EFEITO DO RETARDAMENTO DA SECAGEM NA QUALIDADE FISIOLÓGICA DE SEMENTES DE MILHO 1

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Transcrição:

EFEITO DO RETARDAMENTO DA SECAGEM NA QUALIDADE FISIOLÓGICA DE SEMENTES DE MILHO CLEVERSON SILVEIM BORBA 2I CLAUDINEIANDREOLI 3, RAMIRO VILELA DEANDRADE, JOÃO TifO DE AZEVEDO 4 e ANTONIO CARLOS DE OLIVEIRAP RESUMO - Sementes de milho (Zea m's L.) híbrido, colhidas com 6% e 2% de umidade, foram submetidas ao retardamento da secagem, com o objetivo de verificar o seu efeito na qualidade fisiológica das sementes. A secagem da semente foi adiadapor 0, 2,24,36,48,60,72,84,96, 08, 20. 32, 44 e 56 horas, e a germinação e o vigor foram determinados imediatamente após a secagem. Os resultados indicam que as sementes colhidas com 2% de umidade podem ter sua secagem retardada até 84 horas. Acima de 84 horas foram observados decréscimos significativos na qualidade fisiológica da semente. Sementes colhidas com baixa umidade (6%) não foram afetadas em sua qualidade fisiológica quando secadas até 56horas após a colheita. Termos para indexaço: germinação, vigor, armazenamento. EFFECT OF DRYING DELAY ON PHYSIOLOOICAL QUALITY OF CORN SEEDS ABSTRACT - Cora seeds were harvested with 6% and 2% of moisture content and dryed foro, 2,24, 36,48, 72, 84, 96, 08, 20, 32, 44 e 56 hours afterharvestto veri& the effect of delaying desiccation on germination and vigor. The resulta pointed out that to obtain seed germination over SS%, seed drying may be retarded up to 84 hours when seeds were harvested with 2% of moisture content. The physiological quality of seeds decreased significantly when seed drying was retarded for more than 84 hours afier harvesting seeds with high moisture content (2 0/*). The physiological quality was not affected when seeds were harvested with low moisture content (6,0 0/9) and desiccated up to 56 hours. Index tetms: germination, vigor, storage. INTRODUÇÃO Sementes de milho são geralmente colhidas com altos teores de água, e portanto é necessário uma secagem artificial antes do beneficiamento. Entretanto, na época de colheita, normalmente as usinas de beneficiamento de sementes ficam sobrecarregadas, provocando, assim, um retardamento da secagem das sementes recém-colhidas. 'Aceito parapublicação em 5 de setembro de 997. Trabalho financiado pela FAPEMIO (Projeto CAG 70-9). 2 Lic Ciencias Agrícolas, Ph.D., Embrapa-Centro Nacional de Pesquisa de Milho e Sorgo (CNPMS), Caixa Postal 5, CEP 3570-970 Sete Lagoas, MG. Bolsista do CNPq. 3 Eng.Agt, Ph.D., Embrapa-CNPMS. Eng.Agr., M.Sc.,Embrapa-CNPMS. 3 Eng. Agr, Dr., Embrapa-CNPMS. Para a maioria das espécies, a velocidade de deterioração da semente aumenta à medida que aumenta o seu grau de umidade. Elevados teores de água favorecem a elevação da temperatura das sementes, devido aos processos respiratórios e à maior atividade de microrganismos (Popinigis, 977). Em sementes com 8% ou mais de umidade, pode ocorrer aquecimento suficiente para matá- -las, caso não haja adequada aeração (Welch & Delouche, 967). Harrington (972) ressaltou que em sementes com teor de água entre 4% e 8% pode ocorrer aquecimento, causado pela sua própria respiração, pela incidência de fungos e bactérias e pelas populações de insetos, que podem aumentar rapidamente com o ambiente úmido, causando a morte das sementes. Pesq. agropec. bias,brasllia,v.33, n.i,p05-l08,jan. 998

06 C.S. BORBA et ai. Bacchi (958), em trabalho sobre armazenamento de sementes de trigo com diversos graus de umidade, em ambiente hermeticamente fechado, constatou que sementes com 5,2% de umidade acusaram queda na germinação de 87%, no inicio do experimento, para 64% após dois meses. Steeie et ai. (969) propuseram um método para estimar o prazo de armazenamento permissível para cenas condições de temperatura, umidade e danos mecânicos na semente, através da modificação do tempo-padrão por uma série de multiplicadores. Verificaram, em sementes de milho com teor de umidade de 25%, temperatura ambiente de 23,9 C e dano mecânico de 30%, um período permissível de annazenamento de cinco dias (20 horas). Em estudo sobre os efeitos imediatos e latentes do retardamento da secagem sobre sementes de trigo, Andrigueto et ai. (976) observaram que sementes com maiores teores de água apresentaram menores valores de germinação e vigor. Concluíram que as sementes com umidade de 20,9, 8, e 4,7% acusaram perdas na qualidade fisiológica a partir de 72, 20 e 56 horas, respectivamente. Cerqueira et ai. (979), estudando o retardamento da secagem de sementes de soja com umidade de 9,, 7,2 e 5,%, verificaram que apenas as sementes com 9,% de umidade apresentaram declínio na qualidade fisiológica, a partir de 72 horas de retardamento. Este trabalho teve como objetivo determinar o efeito do retardamento da secagem na qualidade fisiológica de sementes de milho hibrido. MATERIAL E MÉTODOS O trabalho foi realizado na Embrapa-Centro Nacional de Pesquisa de Milho e Sorgo (CNPMS), em Sete Lagoas, MO, localizada a 9 28' de latitude Se a 44 0 5.8" de longitude W, no ano agrícola de 99394. Sementes de milho híbrido duplo BR 205, foram colhidas com 6 e 2%de umidade e acondicionadas em recipientes de plástico, de, aproximadamente, 90 litros, com a finalidade de simular o acondicionamento em caçambas de caminhão que as transportam até as usinas de beneficiamento. Os recipientes foram mantidos à sombra em um galpão aberto, retardando-se a secagem da sementeporperfodosde 0, 2.24,36.48,60,72,84,96, 08, 20, 32, 44 e 56 horas. Após esses períodos, foram realizadas amostragens de kg de sementes a cada doze horas, e determinados o grau de umidade e a temperatura da massa das sementes. As sementes foram colocadas para secar ao sol, até cerca de 3% de umidade. Em seguida, foram armazenadas em câmara fria e seca (0 C e 30% de umidade relativa) onde ficaram até o início das análises de germinação e vigor. O grau de umidade e a germinação foram determinados de acordo com as Regras para Análise de Sementes (Brasil, 992). O teste de vigor "envelhecimento acelerado" foi realizado de acordo com Zink (970), acondicionando-se as sementes em pequenas caixas de plástico do tipo "gerbox", com uma lâmina de água de 40 ml no fundo, e as semente; suspensas 2cm por uma malha fina metálica, conforme sugerido por McDonald Junior & Phaneendranath (978). Após um período de 20 horas a 42 C, quatro repetições de 50 sementes foram colocadas para germinar, conforme o teste de germinação padrão. O experimento foi instalado de acordo com o delineamento experimental inteiramente casualizado, com quatro repetições. Os dados obtidos foram ajustados pelo modelo de regressão polinomial linear. RESULTADOS E DISCUSSÃO O resumo da análise de variáncia apresentada da Tabela mostra o efeito do retardamento da secagem das sementes sobre a germinação e o vigor. Observa-se que no caso das sementes colhidas com umidade de 6% o retardamento da secagem não apresentou efeito significativo sobre a germinação e o vigor. Os percentuais de genninação das sementes que não foram submetidas ao retardamento da secagem e daquelas em que a secagem foi feita 56 horas após a colheita, foram de 96% e 95%, respectivamente. No caso do vigor, esses percentuais mantiveram-se entre 80% e 85%. A manutenção da germinação e do vigor naqueles níveis pode ser atribuida à manutenção do grau de umidade das sementes em níveis relativamente baixos (Tabela 2) durante todo o período de retardamento da secagem. A temperatura da massa de sementes ficou em tomo de 25 C (Tabela 2). Estes resultados assemelham-se aos encontrados por Andrigueto et ai. (976) e Bacchi (958) com sementes de trigo, e Cerqueira et ai. (979) com sementes de soja. Sementes colhidas com 2% de umidade apresentaram comportamento bastante diferenciado. Nesse grau de umidade, o retardamento da secagem afetou significativamente tanto a germinação quanto o vigor das sementes (Tabela ). Pela regressão Pesq. agropec bras.,brasiiia,v.33,n.i,p05-l08,jan. 998

EFEITO DO RETARDAMENTO DA SECAGEM 07 (Fig. ), pode-se observar que houve um decréscimo de, aproximadamente,,% na germinação para cada dez horas de retardamento da secagem. Os percentuais estimados variaram de 94%, no caso da secagem logo após a colheita, até 77%, quando as sementes foram secadas após 56 horas. Esta queda na germinação provavelmente se deveu aos altos níveis de umidade das sementes (Tabela 2) durante todos os períodos de secagem retardada, provocando a aceleração dos processos de deterioração das sementes, conforme enfatizado por diversos pesquisadores (Popinigis, 977; Welch & Delouche, 967; Flarrington, 972). Após 84 horas de retardamento da secagem, a germinação das sementes foi reduzida para menos de 85%, o que inviabilizaria a sua comercialização, já que por força de Lei a germinação mínima permitida para sementes de milho comercial é de 85% TABELA. Resumo da análise da variância das variáveis estudadas. Embrapa-CNPM& Sete Lagoas, MG. 994 Causas da variação Graus de Quadrado médio liberdade Sementes colhidas Sementes colhidas com 6% de umidade com 2% de umidade Germinação Vigor Germinação Vigor Horas de retardamento da secagem 3 2,8" 35,7" 32,7 93,6** Resíduo 42 2,9 5,8 6,5 7,3 Coeficiente de variação (%),7 4.6 2,9 5,6 * significativo a % de probabilidade. - Nao-significativo. TABELA 2. Umidade das sementes e temperatura da massa das sementes durante o período de retardamento da secagem. Embrapa-CNPMS. Sete Lagoas, MG. 995. Períodos de retardamento Sementes com umidade inicial de 6,0% Sementes com umidade inicial de 2,0% da secagem (horas) Umidade Temperatura Umidade Temperatura (%) ( C) (%) ( C) O 6,0 2,0 2 5,8 20,2 24 5,2 20,3 26,0 36 5,2 9,8 26,2 48 5,0 25,0 9,6 25,8 60 4,9 25,0 9,7 25,5 72 4,8 26,0 9,8 25,5 84 5,5 26,0 8,8 25,5 96 4,4 25,0 8,7 25,5 08 4,6 25,0 8,6 25,6 20 4,6 25,2 8,9 25,4 32 4,9 26,2 8,6 25,3 44 4,3 25,3 9,3 25,2 56 4,4 25,5 8,4 25,4 Não foi tomada a lemporalura Pesq. agropec. bras., Brasilia, v.33, n.i, p.05-08,jan. 998

08 C.S. BORBA eta]. o.2' 0 o ao m 65 e,- a gor '' 83,6363-0,2239x R20j7 Geniinaço: Y 942080-0, 206x = 0.94 Horas de retardamento da secagem FIG.. Germinação (.) e vigor (Á) de sementes do milho BR 205 colhidas com 2,0% de umidade, após diversos períodos de retardamento da secagem. Embrapa-CNPMS. Sete Lagoas, MG. 995. (Ernbrapa, 993). Estes resultados estão proporcionalmente coerentes com os de Steeie et ai. (969), que encontraram um retardamento permissível de 20 horas em sementes de milho com 25% de umidade inicial. O vigor das sementes também foi reduzido à medida que se aumentou o período de retardamento da secagem. O decréscimo, estimado a partir da equação de regressão (Fig. ), ficou em tomo de,2% para cada dez horas de retardamento, bem próximo, portanto, do percentual de queda observado quanto à germinação. Pode-se observar que os percentuais de vigor variaram de 83,6%, nas sementes submetidas à secagem logo após a colheita, até 65,0%, nas sementes secadas após 56 horas, ficando bastante evidente que quanto maior o período de retardamento da secagem, maiores foram as perdas no vigor, conforme foi constatado também nos trabalhos de Andrigueto et ai. (976) e de Cerqueira et ai. (979). conclusões. Sementes colhidas com baixa umidade (6%) não são afetadas em sua qualidade fisiológica quando secadas até 56 horas após a colheita. 2. O retardamento da secagem das sementes colhidas com alta umidade (2 %) provoca decréscimos significativos na qualidade fisiológica. 3. Até o período de 84 horas, a germinação das sementes colhidas com alta umidade (2%) é mantida acima de 85%. REFERÊNCIAS ANDRIGUETO, IR.; POPINIGIS, E; SILVA, J.G. Efeitos do retardamento da secagem das sementes de trigo (l'riticuma estivum L.) sobre a sua qualidade fisiológica. Semente, v.2, n.2,p.65-74, 976. BACCI-lI, O. Estudo sobre a conservação de sementes. III. Trigo. Bragantia, v.l 7, n. 5, p.206-22, 958. BRASIL. Ministério da Agricultura. Regras para análise de sementes. Brasília: MA-SNAD-LANARV, 992. l88p. CERQUEIRA, W.P.; POPINIGIS, F.; PESKE, S.T.; SILVEIRA JUNIOR, P. Retardamento da secagem de sementes de soja (Glycine max (L). Merrill). Revista Brasileira de Armazenamento, v.4, n.2, p.56-63, 979. EMBRAPA. Serviço de Produção de Sementes Básicas (Brasília, DF). Padrões estaduais de semcntcs. Brasília: Embrapa-SPI, 993.47p. HARRINGTON, J.F. Secd storage and longevity. In: KOZLOWSKI, T.T. Seed Biology. New York: Academic Ptess, 972. v.3, p. 45-245. McDONALD JUNIOR, MB.; PFIANEENDRANATII, B.R. A modified accelerated aging seed vigor test for soybeans. Journal of Seed Technology. v.3, p.27-37, 978. POPINIGIS, F. Fatores que afetam a conservação de sementes. In: POPINIGIS, F. Fisiologia da Semente. Brasília: AGIPLAN, 977. p.203-235. STEELE, J.L.; SAUL, R.A.; -LUKILL, W.V. Deterioration of shelled com as measured by carbon dioxide production. Transaction of American Society of Agricultural Engincering. v.2, n.5, p.685-689, 969. WELCH, GB.; DELOUCHE, J.C. Seed processing and storage facilities for tropical arcas. Si. Joseph, Michigan:American Society ofagriculturalengineers, 967. 2Op. (Paper no. 62.38). ZINK, E. Vigor em sementes de milho. In: SEMINÁRIO BRASILEIRO DE SEMENTES, 2., 968, Pelotas, RS. Anais... Rio de Janeiro: IPEASIEPE/UFRGS, 970. p.23-232. Pesq. aopec. bras.,brasflia,v.33, n.i, p.l05-08,jan. 998

INSTRUÇÕES AOS AUTORES. São aceitos para publicação trabalhos técnico- -científicos originais, resultantes de pesquisa de interesse agropecuário, ainda não publicados nem encaminhados a outra revista para o mesmo fim. 2. Uma vez aceitos, os trabalhos não poderão ser reproduzidos, mesmo parcialmente, sem o consentimento expresso da revista Pesquisa Agropecuária Brasileira (PAB). 3. São de exclusiva responsabilidade dos autores as opiniões e conceitos emitidos nos trabalhos. Contudo, o Editor, com a assistência da Assessoria Científica, reserva- -se o direito de sugerir ou solicitar modificações aconselháveis ou necessárias. 4. Na elaboração dos originais deverão ser atendidas as normas abaixo: a) Os trabalhos devem ser apresentados em duas cópias impressas em espaço duplo, em papel branco fosco com tinta preta ou azul escuro e com margens de 2 cm por todos os lados; o texto será corrido, sem intercalação de tabelas e figuras, que, feitas em folhas separadas, serão anexadas ao final do trabalho; para as REFERÊNCIAS, ABSTRACT e relação das legendas das figuras serão iniciadas folhas novas, mesmo que haja espaço na anterior; as folhas, ordenadas em texto, legendas, tabelas e figuras, serão numeradas seqüencialmente. Após as correções sugeridas pela Assessoria Científica, o autor deverá retomar à editoria da revista uma cópia definitiva da versão corrigida, acompanhada de uma cópia em disquete nos programas MICROSOFT WORD 5.0 FOR DOS, MICROSOFT WORD 5.5 FOR DOS ou MICROSOFT WORD 2.0/6.0 FOR WINDOWS, e uma cópia impressa com tinta negra ou azul escura; b) o resumo e o abstract devem conter, no máximo, 200 palavras cada; c) no rodapé da primeira página deverão constar a qualificação profissional principal e o endereço postal completo do(s) autor(es); d) as referências bibliográficas serão normalizadas de acordo com as "Normas para Referenciação Bibliográfica e Catalogação Referenciada para o Sistema de Informação Técnico-Científica da Embrapa". Essa publicação é uma adaptação da N3-66, da "Comissão de Estudos de Documentação da ABNT", de 986; e da NBR 6023, da ABNT, de agosto/989. Os exemplos a seguir constituem os casos mais comuns, fornecidos como modelo. Exemplificação: ARTIGOS DE PERIÓDICOS: CARVALHO, L.P. de; MOREIRA, I. de A.N. Correlações fenótipas envolvendo períodos de floração e rendimento em diferentes linhagens de algodoeiro herbáceo. Pesquisa Agropecuária Brasileira, Brasília, v.25, n.7, p.983-990,jul. 990. LIVROS: CRUCIANI, D.E. A drenagem na agricultura. São Paulo: Nobel, 980. 333p. TRABALHOS DE CONGRESSOS: OLIVEIRA, F.A. de. Evapotranspiração, índice de área foliar e desenvolvimento radicular do arroz (O'yza sativa L.) sob irrigação. In: CONGRESSO BRASI- LEIRO DE ENGENHARIA AGRICOLA, 9., 979, Campina Grande. Anais... Campina Grande: UFPB/ CCT, 980. p.45-50. e) É norma da revista não citar trabalhos extraídos de resumos e abstracta, trabalhos no prelo e comunicação pessoal. 5. As figuras (gráficos, desenho, mapas ou fotografias) deverão ser apresentadas em tamanho maior do que aquele em que deverão ser impressas; para assegurar a nitidez após a redução para o tamanho de uma página (5 cmx 20 cm) ou tamanhos menores; todos os elementos da figura serão calculados em escala adequada; parte alguma da figura será datilografada; a chave das convenções adotadas será incluída na área da figura; evitar-se-á a colocação de título na figura, quando esse possa fazer parte da legenda; na remessa dos trabalhos deverá ser preferido ouso de envelopes, para não danificar as figuras com grampos. Fotografias não devem ser montadas, mas apenas colocadas em envelopes. 6. Os trabalhos devem ser organizados, sempre que possível, em TITULO, RESUMO, ABSTRACT, IN- TRODUÇÃO, MATERIAL E MÉTODOS, RESUL- TADOS E DISCUSSÃO, CONCLUSÕES, AGRADECI- MENTOS e REFERÊNCIAS. 7. Outros pormenores para confecção de trabalhos a serem enviados à PAB são fornecidos por requisição dos interessados, pelo Editor da Revista. 8. Os autores receberão 20 separatas do seu artigo publicado. Os pesquisadores e/ou Centros de pesquisas que desejarem receber separatas, deverão avisará Editora, com antecedência, e assumir o compromisso de pagar o custo das cópias solicitadas.

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