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Transcrição:

Proposição de um método orientado à integração de melhores práticas e padrões para melhoria de processos de software: o caso de uma empresa de base tecnológica de São Carlos Angelita Moutin Segovia Gasparotto (USP) segovia_74@yahoo.com Henrique Rozenfeld (USP) roz@sc.usp.br Resumo: O propósito do presente artigo é a aplicação de um método visando à melhoria dos processos de venda e desenvolvimento de software on demand em uma empresa de base tecnológica no município de São Carlos. Por meio da confecção de um plano, o qual contempla o confronto e utilização das melhores práticas e padrões como o Modelo CMMI (melhoria do processo de software), o projeto MPS.BR (projeto para a melhoria de processo do software brasileiro) e a Norma ISO 9001:2000 (requisitos da qualidade), um quadro comparativo é confeccionado. A seguir, o diagnóstico da situação atual da empresa é realizado, e como resultado da modelagem, um pôster da situação atual é elaborado. Visando ao conhecimento de empresas que também aplicam as melhores práticas em seus processos, a aplicação de benchmarking em três empresas é efetuada. O método é finalizado com a confecção de um pôster, contemplando a situação futura, baseada no quadro comparativo e nos relatórios de benchmarking. O artigo é finalizado com as conclusões e a agenda para os próximos passos. Palavras-chave: Melhoria de processos de software; Empresa de base tecnológica; CMMI; MPS.BR; ISO 9001:2000. 1. Introdução O tema deste trabalho está inserido nas abordagens teóricas sobre melhoria de processos de software, e pontualmente, concentra-se na proposição de um método orientado à integração de melhores práticas e padrões a serem aplicados aos processos de venda e desenvolvimento de software on demand em uma empresa de base tecnológica, localizada no município de São Carlos, interior paulista. Entende-se por software on-demand, um produto de software desenvolvido a partir de um conjunto de requisitos obtidos pelo fornecedor, junto ao cliente. É uma atividade conjunta entre quem o desenvolve e o usuário, numa prestação de serviços especializados (GUERRA e ALVES, 2004). Esse trabalho está incorporado a um projeto de maior amplitude, cuja proposta é o estabelecimento de ferramentas para melhoria do processo de gestão do desenvolvimento e comercialização colaborativos de software, por meio do Grupo de Engenharia Integrada e de Integração (EI 2 ), do Núcleo de Manufatura Avançada (NUMA-USP São Carlos). Uma vez que, ultimamente, tanto o meio acadêmico quanto as organizações têm dado maior atenção à qualidade dos processos de software, o presente artigo justifica-se à medida que pesquisas envolvendo soluções para a melhoria de software, detectaram que um dos principais problemas está na incapacidade e imaturidade de gerenciar o processo de software (Humphrey, 1989; Kan, 2002; Niazi et al., 2005). Nesse contexto, Shaw e Clements (2006) destacam que as organizações buscam produzir software com melhor qualidade, e que as pesquisas em relação à engenharia de software são na sua maioria, motivadas por problemas que surgem durante a construção desses produtos. Nesse contexto, é de responsabilidade dos pesquisadores apresentarem não só as idéias de solução, mas também o quanto essas idéias são efetivas quando colocadas em prática. 1

Sendo assim, o objetivo principal desse artigo é apresentar um método, cujo embasamento se encontra no confronto e utilização de melhores práticas e padrões e benchmarking em empresas que as utilizam, visando à melhoria dos processos de venda e desenvolvimento de software on demand em uma empresa de base tecnológica no município de São Carlos. Genericamente, esse trabalho procura contribuir na geração e compartilhamento dos conhecimentos adquiridos pelo grupo (EI 2 ), os quais deverão contribuir como instrumentos para futuros trabalhos. Visando ao alcance dos objetivos acima descritos, a metodologia de pesquisa adotada foi a de pesquisa-ação, pois de acordo com Thiollent (1997), objetiva tanto a ação quanto a criação de conhecimento, sendo recomendado quando se necessita explorar novas idéias e criar um conhecimento dentro de abordagens práticas. A partir dessa introdução, o propósito das seções seguintes é: 2. apresentar o estado da arte, contextualizando o tema e destacando as práticas e padrões sobre melhoria de processos de software; 3. destacar a metodologia adotada para implementação do método; 4. apresentar o método proposto, seguido de suas etapas; 5. submeter à apreciação as conclusões do trabalho; 6. destacar a agenda para os próximos passos. O artigo é encerrado com a relação das referências bibliográficas utilizadas. 2. Estado da arte 2.1. Contextualização do tema Segundo Dornellas (2003) as pequenas empresas voltadas à produção e comercialização de software fazem parte do grupo de micro e pequenas empresas. Esse grupo é considerado por alguns estudos como o principal fator produtor de empregos no Brasil, responsável pela geração de 92% dos postos de trabalho. De acordo com Perussi Filho (2001), o termo empresa de base tecnológica, é caracterizado por uma estrutura que incorpora o conhecimento-tecnológico como seu principal insumo de produção e por se relacionar intensamente com universidades ou institutos de pesquisa. Para o desempenho de suas atividades, essas empresas podem utilizar recursos humanos, laboratórios e equipamentos pertencentes às instituições de ensino ou pesquisa. Em se tratando de empresas brasileiras de base tecnológica, o foco principal de localização da indústria deste segmento encontra-se nas regiões sul e sudeste. Segundo Carvalho et al. (2000), somente no estado de São Paulo há 28% dos parques tecnológicos e incubadoras (Campinas, São Carlos e São José dos Campos). Uma vez que Day (1994) já dizia em sua obra que a competitividade é embasada em capacidades ou pacotes de habilidades e conhecimentos acumulados, exercidos por meio de processos, o estabelecimento de processos formais, embasado na utilização de melhores práticas e padrões, possibilita a melhoria da qualidade dos produtos de software gerados. De acordo com Whittaker e Voas (2002) o propósito da melhoria do processo de software é criar qualidade das partes do processo de desenvolvimento de software para depois poder integrá-las. O grande marco que representa este período é a determinação do Modelo CMMI (Capability Maturity Model Integration), o qual será discutido a seguir, integrando a lista de melhores práticas e padrões utilizados pelas organizações, visando à melhoria da qualidade de seus produtos de software. 2

2.2. Padrões e melhores práticas visando à melhoria da qualidade de software 2.2.1. O Modelo CMMI (Capability Maturity Model Integration) De acordo com Rozenfeld et al. (2006), o grau de maturidade de uma empresa indica, genericamente, o quanto ela aplica das melhores práticas sobre desenvolvimento de produtos, resultando em um melhor desempenho de seus processos. Indica também, qual a competência necessária para que as pessoas da organização agreguem essas práticas aos projetos de desenvolvimento de produtos. Neste sentido, as melhores práticas representam uma maneira de atingir um objetivo ou de obter um resultado por meio da aplicação dos conhecimentos mais recentes disponíveis sobre a melhor forma de se realizar uma atividade que, comprovadamente, tem trazido os melhores resultados nas organizações. Segundo Chrissis et al. (2003) e Ahern et al. (2003), o Capability Maturity Model Integration é a evolução e integração do Capability Maturity Model for Software, System Engineering Capability Model, EIA 731 e Integrated Product Development. É compatível com a Norma ISO/IEC 15504 e oferece duas representações: por estágio (avaliação de um conjunto predefinido de áreas de processo em cada nível) e contínua (avaliação por área de processo). Uma área de processo descreve uma abstração de um conjunto de atividades a serem realizadas. Já níveis de capacidade descrevem o quão bem esse conjunto de atividades é realizado em relação a uma área de processo. As áreas de processo do CMMI estão organizadas de acordo com o disposto pela Tabela 1 a seguir: TABELA 1 - Estrutura do Modelo CMMI Gestão de Processo Foco no processo organizacional Definição do processo organizacional Treinamento organizacional Performance do processo organizacional Inovação e institucionalização do processo organizacional Engenharia Gestão de requisitos Desenvolvimento de requisitos Solução técnica Integração de produto Verificação Validação Processos de Aquisição Seleção/acompanhamento do fornecedor Gerência integrada de fornecedor Gerência quantitativa de fornecedores Fonte: Rassa e Phillips (2001). Gestão de Projeto Planejamento do projeto Controle e acompanhamento do projeto Gestão de acordo com fornecedores Gestão integrada de projeto Gestão de risco Suporte Gerência de configuração Garantia de qualidade de produto e processo Medidas e análises Análise das decisões e resolução Análise causal e resolução Ambiente organizacional para integração Integração de Produto e Desenvolvimento do Processo Ambiente organizacional para integração Integração da Equipe Segundo Lepasaar e Mäkinen (2002) o propósito do modelo CMMI é promover um guia para melhorar o processo e habilidade para gerenciar o desenvolvimento, aquisição e manutenção de produtos de software. De acordo com Trudel et al. (2006), muitas organizações de pequeno porte têm reconhecido a necessidade de melhorar os produtos de software. Porém, avaliar esse software depois de pronto tem sido insuficiente, uma vez que é sabido que a sua qualidade está altamente relacionada ao processo utilizado para produzi-lo. Visando à busca da melhoria da qualidade dos processos de software destacados pelo disposto acima, a Tabela 2 a seguir apresenta os dados do Instituto de Engenharia de 3

Software, (SEI - Software Engineering Institute - responsável pela divulgação, melhoria e avaliação do modelo nas organizações) em relação às avaliações oficiais realizadas entre 2001 e 2005: TABELA 2 - Posição das organizações avaliadas CMMI Organizações avaliadas 1.804 Matrizes 996 Projetos avaliados 8.897 Organizações não-americanas 66,6% Fonte: SEI (2006). A Tabela 2 acima representa que 1804 empresas (das quais 66.6% não são organizações americanas), foram avaliadas entre 2001 e 2005, e cujos resultados foram reportados ao SEI. Dentre essas 1804 empresas, 996 delas são matrizes e o restante, suas filiais. Para a avaliação, foram selecionados 8.897 projetos, uma média equivalente a 4,93 projetos avaliados para cada organização avaliada. O Gráfico 1 abaixo apresenta o perfil de maturidade das organizações avaliadas: % de organizações 45,00% 40,00% 35,00% 30,00% 25,00% 20,00% 15,00% 10,00% 5,00% 0,00% 5,70% 39,60% 37,40% 7,60% 9,80% Inicial Repetitivo Definido Gerenciado Em otimização Níveis de Maturidade GRÁFICO 1 - Perfil da maturidade das organizações avaliadas Fonte: SEI (2006). De acordo com o Gráfico 1 acima, é no Nível 2 do modelo CMMI que se encontra o maior número de empresas avaliadas (39,60%), seguido respectivamente dos níveis 3 (37,40%) e nível 5 (9,80%). Segundo Weber et al. (2005), embasado na observação de que a maioria das empresas tinha uma preferência pelo modelo estagiado do CMMI, que o custo de uma avaliação em relação a esse modelo é alto, e que as pequenas empresas precisam de níveis de maturidade menores, o projeto MPS.BR foi concebido visando ao alcance gradual da melhoria do processo de software, por meio de sete níveis de maturidade, seqüenciais e cumulativos. A seguir, será apresentada uma síntese do projeto brasileiro. 2.2.2. O projeto MPS.BR (Projeto para a Melhoria de Processos do Software Brasileiro) Segundo a Sociedade para a Promoção da Excelência do Software Brasileiro - SOFTEX (2004), esse modelo é baseado nos conceitos de maturidade e capacidade de 4

processo para a avaliação e melhoria da qualidade e produtividade de produtos de software. O projeto MPS.BR define sete níveis de maturidade: 1) A - Em otimização (maior nível de maturidade) 2) B - Gerenciado quantitativamente 3) C - Definido 4) D - Largamente definido 5) E - Parcialmente definido 6) F - Gerenciado 7) G - Parcialmente gerenciado (menor nível de maturidade) De acordo com Weber et al. (2005), não é objetivo do projeto MPS.BR definir uma nova estrutura no que se refere às normas ou modelos para melhoria de processos de software. Sua contribuição está na estratégia de implementação criada para a realidade brasileira, por meio dos seus sete níveis de maturidade. Segundo a SOFTEX (2004), busca-se que este projeto seja adequado ao perfil e cultura das empresas brasileiras, como também compatível com os padrões de qualidade aceitos internacionalmente e que tenha como pressuposto, o aproveitamento de toda a competência existente nos padrões de melhoria de processo. Dessa forma, o projeto para melhoria de processos de software, tem como base os requisitos de processos definidos em modelos de melhoria de processo. A Figura 1 a seguir apresenta a estrutura e forma de implementação do MPS.BR (SOFTEX, 2004). FIGURA 1 Estrutura do projeto MPS.BR Fonte: Adaptado de SOFTEX (2004). Os componentes do projeto MPS.BR, apresentados pela Figura 1, seguem: Guia Geral: descreve o modelo de referência conceitual, seus componentes e as definições comuns necessárias para seu entendimento e aplicação. Neste modelo são caracterizados os níveis de maturidade e o método de avaliação adotado. Para elaboração do modelo de referência estão sendo usados os modelos de definição, avaliação e melhoria de processo de software CMMI, SCAMPI e ISO/IEC 15504. O CMMI e a ISO/IEC 15504 estão sendo utilizados para definir os níveis de 5

maturidade do MR-MPS. O SCAMPI e a ISO/IEC 15504 estão sendo utilizados para definir o método de avaliação. Guia de implantação: descreve os procedimentos para implantação do modelo nas empresas interessadas, por meio de instituições credenciadas para este fim. O guia fornecerá orientações gerais e requisitos que deverão ser associados às estratégias e procedimentos específicos das instituições credenciadas, levando em conta as características das empresas envolvidas. Guia de avaliação: descreve o método de avaliação e procedimentos gerais e requisitos para sua aplicação pelas instituições credenciadas junto às empresas a serem avaliadas. 2.2.3. A Norma ISO 9001:2000 As normas da série ISO 9000 foram construídas com o objetivo de auxiliarem organizações de qualquer porte, à busca da qualidade de seus produtos e serviços. Nesse contexto, a norma mais evidente na literatura é a ISO 9001 versão 2000, cujo propósito é especificar um conjunto de requisitos para um sistema de gestão da qualidade. A ISO 9001 está baseada em quatro princípios-chave: satisfação do cliente, abordagem de processo, indicadores de desempenho e melhoria contínua ISO (2000). De acordo com Spina (1998), uma vez que esses requisitos podem ser auditados por um órgão credenciado, a certificação assegura que em determinado instante, a empresa alcançou as metas descritas na norma. Ao longo do tempo existem auditorias de verificação que garantem que a empresa consegue se manter nesse nível de atendimento. Quando, numa auditoria de verificação, forem encontrados indícios de que a empresa não está evoluindo seu sistema da qualidade, que existem fortes indícios que os clientes não têm sido atendidos corretamente, a empresa é descredenciada, perdendo a certificação. Pode-se dizer que uma empresa certificada demonstra um nível mínimo de organização e de comprometimento com a qualidade. Por meio do estado da arte, o qual contemplou a contextualização do tema e a apresentação do Modelo CMMI, da Norma ISO 9001 versão 2000 e do projeto para melhoria do software brasileiro MPS.BR, o objetivo da próxima seção é destacar a metodologia 3. Metodologia Adotada De acordo com Popper (1975), Pádua (1997) e Abrahamsohn (2004), o objetivo do referencial teórico dentro de um trabalho de pesquisa é explicar os procedimentos que deverão ser seguidos no processo de investigação dos fatos que cercam o pesquisador. Para Ferreira (1999) a palavra metodologia pode significar: a) a arte de dirigir o espírito na investigação da verdade; b) o estudo dos métodos das ciências; e c) um conjunto de técnicas e processos utilizado para ultrapassar a subjetividade do autor e atingir a obra literária. A seguir, as escolhas metodológicas escolhidas visando atingir os objetivos propostos são: Natureza da pesquisa - Aplicada: objetiva gerar conhecimentos para aplicação prática, os quais são dirigidos à solução de problemas específicos (LAKATOS e MARCONI, 2005). Abordagem do problema - Qualitativa: considera que há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito - um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito que não pode ser traduzido em números. O ambiente natural é a fonte direta para coleta de dados e o pesquisador é o instrumento-chave 6

neste processo (GIL, 2002). Método amplo da pesquisa - Pesquisa-ação: o pesquisador envolve-se diretamente com a organização estudada e com os participantes do problema de pesquisa, estando todos envolvidos de modo cooperativo e participativo (THIOLLENT, 1998). Quanto aos instrumentos de pesquisa (SILVA e MENEZES, 2001): Observação: quando se utilizam os sentidos na obtenção dos dados de determinados aspectos da realidade. Entrevista: é a obtenção de informações de um entrevistado, sobre determinado assunto ou problema. Após a apresentação da metodologia, faz-se necessária a descrição das fases, as quais possuem harmonia com a metodologia descrita anteriormente: A empresa Etapas do método: Definição das melhores práticas e padrões a serem adotados Análise de oportunidades para melhorias Benchmarking em empresas do setor de software Desenho futuro 4. Proposição do método 4.1. A empresa A empresa em questão, iniciou suas atividades em 1997, fruto da união do background de um grupo de engenheiros, alguns deles mestres e PhD s da Universidade de São Paulo - USP, que resolveram ingressar no mundo empresarial. O grupo foca seu campo de atuação em um segmento bastante emergente na Europa - a tecnologia de cartões inteligentes Smart Card. O esforço dessa equipe resultou em um Sistema de Processamento Distribuído, motivo de vários artigos em publicações nacionais e internacionais. No ano de 2000, a empresa foi uma das três empresas na América do Sul, qualificadas pelo Instituto Empreender Endeavor. Atualmente, ela conta com cerca de quinze desenvolvedores e três gerentes atuando diretamente com o desenvolvimento de software. 4.2. Etapas do método proposto A proposta apresentada foi encarada pela alta administração da empresa como um novo projeto. A seguir, serão detalhadas as etapas visando à concepção e aplicação do método. 4.2.1. Definição das melhores práticas e padrões a serem adotados Resulta em um quadro estruturado e divulgado aos colaboradores sobre as referências que deveriam ser adotadas pela empresa em termos de melhoria de processos para o desenvolvimento de software. Esse quadro foi confeccionado por meio da comparação e confronte entre a norma ISO 9001:2000, o projeto MPS.BR e o modelo CMMI (versão por estágios). 7

A Figura 2 a seguir, apresenta uma síntese desse resultado: FIGURA 2 Síntese do Quadro comparativo entre o Modelo CMMI, a Norma ISO 9001:2000 e o Projeto MPS.BR De acordo com o diposto pela Figura 1 acima, por exemplo, no Nível 2 do modelo CMMI há uma área de processo denominada Planejamento do Projeto de Software. A primeira prática específica correspondente a esta área de processo é a SP1.1 Estimar o Escopo do Projeto, o que corresponde às sub-seções 7.1.3/7.3.1.1 e 7.3.1.4 da norma ISO 9001:2000 e ao Nível G Processo Gerência de Projetos do projeto MPS.BR. 4.2.2. Análise de oportunidades para melhorias Após o conhecimento profundo da situação da empresa por meio de observações e entrevistas, foi possível ter uma visão da atual situação do processo de venda e desenvolvimento de software on demand da empresa. Esses processos foram inseridos e relacionados às melhores práticas no Quadro Comparativo (Figura 3): FIGURA 3 Síntese do Quadro comparativo e as práticas atuais da empresa De acordo com a Figura 3 acima, existe um gerente de projeto que realiza a estimativa do escopo do projeto. Essa estimativa é descrita por meio de um documento de requisitos do software. O resultado gerado (como saída) é a elaboração da WBS Work Breakdown Structure (lista de atividades). Por meio da compilação de todas as informações levantadas até o momento, um pôster foi gerado, considerando a situação atual dos processos de venda e desenvolvimento de software on demand da empresa. 8

A Figura 4 a seguir, apresenta uma síntese desse pôster, sendo representado pelo Processo Vender: FIGURA 4 Representação do pôster da situação atual para o Processo Vender 4.2.3. Benchmarking em empresas do setor de software Com o propósito de conhecer como as empresas do setor de desenvolvimento de software utilizam as melhores práticas e padrões contidos no escopo deste trabalho, foram realizadas três reuniões de benchmarking em dias e horários distintos. Como resultados, três relatórios de benchmarking foram gerados. A seguir, uma breve descrição de cada uma das empresas participantes: A: é uma das mais importantes provedoras de Tecnologia da Informação e de Comunicações (ICT) da Europa. Presente no Brasil desde 2001, a empresa fornece soluções que aumentam a flexibilidade do cliente melhorando sua competitividade. Possui certificações ISO 9001:2000 e CMMI nível 3. B: é uma associação civil sem fins econômicos, certificada como uma Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP). Fundado em dezembro de 1997, em Campinas, SP, entrou em operação em março de 1999.Atua na área de Tecnologia da Informação e Comunicação (TICs) e se dedica à pesquisa e desenvolvimento de novas tecnologias e à capacitação profissional dos colaboradores. ISO 9001:2000 e CMMI nível 3. C: é a uma das maiores empresas privadas de serviços de Tecnologia da Informação do Brasil. Referência de inovação no desenvolvimento, manutenção e produção de sistemas de alta tecnologia. Sediada em Brasília, mantém unidades operacionais nas principais capitais brasileiras e no interior do país. Possui certificações ISO 9001:2000 e CMMI nível 5. 4.2.4. Desenho futuro Nessa etapa, tendo o Quadro Comparativo, gerado a partir da comparação entre as melhores práticas e padrões para a melhoria dos processos de software, O Pôster da situação atual e dos Relatórios de Benchmarking, foi possível confeccionar um pôster o qual contempla a situação desejada pela empresa no que se refere aos processos de venda e desenvolvimento de software on-demand. 9

A Figura 5 a seguir, apresenta uma síntese desse pôster, sendo representado também pelo Processo Vender: FIGURA 5 Representação do pôster da situação futura para o Processo Vender 5. Conclusões O propósito deste artigo foi apresentar uma proposta orientada à integração de melhores práticas e padrões para melhoria de processos de venda e desenvolvimento de software on demand em uma empresa de base tecnológica, localizada no município de São Carlos. Inserido no método proposto, foi sugerido primeiramente o estudo e confronto entre melhores práticas e padrões para melhoria de processos de software. A seguir, foi necessário compreender o funcionamento dos processos da empresa, o que resultou em um pôster contendo a visão atual dos processos examinados. Seguindo as melhores práticas identificadas no quadro comparativo e nos Relatórios de Benchmarking, um pôster com a visão futura foi proposto. Deve-se destacar que o comprometimento das pessoas-chave da empresa foi imprescindível para a evolução dos trabalhos, além de possibilitar futuras melhorias no método proposto. 6. Agenda para os próximos passos Como próximos passos a serem executados, um método para gestão de mudança proposto por Costa (2006) deverá ser aplicado, visando à sistematização dos processos elaborados até o presente momento. 10

7. Referências bibliográficas ABRAHAMSOHN, P. Redação científica. Rio de Janeiro: Guanabara-Koogan. 2004. AHERN D.M.; CLOUSE, A.; TURNER, R. CMMI distilled: a practical introduction to integrated process improvement. 2ed. Software Engineering Institute SEI Carnegie Mellon: Addison Wesley. 2003. CARVALHO, M.M.; MACHADO, S.A..; RABECHINI JR., R. Fatores críticos de sucesso em empresas de base tecnológica. Revista Produto e Produção, v.4, Porto Alegre. número especial, p. 47-59. abr. 2000. CHRISSIS, M.B.; KONRAD, M., SHRUM, S. Capability maturity model integration: guidelines for process integration and product improvement. Software Engineering Institute SEI Carnegie Mellon: Addison Wesley. 2003. COSTA, J.H.M. Sistematização de um método de gestão de mudança para empresas desenvolvedoras de software on demand. Texto de Qualificação de Mestrado. Escola de Engenharia de São Carlos. Universidade de São Paulo. 2006. DAY, G.S. The capabilities of market-driven organizations. Journal of Marketing, American Marketing Association. vol. 58, no. 4, 37-52. oct. 1994. DORNELLAS, J. C. A. Empreendedorismo corporativo: como ser empreendedor, inovar e se diferenciar em organizações estabelecidas. Rio de Janeiro: Elsevier, 2003. FERREIRA, A.B.H. Dicionário Aurélio eletrônico século XXI. São Paulo: Nova Fronteira. 1999. GIL, A.C. Como elaborar projetos de pesquisa. São Paulo: Atlas. 2002. GUERRA, A.C.; ALVES, A.M. Aquisição de produtos e serviços de software. Rio de Janeiro: Elsevier. 2004. HUMPHREY, W.S. Managing the software process. Boston, MA, USA: Addison-Wesley. 1989. ISO 9000 2000. The International Organization for Standardization - Associação Brasileira de Normas Técnicas, NBR ISO 9000:2000 Sistemas de gestão da qualidade Fundamentos e vocabulário, Rio de Janeiro, 2000. KAN, S.H. Metrics and models in software quality engineering. 2.ed. Boston, MA, USA: Addison Wesley. 2002. LAKATOS, E.M.; MARCONI, M.A. Fundamentos de metodologia científica. 6ed. SP: Atlas. 2005. LEPASAAR, M.; MÄKINEN, T. Integrating software process assessment models using a process meta model. Pohjoisranta, Finland. Pori School of technology and economics. Tampare University of Technology. IEEE. 2002. NIAZI, M.; WILSON, D.; ZOWGHI, D. A maturity model for the implementation of software process improvement: an empirical study. The Journal of Systems and Software. Elsevier Inc. 2005. PÁDUA, E.M.M. Metodologia da pesquisa: Abordagem teórico-prática. Campinas: Papirus. 1997. PERUSSI FILHO, S. Uma avaliação da contribuição das cooperações universidade-empresa e interempresas para a competitividade das empresas industriais do pólo tecnológico de São Carlos. Dissertação (Mestrado). Escola de Engenharia de São Carlos. Universidade de São Paulo USP. 2001. POPPER, K. A lógica da pesquisa científica. USP São Paulo: USP. 1975. RASSA, B.; PHILLIPS, M. Beyond CMMI-SE-SW V1.0. Software Engineering Institute. Carnegie Mellon University. 2001. ROZENFELD, H. et al. Gestão de desenvolvimento de produtos: uma referência para a melhoria de processos. São Paulo: Saraiva. 2006. SHAW, M.; CLEMENTS, P. The gold age of software architecture: A comprehensive survey. Institute for Software Research International. Carnegie Mellon University. CMU-ISRI-06-101. 2006. SILVA, E.L.; MENEZES, E.M. Metodologia de pesquisa e elaboração de dissertação. Laboratório de Ensino à Distância. 3ed. Florianópolis. 2001. Sociedade para a Promoção da Excelência do Software Brasileiro - SOFTEX. Projeto MPS-Br: melhoria de processo do software brasileiro, Guia geral. 2004. SOFTWARE ENGINEERING INSTITUTE - SEI. Process maturity profile. Software Engineering Institute. Carnegie Mellon. March. 2006. SPINA, E.. Um método para melhoria de qualidade de fornecimento da pequena empresa de eletrônica. 264p. Tese (Doutorado) - Escola Politécnica, São Paulo. 1998. THIOLLENT, M. Metodologia da pesquisa-ação. 8ª ed. São Paulo: Cortez. 1998. THIOLLENT, M. Pesquisa-ação nas organizações. São Paulo: Atlas. 1997. TRUDEL, S. et al. PEM: The small company-dedicate software process quality evaluation method combining CMMI and ISO/IEC 14598. Software Quality Journal. Springer Science. 2006. WEBER et al. Brazilian Software Process Reference Model and Assessment Method, in Proceedings of The 20th International Symposium on Computer and Information Sciences - ISCIS 05, October 26-28th, Instambul, Turkey, published as LNCS 3733, pp. 402-411, P. Youlum et al. (Eds.), Springer-Verlag Berlin Heidelberg. 2005. WHITTAKER, J.A.; VOAS, J.M. 50 years of software: Key principles for quality. 1520-9202/02. IEEE. November/December. 2002. 11