2. O ANSEIO POR JUSTIÇA, A VIOLAÇÃO DEMOCRÁTICA E A QUESTÃO CULTURAL



Documentos relacionados
Unidade 3: A Teoria da Ação Social de Max Weber. Professor Igor Assaf Mendes Sociologia Geral - Psicologia

Presidência da República Casa Civil Secretaria de Administração Diretoria de Gestão de Pessoas Coordenação Geral de Documentação e Informação

AULA 04 CLASSIFICAÇÃO DAS CONSTITUIÇÕES

Rousseau e educação: fundamentos educacionais infantil.

25 de Abril de 2015 Comemoração dos 41 anos da Revolução dos Cravos

O que são Direitos Humanos?

PROJETO DE LEI Nº de 2007 (Da Deputada Luiza Erundina)

Comentário ao Documentário Portugal Um Retrato Social

GRITO PELA EDUCAÇÃO PÚBLICA NO ESTADO DE SÃO PAULO

PESQUISA MAIORIDADE PENAL

PARECER. LEI GERAL DA COPA (Lei nº /2012) E PL 728/2011

O Dever de Consulta Prévia do Estado Brasileiro aos Povos Indígenas.

MÓDULO 5 O SENSO COMUM

A EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA ESCOLA PERMEIA MUDANÇAS DE ATITUDES NA SOCIEDADE

difusão de idéias AS ESCOLAS TÉCNICAS SE SALVARAM

Entrevista exclusiva concedida pelo Presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, ao SBT

país. Ele quer educação, saúde e lazer. Surge então o sindicato cidadão que pensa o trabalhador como um ser integrado à sociedade.

John Locke ( ) Colégio Anglo de Sete Lagoas - Professor: Ronaldo - (31)

Sustentabilidade x Desperdício

Ciências Humanas. História e Geografia Professor: Renato Pellizzari e Claudio Hansen 08/10/2014. Material de apoio para Aula ao Vivo

Tema DC - 01 INTRODUÇÃO DO ESTUDO DO DIREITO CONSTITUCIONAL RECORDANDO CONCEITOS

coleção Conversas #6 Respostas que podem estar passando para algumas perguntas pela sua cabeça.

SAÚDE COMO UM DIREITO DE CIDADANIA

ASPECTOS HISTÓRICOS: QUANTO A FORMAÇÃOO, FUNÇÃO E DIFULCULDADES DO ADMINISTRADOR.

AMAJUM. No próximo dia 7 de outubro, o povo brasileiro retorna às urnas, desta vez para escolher prefeitos, vice-prefeitos e vereadores.

PARA ONDE VAMOS? Uma reflexão sobre o destino das Ongs na Região Sul do Brasil

SOCIEDADE E TEORIA DA AÇÃO SOCIAL

A LIBERDADE COMO POSSÍVEL CAMINHO PARA A FELICIDADE

Princípios norteadores

IPTU 2014: CONTRIBUINTES SOTEROPOLITANOS EM ESTADO DE ALERTA

CONCEITO E EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO DIREITO ECONÔMICO CONCEITO DE DIREITO ECONÔMICO SUJEITO - OBJETO

CADERNO DE EXERCÍCIOS 3F

1. Quem somos nós? A AGI Soluções nasceu em Belo Horizonte (BH), com a simples missão de entregar serviços de TI de forma rápida e com alta qualidade.

introdução Trecho final da Carta da Terra 1. O projeto contou com a colaboração da Rede Nossa São Paulo e Instituto de Fomento à Tecnologia do

Validade, Vigência, Eficácia e Vigor. 38. Validade, vigência, eficácia, vigor

POR QUE SONHAR SE NÃO PARA REALIZAR?

Selecionando e Desenvolvendo Líderes

PROJETO POLÍTICO-PEDAGÓGICO: CONSTRUÇÃO COLETIVA DO RUMO DA ESCOLA

DISCURSO SOBRE LEVANTAMENTO DA PASTORAL DO MIGRANTE FEITO NO ESTADO DO AMAZONAS REVELANDO QUE OS MIGRANTES PROCURAM O ESTADO DO AMAZONAS EM BUSCA DE

Presidência da República Casa Civil Secretaria de Administração Diretoria de Gestão de Pessoas Coordenação Geral de Documentação e Informação

Presidência da República Casa Civil Secretaria de Administração Diretoria de Gestão de Pessoas Coordenação Geral de Documentação e Informação

Roteiro VcPodMais#005

OF. FÓRUM nº 024/2015. Brasília, 27 de outubro de 2015.

GISELE CALDEIRA DE FREITAS PROJETO DE PESQUISA APLICADA: A RESSOCIALIZAÇÃO DO PRESO FRENTE AO SISTEMA PENITENCIÁRIO BRASILEIRO

DECLARAÇÃO FINAL Quebec, 21 de setembro de 1997

A importância da Senha. Mas por que as senhas existem?

PROJETO DE LEI DO SENADO Nº 285, DE 2006

COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO E JUSTIÇA E DE CIDADANIA

1.3. Planejamento: concepções

FORMANDO AS LIDERANÇAS DO FUTURO

Sumário. (11)

HEGEL: A NATUREZA DIALÉTICA DA HISTÓRIA E A CONSCIENTIZAÇÃO DA LIBERDADE

Como agregar valor durante o processo de auditoria

"Só existem dois dias do ano em que não podemos fazer nada. O ontem e o amanhã."

BREVES CONSIDERAÇÕES SOBRE O BINÔMIO ESTADO - FAMÍLIA EM RELAÇÃO À CLASSIFICAÇÃO INDICATIVA NOS PROGRAMAS TELEVISIVOS

BuscaLegis.ccj.ufsc.Br

LANXESS AG. Rainier van Roessel Membro da Diretoria. Sustentabilidade em Borrachas: Hoje e Amanhã. Painel 1 Discurso de Abertura

Presidência da República Casa Civil Secretaria de Administração Diretoria de Gestão de Pessoas Coordenação Geral de Documentação e Informação

CRIMES IMPRESCRITÍVEIS

4ºano. 3º período 1.4 LÍNGUA PORTUGUESA. 30 de agosto de 2013

INTRODUÇÃO. Fui o organizador desse livro, que contém 9 capítulos além de uma introdução que foi escrita por mim.

CONSELHOS TUTELARES FUNÇÕES E ATRIBUIÇÕES

EDUCAÇÃO E PROGRESSO: A EVOLUÇÃO DO ESPAÇO FÍSICO DA ESCOLA ESTADUAL ELOY PEREIRA NAS COMEMORAÇÕES DO SEU JUBILEU

Organizando Voluntariado na Escola. Aula 1 Ser Voluntário

Vendo Jesus as multidões, subiu ao monte e, como se assentasse, aproximaram-se os seus discípulos; e Ele passou a ensiná-los dizendo... Mateus 5.

Presidência da República Casa Civil Secretaria de Administração Diretoria de Gestão de Pessoas Coordenação Geral de Documentação e Informação

SOCIEDADE VIRTUAL: UMA NOVA REALIDADE PARA A RESPONSABILIDADE CIVIL


UNIDADE I OS PRIMEIROS PASSOS PARA O SURGIMENTO DO PENSAMENTO FILOSÓFICO.

RELACIONAMENTO JURÍDICO DO ESTADO BRASILEIRO COM INSTITUIÇÕES RELIGIOSAS, NO QUE CONCERNE À EDUCAÇÃO

Livre Arbítrio. São Paulo, 15 de Junho de 2002 Número: 0002 ANO: Princípio da Atitude

Os SERVIDORES PÚBLICOS E A REFORMA

Ser humano, sociedade e cultura

PROJETO SEMPRE-VIVA Campanha de erradicação de violência Doméstica Ênfase Projeto Sempre-Viva.

Micro e Pequena Empresa: Conceito e Importância para a Economia.

ASSUNTO DO MATERIAL DIDÁTICO: SISTEMAS DE INFORMAÇÃO E AS DECISÕES GERENCIAIS NA ERA DA INTERNET

Dia 4. Criado para ser eterno

Presidência da República Casa Civil Secretaria de Administração Diretoria de Gestão de Pessoas Coordenação Geral de Documentação e Informação

THOMAS HOBBES LEVIATÃ MATÉRIA, FORMA E PODER DE UM ESTADO ECLESIÁSTICO E CIVIL

ROTEIRO PARA ELABORAÇÃO DE PROJETOS

Parabéns a você que burlou a realidade para se tornar a PEÇA que FALTAVA na sua advocacia.

OS CONHECIMENTOS DE ACADÊMICOS DE EDUCAÇÃO FÍSICA E SUA IMPLICAÇÃO PARA A PRÁTICA DOCENTE

EDUCAÇÃO FÍSICA ADAPTADA: UM ENFOQUE NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES

COMUNIDADE TRANSFORMADORA UM OLHAR PARA FRENTE

VIII JORNADA DE ESTÁGIO DE SERVIÇO SOCIAL

Trechos do voto do Ministro CELSO DE MELLO proferido na sessão plenária de 22 de outubro de 2012 (AP 470/MG).

Declaração Política. (Em defesa da Liberdade e da Democracia)

COMISSÃO DE CONSTITUIÇÃO E JUSTIÇA E DE REDAÇÃO PROJETO DE LEI Nº 5171, DE 2001

Katia Luciana Sales Ribeiro Keila de Souza Almeida José Nailton Silveira de Pinho. Resenha: Marx (Um Toque de Clássicos)

Desigualdades em saúde - Mortalidade infantil. Palavras-chave: mortalidade infantil; qualidade de vida; desigualdade.

Presidência da República Casa Civil Secretaria de Administração Diretoria de Gestão de Pessoas Coordenação Geral de Documentação e Informação

Quando as mudanças realmente acontecem - hora da verdade

DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS DAS CRIANÇAS. UNICEF 20 de Novembro de 1959 AS CRIANÇAS TÊM DIREITOS

Democracia, liberalismo ou socialismo: o que é melhor?

A Sociologia de Weber

BuscaLegis.ccj.ufsc.br

A GLOBALIZAÇÃO UM MUNDO EM MUDANÇA

INTRODUÇÃO AO ESTUDO DO DIREITO - IED AULAS ABRIL E MAIO


Transcrição:

JUSTIÇA COM AS PRÓPRIAS MÃOS 1. INTRODUÇÃO Muito temeroso ao Estado Democrático de Direito e à paz social de um País civilizado são pessoas fazendo justiça com as próprias mãos como temos testemunhado nos últimos tempos, uma prática criminalizada pela legislação penal, mas que parece estar se tornando rotineira em determinados locais, frente à ocorrência desenfreada de alguns crimes e a possível ineficiência do Estado, em todas esferas e níveis governamentais. Essa prática nos faz auferir que as pessoas não estão mais acreditando nas ações estatais de controle da criminalidade e do criminoso, não reconhecendo mais a noção de Estado e voltando à civilização da barbárie, que possuía aquele como o meio reconhecidamente de fazer justiça, hodiernamente um grande equivoco, não fosse chamar a atenção das Autoridades para o estado de coisas que já não se tolera mais. Quando não se vislumbra punição ao ato criminoso, pelas diversas razões que se costuma ouvir, aflora-se esse senso de justiça nas pessoas vitimadas, colocando em cheque toda gama de artifícios estatais, e levando a diversos questionamentos, em especial, o porquê desta insatisfação coletiva. 2. O ANSEIO POR JUSTIÇA, A VIOLAÇÃO DEMOCRÁTICA E A QUESTÃO CULTURAL Primeiramente, diante dos acontecimentos sobre os quais aqui falamos, torna-se ainda mais difícil engessar um conceito de justiça. Quando este nos remete aos regramentos impostos pelo Estado que nos governa, o conceito pode até ser desdobrado com a ideia democrática de tomada de decisões e elaboração legislativa, mas assim não é por diversos motivos, dentre estes, a forma de integração social da legislação, que não se esgota apenas com a elaboração e publicação. Quer-se dizer, o que dá legitimidade à uma lei, ou até mesmo à constituição, que prevê garantias constitucionais hoje militadas por diversos defensores dos Direitos Humanos e violadas por boa parte da massa, não é

apenas o poder constituinte originário, e muito menos a obra legislativa do poder competente, elegido democraticamente, em tese. Na verdade, além destes fatores, o que torna uma norma árvore e fruto da vontade geral, e assim, democrática strictu sensu, são os fatores mencionados somados à harmônica recepção do regramento pela massa popular, o que cria um paradoxo quanto à legislação penal vigente. Para Kelsen (2000, p. 27), em que pese divergir da ideia acima apresentada sobre como o ideal democrático é construído 1, anota que [...] a experiência ensina que, se quisermos ser realmente todos iguais, deveremos deixar-nos comandar. Por isso a ideologia política não renuncia a unir liberdade com igualdade. A síntese destes dois princípios é justamente a característica da democracia." Eis a necessidade de compreender o que se viola com a justiça ou injustiça feita com as próprias mãos. O que se viola é um legado de gerações, é a evolução cultural para um governante e governado que não toleram este retrocesso de tomada de decisões e controle de condutas. É um problema social expressado de uma forma patética, com a força dos braços em uma era da mente. Podemos não ser o modelo mais justo e igualitário que poderemos conhecer, mas injustificadamente, ou não, hoje alguns ainda se arriscam a andar por linhas já caminhadas na história, linhas estas que já se mostraram desastrosas. E para ser cauteloso ao expressar a sua discrepância com os princípios constitucionais e sociais do nosso país, tais atitudes são deselegantes com todo o ordenamento jurídico construído no Brasil e em boa parte do mundo. O Estado possui delegação do povo para promoção do bem estar, da justiça e da paz social, mas começa ressurgir uma descrença nesse pacto social, que indubitavelmente resulta em mais injustiça, talvez seja o alerta do princípio da falência estatal, provocado pelo seus arcabouço jurídico e pela 1 Entende que o ideal democrático atinge seu ápice tão somente pela participação dos cidadãos na produção da ordem social a que se submetem posteriormente. No caso brasileiro, a participação no poder constituinte originário, no poder legislativo e executivo mediante o voto, etc. (VENERIO, 2010).

condução equivocada das políticas governamentais tonalizadas em vermelho, que muitas vezes achincalham princípios e valores básicos de nossa sociedade e do cidadão trabalhador, honesto e cumpridor de suas obrigações. E de fato, o que se nota no Brasil é o rompimento de um contrato social. Aqui não se referindo apenas àquilo externado através de manifestações e linchamentos, mas pelo modo como significativa parte dos brasileiros levam sua vida, em desarmonia com a principiologia e normatividade do Estado. Vejam bem, a nossa legislação, ao mesmo tempo em que aparenta ser benevolente, também realça no Brasil uma das maiores populações carcerárias do planeta, o que leva a crer que, no aspecto penal, não se trata de um problema de punibilidade, mas de uma sensação de insatisfação e falta de tolerância com a punibilidade seletiva, e esta sim, de fato existe no nosso país, vide infratores econômicos e políticos. Para estes, resta a estatística incalculável, a da impunidade. O que existe é o que os estudiosos chamam de função não declarada do Direito Penal, e ainda que muita gente não esteja ciente dos desdobramentos teóricos que envolvem a teoria, a turba do pega e lincha pode ser um reflexo deste intuito intrínseco de impunidade às classes dominantes, presente na nossa sistemática penal, que talvez não tenha nascido de propósito, mas se mantém por uma razão. Este tipo de injustiça sim, desagrada muito os olhos e os ouvidos da população, evidenciando uma possível causa ao problema que enfrentamos. Até agora foram apontados pontos pertinentes no que se refere à legalidade e democracia, mas e quanto as questões sociais propriamente ditas? Prosseguindo, portanto, não adianta pensar que a legislação possui, sozinha, o condão de educar uma nação, pois o povo é, hoje, o que ele recebeu ontem, e em um país onde pouco se preocupa com questões racionais, como culturais e educacionais, onde a conveniente ignorância assola milhares, o estopim chega não por um lado, mas por outro. Ou seja, manter um povo ignorante pode até ter perpetuado certos valores e poderes, repito, convenientes aos privilegiados, mas o que vivemos hoje mostra a insatisfação de forma mal educada e bárbara, condizente com aquilo que se plantou em um país com índices altíssimos de analfabetismo, com escolaridade deficiente,

com péssimos representantes, e com o básico precário para tantos e abundante para muitos. Enfim, onde o exemplo não é o do bom senso, a consequência não poderia ser diferente. 2. A ROTULAÇÃO E A NECESSIDADE DE DIFERENCIAÇÃO Contardo Calligaris, psicanalista italiano, também colunista da Folha de São Paulo, transmitiu com excelência em um de seus artigos embora publicado em outros tempos a ideia psicológica que cerca a turba do pega e lincha, que tem um anseio por se mostrar diferente dos criminosos. Aproveitando o ensejo do respeitável psicanalista, na verdade, é a cifra negra que isenta a maioria das pessoas de serem rotuladas como criminosos, pois esta grande brecha entre os crimes cometidos e aqueles que vão ao conhecimento público com a respectiva sanção, podem acabar causando este anseio de diferenciação. O que não se percebe, é que muito além de um ato visto isoladamente, uma gama de circunstâncias refletem a sistemática de nossa sociedade e do nosso sistema penal. Mais do que o anseio em colocar o braço onde o poder punitivo estatal não consegue colocar, a mudança a se buscar não deve tender pelo caminho da justiça com as próprias mãos. Vejamos, nos estabelecimentos prisionais paulistas, o tráfico e o uso do entorpecente crack foram banidos pela facção criminosa dominante. Segundo relatos dos carcereiros, quem era pego fumando era surrado, e o traficante que insistia no erro era morto. Este padrão de regular condutas com as mãos no interior dos estabelecimentos prisionais se revelou efetiva, no entanto, lá a realidade é outra, e a contenção da barbárie ainda é uma luta para muitos anos. Aqui fora não podemos pautar nossas atitudes desta forma para o mesmo intuito, somos civilizados, ou pelo menos costumávamos ser (VARELLA, 2012). Como bem colocado por Rousseau (2006, p. 78): [...] Um povo que jamais abusasse do governo, também jamais abusaria da independência; um povo que sempre governasse bem não teria necessidade de ser governado. Tomando o termo no rigor

de sua acepção, nunca existiu verdadeira democracia e jamais existirá. Fato é que a situação é grave, devemos ter cuidado ao ver com bons olhos que um criminoso seja punido pelos seus atos da forma que tem acontecido, os fatos expressam uma insatisfação extrema e temerária independente das suas razões, onde os fundamentos sociais entram em colapso, com a consequente dificuldade de adequação da população aos padrões de conduta. O Estado tem que reagir e sua reação deve ser enérgica e eficaz, de forma a buscar o bem comum, o bem maior, o bem do cidadão para o cidadão de bem, e que comece por eventual reforma penal, pelo bom exemplo, pela boa educação e pela boa cultura. Como disse Rousseau (2010, p. 14), o mais forte nunca é bastante forte para ser sempre o senhor, se não transformar sua força em direito e a obediência em dever. Criciúma, 17 de junho de 2014. Autores: Gilmar Luiz Mônego Coronel da reserva da PMSC Bacharel em direito e especialista em segurança pública Franco Cruz Mônego Advogado e pós graduando em Direito. Referências bibliográficas: KELSEN, Hans. A Democracia. São Paulo: Martins Fontes, 2000. ROUSSEAU, Jean-Jacques. O contrato social. Tradução Ciro Mioranza. São Paulo: Escala Educacional, 2006.

VENÉRIO, Carlos Magno Spricigo. A concepção de democracia de Hans Kelsen: relativismo ético, positivimos jurídico e reforma política. Criciúma: UNESC, 2010. VARELLA, Drauzio. Carcereiros. São Paulo: Companhia das Letras, 2012.