RELATO DO PRIMEIRO DIAGNÓSTICO PARASITOLÓGICO DE Platynosomum, LOOSS (1907) EM FELINO NO ESTADO DE SANTA CATARINA



Documentos relacionados
PLATINOSOMOSE EM FELINO DOMÉSTICO NO ESTADO DE SANTA CATARINA RELATO DE CASO

PLATYNOSOMUM FACTOSUM

[VERMINOSES]

Jornal de Piracicaba, Piracicaba/SP, em 4 de Junho de 1993, página 22. Animais de companhia: O verme do coração do cão

UFPI PLANO DE DESENVOLVIMENTO INSTITUCIONAL/

Questionário Proficiência Veterinária

Principal função exócrina = produção, secreção e estoque de enzimas digestivas (gordura, proteínas e polissacarideos) Cães: Possuem dois ductos

IMPORTÂNCIA E CONTROLE DAS HELMINTOSES DOS CÃES E GATOS

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DO RIO DE JANEIRO INSTITUTO DE VETERINÁRIA CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM MEDICINA VETERINÁRIA DISSERTAÇÃO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

Ano VI Número 11 Julho de 2008 Periódicos Semestral ANCILOSTOMÍASE. OLIVEIRA, Fábio FAGUNDES, Eduardo BIAZOTTO, Gabriel

Difilobotríase: alerta e recomendações

DOENÇAS DE VEICULAÇÃO HÍDRICA E ALIMENTAR RESPONSÁVEIS: Jaqueline Ourique L. A. Picoli Simone Dias Rodrigues Solange Aparecida C.

PROGRAMA DE CONTROLE POPULACIONAL DE CÃES E GATOS

GRUPO HOSPITALAR CONCEIÇÃO HOSPITAL NOSSA SENHORA DA CONCEIÇÃO LABORATÓRIO DE ANÁLISES CLÍNICAS

Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional. Juarez Sabino da Silva Junior Técnico de Segurança do Trabalho

SELEÇÃO EXTERNA DE PROFESSORES. Curso de Medicina EDITAL DE SELEÇÃO

Serviço de Diagnóstico por Imagem serviço de ultrassonografia e radiologia

Rinite Bilateral Crônica em Felino da Raça Persa

Perguntas e respostas sobre imunodeficiências primárias

LEVANTAMENTO DOS DADOS DOS ATENDIMENTOS ULTRASSONOGRÁFICOS DO SERVIÇO DE DIAGNÓSTICO POR IMAGEM DO HV/EVZ/UFG

Ano VI Número 11 Julho de 2008 Periódicos Semestral DICTIOCAULOSE

COLANGITE PARASITÁRIA FELINA RELATO DE CASO

EDITAL Nº 01/COREMU/UFRA/2016 ANEXO III ROTEIRO DA PROVA PRÁTICA ESPECÍFICA POR ÁREA

Metabolismo da Bilurribina e Icterícia

1. Programa Sanitário

Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais

Nomes: Melissa nº 12 Naraiane nº 13 Priscila nº 16 Vanessa nº 20 Turma 202

Câncer de Próstata. Fernando Magioni Enfermeiro do Trabalho

Cancro Gástrico. Prevenção, Diagnóstico e Tratamento. Cancro Digestivo. 30 de Setembro Organização. Sponsor. Apoio.

PROVA TEÓRICO-PRÁTICA

Platynosomum concinnum (Trematoda: Dicrocoeliidae) em gato doméstico da cidade de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil

Infecção natural pelo Platynosomum Looss 1907, em gato no município de Salvador, Bahia

INSTRUÇÕES PARA O USO DO OSELTAMIVIR EM INFLUENZA 2016

MATRIZ CURRICULAR DO CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA INSTITUTO FEDERAL DE CIÊNCIA E TECNOLOGIA DO AMAZONAS - Campus Zona Leste

Relatos de casos de Strongyloides stercoralis. Isabelle Assunção Nutrição

Informação pode ser o melhor remédio. Hepatite

COMPROMETIMENTO COM OS ANIMAIS, RESPEITO POR QUEM OS AMA.

Aspectos Clínicos da Hemobartolenose Felina

Bergson Museu de Paleontologia de Crato Fóssil de escorpião + / mi anos Formação Santana do Cariri

Benign lesion of the biliary ducts mimicking Kastskin tumor

SISTEMA GERAL DE GRADUAÇÃO

Toxocaríase. Toxocaríase. Toxocaríase. Toxocara canis. Toxocara. Toxocaríase- sinais clínicos (animal)

CARCINOMA MAMÁRIO COM METÁSTASE PULMONAR EM FELINO RELATO DE CASO

OMS: ACTUALIZAÇÃO DO ROTEIRO DE RESPOSTA AO ÉBOLA 22 de Setembro de 2014

CLASSIFICAÇÃO DAS CEFALEIAS (IHS 2004)

Larvae Exsheathment Inhibition Assay

GOVERNO DO ESTADO DE MATO GROSSO SECRETARIA DE ESTADO DE SAÚDE

SUMÁRIO 1. RESUMO EXECUTIVO CONTEXTUALIZAÇÃO CONCLUSÕES PERGUNTA ESTRUTURADA CONTEXTUALIZAÇÃO(1)...

PRIMEIRO DIAGNÓSTICO DE PLATINOSOMOSE EM FELINOS DO HOSPITAL VETERINÁRIO DO IFPB CAMPUS SOUSA

HELMA PINCHEMEL COTRIM FACULDADE DE MEDICINA UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

Aos bioquímicos, técnicos de laboratório e estagiários do setor de imunologia e hematologia.

Abordagem Diagnóstica e Terapêutica da Diabete Melito Não Complicada em Cães

ESTUDO DE CASOS DAS DOENÇAS EXANTEMÁTICAS

CASOS CLÍNICOS. Referentes às mudanças no tratamento da tuberculose no Brasil. Programa Nacional de Controle da Tuberculose DEVEP/SVS/MS

Proposta de melhoria de processo em uma fábrica de blocos de concreto

Radiology: Volume 274: Number 2 February Amélia Estevão

PREVENÇÃO DE ACIDENTES COM ANIMAIS ESCORPIÃO ESCORPIÕES. William Henrique Stutz

SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE RONDÔNIA CAMPUS ROLIM DE MOURA CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA

Torezani1, E.; Baptistotte1, C.; Coelho1, B. B.; Santos2, M.R.D.; Bussotti2, U.G.; Fadini2, L.S.; Thomé1, J.C.A.; Almeida1, A.P.

7ª série / 8º ano 2º bimestre U. E. 10

DENGUE E FEBRE AMARELA. Profa. Maria Lucia Penna Disciplina de Epidemiologia IV

Protocolo em Rampa Manual de Referência Rápida

ANÁLISE MORFOLÓGICA DE VERMES ADULTOS MACHOS DE Lagochilascaris minor, LEIPER (1909) EM CORTES POR MICROTOMIA

LEUCEMIA LINFOCÍTICA CRÔNICA EM CÃO RELATO DE CASO

ANIMAL: PORQUINHO DA ÍNDIA. LAURA E ANA BEATRIZ 2º ano H

Otite externa Resumo de diretriz NHG M49 (primeira revisão, dezembro 2005)

Faculdade de Ciências Humanas Programa de Pós-Graduação em Educação RESUMO EXPANDIDO DO PROJETO DE PESQUISA

RESPOSTA RÁPIDA 219/2014 Insulina Glargina (Lantus ) e tiras reagentes

Espaço Amostral ( ): conjunto de todos os

Colaboradores da Oceanair e Avianca. Prezado Cliente, Parabéns!

Imagem da Semana: Ultrassonografia abdominal

DATA DE APROVAÇÃO: 23/10/2015

NEWS: ARTIGOS CETRUS Ano VI Edição 59 Outubro O novo BI-RADS Ultrassonográfico (Edição 2013) - O que há de novo?

DEPARTAMENTO DE ZOOLOGIA FACULDADE DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA UNIVERSIDADE DE COIMBRA PERMEABILIDADE DAS MEMBRANAS CELULARES

Regulamento Complementar do Trabalho de Conclusão de Curso do Curso de Engenharia de Computação UTFPR, campus Pato Branco

BIOLOGIA - 2 o ANO MÓDULO 20 ECOLOGIA

ESTUDO IN VITRO DA RESISTÊNCIA DE Rhipicephalus Boophilus microplus A CARRAPATICIDAS EM BOVINOS NA REGIÃO DE LONDRINA-PR

PROGRAMA DE ACOMPANHAMENTO AOS CANDIDATOS A TRANSPLANTE HEPÁTICO HC-FMUFG TRABALHO FINAL DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA /2011

Exercícios Resolvidos sobre Amostragem

FASCIOLOSE NO BRASIL

Prevenção e conscientização é a solução. Ciências e Biologia

Comparison of Histidine-Tryptophan-Ketoglutarate Solution and University of Wisconsin Solution in Extended Criteria Liver Donors

A apresentação do TCC é parte da avaliação final do aluno para o qual será atribuída as menções satisfatório e insatisfatório.

estimação tem diabetes?

Leia estas instruções:

SERVIÇO PÚBLICO FEDERAL UNIVERSIDADE FEDERAL DE GOIÁS REGIONAL JATAÍ ASSESSORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO

Prova bimestral. história. 4 o Bimestre 3 o ano. 1. Leia o texto e responda.

Trabalhos Científicos do V Congresso Médico Acadêmico (COMA) da Faculdade de Medicina da Universidade Nove de Julho (UNINOVE) REGULAMENTO 2010

Características Gerais

Pâncreas. Pancreatite aguda. Escolha uma das opções abaixo para ler mais detalhes.

Norma para Registro de Projetos de Pesquisa - UNIFEI-

Boletim Epidemiológico Secretaria de Vigilância em Saúde Ministério da Saúde Influenza: Monitoramento até a Semana Epidemiológica 29 de 2014

Intoxicação por Ramaria flavo-brunnescens em bovinos.

VI Workshop Internacional de Atualização em Hepatologia 2012 Pólipos de Vesícula Biliar Diagnóstico e Conduta

de nódulos axilares e sintomas como desconforto e dor, são importantes para o diagnóstico e conduta a serem tomados em cada caso. Há exames de imagem

Cálculos (pedras) da Vesícula biliar Manual do paciente João Ettinger Euler Ázaro Paulo Amaral

Transcrição:

RELATO DO PRIMEIRO DIAGNÓSTICO PARASITOLÓGICO DE Platynosomum, LOOSS (1907) EM FELINO NO ESTADO DE SANTA CATARINA Andressa Vieira De MORAES¹, Luca FRONDANA¹, Elisa FISCHER¹, André Luiz Torrecillas STURION 2, Eunice Akemi KITAMURA 2, Marlise Pompeo CLAUS 2, Viviane MILCZEWSKI 2 ¹ Acadêmicos Curso de Medicina Veterinária Instituto Federal Catarinense (IFC) Campus Araquari. 2 Docentes do Curso de Medicina Veterinária do IFC - Campus Araquari. viviane.milczewski@ifc-araquari.edu.br. Introdução Platynosomum sp é um trematódeo parasito das vias biliares de felinos. Não há consenso sobre a espécie que parasita os gatos. As espécies P. fastosum, P. illiciens e P. concinnum são citadas, porém a maior parte das publicações utiliza a sinonímia proposta em por PURVIS (1931), que classificou P. concinnum como o parasito de gatos domésticos, tratando P. fastosum e P. illiciens como sinônimos (TRAVASSOS et al, 1969). Possui corpo achatado e ovóide, medindo aproximadamente 2,8 a 6,8 mm de comprimento e 0,85 a 2,6 mm de largura (SALOMÃO et al, 2005). Os ovos são marrons, de casca espessa, operculados e simétricos, medem em média 46μm por 33 μm (BIELSA e GREINER, 1985). O ciclo biológico do Platynossomum sp ainda não é completamente conhecido. Sabese que são necessário dois hospedeiros intermediários, sendo um caramujo aquático e um isópode terrestre. Esses pequenos crustáceos são ingeridos por lagartixas que atuam como hospedeiros paratênicos do parasito (PINTO et al, 2014). Os gatos ao caçarem e ingerirem esses répteis completam o ciclo do Platynosomum sp. Platinossomíase, conhecida popularmente como envenenamento por lagartixa é a doença causada por esse parasito. A infecção pode ser assintomática ou dependendo do número de parasitos podem causar anorexia, letargia, vômitos, diarreia, icterícia, cirrose, colangite e colangiohepatite (SAMPAIO et al, 2006). O diagnóstico de confirmação da suspeita clínica ocorre pela observação de ovos nas fezes ou parasitos nos ductos biliares (SOLDAN e MARQUES, 2011). O achado de ovos nas fezes depende também da sensibilidade da técnica laboratorial utilizada. As técnicas de sedimentação têm mostrado maior sensibilidade que as de flutuação, sendo a técnica de centrífugo sedimentação uma das mais utilizadas (LEAL, 2003). Para aumentar a quantidade de ovos nas fezes são utilizados os colagogos, realizando-se a coleta de fezes entre duas horas a 24 horas depois de sua administração (SOLDAN e MARQUEZ, 2011).

O parasito foi descrito principalmente em regiões tropicais incluindo Malásia, Havaí, América do Sul, Caribe e algumas regiões dos Estados Unidos (BIELSA e GREINER, 1985). No Brasil há relatos em vários estados, sendo maior a prevalência em Minas Gerais (MUNDIM et al, 2004) e no Rio de Janeiro (FERREIRA et al, 1999). Não há relatos do parasito em Santa Catarina (MICHAELSEN et al, 2012). Material e Métodos Um felino, fêmea, SRD, com 12 anos, atendido no Centro de Práticas Clínicas e Cirúrgicas do IFC Araquari em maio de 2015, apresentava polifagia, poliúria e polidipsia há 60 dias. Na anamnese relatou-se presença de vômitos esporádicos. O felino vive há dez anos em zona urbana no município de Barra Velha-SC. Tem acesso à rua e hábito de caçar lagartixas. Para a confirmação da suspeita clínica de doença hepática, entre elas a platinossomíase, foram solicitados exames laboratoriais clínicos, parasitológicos e diagnóstico por imagem. Foi colhida amostra de fezes e encaminhada para o Laboratório de Parasitologia do IFC Araquari. O material foi processado pela técnica de centrífugo- sedimentação (ZAJAC e CONBOY, 2012). Utilizou-se 1 g de fezes homogeneizado com 10 ml de solução de formalina 10%, a mistura foi colocada em tubo de centrifugação de 15 ml. Após a adição de 1 ml de éter, o tubo foi fechado e agitado vigorosamente. Em seguida a amostra foi centrifugada por 5 min em 2000 RPM para formação de três camadas. A primeira superior formada por gordura, debris e o éter. A camada intermediária contendo formalina e partículas finas e a camada inferior formada pelo sedimento contendo possivelmente os ovos. Após a retirada do tampão formado entre as duas primeiras camadas, o sobrenadante foi desprezado. Alíquotas de todo o sedimento foram avaliadas entre lâmina e lamínula em microscópio ótico em aumento de 100 X. Depois da avaliação clínica, o felino foi tratado com praziquantel (30mg/kg), por via oral, a cada 24 horas, durante cinco dias. No mês seguinte ao tratamento, foi realizada nova coleta de fezes no dia seguinte ao uso 2ml/Kg de óleo de milho como colagogo. Foi avaliada a eficácia do anti-helmíntico, utilizando-se a técnica descrita.

Resultados e Discussão A partir da amanmese e exame físico do felino que apresentava sinais compatíveis com doença hepática foram colhidas as amostras de sangue e fezes para os exames complementares. Nos exames bioquímicos séricos foi possível observar aumento dos níveis de alanina aminotransferase, fosfatase alcalina e ureia. No exame ultrassonográfico observouse fígado com parênquima heterogêneo e vesícula e vias biliares sem presença de ecoestruturas, sugerindo colangite e colestase. Segundo AZEVEDO (2008) no exame ultrasonográfico, em alguns casos é possível evidenciar estruturas hiperecóicas no interior dos ductos biliares, sugerindo a presença do parasito. Na amostra de fezes avaliada antes do início do tratamento foram encontradas quatro estruturas em formato ovóide de coloração amarelo acastanhado medindo aproximadamente 37 µm de comprimento (Figura 1). A estrutura morfológica desses ovos é compatível com aquelas descritas para Platynosomum sp (CASTRO e ALBUQUERQUE, 2008) 400x Figura 1 Aspecto de ovo de Platynosomum sp. (aproximadamente 37 µm comprimento) encontrado em fezes de felino submetidas à técnica de centrífugo sedimentação. O diagnóstico definitivo da platinossomíase é realizado pela observação de ovos do parasito nas fezes ou do achado do parasito no fígado durante necropsia (SOLDAN e MARQUES, 2011). Porém, o diagnóstico parasitológico de Platynosomum sp pode ser dificultado por fatores como: pequena produção de ovos de tamanho reduzido (BIELSA e GREINER, 1985), baixa carga parasitária, o fato da postura diária ser intermitente (LEAL, 2003) e até mesmo pela ausência de ovos nas fezes. A obstrução do fluxo biliar devido fibrose ductal causada pela presença dos parasitos adultos (SALOMÃO et al., 2005) podem levar a necessidade de confirmação do diagnóstico utilizando-se os exames complementares e excluindo-se outras causas de colangites e colangiohepatites (SOLDAN e MARQUES, 2011).

Os exames de fezes devem ser repetidos aumentam-se a possibilidade do achado dos ovos para a confirmação do diagnóstico (LEAL, 2003). A técnica de centrífugo sedimentação utilizada para o achado de ovos nas fezes foi eficaz. O método apresentou facilidade de execução, porém pode haver a necessidade de avaliação microscópica de várias alíquotas para a leitura de todo o sedimento, o que aumentou o tempo para sua execução. Segundo PALUMBO et al., (1976) o uso de técnicas de sedimentação são mais sensíveis que as técnicas de flutuação, em especial a técnica de sedimentação com formalina-éter. Após a confirmação do diagnóstico, o felino foi tratado com praziquantel. Trinta dias após, observou-se normalidade nos níveis de alanina amino transferase, albumina, uréia e creatinina. No entanto, a colestase discreta persistia, observada por níveis levemente aumentados de fosfatase alcalina e gama glutamil transferase. O tratamento de apoio foi mantido por mais 30 dias. O animal demonstrou normalidade dos parâmetros fisiológicos na avaliação física, não sendo mais relatados os episódios de vômitos. Em 15 e 30 dias após o tratamento foram coletadas novas amostras de fezes para a observação da eficácia do antihelmíntico, no dia seguinte a administração do colagogo. Nestes exames não foram observados ovos nas fezes, confirmando-se a eficácia do vermífugo. Porém, novas amostras serão colhidas para futuras avaliações, uma vez que não se conhece a atuação do praziquantel nas formas larvares deste parasito. Conclusões Foi possível observar a presença de ovos de Platynosomum sp. em fezes de felino domiciliado em Barra Velha-SC, utilizando-se a técnica de centrífugo-flutuação. Desta forma foi realizado o primeiro diagnóstico de platinossomíase no Estado de Santa Catarina e se demonstra a necessidade de investigar a casuística e a importância da doença na clínica de felinos na região. Referências AZEVEDO, F.D. Alterações hepatobiliares em gatos domésticos (Felis catus domesticus) parasitados por Platynosomum illiciens (Braun, 1901) Kossak, 1910 observadas através dos exames radiográfico, ultra-sonográfico e de tomografia computadorizada. Dissertação: mestrado. 2008. UFFRJ, Rio de Janeiro. 62p

BIELSA, L. M.; GREINER, E. C. Liver Flukes (Platynosomum concinnum) in Cats. Journal of the American Animal Hospital Association, v. 21, p. 269-274, 1985. CASTRO, L.S., ALBUQUERQUE G.R. Ocorrência de Platynosomum illiciens em felinos selvagens mantidos em cativeiro no estado da Bahia, Brasil. Revista Brasileira de Parasitologia (on line) vol.17 no.4 Oct./Dec. 2008. FERREIRA, A.M.R.; ALMEIDA, E.C.P.; LABARTHE, N.V. Liver fluke infection (P. concinnum) in Brazilian cats: prevalence and pathology. Feline Prac., v.27, n.2, p.19-22, 1999. LEAL, P.D.S. Diagnóstico da infecção por Platynosomum fastosum (Braun, 1901) Kossack, 1910 (Trematoda: Dicrocoelidae) em gatos domésticos (Felis catus L.). 2003. 31f. Dissertação (Mestrado em Parasitologia) Faculdade de Medicina Veterinária, Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, 2003. MICHAELSEN, R.; SILVEIRA, E.; MARQUES, S. M. T. et al. Platynosomum concinnum (Trematoda: Dicrocoeliidae) em gato doméstico da cidade de Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil. Veterinária em Foco, v.10, n.1, p.53-60, 2012. MUNDIM, T.C.D.; OLIVEIRA JÚNIOR, S.D.; RODRIGUES, D.C.; CURY, M.C. Freqüência de helmintos em gatos de Uberlândia, Minas Gerais. Arq Bras Med Vet Zootec, v.56, n.4, p.562 563, 2004. PALUMBO, N.E.; TAYLOR, D.O., PERRI, S.F. Evaluation of Fecal Technics for the Diagnosis of Cat Liver Fluke Infection. Laboratory Animal Science, v. 26, n. 3, p. 490-493, 1976. PINTO, H.A., Mati, V.L.T., Melo, A.L. New insights into the life cycle of Platynosomum. Parasitology Research, v.113, p.2701-2707, 2014. PURVIS, G.B. The Species of Platynosomum in Felines. The Veterinary Record, v. 11, n. 9, p. 228-229, 1931. SALOMÃO, M. et al. Ultrasonography in Hepatobiliary Evaluation of Domestic Cats (Felis catus, L., 1758) Infected by Platynosomum Looss, 1907. International Journal of Applied Research in Veterinary Medicine, v. 3, p. 271-279, 2005. SAMPAIO, M. A. S. et al. Infecção natural pelo Platynosomum illiciens em gato em Salvador, Bahia Relato de caso. Revista Anclivepa Brasil, n. 3, p. 165-166, 2005. SOLDAN, M.H., MARQUES, S. M.T. Platinosomose: abordagem na clínica felina. Revista da FZVA. v.18, n. 1, p. 46-67. 2011. TRAVASSOS, L. et al. Trematódeos do Brasil. Memórias do Instituto Oswaldo Cruz. v.67, p.140-141, 1969. ZAJAC, A.M.; CONBOY, G.A. Veterinary Clinical Parasitology. 8 ed. Iowa: Wiley-Blackwell, 2012. 354p.