TÍTULO: CUIDADOS DE ENFERMAGEM A PACIENTES EM USO DE CATETERES VENOSOS CENTRAIS

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Transcrição:

TÍTULO: CUIDADOS DE ENFERMAGEM A PACIENTES EM USO DE CATETERES VENOSOS CENTRAIS CATEGORIA: CONCLUÍDO ÁREA: CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E SAÚDE SUBÁREA: ENFERMAGEM INSTITUIÇÃO: UNIVERSIDADE DE FRANCA AUTOR(ES): FLÁVIA LANCE PEREIRA ORIENTADOR(ES): JULIO CESAR RIBEIRO

1 Resumo O presente estudo objetivou conhecer os cuidados de enfermagem a pacientes em uso de cateteres venosos centrais (CVC). A fim de tanto, optou-se por uma revisão de literatura através de documentos levantados em livros, trabalhos de conclusão de cursos, documentos oficiais e sítios da rede mundial de computadores como na base de dados da Biblioteca Virtual em saúde (BVS). Os critérios de inclusão dos referenciais do texto foram: disponível em língua portuguesa, na íntegra, publicados entre 2007 e 2017. Foram excluídos aqueles artigos que não atendiam o objetivo do estudo. O período de busca de materiais foi de Junho até Setembro de 2017. Para tanto foram utilizadas 18 referenciais. A revisão da literatura apontou que o cateter venoso central (CVC) é considerado um procedimento invasivo de grande complexidade exigindo do enfermeiro conhecimento técnico científico, habilidade e cuidados específicos. Concluiu-se, diante dos referenciais levantados, e estudados que cabe ao enfermeiro a responsabilidade do treinamento permanente da equipe de enfermagem mediante a implantação de protocolos atuais com intuito de nortear os profissionais sobre a importância dos cuidados e manuseio correto dos dispositivos, diminuindo assim, os riscos para o desenvolvimento da infecção decorrente do uso de CVC, bem como outros tipos de complicações. Palavras chave: Enfermagem; Cateteres; Cuidados de enfermagem. Introdução A cateterização venosa central é um método bastante aplicado em pacientes graves internados no centro de terapia intensiva (CTI), que por sua vez realizam sessões de hemodiálise e que necessitam de condutas terapêuticas complexas e prolongadas. No entanto podem predispor de inúmeras adversidades como: hematomas, trombose, embolia gasosa e mecânica, estenose, hemotórax, pneumotórax, isquemias, lesão vascular e nervosa, endocardite bacteriana, sepse e principalmente a infecções da corrente sanguínea. Calcula se que aproximadamente 90% das infecções da corrente sanguínea são originadas pela utilização do CVC sendo este um dos quatro sítios mais relevante no controle de infecção e com maiores gastos (1-6). Entretanto, os cuidados com os procedimentos relacionados ao acesso vascular devem ser uma prioridade de toda a equipe que acompanha o paciente, de forma que

2 uma vigilância, multi e interdisciplinar, efetiva, possibilite a prevenção e o controle de prováveis complicações. A manipulação do acesso vascular é uma prática rotineira da enfermagem, cabendo ao enfermeiro à orientação e supervisão da equipe em relação à realização dos cuidados e técnicas corretas. Portanto considerando a alta complexidade da inserção e manipulação constante do acesso vascular, é essencial a educação permanente da equipe de enfermagem focando na padronização e realização de cuidados específicos e técnicas assépticas rigorosas (7). Diante do exposto o objetivo deste estudo foi conhecer os cuidados de enfermagem a pacientes em uso de cateteres venosos centrais. Metodologia Este estudo tratou-se de uma revisão narrativa da literatura elaborada através de documentos levantados em livros, trabalhos de conclusão de cursos e sítios da rede mundial de como na base de dados da Biblioteca Virtual em saúde (BVS). Os descritores em Ciências da Saúde utilizados foram: Enfermagem; Cateteres; Cuidados de enfermagem. Os critérios de inclusão dos referenciais do texto foram: textos disponíveis em língua portuguesa, na íntegra, publicados entre 2007 e 2017. Foram excluídos aqueles artigos que não atendiam o objetivo do estudo. O período de busca de materiais foi de Junho até Setembro de 2017. Foram selecionadas 18 referências para a elaboração do estudo. Desenvolvimento A infecção relacionada à assistência á saúde (IRAS), também conhecida como infecção hospitalar (IH) é definida como uma disfunção que o paciente contrai após 48 horas de sua aceitação em uma unidade hospitalar, podendo apresentar se durante a sua internação ou após seu encaminhamento para outra unidade. As IRAS constituem em eventos adversos insistentes nos serviços de saúde expandindo consideravelmente os gastos nos cuidados dos pacientes, além de elevar o tempo de internação, morbidade e a mortalidade no sistema de saúde do país (3,8). No Brasil, um programa completo de precaução e domínio de IRAS é determinado por lei federal expandindo se a toda á instituição que preste assistência á saúde. A legislação vigorante, a portaria nº 2616 de 1998, define o controle de infecção hospitalar como um composto de ações desenvolvidas, deliberadas e

3 organizadas com vista á diminuição máxima da ocorrência da magnitude das infecções hospitalares. Ela estipula as condições mínimas para inserção do programa de controle de infecções em serviços de saúde no nível Federal, Distrital, Estadual e Municipal sejam eles públicos ou privados (5,9,10). Além de designar diretrizes, normas de controle e prevenção, a portaria nº 2616 de 1998 também implementa a elaboração de um programa de controle de infecções relacionadas a assistência á saúde (PCIRAS), requerendo, em sua formação uma sistematização na comissão de controle de infecção hospitalar (CCIH) com a função de deliberar e estipular diretrizes de controle e prevenção de infecções no ambiente hospitalar (5,9,10). As principais IRAS são: infecções do trato respiratório, urinário, corrente sanguínea e sítio cirúrgico. Dentre os tipos de infecção citadas optamos por estudar de maneira aprofundada neste trabalho a infecção decorrente do uso de cateter venoso central (3). A prática clínica do cateter venoso central (CVC), por meio da canulação de grandes vasos foi retratada pela primeira vez em 1952 por Aubaniac, para reanimação volêmica em soldados combatentes da guerra. Em 1953, o médico radiologista sueco, Dr. Sven Ivar Seldinger divulgou a descrição do procedimento vascular percutâneo e somente a partir da década de 1970 o CVC começou a ser incluído nas rotinas clinicas sendo visto como uma alternativa segura entre os procedimentos de inserção central (4,11). Nessa época os cateteres eram classificados como simples e contavam com poucos meios para sua fabricação. Com o passar do tempo foram evoluindo cada vez mais. Hoje em dia, para sua fabricação são utilizados diversos materiais como: o politetrafluretileno, poliuretano, silicone, poliamida e poliéster, porém o silicone é considerado o material de primeira escolha para sua fabricação por apresentar maior elasticidade e mobilidade em longo prazo, além do aço inoxidável, que é usado na fabricação dos introdutores (mandril) para inserção do cateter (4). A cateterização venosa central é um método bastante aplicado em pacientes graves internados no centro de terapia intensiva (CTI), que por sua vez realizam sessões de hemodiálise e que necessitam de condutas terapêuticas complexas e prolongadas. Esse acesso na maioria das vezes torna se indispensável no tratamento destes pacientes por ser classificado como um sistema intravascular usado para fluidoterapia, administração de fármacos, infusão de derivados de sangue, nutrição

4 parenteral total (NPT), monitorização hemodinâmica, quimioterapia, hemodiálise e mensuração de pressão venosa central (PVC) (1,2,12). A inserção do CVC é executada através de uma punção percutânea, efetuada pelo médico cirurgião, intensivista ou emergencialista normalmente no próprio leito, salas de procedimentos ou bloco cirúrgico. O local da inserção do cateter é avaliado criteriosamente de acordo com a anatomia de cada paciente, sendo os locais mais utilizados: as veias jugulares internas, veias subclávias e veias femorais (3,12). Tal procedimento é realizado através da técnica de Seldinger, na qual o vaso é puncionado com uma agulha comprida, de pequeno calibre, por dentro da qual se avança um fio guia até a posição adequada. Cautelosamente, retira-se a agulha de punção e mantém-se o fio guia. Posteriormente é realizada uma incisão de 1 a 2 milímetros no local da punção, rente ao fio guia. Um mecanismo de dilatação é inserido, vestindo o fio guia e, após a dilatação da pele e subcutâneo, extrai-se o dilatador. O cateter é então inserido, vestindo o fio guia até a posição adequada dentro da veia, e finalmente é retirado o fio guia e o cateter é fixado à pele (11). Existem diversos tipos de cateteres utilizados em situações diferentes e recomendados para cada tipo de paciente. Os cateteres de prolongada permanência são classificados como: semi-implantáveis (Hickman, Broviac e Permcath ), totalmente implantáveis (Por-a-cath ) e o cateter central de inserção periférica (PICC). Os semi-implantáveis ou tunelizados são usados em pacientes onco-hemotológicos, portadores de insuficiência renal e transplante de medula óssea. Tal dispositivo possibilita a coleta de amostras de sangue, infusão de drogas, hemocomponentes, nutrição parenteral total (NPT), antimicrobianos e contraste, podendo permanecer por um longo período de tempo, isto é, meses ou até anos (2,6,13). Os Cateteres totalmente implantáveis (Por-a-cath ) são usados em pacientes com indicação de implante quando o tratamento incluir as seguintes situações: acesso venoso constante, tratamento duradouro com administração de medicamentos, quimioterapia hospitalar ou domiciliar, dano tissular, trombose ou esclerose decorrente ao tratamento prévio com medicações irritantes e uso estendido de medicações endovenosas. O cateter de inserção periférica (PICC) é usado para terapia intravenosa em pacientes neonatais e pediátricos podendo nesse caso ser inserido pelo enfermeiro devidamente capacitado devendo ser implantado primeiramente na região da fossa anticubital. As veias que podem ser consideradas para uma boa canulação são a basílica, cubital média, cefálica e a braquial. Outros locais adicionais poderão ser

5 incluídos, tais como, veias da cabeça, pescoço e dos membros inferiores (9,12). O cateter de curta permanência é recomendado para pacientes hospitalizados sendo usado por um período limitado de tempo entre 10 e 14 dias. O cateter umbilical é destinado apenas para situações de emergência ou quando não existir outra opção de acesso, devendo ser trocado assim que possível. Os cateteres arteriais periféricos são usados para mensuração contínua da pressão arterial e coleta de sangue para aferição dos gases arteriais (4,9,14). O cateter de Swan Ganz conhecido também como cateter de termodiluição é usado para adquirir dados diagnósticos através da avaliação da pressão na cavidade direita, tronco e artéria pulmonar, capilar pulmonar e débito cardíaco pelo termodiluição. E por fim, o acesso vascular para hemodiálise que é indicado aos pacientes com insuficiência renal podendo ser implantado de forma temporária ou permanente (4,9,14). Os CVC são bastante usados por apontar simplicidade no acesso, no entanto podem predispor de inúmeras adversidades como: hematomas, trombose, embolia gasosa e mecânica, estenose, hemotórax, pneumotórax, isquemias, lesão vascular e nervosa, endocardite bacteriana, sepse e principalmente a infecções da corrente sanguínea. O uso constante destes dispositivos encontra se entre as principais infecções IRAS representando uma complicação de grande relevância. Calcula se que aproximadamente 90% das infecções da corrente sanguínea são originadas pela utilização do CVC, sendo este um dos quatro sítios mais relevante no controle de infecção e com maiores gastos (2-6). O uso decorrente do CVC contribui para infecção da corrente sanguínea através da migração de bactérias da pele para o subcutâneo e seguidamente para a corrente sanguínea. A colonização bacteriana do cateter pode suceder pelo local de inserção, pela parede externa do cateter, pela via hematogênica e pela administração de soluções contaminadas. Outros fatores que contribuem para infecção e elevam as complicações são o tempo de permanência na utilização do cateter, modelo de cateter, números de lumens, esquema de infusão, técnica e local de inserção (15). No processo de infecção relacionada ao CVC durante as duas primeiras semanas a colonização extraluminal é preponderante, ou seja, as bactérias da pele atingem a corrente sanguínea após terem construído o biofilme na face externa do dispositivo. Após este período, contudo, e principalmente nos cateteres de prolongada permanência, passa a predominar a colonização da via intraluminal como fonte de

6 incidências da infecção. Este acontecimento ocorre, pois com o transcorrer do tempo, o número de manuseio do cateter aumenta, facilitando sua contaminação. Ademais, os cateteres de longa permanência costumam apontar mecanismos que impedem a colonização do dispositivo, por exemplo, cuff antimicrobiano (3). Suas próprias peculiaridades de inserção também apresentam dificuldades ou impedem a entrada de microorganismos pela via extraluminal através da tunelização ou do implante completo. A administração de soluções infectadas, devido à adesão de práticas inapropriadas de preparo e falhas em se seguir referências preconizadas de injeção segura, representa um terceiro mecanismo possível de infecções. E por fim, embora seja atípica, a colonização da extremidade do dispositivo por disseminação hematogênica poderá ocorrer em pacientes com infecção da corrente sanguínea de qualquer origem (3). Os mais frequentes agentes etiológicos associados á infecção decorrente ao uso do cateter central são: Staphylococusi coagulase negativo, Staphylococcus epidermidis, Staphylococci aureus os bacilos gram negativos, fungos e a Cândida albicans. A virulência intrínseca destes micro-organismos está associada a sua capacidade de ligação às proteínas presentes na parede dos cateteres. Sendo assim, na hipótese de infecção relacionada ao cateter, será indicado o envio da ponta do cateter para cultura de acordo com a orientação da comissão de controle de infecção hospitalar (CCIH). Em casos assim é coletado instantaneamente após a retirada do cateter dois frascos de hemocultura de veia periférica de locais diferentes e encaminhada a ponta do cateter para cultura, cortando aproximadamente 5 cm da extremidade do cateter (2,16-18). Recomenda-se que a cultura de ponta de cateter não deverá ser uma prática comum na terapia intensiva e que apenas os cateteres com indícios de foco de infecção sejam realizadas culturas, portanto, os cateteres encaminhados para cultura de ponta estão de acordo com os padrões recomendados (2,16-18). A decisão de retirar ou substituir o cateter será de responsabilidade do médico, contudo a periodicidade de troca para prazos menores ou maiores quando clinicamente indicado dependerá da aderência às normas recomendadas, tais como: avaliar as condições diárias do paciente, local de inserção, integridade da pele e do vaso, tempo de duração, tipo de terapia prescrita, locais de assistência, permeabilidade do dispositivo e integridade da permanência da cobertura estéril (3,12). Os cateteres deverão ser extraídos ou substituídos nas seguintes condições:

7 cateter implantado em condições de emergência com comprometimento da técnica asséptica, cateter com desempenho inadequado apresentando integridade e permeabilidade afetada, paciente com cateter apresentando bacteremia primária seguido de febre sem causa ou foco detectado e cateter apresentando sinais de inflamações no local de inserção (calor, dor, rubor, edema e secreção) (3,12). No caso de retirada do cateter por hipótese de infecção a substituição por um novo cateter necessitará ser realizada em um novo local. No entanto, por conduta médica a substituição por um novo cateter poderá ser efetuada no mesmo local com auxilio de fio guia nos seguintes casos: cateter sem existência de sinais locais ou inflamações, difícil implantação para novo acesso e paciente apresentando quadro clínico variável. Nessas situações, o cateter extraído deve ser encaminhado para cultura e o novo cateter deverá ser retirado se a cultura da ponta retirada for positiva (3,12,18). Os cuidados com os procedimentos relacionados ao acesso vascular devem ser uma prioridade de toda a equipe que acompanha o paciente, de forma que uma vigilância, multi e interdisciplinar, efetiva, possibilite a prevenção e o controle de prováveis complicações. A manipulação do acesso vascular é uma prática rotineira da enfermagem, cabendo ao enfermeiro à orientação e supervisão da equipe em relação à realização dos cuidados e técnica correta. Portanto considerando a alta complexidade da inserção e manipulação constante do acesso vascular, é essencial a educação permanente da equipe de enfermagem focando na padronização e realização de cuidados específicos e técnicas assépticas rigorosas (7). Cuidados rigorosos devem ser adotados antes da inserção do cateter central como antissepsia rigorosa das mãos com solução antisséptica degermante PVP-I 10% ou clorexidina degermante 2%; fazer o uso de luvas não isenta a antissepsia das mãos; efetuar antissepsia da pele do paciente e posteriormente a limpeza com água e sabão ou solução degermante utilizando clorexidina alcoólica 2% podendo ser usado também álcool 70% ou PVPI alcoólico ou tópico 10% na falta dos anteriores. Usar paramentação adequada completa, ou seja, luvas estéreis, máscara, gorro, avental estéril e campo estéril para inserção do acesso venoso central (17). Os cuidados de enfermagem rigorosos devem ser adotados para a manutenção do cateter, como: lavar as mãos antes e após a manipulação dos cateteres; proteger o cateter durante o banho com material impermeável evitando molhar; para realizar o banho usar esponjas embebidas com clorexidina ou cobertura de poliuretano com gel hidrofílico contendo gliconato de clorexidina a 2%; utilizar gaze ou curativo estéril

8 transparente semipermeável para ocluir o local de inserção dos cateteres; substituir o curativo na presença de sujidade e não contendo sujidade visível, realizar a troca da gaze a cada 2 dias e o curativo transparente a cada 7 dias ou de acordo com o especificado pelo fabricante (3, 6). Cuidados essenciais de enfermagem são necessários antes da manipulação do dispositivo como: efetuar a higienização das conexões com álcool a 70%; permanecer com as conexões não usadas fechadas com a tampa de proteção tomando o devido cuidado para nunca deixá-las abertas; fazer uso da técnica asséptica na preparação de soluções; administrar as medicações logo em seguida após a preparação ou refrigerar conforme recomendação do fabricante; dar prioridade para sistemas fechados de infusão; realizar antissepsia com álcool 70% sempre que abrir frascos de soro e medicamentos; atentar para turvação, cortes, perfurações, vedação, perda de vácuo e prazo de validade; permanecer com o mecanismo de infusão sempre fechado (3,6,17). Alem disso deve-se realizar infusão de medicações em seus devidos locais tais como: dispositivo lateral para soluções injetáveis, torneirinhas e extensões realizando sempre a antissepsia prévia das conexões com álcool 70%; substituir equipos simples, buretas, extensões, torneirinhas e demais dispositivos a cada 72 horas e sempre que ocorrer refluxo de sangue. Para os casos de infusões intermitentes, como antimicrobianos, sangue e hemoderivados realizar imediatamente a troca do mecanismo de infusão no máximo em 24h e substituir o sistema de infusão de nutrição parenteral total (NPT) também a cada 24 horas (3,6,17). Cateteres semi-implantáveis também exigem cuidados de enfermagem rigorosos como: após a administração de medicamentos ou sangue, o cateter deverá ser limpo com soro fisiológico (0,9%) podendo também ser usado heparina na luz do cateter conforme prescrição médica. Para cateteres implantáveis evitar a infusão ou retirada de sangue evitando danos ao equipamento, proceder com o uso de luvas estéreis e realizar antissepsia da pele com PVPI antes de introduzir a agulha no dispositivo, substituir a agulha (agulha de Huber ) a cada 2 dias e para agulhas especiais, similares ao escalpe, a cada 7 dias (17). Para os cateteres de prolongada permanência semi-implantáveis o curativo deverá ser realizado pela enfermagem diariamente até a cicatrização da pele e após a cicatrização do túnel não será necessário fazer curativo. Para cateteres de longa permanência totalmente implantáveis o curativo não precisará ser realizado enquanto o cateter não estiver sendo usado. Após a administração de medicamento o cateter

9 deverá ser salinizado com soro fisiológico (0,9%) antes da extração da agulha. Não é recomendável a coleta de sangue para exames laboratoriais através do cateter; não realizar desobstrução do cateter ou aspirar coágulo; a utilização de pomada com antimicrobianos poderá deteriorar o material do cateter e levar a resistência antibiótica, sendo assim contraindicada (17). Considerações finais Diante dos referenciais levantados e estudados, conclui se que o CVC é um recurso tecnológico amplamente necessário para o tratamento de diversos pacientes em inúmeras situações. Porém, sua utilização exige a realização de cuidados de enfermagem específicos para sua conservação com intuito de postergar as complicações a ele associadas. Sendo assim, cabe ao enfermeiro o conhecimento técnico científico, habilidade, avaliação diária do cateter e treinamento permanente da equipe de enfermagem mediante a implantação de protocolos atuais com intuito de nortear os profissionais sobre a importância do manuseio correto dos dispositivos, diminuindo assim, os riscos para o desenvolvimento da infecção decorrente do uso de CVC, bem como outros tipos de complicações. Fontes consultadas (1) dos Santos SF, Viana RS, Alcoforado CLGC, Campos CC, de Matos SS, Ercole FF. Ações de enfermagem na prevenção de infecções relacionadas ao cateter venoso central: uma revisão integrativa. Rev. SOBECC, 2014 v. 19, n. 4. (2) Rigotti MA, da Silva R, de Souza EF, do Santos VF, de Souza JA, da Silva LP. Estudo de revisão: medidas preventivas para se evitar infecção do cateter venoso central. Rev. Conexão, Não datado. (3) Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Medidas de Prevenção de Infecção Relacionada à Assistência à Saúde, 2017. (4) Rosana SAD, Maria Angelica ZBDS, Vania Maria GDA. Infecção hospitalar associada ao uso do cateter venoso central e seus cuidados. Rev. Elet. de Enf. do Vale do Paraíba, 2014 v. 1, n. 5. (5) de Mendonça Henrique D, Tadeu CN, Alves FH, Trindade LPC, Fernandes MDSR, Macedo ML, et al. Fatores de risco e recomendações atuais para prevenção de infecção associada a cateteres venosos centrais: uma revisão de literatura. Rev. de Epidemiologia e Controle de Infecção, 2013 v. 3, n. 4.

10 (6) Associação Paulista de Epidemiologia e Controle de Infecção Relacionada á Assistência á Saúde. Infecção da Corrente Sanguínea Associada ao uso de Cateteres Vasculares. 4 ed. São Paulo: APECIH, 2016. (7) Mendonça KM, Neves HCC, Barbosa DFS, Souza ACS, Tipple AFV, Prado MAD. Atuação da enfermagem na prevenção e controle de infecção de corrente sanguínea relacionada a cateter. Rev. enferm. UERJ, 2011 p. 330-333. (8) Barros MMA, Pereira ED, Cardoso FN, da Silva RA. O enfermeiro na prevenção e controle de infecções relacionadas à assistência à saúde. Universitas: Ciências da Saúde, 2016 v. 14, n. 1, p. 15-21. (9) Brasil. Agência Nacional da Vigilância Sanitária (ANVISA). Segurança do Paciente e Qualidade em Serviços de Saúde. Medidas de prevenção de infecção relacionadas á assistência á saúde. 2013. (10) Brasil. Agência Nacional da Vigilância Sanitária. Diretrizes Nacionais para a Prevenção e Controle de Infecções em Serviços de Saúde. Proposta de Regulamento Técnico para o Controle de Infecções em Serviços de Saúde por meio de uma RDC. Substituição da portaria n.º 2616/1998. 2008. (11) Leal MLM. Fixação de cateter venoso central de curta permanência: comparação de duas técnicas [tese]. Uni. Vale do Sapucaí. Pouso Alegre. 2016. (12) Oliveira RG. Blackbook Enfermagem. 1 ed. Nacional. 2016. (13) Pedrolo E, De Lazzari LSM, de Oliveira GLR, Mingorance P, Danski MTR. Evidências para o cuidado de cateter venoso central de curta permanência: revisão integrativa. Revista de enfermagem UFPE, 2013 v. 7, n. 5, p. 4199-4208. (14) Mesiano ERAB, Merchán-Hamann E. Infecções da corrente sangüínea em pacientes em uso de cateter venoso central em unidades de terapia intensiva. Revista Latino-Americana de Enfermagem, 2007 v. 15, n. 3. (15) de Jesus PBR, Alves EMC, Valente GSC. Prevenção e controle de infecção relacionada a cateter venoso central: uma revisão integrativa da literatura. Rev. Horizonte. 2013. (16) Passamani RF, SROS S. Infecção relacionada a cateter venoso central: um desafio na terapia intensiva. Med HUPE-UERJ, 2011 v. 10, n. 1, p. 100-8. (17) Agência Nacional da Vigilância Sanitária (ANVISA). Prevenção das infecções relacionadas à assistência à saúde por patógenos multirresistentes. Infecção da corrente sanguínea relacionada a cateter. 2007. (18) Marques PB, Carneiro FMC, Ferreira AP. Perfil bacteriano de cultura de ponta de cateter venoso central. Rev. Pan-Amazônica de Saúde, 2011 v. 2, n. 1, p. 53-58.