Agosto de 2014 Professor Dr. Moisés Alves de Oliveira Professor Ms. Gustavo Pricinotto

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Transcrição:

Professor Dr. Moisés Alves de Oliveira Professor Ms. Gustavo Pricinotto Agosto de 2014

Quem é o sujeito? Quem é o Químico? como é que as criações de outros povos podem ser tão próximas a seus criadores e, ao mesmo tempo, e tão profundamente, uma parte de nós. Geertz (1997, p.84), Compreender como e com que intensidade os estudantes do primeiro ano do curso de Química Bacharelado da Universidade Estadual de Londrina são arregimentados no processo de (re)formulação da comunidade química.

As habilitações, o perfil dos profissionais e os interesses atravessados; domínio das técnicas básicas e compreender os princípios envolvidos em cada uma para a sua utilização em laboratórios e equipamentos (UEL, 2004) saber comunicar corretamente os projetos e resultados de pesquisa na linguagem científica, oral e escrita (UEL, 2004) capacidade de disseminar e difundir e/ou utilizar conhecimentos relevantes para a comunidade (UEL, 2004)

O caminho é produto das contingências do campo: deve-se estar aberto aos atravessamentos (FORTUNA, 2001) Evocar Enunciados sendo fortalecidos e não falar mais em natureza ou sociedade a priori; Mas quem são estes? Moraes (2004) : ator ou actante se define como qualquer pessoa, instituição ou coisa que tenha agência, isto é, que produza efeitos no mundo e sobre ele. Recortando

Artefato Ebulioscopia: as primeiras controvérsias Fato Nunca somos postos diante da ciência, da tecnologia e da sociedade, mas sim diante de uma gama de associações mais fracas e mais fortes (Latour, 2000)

Artefato Professora A: Tá errado então, tinha que ter aumentando, já falamos de ebulioscopia, é o aumento da temperatura Fato Os discordantes não podem fazer menos que os autores. Tem de reunir mais forças para desatar o que prende o porta-voz e suas afirmações (Latour, 2000)

Artefato Professora A: Quanto deu o de vocês? Tatiane: O primeiro deu 98 também, e o segundo deu 108! PA: Não, não, variou muito, tinha que variar uns dois graus só! Fato [...] você pode atingir seu objetivo indo em frente [fazendo passo a passo], mas se trilhar o meu caminho [o da verdade], vai chegar até ele mais depressa, seria um atalho (LATOUR, 2000, p.183).

Artefato Clara(C): Opa, fala que deu 96 então Guilherme(G): Mas não tem que subir? Fato Como não podiam mais duvidar da boa qualidade de suas "mãos", teriam de duvidar da primeira definição ou simplesmente abandonar o jogo (Latour, 2000)

Artefato Fato C: Sobe ou desce? (me olha curiosa) Eu: Pensa no que vocês estão falando, o que vocês fizeram aí? C: Verdade, coloco mais coisa dentro, daí fica mais difícil entrar em ebulição G: Então tem que dar 100! em vez de agirem como condutores ou semicondutores, serão multicondutores e imprevisíveis (LATOUR, 2000)

Artefato Eles passam a reproduzir fatos que foram aos poucos produzidos! Fato Segundo Latour e Woolgar (1997, p. 91), quando um enunciado é imediatamente tomado de empréstimo, utilizado e reutilizado, chega-se logo ao estágio em que ele não é mais objeto de contestação. [...] O fato é incorporado aos manuais universitários.

Captando, criando barragens Os engendramentos de um falar e agir como químicos;

Sobreposição de camadas Segundo Oliveira (2010, p.18), o que normalmente é obscurecido é que foi: preciso que pessoas com habilidades seus específicas e instrumentos estivessem presentes para que fenômenos naturais tornem-se convincentes [...] foi preciso criar um ambiente adequado, repleto de mediações modulares para que a exposição visual, ao final, se tornasse tão poderosa. a crença na verdade natural;

A força (arregimentação) com que os enunciados são arranjados diante dos estudantes os submete a desviarem seus interesses em busca da conclusão do curso, ou outros objetivos. São estes os caminhos que produzem NATUREZAS!

Que força é essa?

FORTUNA, Edson. Do caráter fundacional da cultura e do niilismo pós-moderno. Episteme, Porto Alegre, n. 13, p. 45-68, jul./dez. 2001 Geertz, Clifford. O saber local: novos ensaios em antropologia interpretativa. Tradução de Vera Mello Joscelyne. Petrópolis, Vozes, 1997. GOTTSCHALK, Simon. Sensibilidades Pós-Modernas e Possibilidades Etnográficas. In: Banks, A.; Banks, S. P. Fiction e Social Research: by ice or fire. London: SAGE, 1998. LATOUR, Bruno. A esperança de pandora: ensaios sobre a realidade dos estudos científicos. Bauru: EDUSC, 2001.. Jamais fomos modernos. Rio de Janeiro: Ed. 34, 1994.. Ciência em ação: como seguir cientistas e engenheiros sociedade afora. São Paulo: UNESP, 2000.

LATOUR, Bruno. O futuro da terra é decidido no concílio híbrido de Kyoto '. Folha de S.Paulo/Caderno Mais! 1997. MORAES, Marcia. A ciência como rede de atores: ressonâncias filosóficas. História, Ciências, Saúde. Manguinhos, v. 11(2): 321-333, maio/ago. 2004. OLIVEIRA, Moisés Alves de. Alfabetização científica no clube de ciências do ensino fundamental: uma questão de inscrição. Revista Ensaio. Belo Horizonte, v.12, n.1. p. 11-26. 2010. PROPLAN/UEL. Missão. Disponível em: <http://www.uel.br/proplan/?content=missao.html > Acesso em: 27 nov. 2012. UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA. Resolução CEPE Nº 47/2005: Projeto Político-Pedagógico do Curso de Química Habilitação: Bacharelado e opção em Química Tecnológica, a ser implementado a partir do ano letivo de 2005. Londrina, 2004.