Assunto: Proposta de Diretrizes Institucionais para o Novo Marco Legal do licenciamento ambiental dos empreendimentos do setor elétrico.



Documentos relacionados
GERAÇÃO A Copel opera 20 usinas próprias, sendo 19 hidrelétricas, uma termelétrica e uma eólica

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE

I ENCONTRO NACIONAL entre a ANEEL e o MINISTÉIRO PÚBLICO

PORTARIA SERLA N 591, de 14 de agosto de 2007

UHE PCH. LICENCIAMENTO AMBIENTAL Federal. Roberto Huet de Salvo Souza

Questões Ambientais e Licitações no DNIT

Cria e regulamenta sistema de dados e informações sobre a gestão florestal no âmbito do Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA.

RESOLUÇÃO CONAMA n o 379, de 19 de outubro de 2006 Publicada no DOU nº 202, de 20 de outubro de 2006, Seção 1, página 175 e 176

INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 008, DE 10 DE JULHO DE 2007 (Publicada no Diário Oficial do Espírito Santo em 11 de julho de 2007)

INSTRUÇÃO NORMATIVA No- 4, DE 2 DE SETEMBRO DE 2009

Contribuição para o aprimoramento das Resoluções nº 393/98 e nº 398/01.

A Atuação e Responsabilidades dos Órgãos Intervenientes no Licenciamento Ambiental

POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE. Instrumento preventivo de tutela do meio ambiente (art. 9º, IV da Lei nº /81)

Responsabilidade Social, Preservação Ambiental e Compromisso com a Vida: -Sustentabilidade - Energia Renovável e Limpa!

O PREFEITO MUNICIPAL DE PORTO ALEGRE. Faço saber que a Câmara Municipal aprovou e eu sanciono a seguinte Lei:

Política Ambiental das Empresas Eletrobras

13/10/2010 LICENCIAMENTO AMBIENTAL. CIESP de Indaiatuba AS IMPLICAÇÕES DO SISTEMA DE GERENCIAMENTO DE RECURSOS HÍDRICOS PARA OS USUÁRIOS

Política Ambiental janeiro 2010

POLÍTICA DE SUSTENTABILIDADE E RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL

NOME DA INSTITUIÇÃO: Prime Projetos e Consultoria Ltda.

As PCHs no contexto energético futuro no Brasil

O Dever de Consulta Prévia do Estado Brasileiro aos Povos Indígenas.


Fundo Setorial de Petróleo e Gás Natural Comitê Gestor REGIMENTO INTERNO

Reunião de Abertura do Monitoramento Superintendência Central de Planejamento e Programação Orçamentária - SCPPO

Presidência da República Casa Civil Subchefia para Assuntos Jurídicos

DESAFIOS DA EXPANSÃO DA TRANSMISSÃO DO SISTEMA INTERLIGADO NACIONAL COM O AUMENTO DAS FONTES RENOVÁVEIS INTERMITENTES. Abril/2014

CONTRIBUIÇÕES REFERENTES À AUDIÊNCIA PÚBLICA Nº 086/2013 NOME DA INSTITUIÇÃO:

COMISSÃO DE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL

PROJETO DE LEI Nº, DE 2015 (Do Sr. Fabio Faria)

O ESTUDO DE IMPACTO AMBIENTAL: UMA PROPOSTA DE APRIMORAMENTO DA ELABORAÇÃO DO TERMO DE REFERÊNCIA

Política Ambiental do Sistema Eletrobrás

1. Esta Política Institucional de Gestão de Continuidade de Negócios:

MANUAL DO LICENCIAMENTO AMBIENTAL DE ATIVIDADES POTENCIALMENTE POLUIDORAS Gerência de Controle da Poluição GCP : PASSO A PASSO

Curso E-Learning Licenciamento Ambiental

PROCEDIMENTO SISTÊMICO DA QUALIDADE

Termo de Referência nº Antecedentes

REGIMENTO DA ESCOLA DE ENGENHARIA DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

PROJETO DE LEI Nº DE 2007 ( Do Sr. Alexandre Silveira)

PORTARIA-TCU Nº 385, DE 18 DE DEZEMBRO DE 2009 (Revogada) (Portaria - TCU nº 36, de 31/01/2011, BTCU nº 03, de 31/01/2011)

TERMO DE REFERÊNCIA (TR) GAUD VAGA

INSTRUÇÃO NORMATIVA No- 184, DE 17 DE JULHO DE 2008

Carta n o 108/2013-BPCH. Assunto: CONTRIBUIÇÕES PARA A AUDIÊNCIA PÚBLICA 068/2012. Senhor Diretor,

Política Nacional de Participação Social

Portaria n.º 510, de 13 de outubro de 2015.

GOVERNO DO ESTADO DO PARÁ SECRETARIA ESTADUAL DE MEIO AMBIENTE CONSELHO ESTADUAL DE MEIO AMBIENTE - COEMA

Licenciamento Ambiental e Municipal

MMX - Controladas e Coligadas

NBA 10: INDEPENDÊNCIA DOS TRIBUNAIS DE CONTAS. INTRODUÇÃO [Issai 10, Preâmbulo, e NAT]

O Guia de Boas Práticas em Licenciamento Ambiental e Meio Ambiente Vale

Instruções para o Encaminhamento do Planejamento do Atendimento aos Sistemas Isolados e Apresentação de Projetos de Referência

Papel da Energia Alternativa na Política Energética do Brasil

POLÍTICAS DE GESTÃO PROCESSO DE SUSTENTABILIDADE

JOSÉ EUSTÁQUIO DE TOLEDO

RESOLUÇÃO Nº 131, DE 11 DE MARÇO DE 2003

Dúvidas e Esclarecimentos sobre a Proposta de Criação da RDS do Mato Verdinho/MT

XLIII PLENÁRIA NACIONAL DO FÓRUM DOS CONSELHOS ESTADUAIS DE EDUCAÇÃO - FNCE

Módulo 2. Legislação Legislação Aplicável ao Licenciamento Ambiental. Exercícios.

5.4 - Programa de Gestão Ambiental para a Operação... 1/ Objetivos... 1/ Justificativas... 1/ Metas...

ICKBio MMA MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE INSTITUTO CHICO MENDES DE CONSERVAÇÃO DA BIODIVERSIDADE

Programa de Capacitação em Gestão do PPA Curso PPA: Elaboração e Gestão Ciclo Básico. Elaboração de Planos Gerenciais dos Programas do PPA

Agenda Regulatória ANEEL 2014/ Destaques

ENERGIAS RENOVÁVEIS NO BRASIL MAIO 2010

Procedimentos de licenciamento ambiental para implantação de Empreendimentos Hidrelétricos no Paraná

CONTRIBUIÇÕES REFERENTE À AUDIÊNCIA PÚBLICA Nº 010/2009.

3º SIMPÓSIO DE OBRAS RODOVIÁRIAS

Edital 1/2014. Chamada contínua para incubação de empresas e projetos de base tecnológica

Processo de Implementação de um Sistema de Gestão da Qualidade

Apoio a Programas de Conservação

CATÁLOGO DE CUSTOMIZAÇÕES Cópia de Pedidos de Venda entre Empresas

5.4. Programa de Comunicação Social. Revisão 00 NOV/2013. PCH Dores de Guanhães Plano de Controle Ambiental - PCA PROGRAMAS AMBIENTAIS

Programa de Incentivos aos Leilões de Energia e à Geração Distribuída do Governo de Pernambuco João Bosco de Almeida

Resolução Conama 237/97. Resolução Conama 237/97. Resolução Conama 237/97. Resolução Conama 237/97 7/10/2010

INSTRUÇÃO NORMATIVA Nº 12, DE 03 DE SETEMBRO DE 2008.

Normas de regulamentação para a certificação de. atualização profissional de títulos de especialista e certificados de área de atuação.

INSTRUÇÃO TÉCNICA DPO Nº 001, de 30/07/2007

MODELO PARA ENVIO DE CONTRIBUIÇÕES REFERENTE À AUDIÊNCIA PÚBLICA Nº 052/2005

O GOVERNADOR DO ESTADO DO ACRE TÍTULO I DAS DISPOSIÇÕES PRELIMINARES

Gerenciamento de capital e ICAAP

LICENCIAMENTO AMBIENTAL. CIESP - Centro das Indústrias do Estado de São Paulo SOROCABA-SP

Nota Técnica nº 47/2015-CEL/ANEEL. Em 7 de dezembro de Processo nº: /

Promover um ambiente de trabalho inclusivo que ofereça igualdade de oportunidades;

PCHs: Aspectos Regulatórios e Comerciais. Marcos Cabral

Comercialização de Energia Elétrica: Gerador de Fonte Alternativa X Consumidor ou Conjunto de Consumidores com Carga > 500 kw.

A CERTIFICAÇÃO AMBIENTAL E SUAS INTERFACES COM O LICENCIAMENTO AMBIENTAL NO ESTADO DA BAHIA

Comentários sobre o. Plano Decenal de Expansão. de Energia (PDE )

PROCEDIMENTOS DE REALIZAÇÃO DO PROCESSO DE HOMOLOGAÇÃO DE MATERIAIS DE FORNECEDORES NA COPASA

Aspectos Jurídicos 1

Faço saber que o Congresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

ATA DA AUDIÊNCIA PÚBLICA 001/99, REALIZADA EM 14 DE MAIO DE 1999.

Legislação Pesqueira e Ambiental. Prof.: Thiago Pereira Alves

ANÁLISE DO EDITAL DE AUDIÊNCIA PÚBLICA SDM Nº 15/2011 BM&FBOVESPA

ANEXO III PORTARIA INTERMINISTERIAL Nº 419, DE 26 DE OUTUBRO DE 2011 INSTITUTO BRASILEIRO DO MEIO AMBIENTE E DOS RECURSOS NATURAIS RENOVÁVEIS

POLÍTICA NACIONAL DO MEIO AMBIENTE

2 O Novo Modelo e os Leilões de Energia

PROJETO RESSANEAR SANEAMENTO E RESÍDUOS SÓLIDOS EM PAUTA

Regulamento de Estágio

Transcrição:

Brasília, 17 de outubro de 2013. A Sua Excelência a Senhora Izabella Mônica Vieira Teixeira Ministra de Estado do Meio Ambiente Esplanada dos Ministérios, Bloco B, 5º andar 70068-900 Brasília DF Assunto: Proposta de Diretrizes Institucionais para o Novo Marco Legal do licenciamento ambiental dos empreendimentos do setor elétrico. Prezada Senhora, O Fórum de Meio Ambiente do Setor Elétrico FMASE é composto por dezenove entidades de classe de âmbito nacional dos segmentos de geração, transmissão, distribuição, comercialização e consumo de energia elétrica. Por meio da interação constante com o setor público, com a iniciativa privada, ONGs, academia e mídia, entre outros, o FMASE é hoje reconhecido como o principal agente de interlocução do setor de energia elétrica no Brasil para as questões socioambientais. Mais uma vez, registramos nosso apoio ao amplo processo de consulta promovido pelo Ministério de Meio Ambiente - MMA, junto a diversos setores, visando colher sugestões para a reformulação das regras de licenciamento ambiental no país. Por oportuno, submetemos à apreciação de V. Exa. a proposta de diretrizes institucionais elaborada pelo FMASE para o estabelecimento de um novo marco legal para o licenciamento ambiental dos empreendimentos do setor elétrico, elaborada com o objetivo de garantir maior segurança jurídica e regulatória ao processo de concessão, implantação e operação de empreendimentos do setor e, consequentemente, maior segurança energética para o consumidor, sempre com vistas à sustentabilidade e à modicidade tarifária. A proposta tem como fundamento a necessidade de reformulação da estrutura de licenciamento ambiental afeta ao setor elétrico, implantada há mais de 30 (trinta) anos no país, para que esse importante instrumento da Política Nacional de Meio Ambiente contribua efetivamente com a gestão ambiental e com a governança no processo de implantação de empreendimentos de geração e transmissão de energia. Para tanto, sugere-se o fortalecimento da atual estrutura de licenciamento ambiental do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis IBAMA, com a criação de uma entidade, interna ou externa ao IBAMA, vinculada ao MMA, da qual fará parte um colegiado de profissionais pertencentes aos diferentes órgãos e entidades que hoje intervém no processo de licenciamento ambiental (Instituto do Página 1 de 9

Patrimônio Histórico e Artístico Nacional IPHAN; Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade - ICMBio, Ministério da Saúde - MS, Fundação Nacional de Saúde - FUNASA, Fundação Cultural Palmares - FCP, Fundação Nacional do Índio FUNAI, etc), de modo a formar um efetivo balcão único de licenciamento. Organograma A criação do colegiado, composto por representantes dos órgãos e entidades intervenientes no licenciamento, dentro desta entidade, demandará a reestruturação e capacitação dos órgãos e entidades intervenientes no processo de licenciamento ambiental, com o devido dimensionamento do número de profissionais para atendimento das demandas máximas; sendo essencial a replicação desta estrutura, criada em âmbito federal, nos Estados membros, onde estará vinculada às Secretarias de Meio Ambiente com a participação de representantes estaduais dos órgãos intervenientes. Os profissionais que integrarão o colegiado possuirão autonomia para, em nome dos órgãos intervenientes, apresentar pareceres e posicionamentos, estando operacionalmente subordinados ao coordenador da entidade responsável pelo balcão único de licenciamento, e não mais ao seu superior hierárquico no órgão de origem. A entidade, tanto no âmbito federal, quanto estadual, ficará responsável pelo licenciamento ambiental dos empreendimentos do setor elétrico, participando efetivamente desde a fase de planejamento energético do país. Tal participação iniciará com a análise do componente ambiental dos inventários hidrelétricos das bacias hidrográficas e/ou dos Relatórios R3, encaminhados pela Agência Nacional de Energia Elétrica ANEEL, possibilitando a discussão das melhores alternativas de aproveitamento hidroenergético e do traçado das linhas de transmissão. No caso de bacias hidrográficas com mais de um inventário apresentado à ANEEL, esta deverá encaminhar à entidade todos os estudos realizados, sem distinção, para que se manifeste quanto à compatibilização socioambiental ao aproveitamento energético de cada alternativa apresentada. Página 2 de 9

Para que isso seja possível, há necessidade da efetiva institucionalização, por ato do Conselho Nacional de Política Energética - CNPE, e aplicação integral da metodologia do Manual de Inventário Hidroelétrico de Bacias Hidrográficas (Ministério de Minas e Energia - MME, 2007), ainda que caiba uma atualização e aprimoramento dos aspectos socioambientais previstos no mesmo. Os inventários, bem como os Relatórios R3, poderão ser levados a efeito pela Empresa de Pesquisa Energética EPE, conforme previsto no art. 4º da Lei nº 10.847/04, ou por empreendedores do setor elétrico, independente do porte dos empreendimentos hidrelétricos e / ou de transmissão. Ainda em relação aos inventários hidrelétricos, sugere-se que seja incluída no conceito de aproveitamento ótimo a variável socioambiental, por meio da alteração do art. 5º, 3º, da Lei nº 9.074, de 07 de julho de 1995, de modo que seja efetivamente considerada quando da escolha do arranjo de quedas, evitando-se discussões futuras sobre a compatibilidade do aproveitamento dos recursos hídricos e a proteção do meio ambiente. A manifestação, de natureza consultiva, quanto ao componente ambiental dos inventários e/ou dos Relatórios R3 será recebida pela ANEEL, junto aos demais documentos pertinentes, para fins de aprovação dos inventários e/ou dos Relatórios R3 e, se for o caso, emissão de um parecer ao CNPE, recomendando que seja publicada uma Resolução que reconheça os projetos, independente do porte, como parte integrante da Política Energética do país e os indique como estratégicos de interesse público, estruturantes e prioritários para fins de implantação. A ideia é que a análise ambiental prévia dos inventários e/ou dos Relatórios R3, realizadas pelo balcão único, garantam maior segurança ao processo de licenciamento, mediante a antecipação da salvaguarda ambiental desde a fase de planejamento, possibilitando oportunidades para o refinamento de custos, opção por melhores alternativas e minimização de possíveis conflitos. Isso se deve ao fato de que a análise feita pelo balcão único considerará, antecipadamente, o posicionamento técnico dos diversos intervenientes no processo de licenciamento ambiental, conferindo maior segurança aos processos de concessão e autorização. Fluxograma Fase de inventário Página 3 de 9

O mesmo balcão único também será responsável pela condução do processo de licenciamento ambiental dos empreendimentos pontualmente considerados 1, mediante o estabelecimento de termos de referência TRs padrão e de conteúdo mínimo, determinados por tipologia de empreendimento. Esses TRs deverão considerar as premissas e critérios de todos os intervenientes que compõem a entidade responsável pelo balcão único, sendo previamente submetidos à consulta pública. Os estudos ambientais definidos nos TRs padrão, devidamente ajustados às características e especificidades de cada empreendimento, serão submetidos à análise do colegiado, que emitirá um parecer, assinado por todos os seus técnicos, recomendando a emissão ou não da Licença Ambiental pela Diretoria da entidade responsável pelo balcão único. Para orientar a atuação do balcão único durante a fase de licenciamento, sugerimos que sejam observadas as diretrizes para o aprimoramento do licenciamento citadas no anexo desse documento, elaboradas pelo FMASE, a pedido deste Ministério, bem como que sejam compatibilizados os prazos do licenciamento ambiental e aqueles que compõem o planejamento do setor, em especial a data prevista para a entrada em operação do empreendimento, de modo a evitar que atrasos ocorridos durante o processo de licenciamento prejudiquem o adimplemento do cronograma previsto no contrato de concessão, reduzindo o tempo de efetiva operação do empreendimento. Fluxograma Fase de licenciamento 1 Ou licenciamento em bloco, no caso de aprovação da proposta feita pelo FMASE para a regulamentação da Lei Complementar nº 140/2011: Determinar a competência da União para, a partir da entrada em vigor da regulamentação da Lei Complementar nº 140/11, presidir o licenciamento ambiental dos empreendimentos hidrelétricos de pequeno porte (até 50 megawatt) implantados em cascata, que somarem 200 ou mais megawatt de potência, desde que o licenciamento ocorra em bloco; e determinar a competência residual dos Estados para o licenciamento ambiental dos empreendimentos hidrelétricos implantados em cascata que somarem menos que 200 MW de potência, desde que o licenciamento seja em bloco. Página 4 de 9

Além de conduzir a análise do componente ambiental dos inventários e/ou dos Relatórios R3 e o processo de licenciamento ambiental, é ideal que a entidade responsável pelo balcão único também participe das discussões do Plano Decenal de Expansão de Energia - PDE e Plano Nacional de Energia PNE. A atuação da entidade desde o PDE e o PNE, e especialmente na fase de inventário e/ou Relatório R3, deverá garantir maior segurança e estabilidade ao planejamento do setor elétrico, evitando que questionamentos extemporâneos sejam postos em fases avançadas do processo de licenciamento. Aliada a esta proposta, e para que possa ter maior efetividade em termos de governança, sugere-se o fortalecimento do Conselho de Governo previsto no art. 6º da Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, órgão superior do SISNAMA, a fim de que atue assessorando a Presidência da República quanto às políticas ambientais do país. Acreditamos que a presente proposta é pragmática e factível, e representa uma importante contribuição do Fórum de Meio Ambiente do Setor Elétrico para as discussões sobre o necessário aprimoramento do licenciamento ambiental no país e a construção do tão almejado balcão único de licenciamento. Antecipamos agradecimentos e colocamo-nos à disposição para prestar os esclarecimentos que se fizerem necessários. Atenciosamente, Marcelo Moraes Coordenador do FMASE Página 5 de 9

Diretrizes do Fórum de Meio Ambiente do Setor Elétrico - FMASE para o Aprimoramento e Fortalecimento do Licenciamento Ambiental a) Termo de Referência para os Estudos Ambientais Principais normas de referência: Lei n o 6.938/81, Resolução Conama nº 06/87, Decreto n o 99.274/90, Resolução CONAMA n o 23/94, Resolução Conama nº 237/97, Resolução CONAMA nº 279/01, IN IBAMA º 184/08, Lei Complementar nº 140/11, Portaria nº 419/11 e Portaria nº 421/11. (i) Definir diretrizes para a elaboração de TRs por tipologia e complexidade de empreendimento do SEB (ie. LTs, hidrelétricas, eólicas, termelétricas), a ser desenvolvidas conjuntamente pelo Governo e setor elétrico, mediante a contratação de uma consultoria externa. Como exemplo citamos a necessidade de rever os procedimentos de investigação arqueológica para adequá-los às etapas do licenciamento ambiental. b) Estudos Ambientais Principais normas de referência: Lei n o 6.938/81, Resolução Conama nº 01/86, Resolução Conama nº 06/87, Decreto n o 99.274/90, Resolução CONAMA n o 23/94, Resolução Conama nº 237/97, Resolução CONAMA nº 279/01, Manual de Inventário de Hidrelétricas (2007), IN IBAMA º 184/08, Portaria n o 419/11 e Portaria n º 421/11. (i) Criar norma única que defina e padronize conceitos, a responsabilidade e os casos de aplicabilidade dos diferentes tipos de estudos ambientais EIA/RIMA, EAS/RAS, RCA/PCA, PBA, entre outros, cabendo ao empreendedor assegurar qualidade e excelência técnica aos mesmos. c) Audiências Públicas, Consultas Públicas e Oitivas no Licenciamento Ambiental Principais normas de referência: Resolução Conama nº 09/97, IN IBAMA º 184/08, Instrução Normativa FUNAI nº01/12, e Instrução Normativa FUNAI n º 04/12. (i) Definir os conceitos e as regras para orientar a realização de consultas públicas e oitivas no licenciamento ambiental, mediante critérios objetivos para a definição de quantidade e localização das mesmas. (ii) Assegurar que as audiências públicas, as consultas públicas e oitivas ocorram nas áreas de influência direta do empreendimento e junto às comunidades diretamente e indiretamente afetadas, conforme definido nos estudos ambientais. Página 6 de 9

d) Otimização dos Procedimentos de Licenciamento Ambiental Principais normas de referência: Resolução Conama nº 06/87, Resolução Conama nº 237/97, IN IBAMA º 184/08, Lei Complementar nº 140/11 e Portaria n 419, Portaria n 421/11 e Instrução Normativa IBAMA n o 184/2008. (i) Informatizar todo o processo de licenciamento ambiental, com o objetivo de racionalizar e dar celeridade aos procedimentos. Alguns instrumentos propostos são: a) criação de um portal eletrônico simplificado de licenciamento, disponível na rede mundial de computadores; b) banco de dados contendo informações sobre o empreendedor e as empresas, garantidos os sigilos previstos em lei, evitando que a cada novo empreendimento haja necessidade de reapresentar documentação para este propósito; c) banco de dados georreferenciado, integrado e oficial constantemente atualizado que trate, consolide e valide as informações produzidas pelos estudos ambientais, garantidos os sigilos previstos em lei, evitando solicitações repetidas de dados e documentos; d) órgãos ambientais equipados com tecnologia necessária para operar de forma eficiente. (ii) Fortalecer os órgãos ambientais e demais órgãos envolvidos no processo de licenciamento (IPHAN, Palmares, Cecav, FUNAI, ICMBio, Ministérios, etc) objetivando-se aprimorar os quadros funcionais para atendimentos às novas demandas do licenciamento; (iii) Conceder as autorizações para estudos e pesquisas (a exemplo de coleta de amostras de fauna e flora, abertura de picadas, etc) concomitantemente com a definição do Termo de Referência, e conceder a autorização de supressão de vegetação e manejo de fauna concomitantemente com a emissão da licença de instalação, entre outras autorizações específicas; (iv) Criar incentivos aos empreendimentos que adotem medidas voluntárias de gestão ambiental (ie. certificação ISO 14.000), tais como: ampliação do prazo de validade das licenças ambientais, renovação automática da licença de operação, descontos nas taxas do licenciamento ambiental, entre outros; (v) Padronizar os prazos de validade das licenças ambientais (LP e LI) nos níveis federal e estadual. Sugere-se o prazo de 5 anos para cada licença, com possibilidade de renovação por igual período; (vi) Rever a obrigatoriedade de renovação da licença de operação (LO) nos casos de comprovação de regularidade ambiental do empreendimento, mediante a entrega de relatórios de cumprimento dos programas ambientais especificados na licença de operação; (vii) Integrar os procedimentos de licenciamento nos níveis federal e estadual. i) Condicionantes do Processo de Licenciamento Ambiental Principais normas de referência: Resolução Conama nº 01/86, Resolução Conama nº 06/87, Resolução Conama nº 237/97, IN IBAMA º 184/08, Portaria nº 419/11 Página 7 de 9

(i) Garantir que as condicionantes do licenciamento guardem relação direta com os impactos ambientais relativos ao empreendimento. Programas de responsabilidade social e ambiental que, por liberalidade dos empreendedores são implantados, devem ser tratados entre estes e stakeholders à parte do processo de licenciamento, sem obstá-lo, mediante acordos e convênios. (ii) Estabelecer um mecanismo formal de reavaliação das condicionantes pelo órgão ambiental e empreendedor. (iii) Instituir normativa que determine a realização do cadastro socioeconômico obrigatoriamente na fase de licença prévia do empreendimento. j) Medidas compensatórias no Processo de Licenciamento Ambiental Principal norma de referência: Lei n o 9.985/00 (Sistema Nacional de Unidades de Conservação), IN IBAMA º 184/08. (i) Harmonizar os licenciamentos ambientais dos Estados e Municípios com as regras previstas na Lei do SNUC e seu regulamento, de modo a evitar distorções nos valores exigidos para a compensação ambiental, em especial quanto ao teto de 0,5% fixado pela norma nacional. (ii) Garantir a participação do empreendedor nas decisões de destinação dos recursos da compensação ambiental da Lei do SNUC. e) Responsabilidade Criminal do Agente Licenciador Principais normas de referência: Lei nº 9.605/98 e Instrução Normativa IBAMA n o 11/10. (i) Alterar a Lei de Crimes Ambientais para restringir a responsabilidade criminal do agente licenciador à conduta dolosa (art. 66 a 69-A da Lei nº 9.605/98). (ii) Criar, no âmbito dos estados, Comissões de Avaliação e Aprovação de Licenças Ambientais específicas para conceder as licenças ambientais de que trata o art. 10 da Lei n o 6.938/81, a exemplo da Comissão criada no Ibama pela Instrução Normativa n o 11/10. k) Lei Complementar n o 140/11 Principal norma de referência: Lei Complementar n o 140/11. (i) Fortalecer os instrumentos de cooperação previstos na Lei Complementar n o 140/11, visando dar apoio técnico e institucional aos Estados e Municípios para a execução de ações administrativas a eles atribuídas ou delegadas. Página 8 de 9

l) Relações Institucionais (i) Promover o fortalecimento e a capacitação institucional dos órgãos federais, estaduais e municipais de licenciamento ambiental e dos órgãos envolvidos (IPHAN, Palmares, Cecav, FUNAI, ICMBio, Ministérios, etc). (ii) Considerar a Avaliação Ambiental Integrada (AAI) como um instrumento de inserção da variável ambiental na etapa do planejamento do setor elétrico tanto para UHEs quanto para PCHs, e não como uma condicionante do licenciamento ambiental. (iii) Alterar a Lei nº 8.001/90 para assegurar a aplicação dos recursos da Compensação Financeira pela Utilização dos Recursos Hídricos (CFURH) em melhorias socioambientais para os municípios que a receberem. Página 9 de 9