Escola Básica 2,3/S de Vale de Cambra Português 10ºano Poetas do séc. XX Prof.ª Dina Baptista Fichas de Trabalho Sophia de Mello Breyner Sophia de Mello Breyner Andresen: "As pessoas sensíveis" Leia o texto com muita atenção. As pessoas sensíveis Fonte: http://www.netprof.pt/netprof/ 1 As pessoas sensíveis não são capazes De matar galinhas, Porém são capazes De comer galinhas 5 O dinheiro cheira a pobre e cheira À roupa do seu corpo Aquela roupa Que depois da chuva secou sobre o corpo Porque não tinham outra 10 O dinheiro cheira a pobre e cheira A roupa Que depois do suor não foi lavada Porque não tinham outra "Ganharás o pão com o suor do teu rosto" 15 Assim nos foi imposto E não: "Com o suor dos outros ganharás o pão" Ó vendilhões do templo Ó construtores 20 Das grandes estátuas balofas e pesadas Ó cheiros de devoção e de proveito Perdoai-lhes Senhor Porque eles sabem o que fazem Sophia de Mello Breyner Andresen, Livro Sexto, Caminho 2003 1. Neste poema, o sujeito poético denuncia a hipocrisia social. 1.1. Ordene as afirmações que se seguem, fazendo-as corresponder a cada uma das quatro partes do poema: a. Contradição entre o comportamento das "pessoas sensíveis" e os preceitos bíblicos. b. Invocação e responsabilização dos cristãos fingidos que frequentam a Igreja mas
não praticam os seus ensinamentos. c. Hipocrisia das pessoas sensíveis. d. Denúncia da exploração do homem pelo homem. 1.2. Assinale os versos em que a ironia, presente ao longo de todo o poema, é mais evidente. 1.3. Diga, por palavras suas, quem são as "pessoas sensíveis" referidas logo no título. 1.4. Aponte três recursos estilísticos presentes no poema para designar estas "pessoas". 1.5. Explicite o sentido dos quatro primeiros versos, evidenciando o valor do conector "porém". 2. Atente na segunda estrofe. 2.1. Caracterize as pessoas que se opõem às "pessoas sensíveis". 2.2. Identifique e comente o recurso estilístico presente no segmento: "O dinheiro cheira a pobre" (vv. 5, 6). 2.3. Explicite a importância da repetição do verso: "Porque não tinham outra" (vv. 9, 13). 2.4. Classifique a oração presente neste verso. 3. Os versos 14 e 17 (na 3.ª estrofe) e os versos da quarta estrofe encerram sentidos que não estão explícitos devido à ausência de pontuação. 3.1. Pontue-os, de acordo com a intencionalidade que eles contêm. 4. Nesta composição, encontramos referências claras a passagens da Bíblia. 4.1. Comente a importância destas passagens para o sentido global do poema. 4.2. Os dois últimos versos da composição fazem alusão às palavras de Cristo na cruz: "Perdoai-lhes Senhor, porque eles não sabem o que fazem." 4.2.1. Explicite a omissão do advérbio de negação. 5. Sintetize, em cerca de trinta palavras, o conteúdo do poema.
Sophia de Mello Breyner Andresen: "Cidade" [Ler] Leia o poema com muita atenção. Cidade Cidade, rumor e vaivém sem paz das ruas, Ó vida suja, hostil, inutilmente gasta, Saber que existe o mar e as praias nuas, Montanhas sem nome e planícies mais vastas Que o mais vasto desejo, E eu estou em ti fechada e apenas vejo Os muros e as paredes, e não vejo Nem o crescer do mar nem o mudar das luas. Saber que tomas em ti a minha vida E que arrastas pela sombra das paredes A minha alma que fora prometida Às ondas brancas e às florestas verdes. Sophia de Mello Breyner Andresen, Poesia, Lisboa, Editorial Caminho, 2003 [Compreender] [Funcionamento da Língua] Assinale com X a alternativa correcta, de acordo com o sentido do texto. 1. A cidade é caracterizada negativamente. As três palavras ("suja", "hostil" e " "gasta") que o comprovam são adjectivos; nomes; nomes e adjectivos. 2. No verso "A minha alma que fora prometida", a verbo "ser" está no pretérito perfeito simples. pretérito mais-que-perfeito simples. pretérito perfeito composto. 3. O verso "A minha alma que fora prometida" sugere, no contexto da relação do sujeito poético com as duas realidades, uma opção pela natureza.
uma opção pela cidade. 4. Os versos do poema não têm o mesmo número de sílabas métricas. têm o mesmo número de sílabas métricas. Responda agora às questões que se seguem: 5. O poema apresenta duas realidades que se opõem. Identifique-as. 6. A natureza é representada por diferentes elementos. Quais? 7. Cidade e natureza são relacionadas com as ideias de prisão e liberdade. Justifique com expressões textuais. 8. Explicite como a cidade se identifica com o espaço da vida e a natureza com o espaço da alma (tem em conta o valor dos verbos "Saber" e "Ver"). 9. Identifique no poema os seguintes recursos expressivos e estilísticos: Enumeração: Aliteração: Repetição: Metáfora: 10. Apresente a classificação estrófica do poema, o esquema rimático e classifique as rimas. [Oficina de escrita] Rediga um texto expositivo-argumentativo sobre a sua cidade. Antes de começar a escrever, tome atenção às instruções que se seguem: Procure organizar as ideias de forma coerente e exprimi-ias correctamente. Reveja o texto com cuidado e corrija-o, se necessário. Sophia de Mello Breyner Andresen: "Praia" [Ler] Lê o texto com muita atenção. Praia Na luz oscilam os múltiplos navios
Caminho ao longo dos oceanos frios As ondas desenrolam os seus braços E brancas tombam de bruços A praia é longa e lisa sob o vento Saturada de espaços e maresia E para trás fica o murmúrio Das ondas enroladas como búzios. Sophia de Mello Breyner Andresen, No tempo Dividido, Ed. Caminho [Compreender] 1. Analisa a forma do poema (número e tipo de estrofes, rima, métrica), completando o texto. O poema é composto por. A métrica é irregular, apresar de predominar o verso de sílabas métricas ( ). Esquema rimático:, que corresponde a rima nas e estrofes e a versos nas restantes. 2. Este poema sugere a harmonia existente entre o sujeito poético e a Natureza. 2.1 Faz o levantamento dos vocábulos relacionados com o espaço marítimo. 2.2 Refere os sentidos que são permanentemente estimulados. 2.3 Indica o tempo verbal que predomina no poema, justificando a sua presença. 2.4 Procura, no texto, um exemplo de personificação e um de aliteração, não te esquecendo de referir a expressividade de cada um. [Funcionamento da Língua] 1. Completa cada uma das frases seguintes, usando, nos tempos indicados, a forma correcta do verbo apresentado entre parênteses. Sophia recebe o Rainha Sofia A Rainha Sofia de Espanha (entregar pretérito perfeito simples do indicativo), ontem, em Madrid, no Palácio Real, o Prémio de Poesia com o seu nome a Miguel Sousa Tavares em representação de sua mãe, Sophia de Mello Breyner, impedida de estar presente. Ao lado do escritor (estar - pretérito perfeito simples do indicativo) também Zeferino Coelho, da Caminho, que (editar presente do indicativo) as obras da autora de Mar. Sophia é não só a primeira escritora portuguesa como a primeira mulher
vencedora do Rainha Sofia. ( ) O Prémio de Poesia Rainha Sofia (distinguir presente do indicativo) a poetisa portuguesa «pelo seu valor literário, que (constituir presente do indicativo) um contributo válido para a Humanidade.» ( ) Ao longo da sua carreira, Sophia já (arrecadar pretérito perfeito simples do indicativo) inúmeros prémios. ( ) (nascer - particípio passado) no Porto, em 1919, Sophia (surgir presente do indicativo), em 1944, com Poesia, (ter gerúndio) publicado livros como Dia do Mar, Livro Sexto, O Nome das Coisas, Ilha, O Búzio de Cós e Outros Poemas. in DN, 29 de Outubro de 2003 2. Lê a seguinte frase complexa: A obra poética de Sophia Andresen é marcada por uma certa comunhão com os elementos da natureza, sendo o mar (as conchas, os búzios, os polvos, a espuma, a areia) um cenário primordial, que surge dotado de significados potenciais, surgindo, assim, como símbolo de totalidade, infinito, vida, eterno movimento, aventura, abundância e transparência. 2.2 Explica porque razão se afirma que é uma frase complexa. 3. Identifica e classifica todos os advérbios presentes nas frases seguintes. 3.1 Na poesia de Sophia Andresen é bastante evidente a relação privilegiada com a natureza. 3.2 É efectivamente nos quatro elementos primordiais que a poetisa procura a relação pura e justa do ser humano com a vida, consigo mesma e com os outros. 3.3 Nestes elementos que talvez constituem a perfeição do universo Sophia busca a beleza poética, o fascínio, a meditação, o reencontro e a comunhão com o primitivo, com as origens. 3.4 A poesia de Sophia de Mello Breyner Andresen não deixa de relevar um sentido ético. 4. Nas frases que se seguem, indica a palavra que sofreu derivação imprópria e explica a alteração sofrida. 4.1 Podemos olhar directamente para o mar. O teu olhar cândido encanta-me. 4.2 O renascer da esperança resulta da comunhão com a natureza. A poesia faz renascer. 4.3 A rosa é um elemento da natureza. A Rosa lê poesia.
Para atravessar contigo o deserto do mundo Para atravessar contigo o deserto do mundo Para enfrentarmos juntos o terror da morte Para ver a verdade, para perder o medo Ao lado dos teus passos caminhei Por ti deixei meu reino meu segredo Minha rápida noite meu silêncio Minha pérola redonda e seu oriente Meu espelho minha vida minha imagem E abandonei os jardins do paraíso Cá fora à luz sem véu do dia duro Sem espelhos vi que estava nua E ao descampado se chamava tempo Por isso com os teus gestos me vestiste E aprendi a viver em pleno vento. Sophia de Mello Breyner Andresen Escolha a opção correcta: 1 - O sujeito de enunciação (a poetisa) para que alguém atravessasse com ela o deserto da vida, escolheu um companheiro (um «tu»); mas, para isso, A) teve que abandonar o seu paraíso individual B) teve que abandonar os seus bens materiais 2 - O poema desenvolve-se: A) em três partes lógicas B) em quatro partes lógicas C) em duas partes lógicas 3 - Na terceira estrofe, verificamos uma frustração de ter abandonado o universo descrito na segunda estrofe e de não ter encontrado, ao lado do seu eleito, aquilo que procurava.
4 - Nota-se no desenvolvimento uma estrutura circular, pois a conclusão é um regresso ao princípio. 5 - No poema predomina: A) o presente do indicativo, o que está em conformidade com o facto de a mensagem poética ser uma evocação do passado B) o futuro do indicativo, o que está em conformidade com o facto de a mensagem poética ser uma evocação do passado C) o pretérito do indicativo, o que está em conformidade com o facto de a mensagem poética ser uma evocação do passado 6 - Há dois casos em que é usado o pretérito imperfeito do conjuntivo para sugerir o decorrer de acções passadas. 7 - Também no poema aparecem substantivos e adjectivos carregados de expressividade simbolista. 8 - Qual a classe morfológica da palavra terror (v.2)? A) advérbio B) substantivo C) adjectivo 9 - As frases são: A) declarativas, ligadas por coordenação (sindética e assindética) B) exclamativas, ligadas por coordenação (sindéticas e assindéticas) C) declarativas, ligadas por subordinação 10 - A única oração subordinada integrante encontra-se na: A) 1.ª estrofe B) 2.º estrofe
C) 3.ª estrofe D) 4.ª estrofe 11 - Qual a figura de estilo presente em atravessar contigo o do mundo? A) metáfora-imagem B) alegoria C) comparação D) disfemismo 12 - Qual a figura de estilo presente nas expressões verificadas na primeira e na segunda estrofes: Para atravessar, Para enfrentarmos, Para ver, Minha rápida noite, Minha pérola, meu espelho, meu reino, meu segredo, meu silêncio. A) elipse B) anáfora C) enumeração D) gradação 13 - Estas reiterações realçam os motivos da escolha do «tu» e o mundo livre e misterioso que foi preciso abandonar como preço dessa escolha. 14 - O poema é soneto pois é constituído por catorze versos, distribuídos por quatro estrofes. 15 - O poema é: A) constituído por quatro estrofes regulares (quadra, quintilha, terceto e monóstico) B) constituído por quatro estrofes irregulares (quadra, quintilha, terceto e dístico) C) constituído por quatro estrofes irregulares (quadra, parelha, terceto e dístico) 16 - O poema apresenta:
A) métrica regular B) métrica irregular 17 - O último verso da primeira estrofe é: A) eneassílabo B) decassílabo C) hendecassílabo 18 - A rima do poema é: A) quase inexistente, havendo apenas um caso de rima consoante ( medo com segredo ) B) quase inexistente, havendo apenas um caso de rima toante ( medo com segredo ) 19 - A musicalidade é conseguida pelo recurso à: A) aliteração B) gradação C) metáfora D) antítese 20 - As fortes marcas de uma vivência subjectiva, denunciada pelos pronomes pessoais e possessivos conferem predominância à: A) função apelativa B) função emotiva C) função fática D) metalinguística