Mastofauna terrestre de algumas áreas sobre influência da Linha de Transmissão (LT) 230 KV PE / PB, CIRCUITO 3



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REVISTA DE BIOLOGIA E CIÊNCIAS DA TERRA ISSN 1519-5228 Volume 4- Número 2-2º Semestre 2004 Mastofauna terrestre de algumas áreas sobre influência da Linha de Transmissão (LT) 230 KV PE / PB, CIRCUITO 3 Marcos Antonio Nobrega de Sousa [1] ;Maxwell Ferreira Gonçalves [2] RESUMO A alta diversidade de espécies de mamíferos da Mata Atlântica demonstra a necessidade de preservação. Uma linha de transmissão (LT - 230 Kv) Terceiro circuito foi implantada nos estados de Paraíba e Pernambuco com as subestações de Goianinha - PE e Mussuré - PB. Na faixa de servidão, foram executadas atividades que podem gerar impactos ambientais. Foi realizado um inventário de mamíferos em algumas áreas localizadas no município de Alhandra - PB para contribuir com o conhecimento da fauna e observar a possível influência das ondas eletromagnéticas. Pequenos mamíferos foram coletados com baldes e armadilhas Sherman num fragmento de Mata Atlântica e em uma área alterada (Tabuleiro), nos meses de maio e julho de 2003, com um esforço de 1440 armadilhas - noite. Foram registradas 6 espécies de pequenos mamíferos, compreendidas em 6 gêneros e 2 famílias; com um sucesso de captura maior na Mata Atlântica do que na área alterada. Houve uma maior freqüência de captura nas áreas de influência direta na LT-230 Kv. A espécie mais abundante foi Oryzomys subflavus, roedor capturado em todos os locais. Ressalta-se também a ocorrência de Gracilinanus agilis, marsupial ainda não registrado para a Mata Atlântica da Paraíba. Foram realizadas entrevistas semiestruturadas e busca por evidências indiretas para os animais de médio porte. Não foram encontradas evidências indiretas. As entrevistas registraram 19 espécies de mamíferos de médio e grande porte, compreendidas em 19 gêneros e 11 famílias. Não se observou influência das ondas eletromagnéticas na fauna de mamíferos. A área estudada da faixa de servidão (LT 230 kv) está sob forte influência antrópica o que, possivelmente, pode causar deslocamentos dos animais. Palavras Chave: Linha de Transmissão, Mamíferos, Diversidade, Impacto Ambiental ABSTRACT The high diversity of species of mammals of the Atlantic forest demonstrates preservation need. A transmission line (LT - 230 Kv) Third circuit was implanted in the Paraíba and Pernambuco states with the substations of Goianinha - PE and Mussuré - PB. In the servitude strip, they were executed activities that can generate environmental impacts. An inventory of mammals was accomplished in some located areas in the municipal of Alhandra - PB to contribute with the knowledge the fauna and to observe the possible influence the electromagnetic waves. Small mammals were collected with pitfall-traps and Sherman traps in fragment of Atlantic forest and in altered area (Tabuleiro), in the months of May and July of 2003, with an effort of 1440 night - traps. 6 small mammals species were registered, understood in 6 genus and 2 families; with a capture success larger in the Atlantic forest than in altered area. There was capture frequency larger in areas of direct influence in LT-230 Kv. The most abundant species was Oryzomys subflavus, rodent captured at all places. Also emphasized occurrence of Gracilinanus agilis, marsupial still

no registered for Atlantic Forest of Paraíba State. Indirect evidences for animals of medium size accomplished semi-structured interviews and search. They weren t found indirect evidences. Interviews registered 19 mammals species of medium and big size, understood in 19 genus and 11 families. Influence of the electromagnetic waves wasn t observed in mammals fauna. The studied area the strip of servitude (LT 230 kv) is under strong influence antrópica that, possibly, can cause displacements of animals. Key-words: Transmission Line, Mammals, Diversity, Environmental Impact 1 INTRODUÇÃO A floresta Atlântica encontra-se em fragmentos que se estendem desde o Nordeste Brasileiro no Estado do Rio Grande do Norte até a zona costeira do Sudeste (PIMENTA, 1977 apud FONSECA, 1985, p. 17). Regiões imensas desse ambiente já se modificaram, e não apenas por fatores climáticos, nos últimos anos, o principal fator que tem contribuído para as mudanças que estão ocorrendo na Mata Atlântica é a ação antrópica, que na maioria dos casos a deixa fragmentada ou com baixos resquícios da mata original. No Nordeste Brasileiro, a eliminação das formações silvestres pode ser avaliada dividindo o processo destrutivo em duas fases. A primeira abrange o período que vai do descobrimento do País, em 1500, até meados do século XIX. Neste período o naturalista alemão C.F.P Von Martius descreveu que o quadro vegetacional que não diferia muito do que se constata na atualidade. A segunda fase do processo destrutivo abrange o período que vai da publicação do mapa de Martius, até os dias atuais (COIMBRA - FILHO e CÂMARA,1996, p. 29-30). A preservação da diversa fauna da Mata Atlântica, requer vital conhecimento no que diz respeito ao hábitat e as pressões ocorrentes nestes habitats. Como a fauna de uma região é totalmente dependente da flora, toda a degradação sobre a vegetação terá reflexos bastante negativos na fauna. Kelt (1996, p. 207) estudou os fatores bióticos e abióticos que provavelmente tem influência na estrutura da comunidade e distribuição de mamíferos terrestres de pequeno porte. A importância das florestas úmidas para a habitação de pequenos mamíferos é indiscutível, elas concentram grande distribuição das mais variadas espécies, desde marsupiais até pequenos roedores. Variações na distribuição desses animais indicam transformações tanto no meio biótico quanto no abiótico, referenciando modificação na estrutura da floresta. Bonvicino; Lindbergh e Maroja (2002, p.771) sugerem que se pode atribuir o uso potencial da fauna de pequenos mamíferos para diferentes categorias ecológicas e considera-los como indicadores da qualidade ambiental, pois atestam o grau de alteração em que se encontra o seu habitat. As espécies raras que se encontram em vegetações inalteradas são boas indicadoras da qualidade ambiental, a despeito de serem raras. O estudo dos animais revela parâmetros necessários para o monitoramento ambiental com vistas ao desenvolvimento de obras de manejo e conservação. Uma linha de transmissão (LT - 230 Kv) Terceiro circuito foi implantada nos estados de Paraíba e Pernambuco com as subestações de Goianinha - PE e Mussuré PB em 2003. Na faixa de servidão desta LT foram executadas atividades que podem gerar impactos ambientais. Foi realizado um inventário da fauna de mamíferos para observar os

possíveis impactos ambientais, bem como a influência das ondas eletromagnéticas, tanto em ambiente de mata Atlântica quanto em área alterada (Tabuleiro). 2 - MATERIAL E MÉTODOS 2.1 - LT 230 Kv Goianinha Mussuré A linha de transmissão 230 Kv - Goianinha PE / Mussuré - PB, circuito 3 interliga as subestações de Goianinha, no município de Condado - PE e Mussuré, no município de João Pessoa - PB, ambas de propriedade da Companhia Goiana Transmissora de Energia S / A. A responsável pela instalação da linha é a empresa Hotline LTDA. Os campos elétricos e magnéticos produzidos pelas linhas de transmissão são de freqüência extremamente baixa igual a 60 Hz (Hertz). Na construção de uma linha de transmissão (LT), a implantação da faixa de servidão constituiu uma das etapas mais delicadas, pois nesta foram executadas atividades de grande abrangência ambiental e socioeconômica que resultam na ocorrência de impactos antrópicos significativos no meio biótico. A implantação da faixa de servidão implica na supressão da vegetação ao longo de todo o traçado, para construir as estruturas e permitir o lançamento dos cabos elétricos. Por este motivo, o projeto da implantação LT 230 Kv teve um subprojeto de análise de impacto ambiental, com o objetivo de definir os procedimentos, critérios e especificações técnicas que foram adotados na supressão da vegetação para implantação da faixa de servidão, assim como no monitoramento da fauna, realizado pela empresa Eco Projetos e Consultoria LTDA. 2.2 - Área de estudo A linha de transmissão corta remanescentes de Mata Atlântica e de áreas alteradas (Tabuleiros) nos seus 52 Km de extensão. A formação vegetal da M.A. nesta área distribui-se por 4,1% em manchas descontinuas, indicando um alto grau de antropização deste ecossistema. O ambiente de Tabuleiro é uma área constituída por uma vegetação do tipo secundária, onde predominam gramíneas e ervas, com pouca presença de árvores, geralmente, cajueiros. O ambiente encontra-se em estado de regeneração, com amplas áreas abertas e degradadas. O clima da região apresenta dois períodos bem definidos, sendo um chuvoso (Março a Agosto) e outro seco (Outubro a Janeiro). A média anual das temperaturas máximas atinge 28,1 ºC, enquanto que a média das mínimas atinge 25 ºC. Os solos apresentam 81,09% de suscetibilidade à erosão, sendo marcados por manchas isoladas de Mata atlântica e Tabuleiro que se distribuem em quase todos os municípios de Goiana PE e nos municípios do Conde e de João Pessoa PB. Esta linha, tem como influência direta do eletromagnetismo para o meio biótico, uma área formada pela faixa de servidão com 40 metros (LINHA A) de largura e

-630-70 -730-80 -830 RN CE Pa raíba PE 390 3830 380 37 30 370 3630 360 35 30 3 0102Fonte:Atlas Escolarda 0Km Paraíba,2 02-630 -70-730 -80-830 RN CE PE 390 3830 380 37 30 370 3630 360 35 30 3 0102 Fonte:Atlas 0Km Escolarda Paraíba,2 02 os locais dos canteiros das obras onde as intervenções do empreendimento ocorreram de forma mais intensa e direta. Já a área de influência indireta, dista aproximadamente 150 metros (LINHA B) da linha de transmissão, com praticamente nenhum efeito antrópico. Como não seria possível amostrar toda a extensão da linha foram escolhidos alguns fragmentos de Mata Atlântica e Tabuleiro, situados próximos ao município de Alhandra na Paraíba, Mapa 1. Pois, estudos feitos previamente, mostraram que as áreas florestadas de Pernambuco apresentaram uma maior taxa de degradação, além de evidências de alterações antrópicas, como a introdução de animais domésticos. Pa raíbamapa 1. Mapa do estado da Paraíba, mostrando a localidade de Alhandra PB (área hachurada), onde foram realizadas as coletas 1 (ambiente de tabuleiro) e 2 (Mata Atlântica). 2.3 - Procedimento amostral A amostragem foi realizada utilizando-se 80 armadilhas que capturam o animal vivo (Sherman live-trap), de formato retangular, confeccionada em chapas de ferro galvanizado, medindo 25 cm de comprimento x 8 cm de largura x 9 cm de altura, dispostas num transecto em linha (AURICCHIO, P e SALOMÃO M. G. 2002, p 153). Elas foram colocadas em locais que indiquem ser o mais favorável à captura em um transecto localizado na área de influência direta da LT 230 Kv e outro no local de influência indireta. 40 armadilhas, por transecto, distanciadas uma das outras por aproximadamente dez passos ficaram armadas durante, pelo menos, 6 noites consecutivas, em cada período de coleta. Elas foram examinadas diariamente, com o objetivo de verificar a presença de animais e a qualidade da isca, pasta de amendoim (nome comercial: amendocrem) com sardinha. As capturas foram feitas de acordo com a licença Nº 0652003-CGFAU / LIC fornecida pelo IBAMA. Dados adicionais foram obtidos pelo emprego de 40 armadilhas de queda (pitfalltrap) sob forma de baldes de 20 litros enterrados ao nível do solo (CORN, 1994, p.105). Elas foram revisadas todos os dias pela manhã. Cada espécime capturado foi acondicionado em sacos plásticos, onde foi anotada a data de captura. Esta metodologia é eficaz tanto para pequenos mamíferos terrestres quanto para pequenos répteis e anfíbios. Outro método amostral consistiu da procura ativa e da coleta manual de espécimes que foram realizadas durante o dia e principalmente à noite. Esse esforço visou complementar o resultado das armadilhas de queda que são menos eficientes na captura de espécies arborícolas e de maior porte. Os mamíferos de médio e grande porte foram alvo de levantamentos nãosistemáticos, através de evidências diretas, visualizações e ou fotografias, e indiretas, rastros e fezes. Além da consulta a moradores da região através de entrevistas semi-estruturadas (questionário em anexo).

2.4 - Esforço e Sucesso de captura O esforço de captura (armadilhas-noite) foi calculado pela seguinte fórmula: EC = (N de armadilhas x N de noites em que elas ficaram armadas) O sucesso de captura foi calculado a partir da seguinte fórmula: 2.5 - Abundância relativa SC = (N de espécimes / EC X 100) A abundância relativa foi obtida pela seguinte fórmula: N de indivíduos de uma espécie capturados no habitat AR= N de indivíduos de todas as espécies capturados nesse habitat 2.6 Preparação dos exemplares de pequenos mamíferos Os exemplares foram taxidermizados pelos métodos usuais e sua pele e crânio (espécime-testemunha) foram depositados na coleção do DSE (Departamento de Sistemática e Ecologia) da UFPB. A identificação foi feita através da comparação com exemplares da referida coleção, com o uso de chaves de identificação, comparação com a literatura científica e consulta a especialistas. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO 3.1 - Pequenos mamíferos terrestres Foram registrados, 18 espécimes de pequenos mamíferos, distribuídos em duas ordens e seis espécies: cinco da Ordem Didelphimorphia e um de Rodentia, ver (Tabela 1). Tabela 1-Lista das espécies capturadas de acordo com o tipo de armadilha. Ordem / Família Espécie Baldes Sherman Didelphimorphia / Didelphidae Didelphis X albiventris Gracilinanus X agilis Marmosa X murina Monodelphis X domestica Micoureus X demerarae Rodentia / Muridae Oryzomys X subflavus Total 6 espécies 2 4

Foi observada uma maior eficácia nas armadilhas Shermman do que nos baldes. O Farrel et al (1994, p.694) compararam armadilhas Sherman com armadilhas tipo gaiola, na captura de roedores nos desertos do Mediterrâneo, verificando maior eficácia nas do segundo tipo. As armadilhas Sherman, no entanto, são eficazes para estudos em Mata Atlântica e possuem facilidade para transporte. Estudos feitos por Slade et al (1993, p.159) mostraram que pequenos mamíferos foram significativamente capturados por armadilhas Sherman. Stallings (1999, p. 172) obteve considerável sucesso na captura de pequenos mamíferos terrestres utilizando este tipo de armadilha. 3.1.1 Esforço, suficiência amostral e sucesso de captura Esforço de captura O esforço de captura por coleta foi de 720 armadilhas-noite por ambiente estudado, sendo 1440 no total do trabalho. Suficiência amostral Para conferir se o número de armadilhas utilizado foi suficiente para amostrar a diversidade é utilizado o gráfico da curva do coletor. A suficiência amostral da Mastofauna pode ser verificada através da Curva do Coletor (CAIN, 1938, P. 574). Segundo este autor, a suficiência amostral é atingida quando um incremento de 10% no tamanho da amostra corresponde a um incremento de 10% ou menor no número de espécies levantadas. Neste trabalho, os dados observados no Gráfico 1, indicam que o número acumulado de espécies coletadas em armadilhas "Sherman" e "pitfalls" estabilizou-se nos últimos dias do levantamento. Estes fatos indicam que o esforço de captura empregado, somando as duas metodologias, amostrou de maneira satisfatória, a riqueza de pequenos roedores e marsupiais nas áreas estudadas. Número de espécies 2,5 2 1,5 1 0,5 0 1 2 3 4 5 6 7 Tempo de amostragem pitfall shermman A Número de espécies 6 5 4 3 2 1 0 1 2 3 4 5 6 Tempo de amostragem pitfall shermman B Gráfico 1. Curva do coletor da área de tabuleiro (A) e para a de Mata Atlântica (B) comparando os dois tipos de armadilhas utilizadas (pitfall e Sherman).

Para o ambiente de Tabuleiro (A) as armadilhas do tipo pitfall foram mais eficazes que as do tipo Sherman, possuindo pico máximo de duas espécies. Para a Mata (B), a armadilha Sherman foi bem mais eficaz que o pitfall atingindo um pico máximo de cinco espécies. Sucesso de captura O sucesso de captura foi calculado para todos os ambientes estudados apenas para os animais da Ordem Rodentia e Didelphimorphia, grupos em que o esforço de captura era conhecido (Tabela 2): Tabela 2- Sucesso de captura dos pequenos mamíferos não-voadores por habitat amostrado. Tabuleiro Mata Atlântica Áreas de influência Armadilhas noite / (número de exemplares coletados) Linha A (direta) 60 (3) 60 (10) Linha B (indireta) 60 (1) 60 (4) Total dos animais 4 14 coletados Total de 720 720 armadilhas-noite* Sucesso de 0,5 % 1,9% captura * Considerado o número total de armadilhas (Sherman e baldes) Foi observado um baixo sucesso de captura (1,9%), comparado com outras áreas de Mata Atlântica, embora ele tenha sido consideravelmente maior do que o do ambiente de tabuleiro (0,5%). A área de influência direta obteve maior êxito para os dois ambientes. As coletas neste trabalho ocorreram apenas na época chuvosa (Maio e Julho). Sousa (1999, p. 42) observou uma taxa maior de captura no mês de Outubro de 1998 (período seco) em ambiente de Brejo de Altitude em Pernambuco. Segundo Hermann, (1991 apud Sousa, 1999, p. 42) estudos na Mata Atlântica, mostram que a captura de pequenos mamíferos tende a aumentar na estação seca, pois os animais têm que se deslocar por mais ambientes à procura de alimento. 3. 2 - Comparação por espécie entre as linhas A e B A área de influência direta (linha A) da LT 230 Kv apresentou o maior número de capturas de pequenos mamíferos (cinco espécies) em relação à área de influência indireta (linha B), onde apenas 2 espécies foram capturadas (um Rodentia e um Didelphimorphia). A maior diversidade de pequenos mamíferos foi observada no fragmento de Mata Atlântica. Observa-se uma dominância dos representantes da ordem Didelphimorphia nas áreas estudadas. (Tabela 3).

Tabela 3. Lista comparativa da ocorrência das espécies de pequenos mamíferos na área de influência direta e indireta da LT 230 Kv nos ambientes estudados. Ordem / Família Espécie LINHA A* LINHA B* Didelphimorphia / Didelphis X Didelphidae albiventris Gracilinanus agilis X Marmosa murina X Monodelphis X domestica Micoureus X demerarae Rodentia / Muridae Oryzomys X X subflavus Total 6 espécies 5 2 * Linha A = área de influência direta e linha B = indireta. Maior número de capturas de pequenos mamíferos foi encontrada na Linha A. Seria esperado, que a linha B tivesse um sucesso de captura maior, devido a se encontrar distante da faixa de servidão e da influência da linha de transmissão. Não há estudos científicos com populações naturais sobre os efeitos do eletromagnetismo. No entanto, Ramírez (2001, p.7) relatou não haver evidências científicas de quaisquer efeitos adversos em animais, particularmente mamíferos, tais como: mudanças nas respostas comportamentais a campos elétricos e magnéticos de 60Hz. Estudos laboratoriais feitos em 140 ratos submetidos à exposição a estes campos, não evidenciaram diretamente qualquer patologia aos animais. 3.3 - Abundância relativa A abundância relativa de captura, para cada ambiente estudado, pode ser observada no Gráfico 2. 80% 70% 60% 50% 40% 30% Mata Atlântica Tabuleiro 20% 10% 0% Didelphis albiventris Gracilinanus agilis Marmosa murina Monodelphis domestica Micoureus demerarae Oryzomys subflavus Gráfico 2 Abundância relativa de captura dos pequenos mamíferos (roedores e marsupiais) por tipo de habitat:

A espécie G. agilis foi a mais abundante neste trabalho, sendo encontrada apenas no Tabuleiro, contrariamente a O. subflavus que ocorreu em ambos os ambientes. Pode-se observar que dos 18 espécimes de mamíferos, alguns se encontram, exclusivamente, na Mata Atlântica e pertencem as espécies: D. albiventris, M. murina, M. domestica e M. demerarae. Já G. agilis foi capturada apenas no tabuleiro. Enquanto que O. subflavus ocorreu nos dois ambientes. A riqueza de espécies, no entanto foi inferior na área de tabuleiro, isso, possivelmente, ocorreu por esta ser uma área aberta e já degradada pela ação antrópica. A área de Mata Atlântica demonstrou melhor diversidade de espécies, mesmo sendo um fragmento de vegetação secundária. A maior riqueza de espécies encontrada neste trabalho na área de Mata Atlântica, (cinco), no entanto, foi inferior a encontrada por outros pesquisadores em outros ambientes mais conservados. Graipel, Cherem e Ximenez (2001, p. 116) encontraram 12 espécies de pequenos mamíferos em levantamento realizado na ilha de Santa Catarina no período de 1998 a 2000. Guedes et al (2000, p. 97), encontraram sete espécies em levantamento realizado no Parque Nacional de Ubajara, no estado do Ceará, no período de 1998 a 1999. Estas diferenças, possivelmente, se devem a diferenças no esforço amostral entre os trabalhos. Em um estudo comparativo da fauna de pequenos mamíferos em áreas alteradas e mais conservadas (unidades de conservação) nos biomas Mata Atlântica e Cerrado dos estados de Minas Gerais, Espírito Santo e São Paulo, Bonvicino, Lindbergh e Maroja (2002, p.770), descrevem que as áreas conservadas destes ambientes apresentaram diversidade mais alta. Em ambos os biomas, foram encontrados espécies endêmicas apenas nas áreas conservadas, certamente isto indica que o grau de conservação de um local se reflete na preservação da biodiversidade. A área de maior captura foi o fragmento de Mata Atlântica (14). Na ordem Rodentia, a espécie mais capturada foi O. subflavus com cinco espécimes capturados na Mata e um no Tabuleiro. Na ordem Didelphimorphia, foi M. domestica, com quatro espécimes, capturadas exclusivamente, na Mata D. albiventris, entretanto, foi a espécie menos capturada com apenas um espécime capturado na Mata. Bonvicino; Lindbergh e Maroja (2002, p.770) observaram baixos índices de captura para D. albiventris em vegetação bastante degradada, contrariando o que é geralmente encontrado na literatura de que esta espécie suporta áreas fragmentadas. 3.4 - As espécies de pequenos mamíferos terrestres Ordem Didelphimorphia Família Didelphidae Didelphis albiventris (Lund, 1840) Gambá-de-orelha-branca

É um animal de grande distribuição geográfica, habita qualquer local que lhe proporcione abrigo, segurança e alimentação, inclusive ambientes domésticos e de área urbana. O único exemplar coletado, foi capturado através de pit-fall. Emmons (1997,.p.16) descreve que esta espécie está distribuída no Brasil nas regiões Nordeste, Centro-Oeste, Sul e Sudeste. Para os moradores locais deste trabalho, este é um animal de um odor bastante desagradável, muito conhecido em toda a região da área de estudo. Gracilinanus agilis (Burmeister, 1854) Catita, guaiquica É um marsupial arborícola muito pequeno, com um anel escuro em volta dos olhos, que se estende em uma linha pelas laterais do focinho. Cauda curta e coloração marrom alaranjado. Emmons (1997,.p.33) afirma sobre a distribuição desta espécie ocorre no Brasil de modo semelhante a G. microtarsus. O G. agilis é mais acinzentado e menor que o marsupial Marmosa murina. Neste trabalho, foram coletados 3 exemplares, capturados pela armadilha pitfall, apenas no ambiente de Tabuleiro. Ressalta-se que esta espécie ainda não tinha sido registrada na região da Mata Atlântica da Paraíba. Marmosa murina (Linnaeus, 1758) Cuíca Neste trabalho, foram capturados 2 exemplares em um fragmento secundário de Mata Atlântica. As fêmeas não possuem bolsa e os testículos dos machos são azuis. Há uma continuação dos pêlos ao longo da cauda de pelo menos 1,5 cm partindo da base e o restante da cauda é desnudo (EMMONS, 1997,.p.24). Monodelphis domestica (Wagner, 1842) Rato-cachorro Foram coletados quatro exemplares no ambiente de Mata Atlântica. Para Emmons (1997,.p.36) esta espécie geralmente é encontrada em florestas decíduas, savanas, na periferia de localidades agrícolas e casas. São noturnos e diurnos, terrestres e solitários. Micoureus demerarae (Thomas, 1905) Guaiquica, cuicão, gambá-mirim O presente estudo capturou 2 exemplares no fragmento de Mata Atlântica. Emmons (1997,.p.23) afirma que este marsupial está presente em galerias de florestas tropicais secundárias, jardins e plantações. Tem hábitos noturnos, são arborícolas e solitários. Possuem um anel escuro ao redor dos olhos e as orelhas são nuas e alaranjadas. A cauda é nua, mas com pêlos que recobrem da base até aproximadamente 3-5 cm. ao longo dela formam-se algumas manchas escuras. As fêmeas não possuem bolsa e os testículos dos machos são azuis. Segundo Graipel, Cherem e Ximenez (2001.p.120) este marsupial faz ninhos arredondados em árvores ou arbustos a uma altura de 1,5 a 3 metros, sendo raramente capturado no solo. Ordem Rodentia Família Muridae Oryzomys subflavus (Wagner, 1842) Camundongo do mato, rato da fava

Foi a espécie mais abundante deste estudo, com seis exemplares coletados, sendo cinco na Mata Atlântica e uma no Tabuleiro. Para Emmons (1997,.p.199) estes são ratos arborícolas de hábitos semiaquáticos, possuem uma pelagem acinzentada, orelhas curtas e peludas e a cauda é mais longa que o comprimento da cabeça e do corpo juntos. São noturnos, terrestres e solitários. Geralmente são dominantes como pequenos mamíferos em florestas tropicais. Para Alho (1982,.p.153) esta espécie tem como habitat o Cerrado, a Caatinga e a Mata Atlântica. 3.5 - Mamíferos de médio e grande porte Estes animais devido a suas condições (alguns se encontram ameaçados de extinção) não foram capturados e sim, alvo de levantamentos indiretos. Foram entrevistados dois moradores da Granja Espírito Santo (ambiente de Tabuleiro) e dois funcionários da empresa Argamassa / Polimassa (ambiente de Mata Atlântica). Por estes métodos, foram registradas 19 espécies de mamíferos de médio a grande porte, distribuídas nas seguintes ordens: cinco Xenarthra, um Primate, nove Carnivora, três Rodentia e um Lagomorpha (Tabela 4). Não observamos evidências indiretas, pegadas e rastros, apesar do esforço de busca de cerca de quatro horas por dia / noite nas imediações das áreas de coleta. Tabela 4- lista das espécies citadas nas entrevistas para as áreas estudadas. Ordem / Família Espécie Nome popular M. A. Tab. Xenarthra / Dasypodidae Dasypus novencinctus Tatu verdadeiro X X / C Euphractus sexcintus Tatu-peba X X / C Cabassous unicinctus. * Tatu rabo de Couro, chiba X X /C Mymercophagidae Myrmecophaga tridactyla * Tamanduá-bandeira X /C - Tamandua tetradactyla Tamanduá-mirim - X /C Primate / Callithrichidae Callithrix jacchus Sagüi X / C Carnivora / Canidae Cerdocyon thous Raposa - X / C Mustelidae Galictis vitata Furão - X / C Lontra longicaudis * Lontra X - Procyonidae Nasua nasua * Quati X - Procyon cancrivorus Guará, Guaxinim - X Felidae Herpailurus yaguarondi * Gato azul X X Leopardus wiedii Gato-maracajá X - Leopardus tigrina Gato do mato - X Puma concolor * Gato vermelho X X Rodentia / Agutidae Agouti paca Paca X - Dasyproctidae Dasyprocta phymnolopha Cutia X / C X / C Hydrochoeridae Hydrochaeris hydrochaeris * Capivara X / C X / C Lagomorpha / Leporidae Sylvilagus brasiliensis Coelho X / C X / C Total 19 espécies M.A. = Mata atlântica, TAB. = Tabuleiro, X = presença na entrevista, C = identificação conferido com ilustrações mostradas aos entrevistados e - = ausência nas entrevistas. * Espécies de difícil ocorrência no local que os entrevistados afirmaram. Das 19 espécies citadas, nove não foram identificadas através das ilustrações pelos entrevistados e outras sete possivelmente são de difícil ocorrência no local. Estudos realizados por Guedes et al (2000, p.97) em uma área de Brejo de Altitude no Ceará, registraram a ocorrência de nove espécies de mamíferos de

médio e grande porte por meio de entrevistas. Destas, cinco espécies foram descritas nas entrevistas deste trabalho para o fragmento de mata estudado: Dasypus novencinctus, Cerdocyon thous, Galictis vittata, Nasua nasua e Agouti paca. No entanto, possivelmente, Cabassous unicinctus, Myrmecophaga tridactyla, Lontra longicaudis, Nasua nasua, Herpailurus yaguarondi, Puma concolor e Hydrochaeris hydrochaeris, que também foram citadas devam ser de difícil ocorrência na região, por exigirem amplas áreas para o seu deslocamento em busca de alimento e abrigo ou por suas próprias características ecológicas. Além disso, alguns moradores afirmaram a existência de algumas espécies, porém não sabem precisar, há quanto tempo que a observaram no local ou ainda não conseguiram relacionar o nome da espécie que tinham comentado com a respectiva ilustração. 3.5.1 - Perfil dos entrevistados Foram entrevistados dois moradores sobre a mastofauna do ambiente de Tabuleiro: J.L.S. de 52 anos e J.L. de 56 anos que residem na localidade há 12 anos e possuem apenas o primeiro grau. Para a área da Mata Atlântica, entrevistamos dois funcionários da empresa Polimassa / Argamassa, P.R.S. de 27 anos e S.L.M. de 55 anos que trabalham na empresa há 8 anos e 12 anos, respectivamente. Ambos possuem o primeiro grau incompleto. 4 CONCLUSÕES Foram registradas seis espécies de pequenos mamíferos, compreendidas em duas ordens e duas famílias. A família Didelphidae foi a melhor representada em número de espécies, A espécie mais abundante foi Oryzomys subflavus, roedor capturado em ambos os locais. Ressalta-se também a ocorrência de Gracilinanus agilis, espécie de marsupial ainda não registrada para a Mata Atlântica da Paraíba. A área de estudo do Tabuleiro foi o ambiente menos diverso, enquanto que o fragmento de Mata Atlântica foi o que apresentou a maior riqueza de espécies. Houve um maior sucesso de captura dentro da área de influência direta tanto no Tabuleiro quanto Mata Atlântica. Foram registradas 19 espécies de mamíferos de médio e grande porte, distribuídas nas seguintes ordens: cinco Xenarthra, um Primate, nove Carnivora, três Rodentia e um Lagomorpha. Destas 19 espécies citadas, nove não foram identificadas através das ilustrações e outras sete possivelmente são de difícil ocorrência no local.

5 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALHO, C. J. R. Brazilian Rodents: their habitats and habits. In: Mammalian Biology in South America (Ed.: Mares, M. e Genoways, H. H.) Pymatuning Laboratory of Ecology, University Pittsburgh, 1982. 143-166. AURICCHIO, P. e SALOMÃO, M. G. Técnicas de coleta e preparação de vertebrados para fins científicos e didáticos. Instituto Pau Brasil, 2002. 350 p. BONVICINO, C. R. ; LINDBERGH, S. M. ; MAROJA, L. S. Small non-flying Mammals from conserved and altered áreas of Atlantic Forest and Cerrado: Comments on their potential use for monitoring environmental. Journal Biological Brazilian, 62 (4B): 2002. p.765-774 CAIN, S.A. The species-area curve. American Midland Naturalist. v.119, 1938. p.573-581. COIMBRA FILHO, A. F., CÂMARA, I. de G. Os limites originais do bioma Mata Atlântica na Região Nordeste do Brasil, FBCM, 1996. 81p. CORN, P.S. 1994. Straight-Line Drift Fences and Pitfall-traps. In: Measuring and Monitoring Biological Diversity. Standard methods for Amphibians. Heyer, W.R.; Donelly, M. A; McDiarmid, R.W.;& Foster, M.S. Smithsonian institution Press, Washington and London. 364 p. EMMONS, L. H. Neotropical Rainforest Mammals: A field Guide. 2 ed. The University of Chicago. Press. Chicago, 1997. 307p. FONSECA, G. A. B. The Vanishing Brazilian Atlantic Forest. Biological Conservation, England, n. 34, 1985. p.17 34. GRAIPE, M. E., CHEREM, J. J.,XIMENEZ, A. Mamíferos terrestres não-voadores da Ilha de Santa Catarina, Sul do Brasil. Biotemas, v2, n.14, p.109-140, 2001. GUEDES, P. G. et al. Diversidade de Mamíferos do Parque Nacional de Ubajara CE, Brasil. Journal of Neotropical Mammalogy, v2, n.7, p. 95 100. KELT, D. A. Ecology of Small Mammals across a Strong Environmental Gradient in Southern South America. Journal of Mammalogy, v1, n.77, p. 205 219, Fev. 1996. O FARREL, M. J.; et al. Use of a Mesh live trap for small mammals: Are results from Sherman live traps deceptive? Journal of Mammalogy, v3, n.75, p. 692 699, Ago. 1994. RAMÍREZ, J. A. Campos Eletromagnéticos In: workshop nacional: Efeitos Biológicos Devidos à ação de Campos Eletromagnéticos, 2001, São Paulo. Anais... São Paulo: USP, 2001. SLADE, N. A., et al. Differential effectiveness of standard and long Sherman livetraps in capturing small mamals. Journal of Mammalogy, v1, n.74, p.156 161, Fev. 1993. SOUSA, M. A. N. de. A fauna de Mamíferos do Parque Ecológico Vasconcelos Sobrinho, Caruaru PE. 1999. 57f. Dissertação (Mestrado em Ciências Biológicas). Departamento de Sistemática e Ecologia. Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa, 1999. STALLINGS, J. R. Small Mammals inventories in an Eastern Brazilian Park. Bulletin Florida State Museum. p. 152 200, 1999. AGRADECIMENTOS A Companhia Goiana Transmissora de Energia S/A, representada pela Hotline LTDA, responsável pela instalação da LT 230 Kv, pelo apoio financeiro neste trabalho. A empresa ECO projetos e consultoria LTDA, pelo apoio logístico no desenvolvimento dos trabalhos de campo. Ao DSE (Departamento de Sistemática e Ecologia) da UFPB, na pessoa do Prof. Dr. Alfredo Langguth, pelo apoio durante as análises laboratoriais e suporte literário.

ANEXO: Questionário de entrevista semi-estruturada. DADOS PESSOAIS. 1) Nome: 2) Idade: 3) Há quanto tempo trabalha / reside no local? 4) Até que série você estudou? COM RELAÇÃO À FAUNA LOCAL 5) Quais animais de pêlo que você já viu no local? 6) Quais deles você reconhece nestes desenhos? 7) Diga algumas características que você sabe sobre eles? [1] Departamento de Biologia, CCBS, Universidade Estadual da Paraíba, UEPB sousa_marcos@hotmail.com [2] Graduado em Ciências Biológicas - Universidade Estadual da Paraíba