AULA 11 TEORIA DO RISCO Pós-Graduação em Direito do Consumidor 1
Da Responsabilidade pelo fato do produto e do serviço (Modelos de Responsabilidade) A responsabilidade pelo fato do produto ou do serviço tem origem na exteriorização de um vício de qualidade, ou seja, de um defeito capaz de frustrar a legítima expectativa do consumidor quanto à sua utilização ou fruição. 2
Artigo 12 do Código de Defesa do Consumidor - Da Responsabilidade pelo Fato do Produto e do Serviço O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador respondem, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou acondicionamento de seus produtos, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos. 3
Entende-se por defeito ou vício de qualidade a qualificação de desvalor atribuída a um produto ou serviço por não corresponder à legítima expectativa do consumidor, quanto à sua utilização ou fruição (falta de adequação), bem como por adicionar riscos à integridade física (periculosidade) ou patrimonial (insegurança) do consumidor ou de terceiros). 4
RESPONSABILIDADE OBJETIVA DOS FORNECEDORES Artigos 12 ao 25 do Código de Defesa do Consumidor Atividade econômica = risco (sucesso ou fracasso) Característica da produção em série: vício/defeito 5
Fato do produto ou serviço artigos 12 a 17 do Código de Defesa do Consumidor Responsabilidade civil objetiva responsabilidade do fornecedor pelo fato do produto e do serviço. 6
PROCESSO CIVIL E DIREITO DO CONSUMIDOR. RECURSO ESPECIAL. AÇÃO CIVIL PÚBLICA. NEGATIVA DE PRESTAÇÃO JURISDICIONAL. AUSÊNCIA. JUNTADA DE DOCUMENTOS COM A APELAÇÃO. POSSIBILIDADE. VÍCIO DO PRODUTO. REPARAÇÃO EM 30 DIAS. RESPONSABILIDADE OBJETIVA DO COMERCIANTE. 1. Ação civil pública ajuizada em 07/01/2013, de que foi extraído o presente recurso especial, interposto em 08/06/2015 e concluso ao Gabinete em 25/08/2016. Julgamento pelo CPC/73. 2. Cinge-se a controvérsia a decidir sobre: (i) a negativa de prestação jurisdicional (art. 535, II, do CPC/73); (ii) a preclusão operada quanto à produção de prova (arts. 462 e 517 do CPC/73). (iii) a responsabilidade do comerciante no que tange à disponibilização e prestação de serviço de assistência técnica (art. 18, caput e 1º, do CDC). 3. Devidamente analisadas e discutidas as questões de mérito, e fundamentado o acórdão recorrido, de modo a esgotar a prestação jurisdicional, não há que se falar em violação do art. 535, II, do CPC/73. 4. Esta Corte admite a juntada de documentos, que não apenas os produzidos após a inicial e a contestação, inclusive na via recursal, desde que observado o contraditório e ausente a má-fé. 7
5. À frustração do consumidor de adquirir o bem com vício, não é razoável que se acrescente o desgaste para tentar resolver o problema ao qual ele não deu causa, o que, por certo, pode ser evitado - ou, ao menos, atenuado - se o próprio comerciante participar ativamente do processo de reparo, intermediando a relação entre consumidor e fabricante, inclusive porque, juntamente com este, tem o dever legal de garantir a adequação do produto oferecido ao consumo. 6. À luz do princípio da boa-fé objetiva, se a inserção no mercado do produto com vício traz em si, inevitavelmente, um gasto adicional para a cadeia de consumo, esse gasto deve ser tido como ínsito ao risco da atividade, e não pode, em nenhuma hipótese, ser suportado pelo consumidor. Incidência dos princípios que regem a política nacional das relações de consumo, em especial o da vulnerabilidade do consumidor (art. 4º, I, do CDC) e o da garantia de adequação, a cargo do fornecedor (art. 4º, V, do CDC), e observância do direito do consumidor de receber a efetiva reparação de danos patrimoniais sofridos por ele (art. 6º, VI, do CDC). 8
7. Como a defesa do consumidor foi erigida a princípio geral da atividade econômica pelo art. 170, V, da Constituição Federal, é ele - consumidor - quem deve escolher a alternativa que lhe parece menos onerosa ou embaraçosa para exercer seu direito de ter sanado o vício em 30 dias - levar o produto ao comerciante, à assistência técnica ou diretamente ao fabricante -, não cabendo ao fornecedor impor-lhe a opção que mais convém. 8. Recurso especial desprovido. (REsp 1634851/RJ, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em 12/09/2017, DJe 15/02/2018) 9
RESPONSABILIDADE CIVIL OBJETIVA A lei garante ao consumidor reparação integral dos danos patrimoniais e morais (artigo 6º, inciso VI, do Código de Defesa do Consumidor) Extensão dos danos: morais, materiais (patrimoniais), estéticos e imagem. 10
DANO MATERIAL O dano material abarca o dano emergente (perda patrimonial efetivamente já ocorrida) e os lucros cessantes (tudo aquilo que o lesado deixou de auferir como renda líquida em virtude do dano). 11
APELAÇÃO Transporte de coisas Ação ajuizada com vistas ao recebimento de indenização em virtude de danos ocasionados a maquinário transportado pela ré durante a prestação dos serviços Sentença de procedência Condenação a título de dano material Danos emergentes e lucros cessantes reconhecidos Pleito de reforma Admissibilidade, em parte Inadimplemento incontroverso Dano material configurado Danos emergentes reparados Lucros cessantes decorrentes da paralisação das atividades inerentes ao maquinário danificado Documentação acostada aos autos que se revela hábil a tal demonstração Montante que não podia ser mensurado por ocasião do ajuizamento da demanda Menção expressa, na inicial, à terceirização da produção e à necessidade de posterior liquidação Autorização, nesse passo, para a formulação de pedido genérico Valor a ser apurado em sede de liquidação Necessidade, contudo, de comprovação da pertinência entre os valores alegadamente despendidos e o equipamento avariado Culpa pelo atraso no pagamento da indenização securitária Matéria não abordada em sede de contestação Discussão obstada no atual momento processual Inteligência do disposto no inciso I, do art. 303, do CPC/73, vigente à época Prêmio do seguro que, contudo, deve ser considerado como devido à ré, porquanto contratualmente repassado à autora e não adimplido Sentença reformada, em parte Recurso parcialmente provido. (TJSP; Apelação 1010316-43.2014.8.26.0009; Relator (a): Claudia Grieco Tabosa Pessoa; Órgão Julgador: 19ª Câmara de Direito Privado; Foro Regional IX - Vila Prudente - 3ª Vara Cível; Data do Julgamento: 05/03/2018; Data de Registro: 09/03/2018) 12