Aula n. 79 Pós-Graduação em Direito Médico e da Saúde Recursos nas ações em Direito Médico e da Saúde
O prequestionamento 1. Conceito O prequestionamento é a exigência que se impõe ao recorrente de discutir previamente as questões jurídicas nas vias ordinárias.
A jurisprudência do STF e do STJ que regulamenta o prequestionamento e a forma que ele deve observar em cada um desses tribunais.
Diferenças entre o prequestionamento exigido pelo STF e pelo STJ e o art. 1.025 do CPC Só há prequestionamento se a questão constitucional for ventilada, isto é, suscitada e decidida pelas instâncias inferiores.
Para o STF, basta a oposição dos embargos, para que a questão constitucional considere-se prequestionada, ainda que ela não seja efetivamente apreciada nos embargos.
Súmula 356 do STF O ponto omisso da decisão, sobre o qual não foram opostos embargos declaratórios, não pode ser objetivo de recurso extraordinário, por faltar o requisito do prequestionamento.
Prequestionamento Ficto Os embargos de declaração podem ser opostos sem aludir à exigência de que, ao examiná-los, a questão constitucional seja apreciada. No entanto, para o STF, não é necessário, como condição de admissibilidade do RE, que a questão constitucional seja efetivamente examinada, bastando que seja suscitada por embargos de declaração.
O STJ exige o prequestionamento efetivo, real, consoante a Súmula 211: Inadmissível recurso especial quanto à questão que, a despeito da oposição de embargos declaratórios, não foi apreciada pelo tribunal a quo.
Prequestionamento implícito ou explícito? A Corte Especial do Superior Tribunal de Justiça decidiu pela suficiência do prequestionamento implícito, não sendo necessária a indicação do dispositivo legal violado.
O RE e o Resp serão interpostos no prazo de quinze dias, perante o presidente ou o vice-presidente do tribunal a quo.
RELEMBRANDO A interposição dos RE e REsp pelo mesmo recorrente deve ser simultânea sob pena de haver preclusão consumativa. Não se esqueça também que o recorrente deverá elaborar dois recursos em peças distintas.
Quando a petição for recebida na secretaria do Tribunal, o recorrido é intimado para apresentar as contrarrazões recursais. Findo o prazo, os autos serão remetidos ao respectivo tribunal superior, sem prévio juízo de admissibilidade, que será feito exclusivamente pelo órgão ad quem.
No Tribunal Superior, será designado o relator, a quem compete tomar as providências enumeradas no art. 932 do CPC, podendo ele, em decisão monocrática, não conhecer do recurso, dar ou negar-lhe provimento. Da decisão do relator cabe agravo interno, no prazo de 15 dias, para o órgão colegiado respectivo.
RECURSO ESPECIAL 1. Hipótese de cabimento a) Artigo 105, inciso III, alíneas a, b e c da Constituição Federal
Vamos tomar como exemplo, o Recurso Especial embasado no artigo 105, inciso III, alíneas a e c da Constituição Federal. Compete ao Superior Tribunal de Justiça: III - julgar, em recurso especial, as causas decididas, em única ou última instância, pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão recorrida: a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência; c) der a lei federal interpretação divergente da que lhe haja atribuído outro tribunal.
Significados do verbo contrariar Contrariar tratado ou lei federal Fazer oposição a alguma coisa ou a alguém. Dizer ou fazer o contrário de.
Significado do verbo negar Negar-lhes vigência Afirmar que não. Não admitir a existência de. Proibir, vedar.
Atenção Negar traz a ideia de afrontar a lei federal, ou deixar de aplicá-la nos casos em que isso deveria acontecer. Contrariar significa não dar à lei federal a interpretação mais adequada.
OBSERVAÇÃO SÚMULA 518 DO STJ Para fins do art. 105, III, a, da Constituição Federal, não é cabível recurso especial fundado em alegada violação de enunciado de súmula. Nesse caso, a afronta indicada deve ser de lei federal ou tratado e não de súmula.
c) Der à lei federal interpretação divergente da que lhe haja atribuído outro tribunal. Uma das funções do Recurso Especial é uniformizar a interpretação da lei federal brasileira.
Se um mesmo dispositivo de lei federal for interpretado diversamente por outro tribunal, caberá Recurso Especial.
Artigo 1.029, 1º, do Código de Processo Civil O recorrente fará prova da divergência com a certidão, cópia ou citação do repositório de jurisprudência, oficial ou credenciado, inclusive em mídia eletrônica, em que houver sido publicado o acórdão divergente, ou ainda com a reprodução de julgado disponível na rede mundial de computadores, com indicação da respectiva fonte, devendo-se, em qualquer caso, mencionar as que identifiquem ou assemelhem os casos confrontados.
Não basta indicar a interpretação dada por outro tribunal. Faz-se necessário demonstrar que o acórdão paradigma deu melhor interpretação à lei federal daquela que está no acórdão recorrido. Então o Acórdão contraria também a interpretação da lei federal.
ATENÇÃO A interpretação divergente forçosamente terá de ser de outro tribunal (nunca de primeira instância), não bastando que seja de outra turma do mesmo tribunal.
Súmula 13 do STJ A divergência de julgados do mesmo tribunal não enseja recurso especial.
O Recurso Especial terá prioridade no julgamento, porque se for julgado procedente, não haverá necessidade de julgamento do Recurso Extraordinário.
Observação: Se o relator do recurso especial considerar prejudicial o recurso extraordinário, em decisão irrecorrível, sobrestará o julgamento e remeterá os autos ao Supremo Tribunal Federal.
Se o relator do Recurso Extraordinário, em decisão irrecorrível, rejeitar a prejudicialidade, devolverá os autos ao Superior Tribunal de Justiça para o julgamento especial.
Artigo 1.032 do Código de Processo Civil Se o relator, no Superior Tribunal de Justiça, entender que o recurso especial versa sobre questão constitucional, deverá conceder prazo de 15 (quinze) dias para que o recorrente demonstre a existência de repercussão geral e se manifeste sobre a questão constitucional.
RECURSO EXTRAORDINÁRIO Artigos 1.029 e seguintes do Código de Processo Civil Artigo 102, inciso III, da Constituição Federal
O Recurso Extraordinário é interposto contra Acórdão que desrespeitou a Constituição Federal. Há outros casos que admitem a interposição desse recurso, a saber: 1. declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal; 2. julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face desta Constituição. 3. julgar válida lei local contestada em face de lei federal
O Recurso Extraordinário mais comum é aquele interposto contra acórdão que contraria dispositivo da Constituição Federal. (Art. 102, inc. III, a, da CF)
Relembrando: Contrariar dispositivo constitucional abrange não só negar-lhe vigência, isto é, afrontá-lo ou deixar de aplicá-lo, mas também não lhe dar a melhor interpretação.
Repercussão Geral como Requisito Específico de Admissibilidade do Recurso Extraordinário Art. 102, 3º, da CF No recurso extraordinário o recorrente deverá demonstrar a repercussão geral das questões constitucionais discutidas no caso, nos termos da lei, a fim de que o Tribunal examine a admissão do recurso, somente podendo recusá-lo pela manifestação de dois terços de seus membros.
Atenção: Haverá repercussão geral sempre que o acórdão recorrido for contrário à súmula ou jurisprudência dominante do STF, tiver sido proferido em julgamento de casos repetitivos ou tiver reconhecido a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal, segundo o artigo 97 da Constituição Federal.
A repercussão geral está prevista no artigo 1.035 do Código de Processo Civil: O Supremo Tribunal Federal, em decisão irrecorrível, não conhecerá do recurso extraordinário quando a questão constitucional nele versada não tiver repercussão geral, nos termos deste artigo.
Artigo 1.035, 1º, do CPC Para efeito de repercussão geral, será considerada a existência ou não de questões relevantes do ponto de vista econômico, político, social ou jurídico que ultrapassem os interesses subjetivos do processo.
Ver também os artigos 322 a 325 do Regimento Interno do STF. Trata da repercussão geral.
Cumpre ao recorrente, em preliminar formal e fundamentada de recurso extraordinário, apresentar a repercussão geral, sob pena de o recurso ser indeferido de plano.
O relator manifestar-se-á sobre a sua existência e submeterá, por meio eletrônico, uma cópia aos demais ministros, que se pronunciarão no prazo comum de vinte dias.
O relator poderá admitir a manifestação de terceiros, subscrita por procurador habilitado para a análise da repercussão geral, nos termos do RISTF.
ATENÇÃO: A inexistência de repercussão geral terá de ser reconhecida por, pelo menos, oito ministros, para que o RE não seja admitido.
O artigo 1.035, 5º, do Código de Processo Civil explicita que ao se reconhecer a repercussão geral, o Supremo Tribunal Federal determinará a suspensão do processamento de todos os processo pendentes, individuais ou coletivos, que versem sobre a questão e tramitem no território nacional.