GSI/ a 22 de outubro de 1999 Foz do Iguaçu Paraná Brasil

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Transcrição:

GSI/ 14 17 a 22 de outubro de 1999 Fo do Iguaçu Paraná Brasil GRUPO X SOBRETENSÕES, COORDENAÇÃO DE ISOLAMENTO E INTERFERÊNCIAS (GSI) DETERMINAÇÃO DA DISTRIBUIÇÃO ESTATÍSTICA DE PARÂMETROS DE DESCARGAS ATMOSFÉRICAS INCIDENTES EM TORRES, EDIFÍCIOS E INSTALAÇÕES Carlos Portela * COPPE / UFRJ - Universidade Federal do Rio de Janeiro RESUMO O artigo apresenta um método computacional para avaliar a distribuição estatística dos parâmetros dos impulsos de descargas atmosféricas em torres, estruturas, edifícios e antenas, e eventuais conjuntos ou estruturas compleas, tais como instalações de telecomunicações, subestações e usinas. Esse método é baseado num modelo eletrogeométrico (EGLM), que foi aplicado etensivamente, com bons resultados. A partir da geometria tridimensional do objeto (por eemplo, uma antena, uma torre, um edifício), e, eventualmente, de outros objetos na sua viinhança, e considerando a distribuição estatística dos parâmetros das descargas atmosféricas, em solo plano, obtém-se o número de descargas atmosféricas no objeto (em sentido estatístico), e a distribuição estatística dos principais parâmetros desses impulsos. Apresentam-se alguns eemplos de aplicação prática. PALAVRAS-CHAVE Descarga atmosférica, parâmetros, distribuição estatística 1. - INTRODUÇÃO O artigo apresenta um método computacional para avaliar a distribuição estatística do parâmetros dos impulsos de descargas atmosféricas em torres, estruturas, edifícios e antenas, e eventuais conjuntos ou estruturas compleas, tais como instalações de telecomunicações, subestações e usinas. Esse método é baseado num modelo eletrogeométrico (EGLM, electrogeometric lightning model ), que foi aplicado etensivamente, com bons resultados, avaliados a partir da concordância entre a eperiência operacional e o comportamento previsto em fase de projeto, e está sendo aplicado, presentemente, em diversos projetos, em regiões com elevada incidência de descargas atmosféricas (talve a maior incidência do mundo, em alguns dos locais em causa). 2. - MODELO ELETROGEOMÉTRICO (EGLM) O modelo eletrogeométrico (EGLM) baseia-se no comportamento físico dominante dos fenômenos associados às descargas atmosféricas, considerando, nomeadamente: - A fase de pré-descarga, em que ocorrem sucessivas descargas parciais, no ar, com disrupção ao longo de canais parciais. Após cada descarga parcial, flui carga elétrica através do canal previamente ioniado, formado durante a disrupção. Essa carga acumula-se na etremidade do canal, originando uma outra disrupção parcial, noutro canal parcial, de comprimento r, até se formar um canal completo, entre uma região eletricamente carregada da nuvem, e a terra ou objeto. Esta fase não é facilmente visível, a carga total no canal não é muito elevada, e a velocidade média de formação do canal é pequena (da ordem de 10-3 a velocidade da lu). Em conseqüência, os efeitos induidos, durante esta fase, são bastante moderados. - A fase de descarga principal, durante a qual uma corrente intensa flui através do canal ioniado formado na fase anterior. A parte do canal na qual flui corrente intensa tem início perto do solo ou de objeto aterrado, e o seu comprimento aumenta com uma velocidade da ordem de 0,3 vees a velocidade da lu, até ser atingida a principal região (ou uma das principais regiões) carregada eletricamente, na nuvem. A corrente é muito elevada, e ocorrem efeitos luminosos e sonoros intensos. Esta fase é a normalmente detectada, e tem conseqüências importantes, associadas diretamente com a corrente do impulso da descarga, e com os seus efeitos induidos. O EGLM considera algumas aproimações do comportamento observado das descargas, nomeadamente: - Considera-se uma relação funcional entre a amplitude do impulso de corrente de descarga, I, e a distância de salto, r, na fase de pré-descarga. Para maior rigor, r pode ser considerada relacionada, em sentido estatístico, com diversos parâmetros do impulso de descarga. Deve escolher-se um compromisso raoável, em virtude das limitações dos dados disponíveis, que não permitem estabelecer uma representação segura considerando um número elevado de parâmetros. - A orientação espacial dos canais das pré-descargas parciais é considerada com distribuição estatística, com parâmetros dependentes da distância ao solo. A orientação pode ser definida, por eemplo, por duas coordenadas angulares α, ϕ, num sistema de * Rua Eng. Cesar Grillo, 249, Rio de Janeiro, RJ, CEP 22640-150 Tel. (021) 493 4201 - Fa (021) 493 4201 - email <portelac@ism.com.br>

2 coordenadas esféricas ρ, α, ϕ, com um eio vertical (sendo α o ângulo com o eio ). - Admite-se que o canal completo de pré-descarga é formado atingindo o primeiro objeto (ou solo) a distância inferior a r do canal incompleto formado anteriormente. - Devem ser considerados alguns aspectos estatísticos adicionais, como, por eemplo, o campo elétrico próimo de objetos cuja tensão em relação ao solo seja importante (por eemplo, condutores de fase de linhas de muito alta tensão). Considerando a distribuição estatística dos parâmetros das descargas atmosféricas, com diferentes distribuições para os impulsos positivos, para os primeiros impulsos negativos, e para os impulsos negativos subseqüentes (sendo cada um desses três grupos estatisticamente homogêneo, mas sendo os três grupos muito diferentes entre si), pode obter-se, com o EGLM, a distribuição estatística de descargas atmosféricas, e o número de descargas atmosféricas de cada tipo, por ano (em sentido estatístico), em diversos objetos, nomeadamente antenas, torres, edifícios, e conjuntos compleos, como, por eemplo, instalações de telecomunicações, subestações, usinas, instalações industriais e residenciais. A metodologia computacional, apresentada no artigo, tem dois importantes aspectos, ambos essenciais para aplicação concreta: - Permitir aplicação fácil para condições genéricas, incluindo diversos tipos de estruturas, torres e edifícios, e instalações compleas. - Considerar relações funcionais e parâmetros de distribuições estatísticas escolhidos adequadamente, de maneira a assegurar resultados confiáveis. Para processamento computacional, o EGLM considera, para cada objeto individualiado, uma superfície envolvente, dependente da distância de salto, r. A orientação de uma descarga parcial é definida por α, ϕ. A probabilidade de uma descarga incidir no objeto, para esses valoresde r, α, ϕ, é igual à probabilidade de a descarga, com solo plano e na ausência do objeto, ocorrer numa área específica do solo igual à area da sombra dessa superfície envolvente (num plano horiontal por baio dessa superfície). Na Figura 1, representa-se, tridimensionalmente (3D), o caso de uma torre, com a geometria da Figura 1-a. A superfície envolvente, para três valores diferentes de r, é representada nas Figuras 1-b, 1-c, 1-d. Para um conjunto particular de ângulos α, ϕ, a área de sombra é a área representada pela superfície cina escura, assinalada com ------ S. Neste eemplo, a superfície, S, da área de sombra, é função de r, α, e independente de ϕ. Na Figura 2, representa-se, em 3D, o caso de uma estrutura estaiada (com a geometria da Figura 2-a). A superfície envolvente, para três valores diferentes de r, é representada nas Figuras 2-b, 2-c, 2-d. Neste eemplo, a superfície, S, da área de sombra, é função de r, α, ϕ. Escolhemos os parâmetros do EGLM a partir de uma análise etensa e cuidadosa de medidas publicadas relacionadas com descargas atmosféricas. Esses parâmetros foram aplicados a um elevado número de linhas de transmissão, com um comprimento total muito elevado, e a um número raoável de torres de telecomunicações, com muito bons resultados, avaliados pelo comportamento real, durante vários anos, dessas linhas e torres. A informação estatística disponível baseia-se, não nos ângulos α, ϕ, mas no ângulo, θ, do canal de descarga, com uma reta vertical, como visto por um observador localiado num ponto muito afastado. Para o caso de linhas de transmissão, essencialmente bidimensional, a distribuição estatística do ângulo θ pode ser usada diretamente. Para geometria tridimensional (3D), é necessário considerar a distribuição estatística de α, ϕ. Como, com terreno plano, a densidade de probabilidade é independente de ϕ, a distribuição de probabilidade de θ permite obter a distribuição de probabilidade de α, ϕ. Na Figura 3 indicam-se algumas relações funcionais usadas no EGLM. Nas Figuras 3-a e 3-b representa-se as distribuições de probabilidade de θ, α. Essas distribuições têm um parâmetro ξ, que é função da altura do objeto ao solo, H, conforme indicado na Figura 3-c. Na Figura 3-d representa-se a relação entre a amplitude, I, de um impulso de descarga atmosférica, e o valor médio (em sentido estatístico) da distância de salto, r, para os primeiros impulsos negativos. Na Figura 3-e representa-se a probabilidade, P, de a amplitude da descarga atmosférica ser superior a I (em abscissa), segundo as medidas de Berger, para os primeiros impulsos das descargas negativas (curva F). Medidas cuidadosas recentes confirmam, aproimadamente, as distribuições obtidas por Berger para as descargas negativas, mas não para as descargas positivas. A curva V é uma distribuição obtida a partir de [3], para análise de validade. A Figura 3-f representa a relação, média, entre o nível queráunico, em dias de trovoada por ano, N, e o número médio de descargas no solo, por quilômetro quadrado e por ano, D. Na Figura 4 apresentam-se parâmetros eemplificativos, relativos a uma torre, do tipo da da Figura 1, com altura 100 m, numa região com D = 25. Em 4-a, representa-se a superfície, S, da área de sombra, em função de r, para alguns valores de α. Em 4-b, representa-se S (valor médio estatístico) em função de I, considerando a distribuição estatística de α. Em 4-c representa-se o número médio, M, de descargas atmosféricas por ano, de amplitude superior a I, incidentes na torre, em função de I. Nas distribuições estatísticas apresentadas, descargas com mais de um impulso (caso típico de descargas negativas, que podem ter um primeiro impulso negativo e nenhum, um ou vários impulsos negativos subseqüentes), são contadas como uma descarga, independentemente do número de impulsos numa mesma descarga. O procedimento computacional que desenvolvemos manipula a geometria das superfícies envolventes e as respectivas sombras, e as distribuições estatísticas dos parâmetros das descargas atmosféricas, permitindo obter as distribuições estatísticas dos impulsos das descargas atmosféricas

3 S FIGURA 1-(a) FIGURA 1-(b) S S FIGURA 1-(c) FIGURA 1-(d) FIGURA 1 - Representação esquemática tridimensional da aplicação do EGLM a uma torre, com a geometria da Figura 1-a. Nas Figuras 1-b, 1-c, 1-d, representa-se a superfície envolvente, para três valores diferentes de r. A área de sombra, para um conjunto concreto de valores dos ângulos α, ϕ, é representada pela superfície escura, sinaliada Scom. Neste eemplo, a superfície, S, da área de sombra, é função de r, α, e independente de ϕ. As coordenadas espaciais ortogonais,,,, estão epressas em metro. incidentes em um ou mais objetos (por eemplo, estruturas, torres, edifícios, pára-raios, instalações de telecomunicações, subestações, usinas). Esta informação é essencial para avaliar as conseqüências das descargas atmosféricas, quanto a segurança de pessoas e equipamentos, diversos tipos de efeitos induidos, procedimentos para obter parâmetros de risco adequados, e projeto otimiado de equipamento, instalação, cablagem e aterramento. Por eemplo: - Numa torre estaiada as distribuições estatísticas das amplitudes das descargas incidentes nos estais, ou no topo da torre, e em equipamentos próimos, de altura moderada, são completamente diferentes. - No caso de subestações com redes adequadas de cabos pára-raios, as distribuições estatísticas de descargas incidentes nos cabos pára-raios, nos barramentos, nos equipamentos e no solo, são, também, completamente diferentes. Nos dois eemplos anteriores, as diferenças em causa afetam o aterramento, as formas de ligação ao aterramento, os condicionamentos de blindagem de cabos e de

4 aterramento dessas blindagens, a coordenação de isolamento e a confiabilidade. Cabe ressaltar que as descargas atmosféricas podem originar tensões muito elevadas entre pontos da malha de FIGURA 2-(a) FIGURA 2-(b) FIGURA 2-(c) FIGURA 2-(d) FIGURA 2 - Representação esquemática tridimensional da aplicação do EGLM a uma torre estaiada, com a geometria da Figura 2-a. Nas Figuras 2-b, 2-c, 2-d, representa-se a superfície envolvente, para três valores de r. Neste eemplo, a super-fície, S, da área de sombra, é função de r, α, ϕ. As coordenadas espaciais ortogonais,,,, estão epressas em metro. terra, entre pontos de elementos metálicos aterrados, e entre pontos do solo na área da malha de terra, bem com efeitos induidos muito intensos, nomeadamente em circuitos e cabos, mesmo que não aterrados. 3. - EXEMPLOS DE RESULTADOS Para ilustrar ordens de grandea e resultados globais relativos a incidência de descargas atmosféricas, escolheram-se diversos casos de aplicação, por meio do programa TRANSMATER (Transitórios em malhas de terra), que usa o EGLM, em diversos estudos concretos de aterramento, considerando descargas atmosféricas.

5 Os eemplos considerados refem-se a diversas instalações, com áreas variando de cerca de 25 000 m 2 a 160 000 m 2, em locais com incidência média de descargas atmosféricas, em solo plano, variando de 8 a 42 descargas por quilômetro quadrado e por ano, e com equipamentos com alturas diversas, até cerca de 50 m (em algumas das instalações em causa). Na Figura 5 representam-se curvas, traduindo, cada uma delas, para uma instalação e configuração de equipamento, o número médio, M, de descargas atmosféricas por ano, de amplitude superior a I, incidindo na instalação (incluindo equipamento, estruturas e solo) em função de I. p θ ξ = 1.0 ξ = 1.0 p α ξ = 1.0 ξ =1.0 ξ r [m] θ [rad] α [rad] FIGURA 3-(a) FIGURA 3-(b) FIGURA 3-(c) P I D F H [m] V I I [ka] ka N FIGURA 3-(d) FIGURA 3-(e) FIGURA 3-(f) FIGURA 3 - Representação gráfica de algumas relações funcionais usadas no EGLM. Nas Figuras 3-a e 3-b representa-se a distribuição de probabilidade de θ, α, (em radiano), sendo p θ a densidade de probabilidade de θ, em função de θ, e p α a densidade de probabilidade de α, em função de α. Essas distribuições têm um parâmetro, ξ, que depende da altura do objeto ao solo, H, conforme representado na Figura 3-c. Na Figura 3-d representa-se a relação entre a amplitude, I, do impulso de descarga atmosférica (em sentido estatístico) e o valor médio (em sentido estatístico) da distância de salto, r, para os primeiros impulsos. Na Figura 3-e representa-se, pela curva F, a probabilidade, P I, de a amplitude, I, do impulso da descarga atmosférica ser ecedida, para os primeiros impulsos (positivos ou negativos); a curva V é uma distribuição obtida a partir de [3], para análise de validade. A Figura 3-f representa a relação média entre N (nível queráunico, em dias de trovoada por ano) e D (número médio de descargas no solo, por quilômetro quadrado e por ano). Naturalmente, a amplitude da descarga é apenas um dos indicadores de severidade da descarga. Interessam, também, o ponto de incidência, a forma do impulso da descaga atmosférica (ou do conjunto de impulsos, no caso de a descarga ter sucessivos impulsos), avaliada por diversos parâmetros de severidade, as características do solo, a concepção e características do sistema de aterramento e das ligações ao mesmo, quer de estruturas e elementos aterrados, quer de circuitos, a disposição e condicionamentos de blindagem e aterramento de equipamentos e cabos, as características de suportabilidade de equipamentos e cabos. A discussão destes aspectos está fora do âmbito deste artigo. Em [ 1-2, 4-9 ] apresentam-se alguns condicionamentos e formas de tratar o assunto. Para uma análise básica, em termos de severidade, para alguns aspectos de suportabilidade de equipamentos, é viável considerar formas específicas dos impulsos das descargas, e, neste sentido e para alguns efeitos, associar uma severidade equivalente da descarga à amplitude da mesma. Dentro desta concepção e para os efeitos em que a mesma é válida, há que estimar, como critério orientativo de proteção contra descargas atmosféricas, uma amplitude limite de referência, associada a um risco ou probabilidade de ocorrer uma descarga ecedendo esse limite. Como ordem de grandea genérica, e salvo condicionamentos específicos eventuais que justifiquem outro critério, considero o seguinte:

6 - Para conseqüências de gravidade moderada, por eemplo danificação de partes de equipamento de custo moderado, e cuja indisponibilidade, durante o tempo necessário para substituição ou reparação, não tenha conseqüências muito graves, considerar, como critério de projeto, a amplitude da descarga atmosférica (no sentido precisado acima) com probabilidade de ser ecedida, em média, uma ve em cerca de trinta anos. - Para conseqüências de elevada gravidade, por eemplo danificação de partes de equipamento de custo muito elevado, ou cuja indisponibilidade durante o tempo necessário para substituição ou reparação tenha conseqüências muito graves, considerar, como critério de projeto, a amplitude da descarga atmosférica (no sentido precisado acima) com probabilidade de ser ecedida, em média, uma ve em cerca de cem anos. M α. 2/π 0.9 0.8 0.6 0.4 0.2 0 FIGURA 4-(a) FIGURA 4-(b) FIGURA 4-(c) FIGURA 4 - Eemplo de parâmetros relativos a uma torre, do tipo da da Figura 1, com altura 100 m. Em 4-a, representa-se a superfície, S, da área de sombra, em função de r, para alguns valores de α. Em 4-b, representa-se S (valor médio estatístico) em função de I, considerando a distribuição estatística de α. Em 4-c representa-se o número médio, M, de descargas atmosféricas por ano, de amplitude superior a I, incidentes na torre, em função de I. M Probabilidades de ocorrência segundo os critérios mencionados FIGURA 5 - Relação entre M e I, em diversas instalações concretas. Para os eemplos da Figura 5, estes dois critérios, correspondem a amplitudes de descarga atmosférica básica, para efeitos de projeto, variando, respectivamente, de 95 ka a 170 ka, e de 130 ka a 210 ka. 4. - CONCLUSÕES A metodologia apresentada, conjuntamente com metodologias, eistentes, para simular corretamente o comportamento de sistemas de aterramento, na ocorrência de descargas atmosféricas, e os efeitos induidos conseqüentes, permite considerar, de forma adequada, as descargas atmosféricas, no projeto e otimiação de instalações, incluindo subestações, usinas, instalações de telecomu-nicações e industriais, e edifícios. Esse conjunto de metodologias, bastante diferente dos procedimentos tradicionais, está em nível operacional e foi submetido a verificações de validade, quanto aos diversos aspectos pertinentes [1-2, 4-9]. Os procedimentos tradicionais têm importantes restrições de validade, quanto às conseqüências de descargas atmosféricas. A consideração, adequada, das descargas atmosféricas, afeta, de forma muito importante, a concepção e o projeto otimiados de subestações, usinas e instalações de telecomunicações, especialmente em regiões com elevada incidência de descargas, como sucede na maior parte do Brasil. REFERÊNCIAS [1] Portela, C. - Frequenc and Transient Behavior of Grounding Sstems - I Phsical and Methodological Aspects, Proceedings IEEE 1997 International Smposium on Electromagnetic Compatibilit, pp. 380-384, Agosto de 1997, Austin, Estados Unidos [2] Portela, C. - Frequenc and Transient Behavior of Grounding Sstems - II Practical Application Eamples, Proceedings IEEE 1997 International Smposium on Electromagnetic Compatibilit, pp. 385-390, Agosto de 1997, Austin, Estados Unidos [3] Chai, J., Montegut, J., Russ, S. - Surve of CGLSS/SLC40 Lightning Data and Retest, Proceedings 1997 International Smposium on Electromagnetic Compatibilit, pp. 391-396, Agosto de 1997, Austin, Estados Unidos

[4] Portela, C. - Comportamento de Sistemas de Aterramento para Descargas Atmosféricas. Determinação de Efeitos Relativos a Segurança de Pessoas e Equipamentos e a Interferência em Sistemas de Proteção e Controle - XIV Seminário Nacional de Produção e Transmissão de Energia Elétrica, FL/GSI/17 pp. 1-6, Outubro de 1997, Belém, Brasil [5] Portela, C. - Soil Electromagnetic Behavior - Ground 98 International Conference on Grounding and Earthing, Proceedings, pp. 53-58 - Abril de 1998, Belo Horionte, Brasil [6] Portela, C. - Statistical Distribution of Parameters of Lightning Impulses in Antennas, Towers and Buildings - Methodological Aspects - Proceedings IEEE 1998 International Smposium on Electromagnetic Compatibilit - pp. 1018-1023, Agosto de 1998, Denver, Estados Unidos [7] Portela, C. - Statistical Distribution of Parameters of Lightning Impulses in Antennas and Radar Towers - Practical Application Eamples - Proceedings IEEE 1998 International Smposium on Electromagnetic Compatibilit - pp. 259-264, Agosto de 1998, Denver, Estados Unidos [8] Portela, C. - TRANSMATER Transitórios em Malhas de Terra - Fundação COPPETEC, Outubro de 1998, Rio de Janeiro, Brasil [9] Portela, C. - Measurement and Modeling of Soil Electromagnetic Behavior - Proceedings IEEE 1999 International Smposium on Electromagnetic Compatibilit - Agosto de 1999, Seattle, Estados Unidos 7