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Transcrição:

RELATÓRIO DE PESQUISA USO DO CRÉDITO Junho 2013 www.spcbrasil.org.br/imprensa/pesquisas

USO DO CRÉDITO Pesquisa foi realizada pela CNDL e SPC Brasil, com consumidores de todas as Capitais do Brasil. A pesquisa tinha como objetivo levantar indicadores que apontam o comportamento e hábitos dos consumidores com relação ao uso do crédito, bem como apontar os motivos para a situação de inadimplência e os que levam a permanecerem nessa situação. Tamanho amostral da Pesquisa: 604 casos, gerando um erro máximo de 4,0% com uma confiança de 95%. Pesquisa realizada em todas as capitais com alocação para cada capital proporcional ao tamanho da População Economicamente Ativa (PEA). Coleta realizada em cada capital aleatoriamente. 2

CARACTERÍSTICAS DOS ENTREVISTADOS Na caracterização dos entrevistados percebemos que a maioria 62% é do sexo feminino, 38% do sexo masculino e 58% possuem idades entre 25 a 49 anos. O nível de escolaridade da maioria é ensino fundamental completo/incompleto (55%), 70% são pertencentes às classes BC (R$906,00 a R$7.000,00) e 35% são funcionários de empresas privadas. Dos entrevistados 72% possuem renda própria, sendo que quanto maior a classe social maior esse percentual. Na classe AB, 86% possuem renda própria, 67% na classe C e 50% nas classes DE. Quando questionados se possuem conta bancária, a maioria (75%) afirmou possuir, sendo que o maior percentual está concentrado nas classes AB (84%), pois é uma classe com maior grau de escolaridade e já acostumada a lidar com bancos. Porém, é relevante observar o percentual das classes C, D e E que atualmente possui conta bancária (73% classe C e 56% classe DE). Pode-se observar a maior familiarização da população brasileira com as questões bancárias e sua relação com a forma de guardar e investir seu dinheiro. RENDA MÉDIA FAMILIAR Quanto à responsabilidade pelo pagamento das contas, 57% compartilham com outros moradores (em 2012 esse percentual era 53%), deve-se ressaltar que 2012 o percentual de pessoas que as responsabilidades de pagamentos das contas eram somente sua era 38% e 29% em 2013, isso demonstra a maior inserção da população no mercado de trabalho. 58% das pessoas que compartilham o pagamento de suas contas com outros moradores da casa estão empregados. 3

No entanto, o percentual de pessoas que o pagamento das contas é somente de outros moradores apresentou um crescimento em 2013 ficando em 14% contra 8% em 2012, esse crescimento deve-se ao fato de que 44% das pessoas que responderam que não são responsáveis pelo pagamento das contas estão atualmente desempregadas. As mulheres são o sexo que menos tem a responsabilidade individual de pagamento das contas da casa (25%) contra 34% masculino. Atualmente as mulheres vêm atuando mais no mercado de trabalho e grande parte delas são chefes de família e responsáveis pelas compras e tomada de decisões, no entanto sua faixa salarial ainda é menor que a dos homens (média mulher 2,8 salários mínimo e média homens 3,5 salários IBGE). RESPONSABILIDADE PELO PAGAMENTO DAS CONTAS A maioria dos entrevistados, 56%, possui filhos com maior concentração nas faixas etárias de 7 a 15 anos (39%). Quanto ao número de moradores, 26% têm 3 moradores, 25% dois e quatro moradores 24%. VOCÊ POSSUI FILHO(S)? SOMENTE PARA QUEM POSSUI FILHOS QUAL A FAIXA DE IDADE DOS SEUS FILHOS? 4

VIDA FINANCEIRA Quando perguntados se costumam ceder à pressão e a vontade dos filhos comprando produtos que irão comprometer o orçamento, a maioria (74%) respondeu que não. Observando-se o corte por classes sociais, nota-se o mesmo comportamento em todos os estratos (AB: 31% sim / 69% não; C: 24% sim / 76% não; DE: 21% sim, 79% não). Pelo ponto de vista da faixa etária dos filhos, a maioria dos entrevistados não cede à pressão nas faixas de idade em análise, mas o percentual entre os que não cedem é menor para os filhos de até 15 anos (0 a 6 anos: 37% sim / 63% não; 7 a 15 anos: 34% sim / 66% não; acima de 16 anos: 21% sim, 79% não). Isto é comum, tendo em vista que, nesta faixa etária (de 0 a 6 anos), é mais difícil de demonstrar aos filhos a importância do planejamento dos gastos. Ainda assim, estes dados revelam que os consumidores estão aos poucos aprendendo a realizar o controle de seus gastos, à medida que tenta evitar as compras pela pressão ou vontade dos filhos. Em todas as classes sociais verifica-se que os próprios filhos economizam quando é necessário o controle das despesas. Ressalta-se aqui a importância da educação financeira desde a juventude, visto que o contato com o mercado de consumo tem acontecido cada vez mais cedo, fazendo-se necessário o conhecimento por uma utilização de recursos consciente e parcimoniosa. SOMENTE PARA QUEM POSSUI FILHOS COSTUMA CEDER A PRESSÃO E VONTADE DOS FILHOS comprando produtos que irão comprometer o orçamento? Outro dado que reforça esta ideia de que as pessoas em geral estão aprendendo a lidar com as suas despesas pode ser observado na atitude dos entrevistados quando decide fazer uma compra: 76% confirmou fazer um planejamento, analisando se o custo cabe no orçamento. Este é um indicador de que cada vez mais as famílias incorporam noções básicas de educação financeira em seu cotidiano. Além disso, 52% dos entrevistados afirmaram que raramente compram produtos que não precisam ou que não usam, enquanto 36% nunca o fazem; 34% sempre fazem três orçamentos antes de fazer uma compra, e 27% os fazem frequentemente; 49% raramente não consegue controlar o desejo de realizar uma compra; e 27% sempre conseguem se controlar; 45% sempre chegam até o fim do mês sem entrar no cheque especial e também sem ultrapassar o limite do cartão de crédito. Ou seja, estes consumidores estão conseguindo fazer o controle de seus gastos, a partir do planejamento de suas compras e do uso cauteloso do crédito. 5

QUANDO DECIDE FAZER UMA COMPRA, VOCÊ... Os locais onde mais ocorrem as compras por impulso, na visão dos entrevistados, são nos supermercados/ hipermercados (34%), tendo em vista que nestes estabelecimentos se encontram as necessidades de primeira ordem da casa, como alimentação e higiene. Em seguida, aparecem os shoppings centers, segundo 25% dos entrevistados, e a internet/ lojas virtuais, para 19% dos entrevistados. Os shoppings apresentam vitrines atrativas e uma ampla variedade de produtos, enquanto a internet oferece uma opção rápida e prática de compra, fazendo com que estes locais fossem amplamente citados. Outros locais onde os entrevistados compram por impulso são lojas de rua/bairro (10%), lojas de departamento (5%), catálogo de revendedores (3%) e shoppings populares (3%). Observa-se para as classes AB menores percentuais de compra por impulso em supermercados/ hipermercados e lojas de bairro em relação às demais classes (supermercados AB: 29% C: 38% DE: 36% / lojas de bairro AB: 5% C: 12% DE: 15%), e um percentual de compras por impulso pela internet/ lojas virtual maior que nas outras classes (internet AB: 26% C: 14% DE: 12%). QUAL É O LOCAL EM QUE VOCÊ MAIS COMPRA por impulso? 6

Os produtos mais citados pelos entrevistados os quais não consegue resistir e compram com mais frequência são prioritariamente roupas (56%), calçados/ acessórios (43%) e perfumes/ cosméticos (29%). O contexto sociocultural que valoriza a estética e as tendências da moda tem contribuído para que a população de forma geral se preocupe cada vez mais em adquirir produtos de vestuário e cuidados com a aparência. Esta característica pode ser visualizada em todas as classes de maneira homogênea. Nota-se, entretanto, uma diferença quanto à aquisição de livros, que é maior nas classes AB em relação às demais (AB: 19% C: 12% DE: 11%), o que é um reflexo do maior grau de instrução nesses estratos sociais. 80% dos entrevistados só recorreriam a um empréstimo quando necessitasse realizar uma compra em função de um acontecimento imprevisto/inesperado, demonstrando que os consumidores em questão são cientes dos impactos de um empréstimo em seus orçamentos. A maioria (75%) busca/buscaria crédito em bancos, o que pode ser justificado pelo crescimento do empréstimo consignado, modalidade que facilita pagamento por parte do devedor, visto que o pagamento é descontado diretamente do salário do contratante. Em seguida, aparecem os empréstimos com familiares, com 45%, e com amigos, 25%. Nestes casos, a principal motivação é a flexibilidade das condições de pagamento e dos juros, tendo em vista o caráter mais informal dos empréstimos em tais situações. Outras maneiras de se buscar o crédito são financeiras (24%), administradoras de cartão de crédito (15%), cooperativas (4%) e agiotas (4%). PARA QUEM RECORRE/RECORRERIA AO EMPRÉSTIMO QUAIS SÃO OS LOCAIS EM QUE VOCÊ BUSCA CRÉDITO? (respostas múltiplas) 7

Quando perguntados se sentiria vergonha em cobrar o dinheiro de um empréstimo realizado a um amigo ou parente, os entrevistados apresentaram um equilíbrio relativo entre os que teriam e os que não teriam algum constrangimento, mas com predominância da resposta não (AB: sim 43%/ não 57%; C: sim 46%/ não 54%; DE: sim 48%/ não 52%). Com relação à utilização do nome de terceiros para realizar compras, a maioria (59%) alegou que não, mas nota-se na classe C uma maior tendência a se utilizar do nome de terceiros para fazer compras (48% sim/ 52% não). No corte por faixa etária, nota-se que os consumidores com idade entre 18 e 24 anos e 25 a 49 são os que mais se utilizam do nome de terceiros para fazer compras (18 a 24 anos sim 40%/ não 60%; 25 a 49 anos sim 45%/ não 65%; 50 a 64 anos sim 30%/ não 70%; 65 anos ou mais sim 12%/ não 88%). Estas faixas etárias são as que mais consomem tendo em vista que possuem um grande volume de gastos (muitos são os responsáveis pelo sustento da família), necessitando utilizar o nome de terceiros em situações de inadimplência, por exemplo. JÁ TILIZOU O NOME DE TERCEIROS para realizar compras? POR CLASSE POR IDADE 8

A maioria dos entrevistados não se importa em fornecer dados pessoais de renda e histórico de compra, comportamento observado em todas as camadas sociais (AB: 49% C: 48% DE: 49%), tendo em vista que este procedimento é comum em bancos e financeiras. As classes C e DE em sua maioria já tiveram o acesso ao crédito negado ao realizar alguma compra (C: sim 46%/ não 54%; DE: sim 46%/ não 54%), ao contrário da classe AB (sim 39%/ não 61%), que por possuírem maior renda geralmente não encontram restrições ao crédito. As principais razões para que o crédito fosse negado foram inadimplência (36%) e renda insuficiente (33%), sobretudo na classe DE (38%). A combinação de ampla oferta de crédito e baixas taxas de juros, além do bom momento do mercado de trabalho e com ampliação do rendimento real contribuem para um aumento do consumo, o que de certa forma impacta os índices de inadimplência, posto que ainda há consumidores que compram sem um planejamento prévio. Em relação ao crédito consignado, a classe DE é a que menos respondeu já ter se utilizado de tal modalidade de empréstimo (AB: sim 32% / não 68%; C: sim 29%/ não 71%; DE: sim 16%/ não 84%). De forma geral, a maioria dos entrevistados (72%) ainda não se utilizou deste recurso. Considerando-se o corte por faixa etária, observa-se que uma utilização maior nas faixas de idades mais avançadas (18 a 24 anos sim 12%/ não 88%; 25 a 49 anos sim 31%/ não 69%; 50 a 64 anos sim 35%/ não 65%; 65 anos ou mais sim 52%/ não 48%), o que um reflexo do enfoque de bancos e financeiras neste público, oferecendo facilidades e condições atrativas a aposentados e pensionistas do INSS, por exemplo. Os entrevistados demonstraram conciliar o uso do cartão de crédito com a restrição orçamentária que possuem, tendo em vista que a maioria, ao receber uma ligação oferecendo cartões, escuta a proposta a fim de avaliar se cabe no orçamento, ou então não escuta, pois sabe que o orçamento não permite mais gastos. Os resultados são similares para lojas de departamento, tanto para o corte por classe social quanto por faixa etária, conforme os gráficos a seguir: 9

QUANDO RECEBE LIGAÇÃO DE BANCOS/FINANCEIRAS oferecendo cartões, crédito extra, você... AGORA QUANDO UMA LOJA ENTRA EM CONTATO oferecendo cartão próprio da loja, você... 10

A forma de pagamento mais utilizada pelos entrevistados tem sido o cartão de crédito parcelado (roupas: 42% / calçados e acessórios: 44% / móveis: 49% / material para reforma de imóvel: 37% / viagens: 40% / eletrônicos: 53% / eletrodomésticos: 51%), com a exceção dos produtos de supermercados/hipermercados e presentes, que são mais adquiridos com dinheiro, segundo os entrevistados (44% e 36%, respectivamente). Os produtos provenientes dos supermercados são em geral aqueles que abastecem as necessidades de primeira ordem da casa, como alimentação, higiene pessoal e limpeza, e, por esta razão, os consumidores preferem utilizar sua renda prioritariamente nestes produtos, pagando-os em dinheiro. Os presentes, por sua vez, refletem situações esporádicas, e geralmente as pessoas preferem não se endividar para comprá-los, justificando o pagamento em dinheiro. Já os demais são necessidades secundárias ou então bens de maior valor agregado, levando os consumidores a utilizar o cartão de crédito. Os cartões de crédito representam hoje uma facilidade e praticidade ao realizar o pagamento das compras, justificando sua ampla utilização. Já o número de parcelas reflete o valor do bem adquirido, à medida que, para produtos mais baratos, o número de parcelas é menor, variando de 2 a 4 (supermercados: média de 2,9 parcelas / roupas: média de 3,9 parcelas / calçados e acessórios: média de 4,0 parcelas / presentes: média de 3,6 parcelas), enquanto, para bens que demandam o maior dispêndio de recursos o número de parcelas é maior, sendo de 5 a 10 (móveis: média de 7,8 parcelas / material para reforma de imóvel: média de 8,0 parcelas / viagens: média de 7,4 parcelas / eletrônicos: média de 7,6 parcelas / eletrodomésticos: média de 7,8 parcelas). 11

Comparando-se os anos de 2012 e 2013, observa-se uma redução da utilização do dinheiro como forma de pagamento de eletrodomésticos em detrimento de um aumento da utilização do cartão de crédito como forma de pagamento ao adquirir estes produtos (dinheiro: 19% em 2012 e 13% em 2013 / cartão de crédito parcelado: 42% em 2012 ante 51% em 2013). Nota-se também uma redução do uso do dinheiro no uso de pagamento de eletrônicos (2012: 19% / 2013: 12%). Dada as facilidades oferecidas pelo cartão de crédito, como o parcelamento em um grande número de parcelas e a praticidade ao se realizar a compra, são fatores que contribuem para que os meios de pagamentos eletrônicos sejam cada vez mais utilizados em substituição ao dinheiro. Isto também pode ser observado pelo ponto de vista do número de parcelas: Em 2013, o percentual de consumidores que dividiram compras de móveis em mais de 10 parcelas aumentou em relação a 2012 (2012: 10% / 2013: 15%); para eletrodomésticos e eletrônicos este aumento também fora observado, aliado a uma redução dos pagamentos em números menores de parcelas, conforme tabela a seguir: FORMA DE PAGAMENTO E Nº DE PARCELAS série histórica 2012 x 2013 12

Os entrevistados demonstram ter conhecimento sobre o impacto dos juros nas compras que realizam, visto que 88% afirma levar em consideração a taxa de juros para decidir qual forma de pagamento realizará uma compra. É interessante observar que este resultado foi observado em todas as classes sociais (AB: 90% sim / 10% não; C: 87% sim / 13% não; DE: 85% sim, 15% não), indicando que as classes mais baixas também consideram o impacto dos juros ao realizar uma compra. Quanto a posse de cartão de crédito, observa-se que em 2013 reduziu o número de consumidores que declaram não possui cartão de crédito (2012: 28% / 2013: 23%). Ainda assim, a maioria afirmou que somente possui 1 cartão de crédito (2012: 35% / 2013: 31%). A posse de mais cartões de crédito é maior nas classes mais altas (2 cartões AB: 30%; C: 21%; DE: 15% / 3 cartões AB: 16%; C: 9%; DE: 8% ), enquanto as mais baixas optam por manter um menor número de cartões, ou até mesmo nenhum cartão de crédito (nenhum cartão AB: 12%; C: 25%; DE: 42%). Dentre aqueles que possuem mais de 1 cartão de crédito, nota-se que maioria dos consumidores (69%) utiliza todos os cartões que possuem, sem diferença significativa entre os estratos (AB: sim 71%/ não 29%; C: sim 67%/ não 33%; DE: sim 66%/ não 34%). Mesmo aqueles com mais cartões afirmaram, em sua maioria, que utiliza todos os cartões (2 cartões: sim 74%/ não 26%; 3 cartões: sim 69%/ não 31%; 4 cartões: sim 65%/ não 35%; 5 ou mais cartões: sim 65%/ não 35%), o que novamente evidencia a grande utilização deste meio de pagamento em função das facilidades como parcelamento e a praticidade, combinados com o cenário econômico de expansão do crédito e juros mais baixos na comparação com o ano anterior. Na comparação com 2012, a maior parte dos entrevistados continua optando por pagar 100% da fatura até a data de vencimento (2012: 90% / 2013: 87%), mas cresceu o percentual de consumidores que pagam apenas o valor mínimo ou parte das faturas (2012: 5% / 2013: 9%). Isto indica que uma parcela dos consumidores ainda tem dificuldades em se organizar financeiramente a fim de pagar as faturas de seus cartões, optando pelo pagamento parcial. A falta de conhecimento sobre a taxa de juros cobrada quando não se paga o valor total da fatura também contribui para esta estatística. De acordo com a pesquisa, 72% dos entrevistados não sabem qual é a taxa de juros para o caso em questão. Em contrapartida, a maior parte dos consumidores entrevistados (79%) se mostrou informada a respeito da taxa de anuidade de seus cartões, mesmo considerando-se o corte por classes sociais classes (AB: sim 81%/ não 19%; C: sim 77%/ não 23%; DE: sim 79%/ não 21%). 13

Os compromissos financeiros mais citados pelos entrevistados foram o pagamento de contas como internet, TV por assinatura, plano de saúde, celular (80%) e o pagamento de contas básicas da casa como água, luz, telefone fixo (79%), que correspondem às despesas de maior relevância dentro de uma casa. Consequentemente, os gastos desta categoria são geralmente os primeiros a serem pagos. 60% dos entrevistados nunca deveram contas de internet, TV por assinatura, plano de saúde, celular; o percentual é de 54% para as contas básicas da casa como água, luz, telefone fixo; 67% para gastos com educação; 67% para o crédito consignado; 52% para as compras parceladas em cheques/notas promissórias/carnês e 56% para o financiamento da casa própria. Já o pagamento dos empréstimos é deixado em segundo plano em função do pagamento das contas anteriormente citadas. Prova disso é que 41% estão devendo terceiros, 25% financeiras e 24% dos entrevistados estão devendo bancos. QUAIS COMPROMISSOS FINANCEIROS VOCÊ TEM HOJE? 14

Entre aqueles que já ficaram ou estão devendo algum dos compromissos financeiros, 46% dos entrevistados atribuem as dívidas à má administração das finanças, mas a redução dos gastos não é tida como a principal forma de reverter esta situação. A fim de colocar em dia algum dos compromissos em débito, a principal alternativa na visão dos entrevistados é a renegociação com o credor (39%). 64% dos consumidores já estiveram ou estão com o nome incluído em instituições de serviços de proteção ao crédito, mas o percentual é menor entre a classe AB, tendo em vista que esta parcela da população dispõe de maior renda disponível e, por conseguinte, maior facilidade em honrar seus compromissos financeiros. Dentre os que já estiveram inadimplentes, a maioria (43%) ficou com o nome sujo menos de um ano, mas os que estão atualmente nesta situação estão, em sua maioria (42%) por um período de 1 a 3 anos, denotando uma maior dificuldade em quitar as dívidas. Dentre aqueles que estão atualmente com o nome incluído em instituições de serviços de proteção ao crédito, a principal solução, na visão de 54% dos entrevistados, para sair da situação de inadimplência é fazer um acordo com a instituição, parcelando o valor que está em débito. E a maior parte destes entrevistados (97%) considera importante ter o nome limpo na praça, demonstrando que estes consumidores são conscientes quanto às desvantagens de estar cadastrado nos órgãos de proteção ao crédito, como a impossibilidade de contrair empréstimos e realizar compras a prazo. JÁ TEVE O NOME INCLUÍDO EM INSTITUIÇÕES de serviços de proteção ao crédito como SPC, Serasa dentre outros? 15

PRIORIDADE DOS GASTOS É interessante observar que a maioria prioriza o pagamento das contas de acordo com a data de vencimento (27%). COMO ORGANIZA O PAGAMENTO DE SUAS CONTAS? POR CLASSE As contas que são priorizadas em primeiro lugar, em todas as classes, são as contas básicas da casa dado que a maioria prefere manter o bom funcionamento da mesma, evitando as perdas na qualidade de vida decorrentes dos cortes desses serviços. SUPONDO QUE TENHA QUE PRIORIZAR O PAGAMENTO de apenas uma conta. Qual seria? POR CLASSE 16

QUANTO AO FUTURO Nos próximos 6 meses, 53% pretendem fazer aplicações periódicas na poupança, 48% pretendem estudar e 26% pretendem fazer aplicações em outros tipos de investimentos (títulos de capitalização, CDBs, dentre outros.). 49% pretendem fazer compras parceladas no cartão de crédito, 20% pretendem financiar a casa própria e 19% pretendem financiar um automóvel. A transformação dos hábitos de compra no país guarda relação direta com o fenômeno da ascensão social. Junto com a elevação do poder aquisitivo, veio o desejo de consumir mais e melhor. Há um grande volume de consumidores, que antes se limitavam a comprar itens básicos, e que agora ampliaram os seus desejos e planejam poupar, estudar, melhorar de vida, e um dos grandes responsáveis por esta democratização do consumo foi à expansão do crédito que apresentou um crescimento nos últimos anos. OUTRAS QUESTÕES Quando questionados se já foram fiador em alguma situação, 74%, dos entrevistados afirmaram que não. No entanto quando se faz o corte por classe. A classe C, D e E são as que mais se destacam por não serem fiadoras, pois é uma classe com menor poder aquisitivo, que ainda estão comprando sua casa própria e carro, que dependem do crédito para financiarem o consumo de bens de maior valor agregado. Ao ser fiadora ela indiretamente esta comprometendo seus bens e renda, caso não venha a receber o pagamento. Dos que foram fiadores, 60% afirmou que não recebeu pagamento e 40% sim. Quando questionados se o acesso ao crédito está mais fácil ou mais difícil do que em 2012, 44% afirmaram que sim (esse percentual em 2012 era de 69%). A expansão do crédito no Brasil se deu de forma excepcionalmente rápida nos últimos 10 anos incentivada pela estabilização e crescimento econômico, pelo aquecimento do mercado de trabalho e da renda. O que ocasionou o aumento expressivo na demanda por crédito, principalmente pelas classes de renda menor, que necessita do crédito para compra de bens de maior valor agregado. 17

Nota-se que os consumidores têm se preocupado mais com o controle das finanças, uma vez que 77% declaram realizar algum tipo de planejamento financeiro. Pode-se dizer que a consciência quanto à importância do planejamento orçamentário tem ganhado cada vez mais espaço, tendo em vista a possibilidade de uma melhor alocação dos recursos disponíveis. Os principais incentivos dos entrevistados a realizar o planejamento o orçamentário são a aquisição da casa própria (28%), quitar dívidas e financiamentos (16%). E quando questionados se tivessem uma linha de crédito disponível para a realização de sua aspiração, qual valor atenderia, a maioria afirmou acima de 50 mil reais, e quando se faz o corte por classe quanto maior a renda, maior a faixa de crédito desejado. Observa-se que nos próximos 6 meses 78% destes consumidores pretendem fazer algum tipo de investimento em 2013. Com a estabilidade no mercado de trabalho e os maiores rendimentos, os consumidores tendem a querer se planejar e a obter conhecimento de como fazer para adquirir bens de maior valor agregado (como casa própria e automóvel), bem como para poupar ou ainda quitar dívidas pendentes. QUAL É A SUA ASPIRAÇÃO? CONCLUSÃO Com a emergência das classes C e D nos últimos anos, tendo em vista a redução nas taxas de desemprego e aumento da renda dos trabalhadores, observa-se no Brasil neste período recente uma ampliação do consumo familiar, e a incorporação de uma variedade cada vez maior de produtos na cesta de bens dos consumidores, indo além das necessidades consideradas de primeira ordem e abrangendo também aqueles de maior valor agregado. Em 2012, o consumo das famílias fora o principal item a contribuir para o crescimento do PIB, apresentou expansão de 3,1% no acumulado do ano em relação ao acumulado em 2011. Além da melhoria no padrão de vida dos consumidores, outro fator relevante para este desempenho foram os incentivos do Governo Federal ao consumo, como desonerações fiscais, cortes na taxa básica de juros (que reflete nos demais juros da economia) e expansão da oferta de crédito. 18

A ampliação da oferta de crédito no país nos últimos anos foi um fator imprescindível para que se pudesse observar este aumento do consumo, permitindo a aquisição de bens outrora inacessíveis a muitas famílias, como automóveis e casa própria. Todavia, o uso indevido do crédito é hoje uma preocupação tendo em vista o grande número de consumidores endividados e inadimplentes. Pode-se dizer que a população brasileira ainda está aprendendo a lidar com esta disponibilidade de crédito de modo a conciliá-la com o controle de suas receitas e despesas; mas o grande número de compras não planejadas e as facilidades oferecidas por cartões de crédito ainda são fatores que impedem muitos consumidores de realizar uma organização eficiente de seus gastos. A falta de informações sobre as taxas de juros que envolvem o uso do crédito também é um fator a colaborar para o descontrole financeiro de algumas famílias. Os resultados desta pesquisa demonstram que os consumidores possuem a percepção acerca da necessidade de se realizar um planejamento orçamentário e também de como utilizar o crédito de maneira consciente. Mas, ainda existe uma dificuldade em realizar efetivamente este controle de gastos, ou seja, o que ainda falta a estes consumidores são noções mais aprofundadas de educação financeira, e o acesso mais facilitado a informações sobre o uso do crédito e suas implicações (como as taxas de juros praticadas no mercado), facilitando a estes consumidores o dimensionamento dos suas despesas. 19

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