Universidade de São Paulo. Faculdade de Ciência Farmacêuticas - FCF

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Universidade de São Paulo Faculdade de Ciência Farmacêuticas - FCF Farmácia Universitária da Faculdade de Ciência Farmacêuticas da Universidade de São Paulo - FARMUSP FARMUSP - Volume 1, número 1 FBF0436 - Informação Sobre Medicamentos, Uso Racional e Farmacovigilância Autores: Kamila Holanda, Luana Gasparini e Poliana Zanoni São Paulo, SP - Abril/2018 Fonte: Organização Pan-Americana da Saúde, 2017. NESTA EDIÇÃO 1. 2. O QUE É? TRANSMISSÃO 2.1 COMO OCORRE? 2.2 E OS MACACOS? 3. EPIDEMIOLOGIA 4. SINTOMAS 4.1 QUAIS SÃO? 4.2 O QUE DEVO FAZER SE APRESENTAR OS SINTOMAS? 5. TRATAMENTO 5.1 QUAL É? 5.2 ALGUM MEDICAMENTO É CONTRAINDICADO? 6. PREVENÇÃO 6.1 QUAIS SÃO OS MÉTODOS? 6.2 QUAL A IMPORTÂNCIA DA VACINAÇÃO? 6.3 QUEM NÃO DEVE UTILIZAR A VACINA DA? 6.4 QUAIS AS MEDIDAS DE COMBATE AO MOSQUITO? 6.5 QUAL A DIFERENÇA ENTRE DOSE PADRÃO E DOSE PADRÃO FRACIONADA? QUAL EFICÁCIA? 6.6 QUAIS SÃO OS EVENTOS ADVERSOS PÓS-VACINAÇÃO? 6.7 EM QUE HORÁRIO DO DIA HÁ MAIOR RISCO DE SER PICADO PELO MOSQUITO? 6.8 O QUE FAZER PARA EVITAR? 6.9 E SE ENCONTRAR MACACOS MORTOS? O QUE FAZER? 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. O QUE É? Doença infecciosa não contagiosa causada por um vírus pertencente ao gênero Flavivirus da família Flaviviridae, que é transmitido ao homem pelo mosquito da família Culicidae, em especial dos gêneros Aedes e Haemagogus (VASCONCELOS, 2003). 2. TRANSMISSÃO 2.1 COMO OCORRE? Os mosquitos que transmitem o vírus podem ser de diferentes espécies e assim, vivem em habitats diferentes podendo ser domésticos, selvagens e até mesmo semi-domésticos. A transmissão ocorre em 3 tipos de ciclos, sendo eles (MENEZES, 2017): Febre amarela silvestre: os macacos são o principal reservatório e são mordidos por mosquitos selvagens do gênero Haemagogus. O mosquito selvagem passa o vírus para outros macacos e até mesmo para humanos presentes na floresta. Febre amarela intermédia: os mosquitos semi-domésticos infectam macacos e pessoas, pois estão presentes em florestas e em zonas habitadas (geralmente perto das florestas). Febre amarela urbana: os mosquitos domésticos, gênero Aedes, mordem humanos infectados e após serem infectados com o vírus, infectam outros humanos. Todos os casos de febre amarela registrados no Brasil são do tipo silvestre! (BRASIL, 2018) 2.2 E OS MACACOS? Os macacos presentes nas copas das árvores estão mais vulneráveis à mordida do mosquito, assim, são infectados e se tornam vítimas da doença. Ao contrário do que muitos pensam, eles não são capazes de transmitir a doença e além disso, desempenham importante papel de alerta para as autoridades sanitárias. (MENEZES, 2017) 3. EPIDEMIOLOGIA No período de Julho/2017 a 20 de Março/2018 foram notificados 4102 casos suspeitos de Febre Amarela, sendo que 2150 foram descartados e 854 ainda estavam em investigação no período. Em relação a casos confirmados, foram 1098, sendo que 340 foram a óbito. No período de Julho/2016 a 20 de Março/2017 foram confirmados 362 casos, sendo que 201 foram a óbito. (BRASIL, 2018)

4. SINTOMAS 4.1 QUAIS SÃO? Febre + Calafrios Dor de cabeça intensa Dores nas costas e no corpo em geral Náuseas + Vômitos Fadiga + Fraqueza Febre alta Icterícia Hemorragia CASOS GRAVES SINTOMAS INICIAIS 20% A 50% DAS PESSOAS QUE DESENVOLVEM A DOENÇA GRAVE MORREM Marília Savarego morreu de falta de informação. Professora e artista circense, atlética aos 31 anos, ela estava despreocupada quando foi a Bragança Paulista fazer uma escalada. Não sabia que se tratava de uma área de risco para o contágio de febre amarela. Uma semana depois do passeio, ela foi internada com dores no corpo e chegou a ser colocada na lista para um transplante de fígado. A intervenção foi feita, mas já era tarde: Marília morreu na sexta-feira, 9 de março, treze dias depois da viagem em que se arriscou sem saber. Juliana Deodoro. FEBRE CEDE, MAS EPIDEMIA AINDA MATA. Disponível em: http://piaui.folha.uol.com.br/febre-cede-mas-epidemia-ainda-mata/. Acesso em: 18/04/2018. 4.2 O QUE DEVO FAZER SE APRESENTAR OS SINTOMAS? Procure um médico na unidade de saúde mais próxima, informe sobre viagens recentes para áreas de risco e se é vacinado contra a febre amarela! 5. TRATAMENTO 5.1 QUAL É? A febre amarela não apresenta tratamento específico já que não há medicamentos antivirais para o combate à doença.nesse sentido, a forma de tratamento é sintomático, ou seja, são realizados cuidados paliativos visando tratar ou prevenir a desidratação, insuficiência hepática e renal, hemorragias, insuficiência cardíaca, choque e febre que auxiliam na obtenção de melhores resultados. As recomendações são que o paciente permaneça em repouso, realizando reposição de líquidos e das perdas sanguíneas, quando indicado. Além disso, em casos de infecções bacterianas associadas ao quadro, pode haver o uso de antibióticos. (NETTO et al., 2017)

5.2 ALGUM MEDICAMENTO É CONTRA INDICADO? O uso de salicilatos, como a Aspirina, no tratamento de febre e cefaléia são contra indicados para pacientes que estão com Febre Amarela, por conta da possibilidade de agravamento do quadro hemorrágico. Dessa forma, nessas situações, o mais indicado é o uso de Paracetamol. (NETTO et. al., 2017) 6. PREVENÇÃO 6.1 QUAIS SÃO OS MÉTODOS? Os principais métodos de prevenção contra a febre amarela são a vacinação, evitar contato com o mosquito vetor, bem como buscar maneiras de combatê-lo, tais como evitar a exposição aos horários com maior chance de levar a picada do mosquito, fazer uso de repelentes e inseticidas, por exemplo. Porém, a vacina é considerada a medida mais eficaz de prevenção e controle contra essa doença, sendo criada em 1936 por Max Theiler e Henry Smith. A vacina é elaborada com o vírus vivo atenuado, a partir do ovo de galinha, conhecida como Cepa 17DD, que foi testada e introduzida no Brasil no ano seguinte, como forma de prevenção à doença. (JÚNIOR, 2017) A administração da vacina era apenas em moradores de áreas endêmicas ou para as pessoas que viajavam para estas regiões. No entanto, com o surto da doença a partir do ano de 2016, o Ministério da Saúde estendeu a vacina como forma preventiva para toda a população. (JÚNIOR, 2017) Outra forma importante de prevenção é a conscientização da população sobre o que é a doença, quais as formas de transmissão, como pode evitar a contaminação, considerando as medidas profiláticas de combate ao vetor e evitar exposição, além de reforçar a importância da vacinação, que, atualmente, é a forma mais eficaz de prevenção. (NETTO et al., 2017) 6.2 QUAL A IMPORTÂNCIA DA VACINAÇÃO? No ano de 2017, o número de casos ultrapassou os limites históricos, afetando os Estados de Minas Gerais, São Paulo, Rio de Janeiro e Espírito Santo, considerados regiões indenes. Nesse cenário, a grande preocupação do surto de Febre Amarela nessas regiões é que elas apresentam cerca de 70% dos indivíduos da população brasileira. Isso fez com que a demanda pela vacinação, que é considerado o método mais eficaz de prevenção contra a Febre Amarela, fosse ampliada consideravelmente. Tendo em vista o avanço do reaparecimento de casos de Febre Amarela, desde 2016, e que a vacinação é o método mais indicado de prevenção, a conscientização da população sobre a sua importância é fundamental para o não aparecimento de novos casos. (JÚNIOR, 2017)

6.3 QUEM NÃO DEVE UTILIZAR A VACINA DA? A vacina da Febre Amarela é considerada segura, porém em determinados grupos de pacientes que estão com o sistema imunológico debilitado ou que possuem alergias a elementos do ovo, a imunização pode causar problemas graves. Nesse sentido, os indivíduos que necessitam de cuidados para utilizar a vacina ou em casos em há contra indicação são (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2017): Pessoas com doenças autoimunes: pacientes em radioterapia, quimioterapia ou fazendo uso de corticoide, portadores de doenças auto-imunes, como lúpus, doença de Addison e artrite reumatóide, são contra indicados a receber a vacina. Pois, como estão com o sistema imunológico suprimido pelas condições citadas, a vacina contra a febre amarela pode trazer efeitos colaterais graves. Doadores de sangue: essas pessoas devem esperar 30 dias após a vacinação para o procedimento. O intuito é para que o vírus vivo inoculado que fica circulante na corrente sanguínea por três semanas após a vacinação, não entre em contato com um paciente com o sistema imunológico debilitado. Pacientes com diabetes com glicemia não controlada Pacientes com altos níveis de açúcar no sangue precisam se consultar com um médico antes de se vacinar. Gestantes e mulheres que amamentam Nesse caso, grávidas e mulheres que estejam amamentando um bebê com menos de seis meses devem buscar orientação médica antes de tomar a vacina, com o objetivo de evitar a possibilidade de reações alérgicas graves. Bebês com menos de nove meses O Ministério da Saúde recomenda a vacinação apenas para os bebês acima de nove meses de idade. Para aqueles em áreas de alto risco da doença, a recomendação é a partir dos seis meses. Idosos acima de 60 anos Atualmente, a vacina está recomendada para aqueles entre nove meses e 59 anos de idade. Nesse sentido, idosos acima dessa faixa etária precisam passar pelo médico para avaliar o estado do sistema imunológico e se o risco de serem contaminados pela doença é alto ou não.

6.4 QUAIS MEDIDAS DE COMBATE AO MOSQUITO? Figura 1. Medidas de combate ao mosquito. Fonte: Associação Brasileira de Empresas de Saúde e Segurança no Trabalho 6.5 QUAL A DIFERENÇA ENTRE DOSE PADRÃO E DOSE FRACIONADA? QUAL EFICÁCIA? A dose fracionada possui um selo diferenciado e consiste no fracionamento da dose padrão em ⅕, sendo usada como estratégia do Ministério da Saúde para resolver o desabastecimento da vacina em regiões indenes que apresentaram o surto da doença. Nesse sentido, o fracionamento é indicado em casos em que se deseja imunizar um grande número de pessoas em um curto espaço de tempo, o que foi feito nos Estados do Rio de Janeiro e São Paulo. (CAVALCANTE; TAUIL, 2017) O estudo A qualitatively validated mathematical-computational model of the immune response to the yellow fever vaccine, realizado pela BMC Immunology, teve como questionamento qual a dose mínima para se obter imunidade à doença. Nesse cenário, através de um simulador computacional, que implementa um modelo que descreve a resposta imune humana à vacinação contra a febre amarela, foi utilizado em quatro situações distintas, tais como, a simulação de uma primeira dose padrão da vacina, de uma dose reforço após a imunização de dez anos, em indivíduos com diferentes concentrações de células imunes e as doses distintas da vacina. (BONIN et al., 2018)

O estudo conclui que o simulador foi capaz de reproduzir qualitativamente alguns dos resultados relatados na literatura, como a quantidade de anticorpos e viremia ao longo do tempo, bem como os que ocorrem após um reforço da dose da vacina, apresentando certa eficácia da vacinação. (BONIN et al., 2018) Além disso, um estudo feito pela Fundação Oswaldo Cruz - FIOCRUZ, de Minas Gerais, ilustra o efeito de cada dose da vacina padrão (1/1) e dois tipos de fracionamento (1/3 e 1/10), que produzem proteção similar, porém quantidades menores do que esta não possuem o mesmo resultado (figura 2). Figura 2. Comparação entre dose padrão e dose fracionada. Fonte: OLINDO MARTINS FILHO/FIO CRUZ MG

6.6 QUAIS SÃO OS EVENTOS ADVERSOS PÓS-VACINAÇÃO? Podem ocorrer manifestações locais ou manifestações sistêmicas (BRASIL, 2014; BRASIL, 2017). Nas manifestações locais, como é administrada pela via subcutânea, a mais frequente é a dor no local de aplicação, podendo estar presentes também, edema e eritema. É de início precoce e de curta duração, estando presente no primeiro e segundo dias depois da aplicação. Já nas manifestações sistêmicas, pode ocorrer manifestações gerais que são caracterizadas por febre, cefaleia e mialgia e que se manifestam de maneira pouco intensas e de curta duração ocorrendo pela manifestação associada à viremia pelo vírus vacinal. Nos casos mais graves, incluem as reações de hipersensibilidade, doença neurológica aguda e doença viscerotrópica aguda (BRASIL, 2014; BRASIL, 2017). Tabela 1. Frequência dos eventos adversos pós-vacinação. Classificação das reações Sintomas Dor de cabeça, reações no local de aplicação como dor, vermelhidão, Reações muito comuns hematomas, inchaços, que podem ocorrer em até 2 dias depois da vacina. Náusea, diarreia, vômito, dor muscular, febre e cansaço, que podem Reações comuns ocorrer após o terceiro dia da vacina. Reações incomuns (menos de 0,1% dos pacientes) Problemas neurológicos, como infecção no sistema nervoso, que ocorrem de 7 a 21 dias depois da aplicação da vacina. Dor abdominal e dor nas articulações, icterícia (amarelão), falta de ar, Reações raríssimas (poucos casos descritos no mundo) urina escura, sangramentos, perda da função do rim, que pode ocorrer em até 10 dias após a aplicação da primeira dose de vacina. Fonte: BRASIL, 2014; BRASIL, 2017. Em uma revisão sistemática publicada no ano de 2011 foram identificados 15 bancos de dados de farmacovigilância que relataram eventos adversos atribuídos à vacinação contra a febre amarela, os quais 10 contribuíram com dados contendo cerca de 107.600.000 pacientes, sendo os dados pelo banco de dados brasileiro fortemente ponderados (94%). As estimativas para a Austrália foram baixas em 0/210.656 para a "doença neurológica grave" e 1/210.656 para a doença viscerotrópica associada à febre amarela. Para o Brasil, as estimativas também foram bai-

xas com 9 eventos de hipersensibilidade, 0,23 eventos de choque anafilático, 0,84 eventos de síndrome neurológica e 0,19 casos de doença viscerotrópica/milhão de doses. As estimativas para o Reino Unido incluíram apenas o termo eventos adversos sérios e relataram 34 casos /milhão de doses. O banco de dados suíço também usou o termo eventos adversos sérios e relatou 7 eventos (incluindo 4 reações neurológicas ) para uma taxa de notificação de 25 eventos adversos sérios /milhão de doses (figura 3) (THOMAS et al., 2011). Avaliando o resultado do estudo, pode-se perceber que as taxas de notificação de eventos adversos sérios após a vacinação contra a febre amarela são baixas (THOMAS et al., 2011). 15 BANCOS DE DADOS (efeito adverso x vacina) 10 bancos = 107.600.000 pacientes AUSTRÁLIA Doença viscerotrópica = 1/210.656 pacientes Doença neurológica grave = 0/210.656 pacientes BRASIL Hipersensibilidade = 9 eventos/milhão de doses Choque anafilático = 0,23 eventos/milhão de doses Síndrome neurológica = 0,84 eventos/milhão de doses Doença viscerotrópica = 0,19 eventos/milhão de doses SUÍÇA Eventos adversos sérios = 25 eventos/milhão de doses REINO UNIDO Eventos adversos sérios = 34 eventos/milhão de doses TAXA DE NOTIFICAÇÃO DE EVENTOS ADVERSOS Figura 3. Resumo dos resultados apresentados na revisão sistemática Reporting rates of yellow fever vaccine 17D or 17DD-associated serious adverse events in pharmacovigilance data bases: systematic review. Fonte: Própria, 2018.

Em outro estudo, foi realizada a análise dos relatórios do Sistema de Notificação de Eventos Adversos de Vacinas dos EUA após a vacinação contra a febre amarela relatados em 16 de maio de 2014 após a administração da vacina de 1º de janeiro de 2007 à 31 de dezembro de 2013. As taxas de notificação dos eventos adversos graves relatadas após a vacinação foram calculadas através de 100.000 doses distribuídas durante o período de 7 anos (LINDSEY, et al., 2007). Um total de 938 eventos adversos após a administração da vacina contra a febre amarela se ajustou aos critérios de inclusão para a análise realizada e destes, 854 (91%) foram classificados como eventos adversos não graves e 84 (9%) foram classificados como eventos adversos graves, sendo que a maioria (618; 66%) foi relatada após a vacina contra a febre amarela em combinação com outras vacinas (figura 4) (LINDSEY, et al., 2007). Os eventos adversos graves representam uma taxa de 3,8 por 100.000 doses distribuídas, sendo que 50% dos eventos relatados ocorreram em homens com uma idade média de 49 anos (variação de 5 a 88 anos) e as taxas de notificação foram mais elevadas entre pessoas com idades entre 60 e 69 anos (6,5 por 100.000 doses distribuídas) e 70 (10,3 por 100.000) (LINDSEY, et al., 2007). Os achados desta análise reforçam o perfil de segurança geralmente aceitável da vacina contra a febre amarela, uma vez que a maior parte dos eventos adversos reportados após a vacinação no período de 2007 a 2013 foram não graves. Porém, ainda assim é importante a avaliação dos riscos e benefícios da vacinação contra febre amarela, particularmente para pacientes idosos. Para minimizar o risco dos eventos adversos graves, os profissionais de saúde devem observar as contraindicações, considerar as precauções para a vacinação e emitir uma dispensa médica, se indicado (LINDSEY, et al., 2007). 938 eventos adversos/100.000 doses distribuídas EVENTO NÃO GRAVE EVENTO GRAVE PERFIL DE SEGURANÇA ACEITÁVEL Figura 4. Resumo dos resultados apresentados no estudo Adverse event reports following yellow fever vaccination, 2007 13. Fonte: Própria, 2018. 6.7 EM QUE HORÁRIO DO DIA HÁ MAIOR RISCO DE SER PICADO PELO MOSQUITO? Os vetores silvestres têm hábito diurno, realizando o repasto sanguíneo durante as horas mais quentes do dia, sendo o horário em que merece maior atenção e proteção.

6.8 O QUE FAZER PARA EVITAR? A vacinação é a forma mais eficaz para evitar a febre amarela, porém a imunidade ocorre cerca de dez dias após a dose da vacina. Dessa forma, algumas outras medidas podem ser importantes para proteção de indivíduos recém-vacinados que se encontram em áreas de risco, como (BRASIL, 2017): Aplicação de repelente de insetos em toda a área de pele exposta de acordo com a frequência indicada por cada produto. Os repelentes que necessitam de reaplicação menos frequente em consequência da maior duração de ação, induzem uma melhor adesão. O uso de repelentes naturais não tem eficácia comprovada e portanto, não são recomendados (BRASIL, 2017). É importante o uso de calça comprida, blusas de mangas compridas e sem decotes, de preferência largas, não coladas ao corpo, meias e sapatos fechados, pois estas medidas protegem a maior extensão de pele possível, evitando a picada do mosquito. Além disso, é indicado o uso de roupas de cor clara, pois cores vibrantes atraem o mosquito, além de que roupas claras facilitam a identificação do mesmo e permite que estes sejam mortos antes da picada (BRASIL, 2017). Quando possível, permanecer em ambientes refrigerados, com portas e janelas fechadas ou então protegidas por telas adequadas para impedir a entrada de mosquitos, além de dormir sob mosquiteiros (BRASIL, 2017). Para crianças: Não é indicado o uso de repelente em crianças com menos de 2 meses de idade. Dessa forma, é importante o uso de roupas que cubram braços e pernas (BRASIL, 2017). Não aplicar repelente nas mãos das crianças, pois estas podem levar as mãos à boca, ingerindo a substância (BRASIL, 2017). Cobrir berços e carrinhos com mosquiteiro para evitar a picada do mosquito (BRASIL, 2017). 6.9 E SE ENCONTRAR MACACOS MORTOS? O QUE FAZER? Ao encontrar um macaco morto é importante acionar as autoridades sanitárias do município ou estado. O ideal seria a menção diretamente para a vigilância ou controle de zoonoses do município para que o animal seja recolhido e encaminhado para análise em laboratório, avaliando a causa da morte, confirmando casos de Febre Amarela silvestre (PREFEITURA DE SÃO PAULO, 2018a). O Centro de Controle de Zoonoses, gerência da Coordenação de Vigilância em Saúde da Secretaria Municipal de Saúde, é responsável pelo controle de agravos e doenças transmitidas por animais, controlando a população de animais domésticos, como cães e gatos e também de animais sinantrópicos, como no caso dos mosquitos que são responsáveis pela transmissão da doença (figura 5) (PREFEITURA DE SÃO PAULO, 2018b).

O recebimento de animais mortos de interesse em saúde, como no caso dos macacos, é feito todos os dias da semana, até mesmo em feriados, no período de 24 horas por dia na Rua Santa Eulália, número 86 Santana - São Paulo SP (PREFEITURA DE SÃO PAULO, 2018a). Para mais informações e também notificações, ligue para: (11) 3397-8900 ou mande um e-mail para: zoonoses@prefeitura.sp.gov.br (PREFEITURA DE SÃO PAULO, 2018a). Figura 5. Centro de Controle de Zoonoses. Fonte: PREFEITURA DE SÃO PAULO, 2018b. 7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 1. 2. 3. 4. 5. 6. 7. 8. 9. 10. 11. 12. 13. 14. 15. 16. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Febre amarela : guia para profissionais de saúde / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde. Brasília: Ministério da Saúde, 2017. 67 p. : il. BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. (Org.). Febre amarela: Ministério da Saúde atualiza casos no país. 2018. Disponível em: <http://portalms.saude.gov.br/noticias/agencia-saude/42496-ministerio-da-saude-atualiza-casos-de-febre-amarela-5>. Acesso em: 22 jun. 2018. BRASIL. Ministério da Saúde. Manual de Vigilância Epidemiológica de Febre Amarela. Brasília: Ministério da Saúde, 2004. 63p. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/manual_vigilancia_epid_febre_amarela.pdf> Acesso em: 07 abr. 2018. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis. Manual de vigilância epidemiológica de eventos adversos pós-vacinação / Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilância em Saúde, Departamento de Vigilância das Doenças Transmissíveis. 3. ed. Brasília : Ministério da Saúde, 2014. 250 p. : il. BRASIL. MINISTÉRIO DA SAÚDE. (Org.). Saúde atualiza casos de febre amarela no Brasil. 2018. Disponível em: <http://portalms.saude.gov.br/noticias/agencia-saude/42496-ministerio-da-saude-atualiza-casos-de-febre-amarela-5>. Acesso em: 22 jun. 2018. BONIN, C.R.B; FERNANDES, G.C.; SANTOS, R.W.; LOBOSCO, M. A qualitatively validated mathematical-computational model of the immune response to the yellow fever vaccine. BMC Immunology, v. 19, p. 1 a 17, 2018. CAVALCANTE, K. L. R. J. e TAUIL, P. L. Risco de reintrodução da Febre Amarela Urbana no Brasil. Revista Epidemiologia e Serviços de Saúde, Brasília, v. 26, n. 03, p. 617-620, jul-set, 2017. JÚNIOR, V.L.P. A febre amarela como nova ameaça sanitária. Revista de Medicina e Saúde de Brasília, Brasília, v. 06, n. 03, p. 272-273, 2018. LINDSEY, N.P.; RABE, I.B.; MILLER, E.R.; FISCHER, M.; STAPLES, J.E. Adverse event reports following yellow fever vaccination, 2007 13. Journal of Travel Medicine, v.23, nº5, p.1-6, 2016. MENEZES, Maíra. Conheça semelhanças e diferenças entre mosquitos transmissores da febre amarela. 2017. Fundação Oswaldo Cruz. Disponível em: <https://portal.fiocruz.br/noticia/conheca-semelhancas-e-diferencas-entre-mosquitos-transmissores-da-febre-amarela>. Acesso em: 22 jun. 2018. MINISTÉRIO DA SAÚDE. Febre Amarela. Disponível em: <http://portalms.saude.gov.br/saude-de-a-z/febre-amarela-sintomas-transmissao-e-prevencao> Acesso em: 16 abr. 2018. NETTO, I. P. M.; OLIVEIRA, L. M.; CARVALHO, L. G.; PEREIRA, G. F.; CABRAL, I. C.; SILVA, C. M. F.; SILVA, E. F.; SOUZA, R. F. Perfil epidemiológico de pacientes infectados com Febre Amarela no Município de Imbé de Minas. Revista Eletrônica do Instituto de Ciências da Saúde UNEC, Minas Gerais, v. 02, n. 01, p. 157-159, 2017. PREFEITURA DE SÃO PAULO. Centro de Controle de Zoonoses - CCZ. Disponível em: <http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/saude/vigilancia_em_saude/dengue/index.php?p=4414> Acesso em: 07 abr. 2018a. PREFEITURA DE SÃO PAULO. Destinação de Animais Mortos. Disponível em: <http://www.prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/upload/chamadas/destinao_de_animais_mortos2_1473951200.pdf > Acesso em: 16 abr. 2018b. THOMAS, R.E.; LORENZETTI, D.L.; SPRAGINS, W.; JACKSON, D.; WILLIAMSON, T. Reporting rates of yellow fever vaccine 17D or 17DD-associated serious adverse events in pharmacovigilance data bases: systematic review. Current Drug Safety, v.6, p.145-154, 2011. VASCONCELOS, Pedro Fernando da Costa. Febre amarela. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, [s.i], v. 2, n. 36, p.275-293, abr. 2003. Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/rsbmt/v36n2/a12v36n2.pdf>. Acesso em: 22 jun. 2018.