Resumo Aula-tema 09: Evolução dos Indicadores de Ciência, Tecnologia e Inovação nos BRICS Esta aula tratará da análise e comparação dos indicadores de Ciência Tecnologia e Inovação nos BRICS. Vimos nas aulas tema 1 e 2 que a inovação tecnológica foi colocada como fator vital para o crescimento e desenvolvimento dos países. O Projeto Econômico para a América Latina colocava este tema como primordial para o desenvolvimento com equidade. Nesta aula vamos discutir como os Países dos BRICS estão tratando o tema e como isto pode contribuir para o crescimento econômico dos países do grupo a longo prazo. Como ressaltamos acima, o progresso tecnológico é um dos principais determinantes do desenvolvimento econômico a longo prazo. Logo, é imperativo conhecer o processo gerador e difusor de tecnologia, bem como saber se existem políticas públicas para as áreas de Ciência, Tecnologia e Inovação (C,T&I). Assim, este texto faz um panorama sobre os principais indicadores de C,T&I de Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul (BRICS), ressaltando os principais avanços que cada país vem realizando nos últimos anos e suas perspectivas. Inicialmente apresentaremos os dados dos 4 países que faziam parte dos BRICS. A África do Sul, incorporada em 2011, possui programas para o desenvolvimento da Ciência e Tecnologia. Vale destacar os programas voltados à tecnologia sustentável. Na Tabela 1, observa-se a evolução do indicador mais usual de C,T&I, que são os gastos domésticos com Pesquisa e Desenvolvimento (P&D). Dentre os 4 países que compunham inicialmente os BRICS, a China apresentou o maior percentual em relação ao PIB, tendo uma tendência de crescimento no período. A Índia, por sua vez, ficou com o menor valor e teve tendência de queda. O Brasil apresentou poucas oscilações, ficando em torno de 1,0 % do PIB. Além disso, nessa mesma tabela, também se pode verificar que há dois grupos: os que apresentaram aumento de gastos em P&D e os que os reduziram. A China apresentou um grande aumento na participação, seguida pelo Brasil, ainda que com um crescimento mais moderado. Rússia e Índia mantiveram percentuais relativamente estáveis.
A evolução nos indicadores de C,T&I é um esforço conjunto entre as esferas pública e privada de cada país. Cabe então uma análise sobre a distribuição dos gastos em P&D nos diversos setores de atuação dos 4 países que compunham os BRICS, sumarizada pela Tabela 2. Deve-se destacar que Índia e Brasil têm os maiores percentuais de gastos por parte do governo e das instituições de ensino e pesquisa, enquanto, nos demais, o maior percentual dos gastos fica a cargo do setor privado. A Figura 1 detalha os gastos em P&D privados nos 4 países que compunham inicialmente os BRICS. A Índia foi o único país que mostrou decréscimo durante todo o período. Comparando os 4 países com outro país em desenvolvimento, como o México, constata-se que as empresas mexicanas apresentaram uma trajetória de constante crescimento tal como Brasil e China, ainda que em magnitude inferior.
Através da Tabela 3, pode-se fazer uma análise mais apurada para o caso brasileiro. O crescimento dos gastos empresariais em C&T privados e estatais cresceram simultaneamente entre 2000 e 2007, sendo que o primeiro mantém a liderança. Outro indicador relevante é relacionado ao capital humano, que mensura o número de pesquisadores por mil habitantes nos países, como pode ser visto na Tabela 4. A Rússia é o país com o maior número de pesquisadores por mil habitantes, fruto da era soviética de pesquisa militar. Dentre 4 países, a China está crescendo a taxas elevadas e o Brasil está estagnado em torno de 1 pesquisador por mil habitantes. Ademais, vale ressaltar também o número de artigos publicados em periódicos científicos, um indicador do desempenho científico do país. Entre 1981 e
2006, o número de artigos publicados cresceu significativamente na maioria dos países, todavia, em 2006, têm-se alterações importantes. A Rússia apresentou uma redução de 12% do número de artigos e, em sentido oposto, a China salta da última posição para a liderança do grupo devido a um crescimento avassalador, acima de 4.000 %. Quanto ao Brasil, este apresentou um crescimento significativo, de quase 800%, entretanto não foi suficiente para alcançar a Índia, que apresentou um desempenho abaixo de 10 % de crescimento, mas atingindo o número de 25.610 artigos publicados em 2006. (Ver tabela 6 do capítulo 4 do livro texto) A Figura 2 ilustra a participação percentual do país em relação ao total mundial na produção de artigos científicos no período entre 1995 e 2005, ressaltando inclusive a participação de duas das principais economias do mundo, a saber, Estados Unidos e Japão. Os Estados Unidos foram responsáveis por 30% dos artigos totais, e o Japão, por quase 8%. Já o Brasil sequer alcançou a casa de 2%, enquanto a Rússia teve redução na participação. Quanto à China, em 10 anos ampliou em 4 pontos percentuais a sua representatividade, atingindo 5,9% e se aproximando do Japão.
Embora alguns países tenham apresentado uma evolução nos indicadores de esforço, nem todos lograram expansão no número de patentes, a qual está resumida na Tabela 8. Novamente, a China destacou-se, passando de 90, em 2000, para 433 patentes em 2005, uma elevação de cerca de 380 %. O Brasil passou de 34 patentes em 2000, para 59 patentes depositadas em 2005, aproximadamente 73,53% de crescimento. Vale ressaltar que o crescimento dos 4 países tem sido superior, em média, ao desempenho da OCDE. O conjunto dos 4 países teve um crescimento de 147,88% contra apenas aproximadamente 8,67% da OCDE. Todavia, os 4 membros, individualmente, em 2005, não alcançaram 1% do total de patentes no mundo. Brasil e Rússia assemelham-se, representando cerca de 0,1% das patentes registradas, a Índia possui uma representação de cerca de 0,2% das patentes, e a China, de 0,7%. O crescimento da Índia (0,41 %) superou o da China (0,33 %), no que tange ao subgrupo baixa e média-baixa tecnologia. O Brasil, por sua vez, foi superior à Rússia, com um crescimento de 0,15 % ante um crescimento de 0,04 %. Os quatro países que compunham os BRICS inicialmente apresentaram crescimento superior em relação à média dos países da OCDE. Em relação à indústria, Brasil e Rússia obtiveram crescimentos inferiores, ao passo que a OCDE novamente apresentou um crescimento médio inferior ao 4 países em análise. Outro importante indicador é a exportação de equipamentos ligados à ciência e à tecnologia. A Tabela 10 mostra um relativo aumento das exportações nesse quesito. Entre os 4 países, a China destaca-se novamente, evidenciando um crescimento exponencial e atingindo o patamar de 300 milhões de dólares em 2006.
Outros 3 países membros também apresentaram crescimento, contudo, com taxas muito aquém da chinesa. O Brasil, por sua vez, firmou-se como o segundo maior exportador do grupo, passando de US$ 2.513 milhões de dólares, em 2000, para US$ 4.396 milhões, em 2006. Apesar de esses países apresentarem comportamento similar quanto à tendência dos indicadores analisados, possuem, também, diferenças substanciais nas magnitudes do esforço e do resultado tecnológico. Pode-se finalmente considerar que, mesmo diante da heterogeneidade, existe um esforço comum, no qual a África do Sul que foi incorporada em 2011 se insere, em investir na construção de um sistema científico e de inovação qualificado, capaz de promover a esses países uma inserção internacional em termos de geração de conhecimento científico e tecnológico. Contudo, cabe destacar que a China está andando mais rápido do que os demais países do grupo, podendo manter a liderança em termos de crescimento econômico por conta disto. Conceitos Fundamentais Capital Humano valorização da força de trabalho, o trabalhador é tido como um ativo intangível da organização, capaz de propor e se adaptar a mudanças mercadológicas. Ciência Conhecimento, informação. Conjunto organizado de conhecimentos sobre determinado objeto, em especial os obtidos mediante a observação dos fatos e um método próprio.
Inovação Introdução de novos produtos ou serviços ou de novas técnicas para sua produção ou funcionamento. Pode consistir na aplicação prática de uma invenção, devidamente desenvolvida. Além do grande impacto que podem produzir e na própria vida social, as inovações têm um importante papel de estímulo a atividade econômica, na medida em que implicam novos investimentos. Pesquisa e desenvolvimento Setor da organização empresarial com a função de realizar pesquisas básicas (cientificas) e aplicadas, além de desenvolver protótipos e processos, visando particularmente a sua aplicação comercial. Patentes Documento emitido pelo governo dando a determinada pessoa física ou jurídica o monopólio sobre uma invenção por tempo determinado. O detentor da patente é o único que pode fabricar usar, vender ou autorizar a utilização do invento durante um período. Tecnologia Abrange o conjunto de conhecimentos aplicados pelo homem para atingir determinados fins. Referências DAMASCENO, Aderbal O. D. et al. Desenvolvimento econômico. 1ª ed. Campinas: Alínea, 2010. Ministério das Relações Exteriores. Disponível em: <http://www.itamaraty.gov.br>. Acesso em: 15 Jul 2012. SOUSA, Nali de Jesus de. Desenvolvimento econômico. 5ª ed. São Paulo: Atlas, 2007. VIAN, Carlos E. F.; PELLEGRINO, Anderson C.; PAIVA, Claudio C.. Economia: fundamentos e práticas aplicados à realidade brasileira. 1ª ed. Campinas: Alínea, 2005.