V Fórum Regional de Agroecologia e VIII Semana do Meio Ambiente Pensar Globalmente, Agir localmente e utilizar ecologicamente 08 a 10 de novembro de 2012 Estudo dos parâmetros da água tratada com solução ultradiluída em recipientes de polímero natural e sintético RENATA RODRIGUES SOLAR 1, STELIANE PEREIRA COELHO 2, MARIANE OLIVEIRA DE ARAÚJO 3, ARIANY DAS GRAÇAS TEIXEIRA 4, FERNANDA MARIA COUTINHO DE ANDRADE 5, VICENTE WAGNER DIAS CASALI 6 1- Agrônoma, UFV, renatasolar@yahoo.com.br 2- Bacharel em Agroecologia, UFV, steagroecologia@yahoo.com.br 3- Graduanda em Agronomia,UFV, mariane.araujo@ufv.br 4- Bacharel em Agroecologia, IF Rio Pomba, arianytexeira@yahoo.com.br 5-Instituto de Homeopatia na Agricultura e Ambiente (IHAMA), Pesquisadora, fernanda@ihama.com.br 6-Universidade Federal de Viçosa, Professor Titular, vwcasali@ufv.br RESUMO: O objetivo da pesquisa foi avaliar o efeito do preparado homeopático Calcarea carbonica 9CH na condutividade elétrica (CE) e no ph da água. Foi adotado o delineamento experimental inteiramente casualizado, com quatro repetições e seis tratamentos, no esquema fatorial 3X2 (3 recipientes, 2 soluções de aplicação), totalizando 24 parcelas experimentais. As medidas foram feitas imediatamente após a aplicação das soluções, 24 e 48 horas depois. Houve efeito dos recipientes e de Calcarea carbonica 9CH nas propriedades físico-químicas da água. PALAVRAS CHAVE: Homeopatia.Tratamento da Água. Altas Diluições. ABSTRACT: Its was evaluated the effect of Calcarea carbonica 9CH homeopathic solution an containers, electrical conductivity (EC) and ph of the water. The dynamic structure of water requires evaluations of their parameters. It was adopted a completely randomized design with four replicaties and six treatments in a factorial 3X2 (3 containers, 2 application solutions), totaling 24 plots. Measurements were taken immediately after application of the solutions, 24 and after 48 hours. There was container effect and of Calcarea carbonica 9CH on physicochemical properties of the water. KEYWORDS: Homeopathy. Water Treatment. High Dilutions. 69
INTRODUÇÃO As alterações físico-químicas da água estão sendo largamente estudadas (PORTO, 1998 e 2004; VYSOTSKII et al., 2005; PANG, 2006), abrindo novos horizontes e discussões. A estrutura da água é dinâmica e ocorrem mudanças rápidas na posição das moléculas (PORTO, 2004). A água líquida tem considerável ordenamento de curta distância e consiste de agregados de pequena duração, conectados por ligações de hidrogênio. A polaridade e a capacidade de formar ligações de hidrogênio caracterizam a água como potente solvente de muitos compostos iônicos e outras moléculas polares (HARNED & OWEN, 1950; LEHNINGER et al., 2002). A ionização da água pode ser medida por meio da Condutividade Elétrica (CE). A água pura transporta a corrente elétrica à medida que o H+ migra em direção ao cátodo e o OH- em direção ao anôdo. O movimento dos íons hidrônio e hidróxido no campo elétrico são anormalmente rápido, comparado com outros íons, tais como: Na +, K + e Cl - (SUTCLIFFE, 1980). O potencial hidrogeniônico representa a atividade dos íons hidrogênio (H + ) na água. O ph é influenciado pela organização diferenciada da água por campos magnéticos e outros fatores. Os preparados homeopáticos influenciam a atividades dos íons (ELIA, 2008). O ph pode influenciar a CE (ESTEVES, 1998). O Carbonato de Cálcio é o principal componente da preparação básica (tintura mãe) da Calcarea carbonica recomendada no tratamento da água (CASALI et al., 2009). Segundo Casali et al. (2006), muitos autores discutem a hipótese que as preparações homeopáticas, ultradiluídas, causam alteração na estrutura da água. Conhecer a estrutura da água é fundamental no entendimento dos fenômenos das altas diluições/homeopatia. Neste trabalho foram admitidas duas hipóteses. Primeira- os recipientes adotados nas experimentações em água possam causar efeito na estrutura da água líquida e esta alteração possa ser sinalizada por atributos físico-químicos como ph e CE. Segunda- há interação entre o recipiente e o tratamento homeopático Calcarea carbonica que tem ação sobre estrutura e constituição (CASALI et al., 2009). A pesquisa teve como objetivo avaliar o efeito do preparado homeopático Calcarea carbonica 9CH na condutividade elétrica (CE) e no ph da água. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido no Laboratório de Homeopatia de Solo e Água, do Departamento de Fitotecnia, na Universidade Federal de Viçosa, no período de 23 a 25 de maio de 2012, no delineamento experimental inteiramente casualizado, com quatro repetições e seis tratamentos, no esquema fatorial 3X2 (3 recipientes, 2 soluções de aplicação), totalizando 24 parcelas experimentais. 70
Os tratamentos foram constituídos pela combinação dos 3 recipientes (vidro de borosilicato, poliestireno e casca de coco natural), Calcarea carbonica 9CH e água destilada como testemunha. Cada recipiente recebeu 80 ml de água mineral (Condutividade Elétrica a 25 o C 359 µs/cm e ph 7,19) e 5 gotas da solução de aplicação. Foi avaliado o ph por meio do potenciômetro modelo DM-21 e a condutividade elétrica (CE) por meio do Condutivímetro, modelo DM-32. As medidas foram feitas imediatamente após a aplicação das soluções e 24 e 48 horas depois. Os dados foram submetidos à análise de variância e as médias comparadas por meio do teste Tukey a 5% de probabilidade. As análises foram realizadas com auxílio do Sistema de Análises Estatísticas e Genéticas (SAEG). RESULTADOS E DISCUSSÃO Imediatamente após aplicação das soluções foi significativa a interação dos recipientes e soluções de aplicação. Após 24 horas e 48 horas foi detectado apenas efeito dos recipientes (Tabela 1). Tabela 1-Análise de variância dos dados de condutividade elétrica (CE) da água imediatamente após a aplicação das soluções (CE0) e 24 horas (CE1) e 48 horas (CE2) depois. Viçosa-MG 2012. ** significativo a 1% de probabilidade pelo teste F * significativo a 5% de probabilidade pelo teste F ns não significativo Quadrado Médio F.V G.L CE0 CE1 CE2 Recipiente (Rec) 2 19220,22 ** 262421,7 ** 410012,0 ** Solução de aplicação (SA) 1 2044,26 * 22,62 ns 137,76 ns Rec X AS 2 2529,90 * 60,57 ns 9587,1 ns Resíduo 18 516,09 2945,96 8693,05 C.V (%) 7,06 13,50 22,72 71
Houve aumento da CE da água no recipiente de polímero de coco natural. Deve ser considerado que este recipiente tem a decomposição estrutural, com o tempo, o que pode ter afetado as propriedades da água. Apenas neste recipiente foi significativa a ação de Calcarea carbonica 9CH na CE da água. A homeopatia reduziu a CE indicando ajuste e equilíbrio (Tabela 2). Tabela 2- Valores médios da condutividade elétrica (µs/cm), imediatamente após a aplicação de soluções de tratamento (CE0). Viçosa-MG. 2012. CE0 Solução de aplicação Vidro Poliestireno Coco Controle 295,77Ba 289,23Ba 408,05 Aa Calcarea carbonica 9CH 295,30Ba 293,75Ba 348,62Ab As médias seguidas pela mesma letra maiúscula na linha e minúscula na coluna, não diferem significativamente entre si, pelo teste TuKey, a 5 % de probabilidade. Após 24 horas (Tabela 3) e 48 horas (Tabela 4) houve efeito do recipiente de coco no aumento da CE. Nestes tempos de avaliação o efeito da Calcarea carbonica não foi mais significativo em reduzir a CE da água. As variações dos parâmetros da água diante o mesmo tratamento reforça a interferência do efeito da parede dos frascos na água (Tabelas 3 e 4), conforme Zheng (2006). Tabela 3- Valores médios da condutividade elétrica (µs/cm), 24 horas após aplicação de soluções de tratamento (CE1). Viçosa-MG. 2012. Recipiente CE 1 Vidro Poliestireno Coco 296,22 B 298,63 B 611,12 A As médias seguidas pela mesma letra, não diferem significativamente entre si pelo teste ukey a 5 % de probabilidade. Tabela 4- Valores médios da condutividade elétrica (µs/cm), 48 horas após a primeira aplicação de solução de tratamento (CE2). Viçosa-MG. 2012. Recipiente CE 2 72
Vidro Poliestireno Coco 261,78 B 298,31 B 670,88 A As médias seguidas pela mesma letra, não diferem significativamente entre si pelo teste TuKey a 5 % de probabilidade. Foi significativo o efeito dos tratamentos no ph da água imediatamente após a aplicação das soluções e 48 horas depois (Tabela 5). Tabela 5-Análise de variância dos dados de ph da água, imediatamente após a aplicação (ph0) e 24 (ph1) e 48 horas (ph2) após aplicação. Viçosa-MG. 2012. * * Significativo a 1% de probabilidade pelo teste F * Significativo a 5% de probabilidade pelo teste F ns não significativo Quadrado Médio F.V G.L ph0 ph1 ph2 Recipiente (Rec) 2 0,10 ** 0,52 ** 1,24 ** Solução de Aplicação (SA) 1 0,41 ns 0,37 ns 0,10 ns Rec X SA 2 0,12 ** 0,11 ns 0,55 ** Resíduo 18 0,87 0,76 0,65 C.V (%) 1,185 1,076 1,003 Os polímeros causaram acidificação da água no tratamento testemunha. A hipótese de resíduos dos recipientes na água deve ser considerada como causa da redução do ph. Também é considerada a hipótese dos recipientes terem causado nova organização das moléculas de água e por isto interferido no ph. O poliestireno é polímero sintético e o coco polímero natural. No recipiente de vidro, Calcarea carbonica causou redução do ph da água, enquanto no recipiente de coco causou aumento. Cabe inferir que houve tendencia a causar equilíbrio do ph da água. Assim, como o recipiente de vidro causou aumento do ph, a homeopatia causou a redução. Por outro lado, no recipiente de coco, que causou redução do ph da água, Calcarea carbonica causou aumento do ph (Tabela 6). 73
Tabela 6- Valores médios do ph imediatamente após a aplicação dos tratamentos (ph0). Viçosa-MG. 2012. ph 0 Solução de aplicação Vidro Poliestireno Coco Controle 8,12 Aa 7,88 Ba 7,70 Cb Calcarea carbonica 7,93 ABb 7,78 Ba 7,97 ABa As médias seguidas pela mesma letra maiúscula na linha e minúscula na coluna, não diferem significativamente entre si, pelo teste de TuKey, a 5 % de probabilidade. As médias de ph, após 24 horas da aplicação das soluções, foram diferenciadas significativamente dentre os recipientes em destaque o coco natural, que causou redução do ph da água (Tabela 7). Tabela 7- Valores médios do ph, 24 horas após a aplicação das soluções de tratamento. Viçosa-MG. 2012. Recipiente ph 1 Vidro Plástico Coco 8,25 A 8,28 A 7,82 B As médias seguidas pela mesma letra, não diferem significativamente entre si pelo teste TuKey a 5 % de probabilidade. Após 48 horas, verifica-se ainda a interferência do recipiente de coco na redução do ph da água e Calcaria carbonica tendo efeito de reduzir o ph apenas no recipiente de vidro (Tabela 8). Tabela 8- Valores médios do ph 48 horas após aplicação das soluções. Viçosa-MG. 2012. ph 2 Solução de aplicação Vidro Poliestireno Coco Controle 8,38 Aa 8,25 Aa 7,60 Ba Calcarea carbonica 9CH 8,15 Bb 8,35 Aa 7,60 Ca 74
As médias seguidas pela mesma letra maiúscula na linha e minúscula na coluna, não diferem significativamente entre si, pelo teste TuKey, a 5 % de probabilidade CONCLUSÃO Há efeito dos recipientes de Calcarea carbonica 9CH nas propriedades físico-químicas da água. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ELIA, V.; NAPOLI, E.; NICCOLI, M.; MARCHETTINI, N. New Physico-Chemical Properties of Extremely Dilute solutions. A Conductivity Study At 25 o C In Relation To Ageing. J Chem. Solution 37: 85-96.2008. ESTEVES, F. A. Fundamentos de Limnologia. Interciência. FINEP. 1998. HARNED, H. S; OWEN, B. B. The physical chemistry of electrolytic solutions. EUA: Reinhold Publ. 1950. 645p. LEHNINGER, A. L.; NELSON, D. L.; COX, M. M. Princípios de bioquímica. 4. ed. São Paulo: Sarvier, 2002. 975 p. PANG, X. F. The conductivity properties of protons in ice and mechanism of magnetization of liquid water. Eur. Phys. J. B, Roma, v. 49, p.5-23, 2006. PORTO, M. E. G. Alterações de propriedades biológicas e físico-químicas da água induzidas por campos magnéticos. 1998. 112 f. Dissertação (Mestrado em Química) Instituto de Química, Universidade Estadual de Campinas, Campinas. 1998. PORTO, M. E. G. Alterações de propriedades da água por processos físicos e químicos. 2004. 175 f. Tese (Doutorado em Química) Instituto de Química, Universidade Estadual de Campinas, Campinas. 2004. SUTCLIFFE, J. As plantas e a água. São Paulo: EPU, v. 23, p.126, 1980. VYSOTSKII, V.; SMIRNOV, I; KORNILOVA, A. Introduction to the biophysics of activated water. Florida: Boca Raton, 2005. 154p. 75