, p. 120). Daí o motivo pelo qual se faz tão necessária a adoção de medidas preventivas. Para o empregado assediado, as conseqüências existem nas mais variadas esferas. A vítima sofre prejuízos a sua saúde psíquica e física quando, ao ser assediada, sofre significativas perdas de sua dignidade e personalidade de homem e trabalhador, desarmonizando suas emoções. Também sofre as

31 conseqüências no seu convívio familiar e social. Segundo Maria Aparecida Alkimin, o homem: Busca no trabalho não apenas a fonte de sobrevivência, mas também satisfação para si e sua família, pois o trabalho destaca o homem no seio da família e da sociedade, e, se o trabalho não cumpre essa finalidade, gera insatisfação no trabalho, isolamento do trabalhador, além de alterações comportamentais, podendo desestabilizar o convívio familiar e social do trabalhador (2006, p. 86). Outra conseqüência visível no trabalhador é a baixa auto-estima pessoal e profissional, além de queda ou aumento da produtividade, pois, muitas vezes, o trabalhador, temendo o desemprego, se dedica intensivamente e exaustivamente ao trabalho, prejudicando, por conseqüência, sua saúde física e mental. De acordo com a Organização Internacional do Trabalho (OIT), a saúde mental do operário deve sofrer profundo abalo nas próximas duas décadas. A tendência, até mesmo em países desenvolvidos, é de se assistir a quadros de depressão cada vez mais graves. O Jornal Trabalhista Consulex traz uma interessante entrevista com 870 homens e mulheres vítimas de opressão no ambiente de trabalho e revela como cada sexo reage a essa situação (ASSÉDIO, 2002, p. 6):

32 Reações à opressão de acordo com o sexo da vítima Sintomas Mulheres (%) Homens (%) Crises de choro 100 --- Dores generalizadas 80 40 Palpitações, tremores 80 40 Sentimento de inutilidade 72 40 Insônia ou sonolência excessiva 69,6 63,6 Depressão 60 70 Diminuição da libido 60 15 Sede de vingança 50 100 Aumento da pressão arterial 40 51,6 Dor de cabeça 40 33,2 Distúrbios Digestivos 40 15 Tonturas 22,3 3,2 Idéia de Suicídio 16,2 100 Falta de apetite 13,6 2,1 Falta de ar 10 30 Passa a beber 5 63 Tentativa de suicídio --- 18,3 Reações à opressão de acordo com o sexo da vítima. De acordo com os resultados, são nítidas as consequências sobre a saúde das vítimas, sejam elas mulheres ou homens. Hirigoyen mostra uma pesquisa realizada segundo os critérios do DSM IV (Classificação Internacional das Doenças Mentais), tomando por base pessoas que tiveram casos de assédio por um longo período de tempo: 69% das respostas acusaram um estado depressivo severo que justificou acompanhamento médico, por

33 significar sério risco de suicídio. Estes números têm, alias, correlação com a solicitação de ajuda das pessoas que segundo nosso levantamento, consultaram seus médicos em 65% dos casos e um psiquiatra em 52% deles; 7% das pessoas apresentam um estado depressivo moderado; e 24% um estado depressivo leve (HIRIGOYEN, 2002, p. 160). O assédio moral traz como consequência a desmotivação da vítima querer trabalhar, que daí surge a instabilidade do ambiente de trabalho, gerando tensões de toda ordem que levam os desajustes sociais e transtornos psicológicos, atingindo diretamente a saúde do trabalhador. Os resultados sobre as vítimas de assédio moral, podem ser chamados, sem exageros, de devastadores, pois dele advém a desestruturação da personalidade, quebra da auto-estima, sentimento de inferioridade intelectual e social, estresse psíquico. De fato, o assédio pode ser encarado com um trauma que o indivíduo tem de suportar, por causa das seqüelas físicas e psicológicas de tal ordem geradas na vítima, as cicatrizes que nunca serão esquecidas e serão marcadas na história daqueles indivíduos assediados. A ilustre autora Marie-France Hirigoyen (2006, p.159), registra que: Quando o assédio moral é recente existe ainda uma possibilidade de reação ou uma esperança de solução, os sintomas são, no inicio, parecidos com os do estresse, o que os médicos classificam de perturbações funcionais: cansaço, nervosismo, distúrbio do sono, enxaquecas, distúrbios digestivos, dores na coluna... É a auto defesa do organismo uma hiperestimulação e a tentativa de a pessoa adapta-se para enfrentar a situação. Nesta fase, a pessoa poderá ter uma recuperação rápida se imediatamente for afastada do seu agressor, ou se raramente ocorrer o fato,

34 lhe pedem desculpas, então logo a vítima não terá conseqüências em longo prazo e terá recuperado seu equilíbrio. (HIRIGOYEN, 2006).

35 CAPÍTULO III Abalos psicológicos provocados pelo assédio moral. Nos últimos tempos, o estresse relacionado com o trabalho e suas consequências para saúde tornaram-se uma questão extremamente preocupante. Estudos indicam que as empresas estão cada vez mais confrontadas com casos de assédio psicológico, intimidação, assédio moral, assédio sexual e outras formas de violência. O estresse relacionado ao trabalho pode resultar em comportamentos pouco saudáveis por parte do trabalhador, tais como abuso de álcool e drogas, ou ainda consequências negativas tais como doenças músculo-esqueléticas, cardíacas, do sistema digestivo, ansiedade, depressão e outros distúrbios mentais graves. Certo é, ainda, que as doenças profissionais impõem custos altos para o empregador, para o empregado e para a sociedade como um todo. A OIT estima que os acidentes de trabalho e as doenças profissionais resultem numa perda anual de 4% do PIB mundial, ou cerca de dois bilhões e oitocentos milhões de dólares, em custos diretos e indiretos de lesões e doenças. Os resultados sobre as vítimas de assédio moral, podem ser chamados, sem exageros, de devastadores, pois dele advém a desestruturação da personalidade, quebra da autoestima, sentimento de inferioridade intelectual e social, estresse psíquico. De fato, o assédio pode ser encarado com um trauma que o indivíduo tem de suportar, por causa das sequelas físicas e psicológicas de tal ordem geradas na vítima, as cicatrizes que nunca serão esquecidas e serão marcadas na história daqueles indivíduos assediados. A ilustre autora Marie-France Hirigoyen (2006, p.159), registra que: Quando o assédio moral é recente existe ainda uma possibilidade de reação ou uma esperança de solução, os sintomas são, no inicio, parecidos

36 com os do estresse, o que os médicos classificam de perturbações funcionais: cansaço, nervosismo, distúrbio do sono, enxaquecas, distúrbios digestivos, dores na coluna... É a auto defesa do organismo uma hiperestimulação e a tentativa de a pessoa adapta-se para enfrentar a situação. Nesta fase, a pessoa poderá ter uma recuperação rápida se imediatamente for afastada do seu agressor, ou se raramente ocorrer o fato, lhe pedem desculpas, então logo a vítima não terá consequências em longo prazo e terá recuperado seu equilíbrio. (HIRIGOYEN, 2006). A depressão Quando o assédio moral se mostra em estágio avançado se prolongando por mais tempo, se tornando mais intenso, o assediado entra em estado depressivo, apresentando-se com tristeza, angustia ou sensação de vazio e redução da capacidade de sentir satisfação ou vivenciar prazer. Para Hirigoyen (2006, p. 160), A pessoa assediada apresenta então apatia, tristeza, complexo de culpa, obsessão e até desinteresse por seus próprios valores. Sendo que a depressão em si é uma doença neurológica acompanhada de vários sintomas específicos. E frequentemente o trabalhador deprimido procura disfarçar os sintomas na frente dos amigos, inclusive para seu médico, pois o assediado tem em sua mente o sentimento de culpa, de não estar mais com a capacidade de desenvolver suas tarefas. É absolutamente importante estar em alerta aos estados depressivos, pois o risco de suicídio é grave. Os Distúrbios Psicossomáticos Logo após certo período de tempo com os procedimentos do assédio moral, surgirão os distúrbios psicossomáticos, haverá uma associação dos danos psíquicos aos físicos, pois o organismo do trabalhador assediado sofrerá reações.

37 Nas palavras da psiquiatra Hirigoyen (2006, p 161), O corpo registra a agressão antes do cérebro, que se recusa a enxergar o que não entendeu. Por distúrbios psicossomáticos, compreende-se as lesões físicas que advêm de formas de pensar de maneiras mais ou menos intensas, frequentes e duradouras. Ainda segundo Hirigoyen (2006, p 161): [...] O desenvolvimento dos distúrbios psicossomáticos é impressionante e grave, e de crescimento muito rápido. Acontece sob a forma de emagrecimentos intensos ou então rápidos aumentos de peso (quinze a vinte quilos em alguns meses), distúrbios digestivos (gastrites, colites, úlceras de estômago), distúrbios endocrinólogos (problemas de tireóide, menstruais), crises de hipertensão arterial incontroláveis, mesmo sob tratamento, indisposições, vertigens, doenças de pele etc. Sendo assim, os fatores psicológicos é o caminho percorrido para se concretizar as doenças físicas que o assédio numa fase avançada poderá causar a vítima. Conforme exemplifica GUIMARÃES (2004, p 30), estão enumerados como os principais danos e agravos que atingem a saúde do assediado: [...] a irritação constante; falta de confiança em si; cansaço exagerado; diminuição da capacidade para enfrentar o estresse; pensamentos repetitivos; dificuldades para dormir; pesadelos; interrupções freqüentes de sono; insônia; amnésia psicógena; diminuição da capacidade de recordar os acontecimentos; anulação dos pensamentos ou sentimentos que relembrem a tortura psicológica, como forma de se

38 proteger e resistir; anulação de atividades ou situações que possam recordar a tortura psicológica; tristeza profunda; interesse claramente diminuído em manter atividades consideradas importantes anteriormente; sensação negativa do futuro; vivência depressiva; mudança de personalidade; passando a praticar a violência moral; sentimento de culpa; pensamentos suicidas; tentativa de suicídio; aumento de peso ou emagrecimento exagerado; distúrbios digestivos; hipertensão arterial; tremores; palpitações; aumento do consumo de bebidas alcoólicas e outras drogas; diminuição da libido; agravamento de doenças préexistentes, como dores de cabeça; e notadamente estresse. Em todas essas situações problemáticas, é necessário que haja sempre um nexo de causalidade entre o assédio moral e a aquisição desses problemas de saúde do trabalhador, sendo que isso não é um rol taxativo, mas as várias possibilidades que vítima adquire pelos danos psicológicos sofridos, sempre trazendo para a vítima o direito de receber indenização e reparação pelo dano moral sofrido. Em decorrência das causas do assédio moral aparecem as conseqüências às vitimas de assédio que levam os colaboradores às dificuldades emocionais. O chefe aproveita do jeito frágil do colaborador e o faz sentir-se um nada. Rosa (2002, p1) afirma que a falta de respeito aos semelhantes no local de trabalho é na maioria das vezes força da hierarquização organizacional: podemos dizer que o Assédio Moral se faz presente nos relacionamentos em que não há respeito pelos direitos dos outros em geral subordinados,heloani (2003) argumenta que o assédio moral no trabalho costuma gerar patologias em suas vítimas, na medida em que faz com que elas acreditem ser exatamente o que seus agressores pensam, ou desejam que sejam. Embora seus agressores tentem desqualificá-las, as vítimas não costumam ser indivíduos doentes ou frágeis. São pessoas que