MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

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Transcrição:

1 MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA ETIOLOGIA E CONTROLE DA MANCHA FOLIAR (Bipolaris incurvata) DO COQUEIRO (Cocos nucifera L.) NO ESTADO DO PARÁ. BENEDITA ELENIZE GEMAQUE GOMES BELÉM 2006

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2 MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DA AMAZÔNIA ETIOLOGIA E CONTROLE DA MANCHA FOLIAR (Bipolaris incurvata) DO COQUEIRO (Cocos nucifera L.) NO ESTADO DO PARÁ. BENEDITA ELENIZE GEMAQUE GOMES Dissertação apresentada à Universidade Federal Rural da Amazônia, como parte das exigências do Curso de Mestrado em Agronomia, área de concentração Biologia Vegetal tropical, para obtenção do título de Mestre Orientador: Prof. Dr. Vicente Savonitti Miranda. Co-Orientador: M. Sc. Luiz Sebastião Poltronieri BELÉM 2006

3 Agradeço a Deus, Pela vida e por todas as pessoas que enviou em meu caminho, que me incentivaram muitas vezes com ternas palavras para superar todos os obstáculos enfrentados. MEU RECONHECIMENTO

4

5 BENEDITA ELENIZE GEMAQUE GOMES ETIOLOGIA E CONTROLE DE MANCHA FOLIAR (Bipolaris incurvata) DO COQUEIRO (Cocus nucifera L.) Dissertação apresentada à universidade Federal Rural da Amazônia, como parte Das exigências do Curso de Mestrado em Agronomia, área de concentração Biologia Vegetal Tropical, para obtenção Do título de Mestre. Aprovada em 25 de agosto de 2006 Comissão Examinadora: Biólogo Dr. Profº Vicente Savonitti Miranda ( UFRA) (Orientador) Engº Agrônomo Msc. Luiz Sebastião Poltronieri (EMBRAPA) (Co-Orientador) Engº Agrônomo Dr. Paulo Sérgio Bevilagua de Albuquerque (CEPLAC) (Primeiro Examinador) Engº Agrônomo Dr.Dinaldo Rodrigues Trindade (EMBRAPA) (Segundo Examinador) Engº Agrônomo Dr. Altevir de Matos Lopes (EMBRAPA) (terceiro examinador

6 AGRADECIMENTO. A autora expressa seus sinceros agradecimentos Ao Profº. Dr. Vicente Savonitti Miranda, pela orientação e paciência dispensada. Ao pesquisador M. Sc. Luis Sebastião Poltronieri pela orientação, nos testes de campo e de laboratório. Ao prof. Dr. Marco Aurélio Leite Nunes, pela valiosa colaboração nas sugestões. Ao Dr. Dinaldo Rodrigues Trindade, pelo apoio e estímulo durante todas as fases escritas deste trabalho. À Universidade Federal Rural da Amazônia (UFRA), pela oportunidade da realização do curso. Ao Profº Antonio Rodrigues Fernandes, Coordenador do Curso de pós-graduação em Agronomia da UFRA. Ao prof. Dr. Benedito Gomes, Ex-Coordenador do Curso de Pós-graduação na área de concentração em Biologia Vegetal Tropical da UFRA, por sua paciência e sincera dedicação. A todos os Professores do Curso de Pós-graduação da UFRA, pelos valiosos ensinamentos. À secretária do Curso de Pós-graduação, em Agronomia da UFRA, D. Inácia Faro Libonati, pela atenção dispensada. À ex-secretária do curso de Pós-graduação área de concentração Biologia Vegetal Tropical da UFRA, D. Regina Gomes, pela atenção dispensada. A CAPES, pela bolsa de estudo concedida. Ao Diretor da SOCÔCO, Sr. Alberto Tenório, pelo apoio logístico nos trabalhos de campo. Ao Gerente de Pesquisa e Fitossanidade da SOCÔCO, Paulo Manoel Pontes Lins, pelo grande apoio na disponibilidade das mudas e fungicidas e colaboração em todas as etapas deste trabalho.

7 Aos funcionários de laboratório e de campo da SOCOCO, pelo auxílio na coleta de dados. Ao Profº. titular da USP Dr. Armando Bergamin Filho, pelo auxílio das análises do trabalho de campo. À Embrapa Amazônia Oriental, pela disponibilização da estrutura do Laboratório de Fitopatologia. A Dr a. Lourdes Duarte da (Embrapa Amazônia Oriental), pelas sugestões e versão do resumo para o inglês. Aos funcionários do Laboratório de Fitopatologia da Embrapa Amazônia Oriental, D. Carmem Dolores Costeira e em especial ao Sr. José Maria de Souza, pelo constante apoio, paciência e auxílio nos testes de laboratório e campo. Ao Sr. Raimundo Nonato Batista da Silva da Embrapa Amazônia Oriental, pela colaboração prestada, apoio e amizade. A todos os estagiários do Laboratório de Fitopatologia da Embrapa Amazônia Oriental, pela oportunidade de convívio e momentos de descontração. A todos que, direta ou indiretamente, contribuíram para realização deste trabalho. MUITO OBRIGADA

8 SUMÁRIO CAPÍTULO 1: ETIOLOGIA E CONTROLE DA MANCHA FOLIAR (Bipolaris incurvata) DO COQUEIRO (Cocos nucifera L.) NO ESTADO DO PARÁ. RESUMO 1.2 ABSTRACT 1.3 INTRODUÇÃO 1.4 REVISÃO DE LITERATURA 1.4.1 Aspectos taxonômicos 1.4.2 Importância e aspectos gerais da cultura 1.4.3 Origem e distribuição de coqueiro 1.4.4 Variedades de coqueiro 1.4.5 Aspectos fitopatológicos 1.5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CAPÍTULO 2: ETIOLOGIA DO AGENTE CAUSAL DA MANCHA FOLIAR

9 (Bipolaris incurvata) DO COQUEIRO (Cocos nucifera L.) 2.1 RESUMO 2.2 ABSTRACT 2.3 INTRODUÇÃO 2.4 MATERIAL E MÉTODOS 2.4.1 Isolamentos de microorganismos associados às lesões foliares 2.4.2 Identificação dos isolados 2.4.3 Produção de inóculo 2.4.3.1 Cylindrocladium pteridis 2.4.3.2 Bipolaris incurvata 2.4.3.3 Pestalotia sp 2.4.4 Teste de patogenicidade 2.4.4.1 Em folhas destacadas 2.4.4.2 Em mudas 2.5 RESULTADOS E DISCUSSÃO 2.5.1 Identificação dos microrganismos associados às lesões foliares 2.5.2 Teste de patogenicidade 2.6 CONCLUSÕES 2.7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CAPÍTULO 3: AVALIAÇÃO DA RESISTÊNCIA DE TRÊS HÍBRIDOS DE COQUEIRO (Cocos nucifera L. ) À MANCHA FOLIAR (Bipolaris incurvata) NAS CONDIÇÕES DE CAMPO. 3.1 RESUMO 3.2 ABSTRACT 3.3 INTRODUÇÃO 3.4 MATERIAL E MÉTODOS 3.5 RESULTADOS E DISCUSSÃO 3.6 CONCLUSÕES 3.7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CAPÍTULO 4: EFEITO IN VITRO DE FUNGICIDAS NO CRESCIMENTO MICELIAL DE (Bipolaris incurvata), AGENTE CAUSAL DA MANCHA FOLIAR EM COQUEIRO (Cocos nucifera L.) 4.1 RESUMO 4.2 ABSTRACT 4.3 INTRODUÇÃO 4.4 MATERIAL E MÉTODOS 4.4.1 Seleção de fungicidas in vitro 4.4.2- Influência de fungicidas no crescimento micelial de Bipolaris incurvata 4.5 RESULTADOS E DISCUSSÃO 4.6 CONCLUSÕES 4.7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

10 CAPÍTULO 1 ETIOLOGIA E CONTROLE DA MANCHA FOLIAR (Bipolaris incurvata) DO COQUEIRO (Cocos nucifera L.) NO ESTADO DO PARÁ 1.1 - RESUMO O coqueiro (Cocos nucifera L.) é uma palmeira tropical de ampla distribuição geográfica, cultivada em toda zona tropical e com grande concentração no continente asiático, sendo que, no continente americano, o Brasil é um dos principais produtores. Na fazenda SOCÔCO, localizada no Município do Moju, Estado do Pará, somente no período de 2000 a 2002, mais de 14.000 plantas morreram em decorrência de uma doença denominada mancha foliar do coqueiro. Os objetivos deste trabalho foram: investigar a etiologia da doença; avaliar a resistência dos híbridos estabelecidos em campo de produção da SOCÔCO e; selecionar, in vitro, fungicidas eficazes para o controle da doença. Para a investigação da etiologia da doença, foram obtidos isolados de fungos associados às lesões, testando quanto a patogenicidade e, baseado em literatura pertinente, identificou-se os referidos isolados. Para a determinação da resistência dos três híbridos PB121, PB 123 e PB132, foram efetuadas avaliações de incidência, através da contagem do número de lesões na folha 1, 3 e 5. Com o intuito de selecionar fungicidas foram testados 10 princípios ativos (azoxystrobin, carbendazin clorotalonil, iprodione, mancozeb, prochloraz, tebuconazole, tiofanato metílico, triadimenol e propiconazole) em quatro diferentes concentrações (0,1; 1,0; 10 e 100 ppm). Cylindrocladium pteridis, Bipolaris incurvata e Pestalotia sp foram isolados. Testes de patogenicidade em folhas destacadas e em mudas apenas B. incurvata incitou manchas foliares semelhantes às observadas em campo. O híbrido PB121 apresentou maior resistência que PB123 e PB132, que se comportaram como suscetíveis. Dos fungicidas testados tebuconazole, iprodione, prochloraz e propiconazole mesmo nas menores doses, foram eficazes em promover a redução do crescimento micelial de B. incurvata. Palavras-chaves: Fungo; Bipolaris incurvata; mancha foliar; coqueiro.

11 1.2 ABSTRACT ETIOLOGY AND CONTROL OF LEAF SPOT (Bipolaris incurvata) COCONUT PALM PLANTATIONS (Cocos nucifera L) I THE STATE OF PARÁ, BRAZIL. Coconut palm (Cocos nucifera L.) in well distributed in tropical area all over the world. Brazil is a large producer in American continent. In the 80` s, large plantations have been established in the county of Moju, State of Para.. From 2000 to 2002, more than 14 thousands coconut palms were destroyed by epidemics of a new disease known as coconut palm leaf spot only SOCOCO plantations. In order to identify the causal agent, to evaluate the resistant response of hybrids to the pathogen, and to select in vitro efficient fungicides to control the disease in nurseries, experiments were carried out at Embrapa Eastern Amazon Plant Pathology laboratory and at SOCOCO coconut palms plantations, in Moju, from 2003 to 2004. Axenic cultures of Bipolaris incurvata (telemorph: Drechslera incurvata). Cyllindrocladium pteridis and Pestalotia sp. were obtained after isolation of infected foliar tissues on water-agar plates and transference to PDA stants. The fungi were identified based on their morphological characteristics. All pathogens were inoculated, separately, by deposition of one 0,5 mm diameter culture disk on wounded and no wounded detached leaves and by atomization of 10 8 spores/ml suspension on wounded and no wounded young palm leaves. The recorded data have shown that only B. incurvata has caused typical symptoms on wounded detached leaves, two days after inoculation, while on young palm leaves, the symptoms were noticed eight days after inoculation. The resistant response of PB 121, PB 123 and PB 132 hybrids was evaluated under natural infection conditions, in the field by counting the number of leaf spot was recorded on PB 121 hybrid. The results seem to indicate that PB 121 is more resistant to the pathogen as compared to PB 123 and PB 132. Ten fungicides have been in vitro tested against B. incurvata in a completely randomized design. Data have shown that the most efficient fungicides in inhibiting mycelia growth were iprodione, prochloraz, tebuconazole and propiconazole at 0,1 ppm. Keywords-: Fungi; Bipolaris incurvata, leaf spot, coconut.

12 1.3 - INTRODUÇÃO O coqueiro é uma cultura de grande expressão econômica, importante na geração de renda, na alimentação e no fornecimento de matéria prima para indústrias de óleos, sabões e automóveis. É uma cultura perene, capaz de gerar um sistema auto-sustentável de exploração, tornando-se importante fonte geradora de divisas e uma das principais fontes de proteínas e calorias para a população. Do coqueiro praticamente tudo é aproveitado: raiz, estipe, inflorescência, folhas, palmito e, principalmente, o fruto, como ocorre na maioria das culturas, cultivos explorados em sistema de mono cultivo estão passivos de sofrer intensos ataques de microrganismos causadores de doenças (Nunes,2000). Esse aspecto, aliado às condições climáticas do trópico úmido, favorecem ainda mais o desenvolvimento de doenças e facilita o estabelecimento de novos patógenos na região. A região tropical é caracterizada por elevada temperatura e alta umidade. Na Região Norte, onde se encontra o Município de Moju, no Estado do Pará, a elevada umidade atmosférica aliada à grande precipitação pluviométrica em alguns meses do ano, constitui componentes ambientais que favorecem a ocorrência de doenças das mais variadas etiologias. Nas plantações da SOCÔCO, (Moju-PA) uma doença que causa manchas das folhas dos coqueiros ocasionou a morte de 14.000 plantas dos híbridos PB 123, PB 132, constituindo-se em um importante e limitante fator para a expansão e exploração dessa cultura com esses híbridos. Esta doença, denominada mancha foliar, ocorreu com grande intensidade nos coqueirais das referidas plantações, tendo sido responsável pela morte de milhares de plantas na fase de desenvolvimento vegetativo. O coqueiro, nas mais diversas regiões do mundo, tem sofrido com a incidência de diversas doenças que variam de importância de uma região para outra, havendo inclusive doenças ainda pouco estudadas. A mancha foliar, apesar de já ter sido relatada por vários pesquisadores (Quillec & Renard, 1975; Silva & Souza, 1981; Kobayashi, 1995; Trindade & Poltronieri 1998; Warwick, 1998; Gazel Filho, 1999; Gasparotto et al., 1999; Anjos et al, 2000; Cardoso et al, 2003.) apresenta divergências quanto à sua etiologia. Não obstante, alguns híbridos, nas mais diversas regiões do mundo, apresentam resistência genética aos mais variados tipos de patógenos,

13 o que tem contribuído para o cultivo racional dessa cultura e facilitado à adoção de medidas de controle eficazes e economicamente viáveis. Quanto ao uso de fungicidas, apesar da literatura relatar a eficiência de alguns deles para o controle de doenças foliares no coqueiro, poucos são os resultados de estudos disponíveis nesse sentido. O controle químico, entre outras razões, é dificultado por não haver fungicidas registrados para o controle de doenças foliares do coqueiro. O diagnóstico do agente etiológico da mancha foliar do coqueiro, a avaliação da resistência de híbridos em plantios comerciais e, a seleção de fungicidas para o controle da doença, vem subsidiar a definição de estratégias de controle e constituem os objetivos do presente trabalho. 1.4 - REVISÃO DE LITERATURA 1.4.1-Aspectos botânicos e climáticos do coqueiro. O coqueiro pertence ao reino Plantae, ramo fanerógamos, sub-ramo angiospermas, classe monocotiledônea, ordem príncipes, família Arecaceae, espécie Cocos nucífera L. (Alves, 1995). Como toda monocotiledônea, sua raiz é fasciculada. O caule é um estipe cilíndrico e não se ramifica por possuir apenas uma gema apical, não apresenta câmbio. Sua altura varia de acordo com o material genético, com as condições ecológicas e com a idade da planta, podendo atingir até 30 m de altura. Sua folha é penada e, quando madura, possui até 6 m de comprimento e 1 m de largura, com aproximadamente 200 a 300 folíolos inseridos numa ráquis grossa. Em condições normais são encontradas de 25 a 30 folhas por planta. Acredita-se que, em condições normais de vegetação, um coqueiro produza, a cada 21-24 dias, uma folha e uma inflorescência. O tipo de inflorescência é uma espádice ramosa, com flores brancas. A espádice é monóica com flores masculinas e femininas presentes na mesma inflorescência. O fruto é uma drupa ovóide, quase globosa, constituído por epicarpo ou exocarpo, que é uma película que envolve o fruto. O

14 mesocarpo é fibroso acastanhado quando seco e o endocarpo é duro e lenhoso. A semente possui tegumento, albume sólido (carne), albume liquido (água) e embrião. (Alves, 1995) Para o sucesso da cultura a produtividade é dependente de diversos fatores, dentre eles o manejo da cultura, o plantio de variedades adequadas, distribuição regular de chuvas e, também, ocorrência de pragas e doenças (Mariano, 2005). Portanto são fatores determinantes para a produção, as características genéticas, climáticas, edáficas, culturais e fitossanitárias. Dentre esses fatores os climáticos interferem de diferentes modos no desenvolvimento do coqueiro, dependendo de sua localização geográfica. No Nordeste do Brasil, por exemplo, as elevadas taxas de evapotranspiração associada à irregularidade na distribuição de chuvas, provocam déficits hídricos estacionais constituindo-se em fator limitante para o desenvolvimento dos coqueiros que, por terem crescimento e produção contínuos, exigem condições de clima próximas do ideal durante todo o ano (Ferreira et al., 1997). 1.4.2-Importância e aspectos gerais da cultura. O coqueiro é uma das mais importantes de todas as palmeiras cultivadas, apresentando uma variabilidade com mais de 100 produtos diferentes. É consumido in natura como fruto verde e seco em todas as áreas em que se desenvolve (Moura, 1999) A fibra da casca é usada na fabricação de cordas, tapetes, esteiras e encostos de banco de veículos. O coco ralado, a farinha e o leite do coco são empregados na fabricação de bolos, chocolates, sorvetes e comidas típicas. A água do fruto verde é consumida in natura e, devido seu sabor e qualidade é responsável pela expansão da cultura para diversas regiões do país. O óleo é largamente usado na indústria de margarinas e gorduras para confeitaria. Dos seus derivados, obtêm-se glicerina, sabões, velas e fluídos para freios hidráulicos de avião (Moura, 1999). A carne do coco (albume sólido) é rica em gorduras, carboidratos e apresenta moderada quantidade de proteínas, porém de alto valor nutritivo. Segundo Alves (1995), em cada 100 g de

15 albume sólido são encontrados 151 U.I. de tiamina, 1 mg de ácido ascórbico (vitamina C), 0,2 mg de vitamina E e traços de vitamina A e B. Na água (albume líquido), também são encontrados carboidratos, gorduras e proteínas. Possui também diversos minerais como: sódio, potássio, cálcio, magnésio, ferro, cobre, fósforo, enxofre e cloro. Quanto à utilização, 50% da produção é industrializada, enquanto os outros 50%, são consumidos in natura. Destes, 5 a 10% são utilizados no consumo de água (.Moura, 1999) Os produtos obtidos do coqueiro são: alimentos in natura, alimentos industrializados, bebidas, madeira, fibra, combustível, ração animal, matéria prima para produção de cosméticos (sabão), remédios, plásticos, álcool e óleo. No entanto, para esta palmeira ser produtiva economicamente, é necessário que o produtor siga corretamente todas as recomendações inerentes à cultura, tais como escolha da área para o plantio, tratos culturais, adubação e controle fitossanitário (Moura 1999). 1.4.3 - Origem e distribuição do coqueiro. De acordo com, Gomes (1982), o coqueiro foi introduzido no Brasil em 1553, quando os portugueses trouxeram seus frutos para o porto de Salvador, procedente da Índia, via Ilha de Cabo Verde. Segundo França (1988), o coqueiro foi plantado inicialmente no litoral baiano e seu uso se restringia ao consumo da água pelos índios. Da Bahia, o coco foi levado para outras áreas da Costa Nordestina e, ao encontrar condições favoráveis, disseminaram-se para todos os Estados, com destaques para Bahia, Sergipe, Alagoas e Pernambuco.

16 Os pequenos produtores encontraram na exploração do coqueiro uma alternativa econômica viável, considerando-se que há produção durante todo o ano e pode ser consorciado com culturas anuais, na maioria das fases do seu cultivo, possibilitando ainda, a associação com animais, na fase adulta (Moura, 1999). Todas essas características são convenientes às estratégias econômicas dos pequenos produtores que, sem grandes possibilidades financeiras, optam por alternativas de exploração simples dos recursos naturais. É nesta lógica que, gradativamente, os pequenos produtores ampliam o cultivo do coqueiro em suas áreas, exploradas, em sua maioria, de forma extrativista (Mota, 1995). O consórcio, além de possibilitar renda adicional para o produtor, beneficia o coqueiro pelos tratos culturais demandados. Do plantio até a idade de dois anos, pode-se consorciar o coqueiro com várias culturas devido à maior disponibilidade de área e de luz. Mandioca, feijão, abacaxi e banana são alguns exemplos. A partir de dois anos e meio, só é possível consorciar no meio das ruas dos coqueiros, devido ao sombreamento. Café, cacau, e cupuaçu são bons exemplos (Ferreira et al., 2002) Segundo, Moura (1999), no consórcio com animais, o carneiro é o mais recomendado, devido ao seu pequeno porte. Todavia, os carneiros só poderão ser colocados no coqueiral quando os coqueiros atingirem três anos de idade, para evitar danos às plantas. Outro consórcio interessante é o com as leguminosas, que possibilitam aumento na disponibilidade de nitrogênio para o coqueiro, além de proporcionar a elevação dos teores de matéria orgânica e a maior proteção contra erosão. Entre as leguminosas recomendadas, estão a puerária, o desmódio e a centrosema ( Ferreira et al, 2002). Apesar do Estado do Pará, estar colocado em quinto lugar em área plantada com 20.383 há (tabela 1), em relação à produtividade é o primeiro colocado à nível nacional com 9.688 Kg/há.

17 Tabela 1- Área plantada, área colhida, produção obtida e rendimento médio (Kg/ha) obtido da cultura do coqueiro, segundo as unidades da federação em 2001. Unidades da federação Área plantada (ha) Área colhida (há) Produção obtida (t) Rendimento médio obtido(kg/ha) Brasil 266020 265132 1331880 5023 Pará 20383 20334 196993 9688 Maranhão 1492 1492 3979 2667 Ceará 38160 38160 197164 5167 Rio Grande do Norte 33045 32849 88303 2688 Paraíba 10568 10568 61515 5821 Pernambuco 9155 8512 25133 2953 Alagoas 14108 14108 50757 3598 Sergipe 45504 45504 90414 1987 Bahia 80747 80747 425755 5273 Espírito Santo 10003 10003 152315 15227 Rio de Janeiro 2855 2855 39551 13853 Fonte: Levantamento sistemático da produção agrícola: pesquisa mensal de previsão e acompanhamento das safras agrícolas do ano civil 2001. Rio de Janeiro: IBGE, v. 13, 2001-2002. 1.4.4-Variedades de coqueiro. A espécie Cocos nucifera L. possui duas variedades, gigante e anã, sendo que nesta são encontradas três subvariedades: verde, vermelha e amarela. A variedade gigante possui vários tipos sendo as mais importantes: Gigante do Brasil (Gbr), Gigante Oeste Africano (GOA), Gigante do Rennell (GRL) e Gigante da Malásia (GML).

18 A variedade gigante apresenta fecundação cruzada, e crescimento rápido, sendo bastante rústico e resistente às adversidades. Enquanto que a variedade anã caracteriza-se por apresentar taxas de autofecundação em diferentes graus, crescimento lento e menor rusticidade que o gigante, porém, é mais precoce, pois, em 3 a 4 anos, inicia a produção, enquanto que a variedade gigante possui a fase vegetativa longa, iniciando o período de produção com cerca de 7 anos (Alves, 1995). Os frutos da variedade gigante são grandes e a produção chega a atingir aproximadamente 60-80 frutos/pé/ano. Este fruto é utilizado basicamente na indústria, por apresentar copra espessa. A vida econômica do coqueiro gigante alcança de 60 a 80 anos. Os frutos da variedade anã são pequenos e sua produção atinge aproximadamente 120 a 150 frutos/pé/ano. Este fruto é utilizado basicamente para água, por possuir pequena camada de albume sólido. A vida econômica dessa variedade é de 30 a 40 anos. O híbrido é o resultado do cruzamento do gigante com o anão. Reúne às características desejáveis dos dois, como a precocidade e a alta produção do anão com a rusticidade, a longevidade e o maior tamanho dos frutos do gigante, podendo alcançar a produtividade de 100 a 140 frutos/pé/ano, inicia a produção a partir do quarto ano. (Dados coletados através de pesquisa de campo da Fazenda SOCÔCO). 1.4.5 - Aspectos fitopatológicos Na Amazônia é comum a presença de doenças foliares em coqueiros. Doenças como a queima-das-folhas (Lisioplodia theobromae) e a lixa-pequena (Catacauma torrendiela) não têm causado perdas econômicas. Porém, a partir de 2000, uma doença denominada mancha foliar vem se estabelecendo na região causando severas perdas em plantas estabelecidas em viveiros e em plantios definitivos.

19 O primeiro registro de a mancha foliar do coqueiro no Pará foi feito em plantios localizados no município de Moju, porém naquele momento a doença não apresentava uma incidência que causasse grandes perdas de plantas, mas permanecia de forma endêmica (Renard, 1982). No ano 2000, a plantação foi ampliada, utilizando o material PB123 (Anão Amarelo da MalásiaXGigante de Rennal) e PB 132 (Anão Vermelho da MalásiaXGigante da Polinésia), selecionado para plantio por apresentar resistência ao amarelecimento letal do coqueiro, doença quarentenária no Brasil, responsável pela destruição da maioria dos coqueirais da Flórida nos EE.UU. Esse novo material mostrou-se altamente suscetível à mancha foliar o que contribuiu para ocorrência de uma epidemia provocando a morte de aproximadamente 14.000 plantas em dois anos, e conseqüentemente causando significativa perda econômica. A partir desse momento, a doença passou a ser epidêmica, tornando-se um grande problema para a expansão dos plantios de coqueiros naquela região. A doença é caracterizada pela presença de pequenas manchas escuras, circundado por um halo amarelo ouro e centro de coloração marrom a cinza que progridem para formas arredondadas ou alongadas acompanhando o sentido das nervuras, que coalescem e evoluem para queima total do limbo foliar. Embora o relato desta doença tenha sido feito há cerca de duas décadas, existem divergências quanto a sua etiologia e poucas informações a respeito da resistência dos híbridos introduzidos para plantio na Amazônia. A mancha foliar do coqueiro começou a ser investigada em 1916 na Índia (Menon & Pandalai, 1958). Também já foi relatada causando manchas foliares em Fiji, Polinésia Francesa, Malásia, Filipinas, Vietnam, Tailândia, Jamaica, Ilhas Seicheles, Costa do Marfim, Havaí (Chase & Broschat, 1991). Segundo Warwick (1997), no Brasil, essa doença tem ocorrência generalizada. No Pará o primeiro registro foi feito por Renard em (1982) na fazenda SOCOCO, mas somente a partir de 2002 tornou-se epidêmica. Em casos mais severos, este patógeno pode provocar a morte de plantas, principalmente tratando-se de germoplasma mais susceptível, como é caso das variedades de origem polinésia. (Quillec & Renard, 1975). O agente causal da mancha foliar do coqueiro foi inicialmente identificado como sendo o fungo Bipolaris incurvata Drechs. Pertencente a classe dos Deuteromicetos ordem Moniliales e família Moniliacea, não sendo registrada ainda a forma perfeita de Cochliobolus. (Warwick, 1997). A literatura cita ainda como sinonímia o fungo Helminthosporium halodes Drechs. Atualmente, a classificação é baseada na

20 característica do conídio, que apresenta cor escura com vários septos transversais, cilíndricos ou elipsoidais, levemente curvos, apresentando as extremidades arredondadas. Em geral, os primeiros sintomas aparecem oito dias após a penetração do fungo. Neste estágio, as lesões são arredondadas e com diâmetro menor que dois milímetros, têm a cor verde clara com centro mais escuro, ocorrendo a formação de um halo amarelado. Porém, esses sintomas evoluem com o desenvolvimento da doença e as manchas tornam-se ovais, alongadas no sentido das nervuras dos folíolos, de cor marrom clara no centro e mais escura na periferia, entretanto persistindo o halo amarelado (Quillec & Renard, 1975). As primeiras evidências dos sintomas são observadas na fase de viveiro, sobre folhas jovens e na flecha, sendo que na face inferior da folha, sobre a zona necrosada encontra-se uma grande quantidade de conídios de H. halodes (Bipolaris incurvata), enquanto que, na face superior da folha o desenvolvimento deste parasito é fraco, facilitando a entrada de fungos oportunistas como Pestalotia sp., que freqüentemente se estabelecem sobre as necroses antigas, caracterizadas pela cor cinza, causando divergências quanto à identidade do patogeno primário (Renard, 1982). Este mesmo autor relata que as divergências entre os relatos do agente causal dessa doença têm sido favorecidas pela entrada de fungos secundários ou oportunistas, como Pestalotia sp. A mancha foliar do coqueiro ocorre principalmente em viveiros, em condições de alta umidade, pouco arejamento e temperatura de 18 a 27 o C. (Warwick, 1997). Para Renard (1982), a causa da grande infecção em condições de viveiro, reside no fato de ocorrer um emaranhado das folhas devido a um afastamento insuficiente entre as plantas para uma estadia excessivamente longa sob condições de viveiro. Alguns trabalhos relatam a relação dessa doença com a nutrição da planta. Trabalhos conduzidos por Gallasch (1974), demonstraram a importância de adubos nitrogenados sobre a severidade da doença. Doses elevadas, de nitrogênio aumentaram a suscetibilidade das plantas, enquanto o enxofre não apresentou efeito na doença, entretanto o potássio e o fósforo diminuíram sua severidade. Gasparotto et al. (1999), atribuem à deficiência de potássio o aumento da vulnerabilidade das plantas à infecção e ressaltam que plantas bem nutridas são mais resistentes

21 às doenças. Warwick (1997) recomenda uma adubação balanceada, sem excesso de nitrogênio, e a eliminação de ervas daninhas como medidas preventivas importantes. As plantas apresentam imunidade a certos patogenos porque elas são de grupos taxonômicos que não pertencem à gama de hospedeiros do patógeno, não permitindo a interação patógeno hospedeiro, ou porque elas possuem genes de resistência que atuam diretamente contra genes de resistência, que atuam diretamente contra genes de a virulência dos patógenos (resistência verdadeira), ou ainda porque, por vários motivos, as plantas escapam à infecção desses patógenos (resistência aparente) (Agrios, 1997). As diferentes variedades de coqueiro podem apresentar diferentes níveis de resistência. As variedades com maior susceptibilidade são representadas pelo Gigante da Polinésia, enquanto que as variedades descendentes do cruzamento com o Gigante do Oeste Africano (G.O A), apresentam uma resistência do tipo dominante, como é o caso do PB121 derivado do cruzamento entre o Anão Amarelo da Malásia e o G.O A.(Quillec & Renard,1975). Uma estratégia de controle que poderá ser padronizada para as condições amazônicas é o controle químico. A este respeito, no momento, a aplicação de receituário agronômico visando o controle da mancha foliar do coqueiro, é dificultada por não haver produtos registrados para esta finalidade (Agrofit, 2000). Entretanto, a literatura relata que alguns fungicidas demonstraram eficiência em controlar a mancha foliar do coqueiro em condições de campo (Quillec & Renard, 1975; Warwick, 1997; Embrapa, 1998) Segundo Bergamin Filho (1996), o parâmetro severidade é o mais apropriado para medir doenças foliares, como ferrugens, oídios, míldios e manchas, pois nesses casos a porcentagem da contagem de lesões, da área de tecido coberto por sintomas, retrata melhor a quantidade de doença. Pelo visto, na Amazônia, os relatos de pesquisas que envolvam pontos críticos da cadeia produtiva de coqueiros são raros e neste trabalho procurou-se, inicialmente determinar a identidade do agente causal associado aos sintomas da mancha foliar nos coqueiros do Moju-PA; buscou-se, também, avaliar, em condições de campo, a resistência de três híbridos utilizados em

22 grande escala nos plantios da SÓCOCO e selecionar fungicidas que sejam eficazes para o controle da mancha foliar do coqueiro.

23 1.5 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AGRIOS, G.N.. Plant Pathology. 4 a ed., San Diego, California. Academic Press. 1997.635p.. ANJOS, J.R.N.; CHARCHAR, M. J.A.; RAMOS, V.H.V. Mancha foliar causada por Pestalotiopsis guepinii em coqueiro no Distrito Federal. Fitopatologia Brasileira, v.25, n.2, p.203, jun.2000. ALVES, R. M.; MULLER, A. A. Aspectos básicos do cultivo do coqueiro (Cocos nucifera L.) Belém-Pa CPATU/EMBRAPA, 1995. BERGAMIN FILHO, A. & AMORIM, L. Doenças de plantas tropicais: epidemiologia e controle econômico. São Paulo: ed. Agronômica Ceres, 1996. 289 p.: il. CARDOSO, G. D.; BARRETO, A. F.; ARAÚJO, E. ALMEIDA, F. A. de; CARVALHO, R. A. G. de. Etiologia da mancha de Pestalotia do coqueiro (Cocos nucifera L.) em São Gonçalo Paraíba. Revista Brasileira de Fruticultura. v.25, n.2, Jaboticabal, ago. 2003. CHASE, A. R; BROSCHAT, T. K. Diaseses and disordes of ornamental palm. St Paul, MN, APS Press. 1991. 56 p.

24 FERREIRA, J. M. S. & MICHEREFF FILHO, M. Produção integrada de coco: práticas fitossanitárias. Ed. Embrapa tabuleiros costeiros. Aracaju, 2002. p. 107 FEREIRA, J. M. S.; WARWICK, D. R. N.; SIQUEIRA, L. A. A cultura do coqueiro no Brasil. 2. Ed. rev. e amp. Brasília: Embrapa- S. P; Aracaju: Embrapa-CPATU, 1997. 292 p; il. FRANÇA, V. L. A. A Cultura do coco-da-baía e as transformações no litoral sergipano. Aracaju, 1988. 146p. Tese de Mestrado. GALLASCH, H. Effect o nutrition on incidenc o Dreschlera incurvata leaf spot of coconuts. Papau New Güinea Agric. 1974 GASPAROTTO, L.; PEREIRA, J. C. R. et al. Mancha foliar do coqueiro causado por Bipolaris incurvata. Manaus. Embrapa: Instruções Técnicas, n. 2, set. 1999. GAZEL FILHO, A. B.; POLTRONIERI, L.S.; MENEZES, A. J. E. A. de; LIMA, J. A. de S. Ocorrência de Helmintosporiose (Drechslera incurvata) em coqueiro (Cocos nucifera L) no Estado do Amapá. Comunicado Técnico/26, EMBRAPA AMAPÁ, NOV.1999, P.2 GOMES, R. P. O coqueiro-da-baía. 2. Ed. rev. e atual. São Paulo: Nobel, 1997. 111 p.

25 INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA/ Anuário Estatístico do Brasil- v-61, Rio de Janeiro, 2001. KOBAYASHI, T. Coconut palm diseases. In : TANAKA, H. ; HIROYUKI, I. ; TOCUKI, K. (Ed.) Diseases o tropical fruit trees. Tokyo : AICAF. 1995. p. 79-82. MARIANO, R. L. R. & SILVEIRA, E. B. Doenças do coqueiro (Cocos nucifera L.). Manual de Fitopalogia. 4 ed. São Paulo : Agronomica Ceres, v.2, 2005. p. 271-280. MOTA, D. M. da ; FONTES, H. R. ; SIQEIRA, L. A. O Coqueiro ( Cocos nucifera L.) em agricultira de subsistência à coordenação nacional de pesquisa. Sergipe-Aracaju : EMBRAPA/CPATC, 1995, 35p. MOURA, J. J. L. ; DONALD, E. R. C. ; LEITE, P. C. Cultivo do coco. Brasilia : SENAR. 1999. ( Trabalhador na cultura perene, v.1) 84 p. MENON, K. P.V. ; PANDALAI, K. M. The cocunul palm; monograph. Ernakulam, Indian Central Coconut Comitte. 1958. 384 p.

26 NUNES, M. A. L. Comportamento ecofisiológico de bananeiras (Musa spp) em solo articialmente infestado com Fusarium oxysporum f. Sp. Cubense (E. F. Smith) Sn. & Hansen. Belém : UFPA. Centro de Ciências Biológicas : MPEG : EMBRAPA, 2000.Tese (Doutorado em Ciências Biológicas). UFPA. Cewntro de Ciências Biológicas/ MPEG/EMBRAPA, 2000. QUILLEC, G, ; RENARD, J. L. L helminthosporiose du cocotier: études preliminaires. Oleagineaux, v. 30, n. 5, p. 209-213, 1975. RAM, C. Efeito de fungicidas no controle de lixa-pequena (Catacauma torrendiela) e queimadas-folhas (Lisiodiplodia theobromae) do coqueiro (Cocos nucifera L.) em Sergipe. Fitopatologia Brasileira, v. 15, p. 289-291, 1990. RENARD, J. L. Missão de prospecção sobre as doenças do coqueiro e da palmeira oleaginosa no Brasil. Paris, IRHO/GERDAT. 1982. 85 p. SILVA, G. S. da; SOUZA, E. A. Mancha foliar do coqueiro causado por Cylindrocladium pterides Wolf. Fitopatologia Brasileira, v.6, n.3, p. 515-517, out. 1981. SIVANESAN, A. Graminicolous species of Bipolaris, Curvularia, Drechslera, exserohilom and fueir teleomorphs. Wallingford: CAB International Mycological Institute. 1987. 261p.

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28 CAPÍTULO 2 - ETIOLOGIA DO AGENTE CAUSAL DA MANCHA FOLIAR (Bipolaris incurvata) DO COQUEIRO (Cocos nucifera L.)

29 CAPÍTULO 2 - ETIOLOGIA DO AGENTE CAUSAL DA MANCHA FOLIAR (Bipolaris incurvata) DO COQUEIRO (Cocos nucifera L.) 2.1 - RESUMO Na Fazenda SOCOCO, localizada no município de Moju, Pará, entre os anos de 2000 a 2002, mais de 14.000 coqueiros morreram devido á ocorrência de uma doença cognominada mancha foliar do coqueiro. Objetivando diagnosticar o agente etiológico desta doença, foram coletadas amostras no campo, com os sintomas típicos da mancha e, no laboratório da EMBRAPA/Amazônia Oriental, foram procedidos isolamentos em meio de Agar. Posteriormente, os isolados foram repicados para meio de cultura BDA. Após análises morfofológicas, em cultivos com sete dias de idade, três fungos foram identificados: Cylindrocladium pteridis, Bipolaris incurvata e Pestalotia sp. Após testes de patogenicidade em folhas destacadas e mudas do híbrido PB121, verificou-se que somente o fungo Bipolaris incurvata foi capaz de incitar a doença. Em inoculações com ferimentos, os sintomas macroscópicos foram observados com dois dias, enquanto que, em inoculações feitas sem ferimentos os sintomas só foram observados aos oito dias após a inoculação.

30 2.2 ABSTRACT ETIOLOGY THE CAUSAL AGENT OF COCONUT PALM LEAF SPOT In SOCOCO farm established in the county of Moju, state of Para, from 2000 to 2002, more than 14 thousands coconut palms were destroxed by epidemics of a new disease known as coconut palm leaf spot, only at SOCOCO plantations. In order to identify the causal agent, were collected samples with typical symptoms of the disease and analyzed in laboratory of phytopathology of Embrapa Amazonia Oriental. In BDA midium were isolated there fungus and identified Cylindrocladium pteridis, Bipolaris incurvata and Pestalotia sp. In the pathogenicity test detached leaves and young palm leaves of hybrid PB 121, the results indicate that only o fungi Bipolaris incurvata caused symptoms of the disease. Two days with wounded and eight days no wounded after the inoculation.

31 2.3 - INTRODUÇÃO O coqueiro (Cocos nucífera L) é uma palmeira tropical de grande valor econômico que, quando explorado em agroecossistemas de monocultivo, pode ser infectado por variados microrganismos. Esse aspecto, aliado às condições climáticas do trópico úmido, favorecem o desenvolvimento de doenças bióticas, causadas por patógenos já conhecidos e eventualmente por novos patógenos introduzidos e estabelecidos (Nunes, 2000) Na fazenda SOCÔCO, localizada no município de Moju, no estado do Pará, vem se destacando uma doença conhecida como mancha foliar, que causou, somente em fase de desenvolvimento vegetativo, a destruição de aproximadamente 14.000 plantas, entre os anos de 2000 a 2002. O quadro sintomatológico das plantas afetadas pela mancha foliar, se caracteriza por apresentar, inicialmente lesões escuras (Fig. 1) que, posteriormente, progridem para formas arredondadas ou ovaladas, circundado por halo amarelo ouro e centro de coloração marrom a cinza, que coalescem e formam grandes áreas necróticas (Fig. 2). Há uma grande discussão em relação ao agente causador dessa doença e diversos trabalhos publicados (Kobayashi, 1995; Anjos et al. 2000; & Cardoso, 2003) relatam ser o fungo Pestalotia sp, o responsável principal por essa doença. Entretanto, pesquisadores como Quillec & Renard (1975), Warwick (1998), Gazel Filho (1999) e Gasparotto (1999) se referem ao fungo Bipolaris incurvata e Silva & Souza (1981) e Trindade & Poltronieri (1998) reportam ser Cylindrocladium pteridis agente causal da mancha foliar do coqueiro. Esse quadro de diversidade sobre o agente etiológico da mancha foliar em coqueiro, precisou ser melhor investigado, a fim de que se pudesse realizar um preciso diagnóstico do (s) agente (s) causal (is) nas condições do Município Paraense de Moju. Assim, o objetivo desse trabalho foi isolar e efetuar testes de patogenicidade com os isolados dos fungos associados às lesões nas folhas de coqueiro para fins de diagnóstico.

32 Fig. 1 Sintoma de mancha no viveiro Fig. 2 - Sintoma de mancha no campo 2.4 MATERIAL E MÉTODOS 2.4.1 - Isolamento dos microrganismos associados às lesões foliares. Para o isolamento dos agentes fitopatogênicos foram coletadas folhas infectadas e levadas ao Laboratório de Fitopatologia da Embrapa Amazônia Oriental, onde o material foi submetido a um prévio processamento de limpeza e seleção. Em uma capela de isolamento com fluxo laminar modelo CCV Clean Bench (Hitachi), pequenos pedaços da região de transição entre a parte sadia e lesionada, foram retirados e colocados por três minutos em solução de álcool etílico a 70%; em seguida os pedaços foram também tratados por três minutos em solução de hipoclorito de sódio (NaOH) a 1%, e posteriormente lavadas em água destilada esterilizada por cinco minutos e colocadas sobre papel filtro esterilizado. O isolamento do patógeno foi feito utilizando-se o meio de cultura Agar - água (15 g Agar/ litro de H 2 O) em placas de Petri com 9 cm de diâmetro. Em

33 cada placa contendo o meio de cultura foram colocados três pedaços do tecido foliar previamente desinfectados. As placas foram incubadas em ambiente de laboratório por 48 horas. Após este período foi feita a repicagem, retirando-se com estilete a extremidade do micélio do fungo e transferindo-se para tubos de ensaios contendo meio de cultura batata-dextrose-ágar (BDA) (39 g BDA/ litro de H 2 O). Os tubos de ensaios foram incubados sob luz contínua distando 40 cm da fonte de luz e temperatura ambiente de laboratório de 26 o C ± 2 0 C. Os isolamentos obtidos foram então submetidos à esporulação em placas de Petri contendo BDA para produção do inóculo para os testes de patogenicidade. 2.4.2 - Identificação dos isolados A identificação dos isolados associados aos tecidos foliares do coqueiro foi feita através de avaliações morfológicas dos micélios e esporos produzidos in vitro. (Quillec & Renard, 1975; Alexopoulos & Mins, 1979; Crous, 2002). 2.4.3 - Produção do inóculo. 2.4.3.1 - Cylindrocladium pteridis. O isolado de C. pteridis foi cultivado em meio de cultura BDA sob luz contínua durante 12 dias. Após o crescimento do fungo em toda a superfície do meio de cultura contido na placa de Petri, lavou-se a superfície da colônia com água estéril e com o auxilio de um pincel de cerdas macias o micélio aéreo foi removido, e inundou-se a cultura com 15 ml de água destilada

34 esterilizada, mantendo a cultura submersa por dois dias. Em seguida a água contida na placa foi descartada e a cultura mantida sob luz difusa por mais dois dias. (Alfenas, 2004) 2.4.3.2 - Bipolaris incurvata Para a produção de inóculo de B. incurvata foi utilizado o meio de cultura Kzapec-Dox, mantendo-se as colônias em um regime de 12 horas no escuro e 12 horas sob luz ultravioleta, por um período de quatro a cinco dias. 2.4.3.3 - Pestalotia sp. A produção do inóculo de Pestalotia sp, foi obtida em meio de cultura BDA em condições de laboratório, sob luz difusa por um período de sete dias de incubação. 2.4.4 - Teste de patogenicidade 2.4.4.1-Em folhas destacadas O teste de patogenicidade em folhas destacadas foi realizado em ambiente de laboratório utilizando-se micélio dos isolados em meio BDA com sete dias de incubação. Oito folhas de coqueiro do PB123, com oito meses de idade e isentas de manchas foliares, foram submetidas às inoculações artificiais, com e sem ferimentos, utilizando-se discos de 0,5 cm de diâmetro dos

35 diferentes isolados. Para o ensaio foram estabelecidos dois grupos de quatro folhas: o primeiro onde cinco folíolos receberam ferimentos com agulha esterilizada e o segundo sem ferimentos. Sobre os ferimentos e folíolos intactos foram colocados discos de micélio dos diferentes isolados, em pontos distintos. Em cada grupo uma folha foi tomada como testemunha utilizando para as inoculações discos de BDA. Em seguida, as folhas foram colocadas dentro de sacos plásticos transparentes e umedecidos para formar uma câmara úmida e com a base do pecíolo envolvido por algodão hidratado com água. Diariamente eram feitas observações para registrar o período de incubação, caracterizado pelo espaço de tempo decorrido entre a inoculação e o aparecimento macroscópico dos sintomas. 2.4.4.2 Em mudas O experimento foi conduzido no Município de Moju-PA, na propriedade do grupo SOCÔCO S/A localizada nas margens da rodovia PA-252, Km 38, que liga o município de Moju à cidade de Acará, nas coordenadas geográficas 02 07 00 S e 48 de longitude W, entre os rios Moju e Acará - PA, distando 80 km de Belém, capital do Estado do Pará. Apresenta clima quente e úmido, com pluviosidade anual em torno de 2.800 mm e solo do tipo latossolo amarelo. A cultura é manejada com alto padrão tecnológico desde o preparo da área, muda, plantio, adubação balanceada até o monitoramento de pragas e doenças. O teste de patogenicidade realizado sob condições de telado, foi feito através de inoculação por aspersão, em mudas de coqueiro híbrido, PB123. As mudas apresentavam oito meses de idade e foram produzidas como se fossem para plantio comercial. Para cada tratamento foram utilizadas 10 mudas, totalizando 40 mudas incluindo a testemunha. Das 10 plantas, 5 foram mantidas sem ferimentos e 5 foram submetidas a ferimentos nos folíolos, com agulha esterilizada. O inóculo de cada fungo C. pteridis, B. incurvata e Pestalotia sp, foi preparado na concentração de 1x10 8 conídios/ml e foi aplicado por aspersão sobre os folíolos das mudas. As mudas testemunhas receberam aspersão com água esterilizada. Após a inoculação as mudas foram cobertas por plástico transparente por 72 horas, para produzir a umidade necessária para as fases

36 de germinação e penetração do fungo no tecido vegetal. As plantas inoculadas foram submetidas ao regime de nebulização por 72 horas para a manutenção da umidade no ambiente do telado. A avaliação foi realizada no décimo quarto dia após a inoculação. 2.5 - RESULTADOS E DISCUSSÃO 2.5.1 Identificação dos microrganismos associados às lesões foliares. Após o crescimento micelial, efetuou-se a repicagem para tubos de ensaios com meio de cultura e, após sete dias, obteve-se a cultura pura de três fungos que após estudos morfológicos, foram identificados como: Cylindrocladium pteridis, Bipolaris incurvata e Pestalotia sp. 2.5.2. Teste de patogenicidade. Os resultados dos testes de patogenicidade para os três fungos inoculados em folhas destacadas e em mudas de coqueiro da variedade PB123 com oito meses de idade estão representados na Tabela 2.

37 Tabela 2 - Reação de folhas destacadas e de folhas de mudas de coqueiro ao teste de patogenicidade realizado com C. pteridis, B. incurvata e Pestalotia sp. em inoculações feitas com e sem ferimentos. Patógenos Tratamentos Resultados Cylindrocladium pteridis Folhas sem ferimentos Não houve infecção Pestalotia sp Folhas com ferimento Folhas sem ferimento Não houve infecção Não houve infecção Bipolaris incurvata Folhas com ferimento Folhas sem ferimento Não houve infecção Houve infecção Folhas com ferimento Houve infecção Os sintomas produzidos nos testes de patogenicidade foram causados apenas pelo fungo B. incurvata e caracterizaram-se por apresentar lesões semelhantes às observadas no campo. No teste de patogenicidade em folhas destacadas com discos de micélio dos três fungos, somente o fungo B. incurvata apresentou os sintomas. O período de incubação foi de dois dias em folhas destacadas com ferimentos e de oito em folhas sem ferimentos. (Figura 3)

38 Período de Incubação (dias) 8 7 6 5 4 3 2 1 0 COM FERIMENTO SEM FERIMENTO Método de inoculaçào Figura 3 Período de incubação (dias) até os aparecimentos dos sintomas em folhas destacadas de coqueiro com e sem ferimentos, inoculadas com B. incurvata em condições de laboratório. No teste de patogenicidade em mudas de coqueiro os sintomas característicos da doença foram manifestados somente em inoculações feitas com o fungo B. incurvata No Brasil, Warwick et al. (1998) e Gazel Filho et al. (1999) relataram o B. incurvata como o agente causal da mancha foliar em coqueiro, concordando com o resultado desse trabalho. Gasparotto et al. (1999), relataram a ocorrência dessa doença em Manaus causada por B. incurvata, destacando que essa doença estava relacionada à deficiência de potássio. No Pará, os resultados divergem dos apresentados por Trindade et al. (1998) e Silva & Souza (1981), que relataram ser o patógeno C. pteridis o causador da mancha foliar em coqueiro. Quanto às divergências, Anjos et al. (2000) relataram ser a mancha foliar do coqueiro causado por Pestalotiopsis guepinii; já Kobayashi (1995) identificou o fungo Pestalotiopsis palmarum como agente causal da doença; Cardoso et al. (2003) também relataram como sendo o

39 fungo do gênero Pestalotiopsis o agente causal. As diversas espécies de fungos do gênero Pestalotiopsis (Pestalotia) que afetam as plantas da família Aracaeae são considerados patógenos fracos e ocorrem associados a outros patógenos (Ram, 1989) ou a insetos (Araújo et al. 1991). Na Costa do Marfin, em um estudo preliminar, onde o cultivo das variedades de origem polinésica é comum, por ser resistente ao amarelecimento letal, à doença foi descrita como sendo causada por Helminthosporium halodes (Drechs). (Quillec & Renard, 1975). As divergências encontradas entre os relatos do agente causal da mancha foliar do coqueiro são possíveis que sejam devidas ao sinergismo provocado pela ocorrência desses três patógenos, sendo que o presente trabalho revela que apenas B. incurvata tem capacidade de iniciar o processo infeccioso, sugerindo que os outros fungos, C. pteridis e Pestalotia sp, associados às lesões da mancha foliar, atuem como secundários ou oportunistas. Este é o primeiro relato de B. incurvata como o agente causal da mancha foliar do coqueiro no Estado do Pará e que C. pteridis e Pestalotia sp são fungos secundários ou oportunistas.

40 2.6 CONCLUSÕES Bipolaris incurvata é o agente causal da mancha foliar do coqueiro, enquanto C. pteridis e Pestalotia sp são fungos secundários ou oportunistas; Bipolaris incurvata penetra diretamente pelas aberturas naturais do hospedeiro.

41 2.7 - REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ALEXOPOULOS, C. J. & MINS, C. W. Introductory Mycology. Canadá. Ed. Copyright. 1979. 632 p. ALFENAS, A. C.; ZAUZA, E. A. V.; MAFIA, R. G. A. Clonagem e doenças do Eucalipto. Ed. UFV, Viçosa, 2004, p. 442 ANJOS, J. R. N.; CHARCHAR, M. J. A ; RAMOS, V. H. V. Mancha foliar causada por Pestalotiopsis guepinii em coqueiro no Distrito Federal. Fitopatologia Brasileira, v. 25, n. 2, p. 203, 2000. ARAÚJO, J. C. A; de GASPAROTTO, L.; GARCIA, M. V. B. Epidemiologia de Pestalotiopsis spp em dendezeiro. Fitopatologia Brasileira, Brasília, v. 16, n. 2, p. 33. 1991. CARDOSO, D. C.; BARRETO, A. F.; ARAÚJO, E.; et. al. Etiologia e progresso da mancha de Pestalotia do coqueiro (Cocos nucifera L.), em São Gonçalo, Paraíba.Revista Brasileira de Fruticultura, v. 25, n. 2, Jaboticabal, ago. 2003. CROUS, P. W. Taxonomy and Pathology of Cylindrocladium (Calonectria) And Allied Genera. Minnesota. Press. 2002.

42 GASPAROTTO, L.; PEREIRA, J. C. R. et al. Mancha foliar do coqueiro causada por Bipolaris incurvata. Embrapa: Instruções Técnicas, n. 2, set. 1999. GAZEL FILHO, A B.; POLTRONIERI, L. S.; MENEZES, A J. E. A de; et. al. Ocorrência de Helminthosporiose (Drechslera incurvata) em coqueiro (Cocus nucifera) no Estado do Amapá. Fitopatologia Brasileira, v., n. 26, p. 1-2, nov. 1999. KOBAYASHI, T. Coconut palm diseases. In: TANAKA, H. ; HIROYUKI, I. ; TOKUJI, K. et al. (Ed.) Diseases of tropical fruit trees. Tókio: AICAF, 1995. p. 79-82. NUNES, M. A. L. Comportamento ecofisiológico de bananeiras (Musa spp) em solo articialmente infestado com Fusarium oxysporum f. Sp. Cubense (E. F. Smith) Sn. & Hansen. Belém : UFPA. Centro de Ciências Biológicas : MPEG : EMBRAPA, 2000.Tese (Doutorado em Ciências Biológicas). UFPA. Cewntro de Ciências Biológicas/ MPEG/EMBRAPA, 2000. PONTE, J. J. da; FILHO, J. S. Cylindrocladium pteridis, agente causal da podridão peduncular do coco. Fitopatologia Brasileira, v. 22, n. 4, p. 567, dez. 1997. RAM, C. Microflora associada à queima-das-folhas do coqueiro. Fitopatologia Brasileira, Brasília, v.14, n.4, p.36-38, 1989.