PROJETO PROVEDOR DE INFORMAÇÕES SOBRE O SETOR ELÉTRICO RELATÓRIO MENSAL ACOMPANHAMENTO DE CONJUNTURA: FINANCIAMENTO Janeiro de 2013 Nivalde J. de Castro Adriana Maria Dassie
ÍNDICE SUMÁRIO EXECUTIVO...3 1 - FINANCIAMENTO VIA BANCOS...4 1.1 - BNDES...4 1.2 - Outros Bancos...6 2 - FINANCIAMENTO DE EMPRESAS VIA MERCADO DE CAPITAIS...8 2.1 AÇÕES...8 2.2 DEBÊNTURES...8 2
SUMÁRIO EXECUTIVO Este relatório tem como objetivo central sistematizar os principais fatos, dados, informações e ações que ocorreram no mês de Setembro de 2012 e têm relação direta com o financiamento do Setor Elétrico Brasileiro (SEB). A estrutura do relatório Financiamento está dividida em duas seções principais: Financiamento via Bancos e Financiamento de Empresas via Mercado de Capitais. A participação do setor de energia dentro dos desembolsos do BNDES foi maior em 2012. Entre janeiro e novembro, o setor energético foi responsável por 16,26% dos aportes totais do banco, frente aos 11,16% registrados em igual período do ano anterior. O banco vai fechar o ano com um volume de empréstimos ao setor de energia eólica superior ao de 2011, quando houve o maior salto de recursos para esse segmento, de R$ 808 milhões em 2010 para R$ 2,3 bilhões. Os investimentos do BNDES em energia devem desacelerar nos próximos anos, na comparação com 2012, em meio ao direcionamento do foco do banco para o programa de concessões do governo nos setores de rodovias, ferrovias, portos, aeroportos, saneamento e habitação popular. A Norte Energia informou em comunicado que o BNDES liberou a primeira parcela, de R$ 5,2 bilhões, do empréstimo total de R$ 22,5 bilhões concedido para a construção e operação da UHE Belo Monte. 3
1 - FINANCIAMENTO VIA BANCOS 1.1 - BNDES A participação do setor de energia dentro dos desembolsos do BNDES foi maior em 2012. Entre janeiro e novembro, o setor energético foi responsável por 16,26% dos aportes totais do banco, frente aos 11,16% registrados em igual período do ano anterior, com destaque para a categoria coque, petróleo e combustíveis - que subiu de 3,27%, para 4,44% -, enquanto o segmento eletricidade e gás oscilou de 11,16% para 11,82%. Em números absolutos, o BNDES desembolsou R$ 5,4 bilhões para as atividades petrolíferas alta de 40% na comparação com os R$ 3,9 bilhões de 2011 - e R$ 14,396 bilhões para eletricidade e gás - crescimento de 9,27% ante os R$ 13,174 bilhões do ano anterior. No total, os empréstimos do banco até novembro somam R$ 121,8 bilhões, alta de 3,21% na comparação anual. A Norte Energia informou em comunicado que o BNDES liberou, dia 28 de dezembro, a primeira parcela, de R$ 5,2 bilhões, do empréstimo total de R$ 22,5 bilhões concedido para a construção e operação da UHE Belo Monte, no rio Xingu (PA). Segundo a Norte Energia, o valor referente a repasse direto do BNDES, R$ 3,1 bilhões, já foi depositado. O restante dos recursos, de repasse indireto, foram depositados em 2 de janeiro pelos agentes financeiros repassadores Caixa Econômica Federal (R$ 1,6 bilhões) e banco BTG Pactual (R$ 464 milhões). O BNDES aprovou a concessão de financiamento de R$ 470,610 mi para hidrelétrica Ferreira Gomes (AP-252 MW). O projeto, controlado pela Alupar Investimentos, tem energia assegurada de 152 MW e previsão de operação para o início de 2015. A usina foi arrematada no leilão A-5 de 2010 com preço de R$ 69,82 por MWh. A empresa reservou 30% da energia da hidrelétrica para comercialização no mercado livre. A expectativa é de um investimento total de R$ 910 mi. O BNDES vai fechar o ano com um volume de empréstimos ao setor de energia eólica superior ao de 2011, quando houve o maior salto de recursos para esse segmento, de R$ 808 milhões em 2010 para R$ 2,3 bilhões. Confirmando a vocação do país para a energia renovável, o banco encerra 2012 com R$ 2,4 bilhões em recursos desembolsados para projetos do setor, após mais um desembolso anunciado no dia 18 de dezembro. O BNDES liberou um financiamento de R$ 300 milhões para a construção de 15 parques eólicos na Bahia, que terão capacidade 4
para gerar 386 MW e demandarão investimentos totais de R$ 1,4 bilhão, incluindo linha de transmissão associada. O BNDES aprovou a concessão de financiamento para a Adecoagro Vale do Ivinhema no valor de R$ 488,6 mi. Os recursos serão utilizados na implantação de uma nova usina de açúcar e etanol no município de Ivinhema, MS, com capacidade para 4,1 mi de toneladas de cana-deaçúcar por safra. O projeto inclui ainda a instalação de uma unidade de cogeração de energia elétrica com capacidade de 120 MW e de linha de transmissão associada, além de apoio a projeto social voltado para a comunidade local. O projeto será implantado em etapas, e o apoio do BNDES ficará restrito aos investimentos que serão realizados até 2014. A Adecoagro Vale do Ivinhema integra o Grupo Adecoagro, de controle internacional. A Triunfo Participações divulgou no dia 21 de janeiro que o BNDES liberou a segunda parcela do financiamento para a construção da hidrelétrica Garibaldi (SC-192 MW). Foram depositados R$ 67,7 milhões dos R$ 368 milhões aprovados para o projeto. A linha de crédito é corrigida pela TJLP mais spread de 2,34% ao ano. O prazo total da operação será de 16 anos, com vencimentos mensais a partir de julho de 2015. Segundo a Triunfo, as obras seguem adiantas em relação ao previsto pela Aneel, com a expectativa de inicio da operação no segundo semestre deste ano. Os investimentos do BNDES em energia devem desacelerar nos próximos anos, na comparação com 2012, em meio ao direcionamento do foco do banco para o programa de concessões do governo nos setores de rodovias, ferrovias, portos, aeroportos, saneamento e habitação popular. A estimativa do banco é aumentar em 5,5% ao ano os investimentos em energia elétrica, óleo e gás entre 2013 e 2016, ante o crescimento anual previsto de 22,3% no pacote de concessões. Em 2012, os desembolsos para o setor de energia elétrica atingiram cerca de R$ 18 bilhões, alta de 19% em relação ao ano passado. Na indústria química e petroquímica, o montante chegou a R$ 7 bilhões, representando um crescimento de 18%. De acordo com o BNDES, os investimentos nos setores de óleo e gás e energia elétrica devem acompanhar a expansão da massa salarial, o mercado internacional e a estratégia das estatais. 5
1.2 - Outros Bancos A carteira do BB somente em projetos de geração de energia renovável já é maior que R$ 6 bi. Quando inclusas essas outras modalidades de financiamento, além de créditos desembolsados para linhas de transmissão e distribuição, o valor é ainda maior, chegando a mais de R$ 20 bi. Além dos grandes projetos estruturantes do setor, o BB vem dispensando especial atenção ao financiamento de projetos que visam à geração de energia renovável. Neste contexto estão as PCHs, Plantas de Geração através de Biomassa e Parques para a Geração de Energia Eólica. Somente em PCHs, que atualmente representa cerca de 4% da geração de energia do país, o Banco do Brasil financiou, nos últimos anos, mais de 40 projetos com volume superior a R$ 1,5 bi em crédito concedido. Ainda na cadeia do setor elétrico, o banco participou do financiamento de diversas LTs e subestações, assim como em projetos de biomassa. A Desenvix Energias Renováveis anunciou que recebeu empréstimo no valor de R$ 102.049.279,23 do banco estatal chinês China Development Bank Corporation (CDB). O dinheiro foi transferido no dia 28 de dezembro e é referente à instalação e operação do parque eólico Barra dos Coqueiros (34,5 MW), em Sergipe, que começou a operar em setembro de 2012. O financiamento tem prazo de 15 anos e será amortizado em 29 parcelas semestrais, com carência de seis meses para o primeiro pagamento. Pelo financiamento serão cobrados juros indexados à taxa Libor (USS-6 meses), mais spread de 5,1% ao ano. A verba foi recebida pela subsidiaria Energen Energias Renováveis S.A., controladora da Sociedade de Propósito Especifico Parque Eólico Barra dos Coqueiros. A usina foi vendida no 2º Leilão de Energia de Reserva (2009), específico para eólicas, no qual negociou 10,5 MW médios. Sem os recursos do FNE, a Desenvix precisou buscar fontes alternativas de crédito para seu projeto de energia eólica no Sergipe. O BNDES seria o caminho mais lógico, mas o banco possui restrições ao financiamento de componentes importados usados nas usinas eólicas. Os chineses estão entre os maiores fornecedores de equipamentos para a indústria, o que facilitou a entrada do China Development Bank, de acordo com Humberto Gargiulo, diretor presidente da Upside, que atuou como assessor financeiro da Desenvix na operação. Embora com valor pequeno, o empréstimo deve abrir espaço para que outras obras obtenham recursos do banco chinês. "Para uma instituição como o CDB, não há número que assuste", 6
afirma o executivo da Upside, que já possui outra proposta em andamento na instituição, também relacionada à área de energia. A Eletrosul oficializou, no dia 28 de janeiro, a entrega de seu primeiro empreendimento de geração em Santa Catarina. A PCH Barra do Rio Chapéu que irá disponibilizar 15,15 MW ao SIN, o suficiente para atender o consumo de 128 mil habitantes. O empreendimento contou com a parceria do banco de fomento KfW, que financiou as obras com recursos do Ministério de Cooperação Econômica e Desenvolvimento da Alemanha. O KfW está destinando 990 mi para projetos brasileiros na área de energia renovável já implantados, em implantação ou, ainda, em elaboração. Segundo Karim ould Chih, são empreendimentos de energia eólica, solar fotovoltaica e CST, biogás, além de PCHs e projetos de eficiência energética. A PCH Barra do Rio Chapéu aproveita o potencial hidrelétrico do rio Braço do Norte, entre os municípios de Rio Fortuna e Santa Rosa de Lima. 7
2 - FINANCIAMENTO DE EMPRESAS VIA MERCADO DE CAPITAIS 2.1 AÇÕES Um dia depois do anúncio da presidente Dilma Rousseff de que a tarifa de luz vai cair 18% para o consumidor, as ações ordinárias da Eletrobras despencaram 7,53%, a R$ 7,25, enquanto as preferenciais caíram 3,58%, a R$ 12,65, no pregão do dia 24 de janeiro. A empresa perdeu R$ 766 mi em valor de mercado no dia e já vale R$ 7,06 bi a menos do que antes da publicação da MP. Já o setor elétrico perdeu R$ 2,2 bi só nesse dia e soma R$ 30,6 bi de perdas desde setembro. Investidores temem que o lucro da Eletrobras seja ainda mais afetado do que o estimado até agora. O recuo da Eletrobras foi o maior do Ibovespa que fechou em queda de 1,29%, aos 61.169 pontos. 2.2 DEBÊNTURES A agência Moody's atribuiu a classificação de risco 'Aa1.br', a segunda maior na escala nacional, à emissão de R$ 1,6 bi em debêntures da Cemig Distribuição. A perspectiva da nota, porém, foi colocada como negativa pela Moody's, em razão do impacto negativo esperado sobre os fluxos de caixa da empresa com a terceira revisão periódica tarifária, além da continuidade da política de distribuição "significativa" de dividendos da companhia ao acionista controlador (Cemig). 8