Palavras chave: aulas experimentais, fluidos, viscosidade, viscosímetro

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Transcrição:

ELABORAÇÃO E APLICABILIDADE DE DISPOSITIVO CONSTRUÍDO COM MATERIAL DE BAIXO CUSTO DESTINADO A MEDIR A VISCOSIDADE DE FLUIDOS Francisco F. Emanoel Almeida¹, Jônatas Souza Barbosa de Morais², Tállyson da Silva Santos 2, Sarah Yasmini Costa da Silva², Aleckson Souto Silva 3 ¹Prof. Doutor do IFPB - e-mail: emanoel@ifpb.edu.br ²Bacharelandos em Engenharia Elétrica IFPB e-mail: jonatasbmorais@gmail.com 3 Licenciatura em Química IFPB Resumo: O viscosímetro de Saybolt é um aparelho destinado a medir a viscosidade de fluidos e com isso a relação existente entre a temperatura e essa grandeza do fluido. Sabendo da importância das aulas práticas no processo de ensino - aprendizagem, este grupo de pesquisa desenvolveu um viscosímetro de Saybolt. O instrumento foi elaborado com materiais de baixo custo, permitindo que o mesmo ocupe o espaço aberto existente pela falta de recursos na montagem de laboratórios em escolas públicas. Um controlador de temperatura e tempo foi desenvolvido e instalado no viscosímetro, esse instrumento seguiu uma montagem eletrônica a partir de um circuito integrado PIC, que pertence à categoria dos microcontroladores. Variáveis termodinâmicas como a temperatura e o volume foram medidas durante o processo de análise, bem como o tempo de escoamento do fluido pelo capilar do viscosímetro. Os resultados apresentados demonstraram que os valores encontrados para a viscosidade do fluido são bem próximos dos citados na literatura, demonstrando que o sistema digital desenvolvido foi capaz de efetivar os valores de temperatura e que o viscosímetro desenvolvido é bastante confiável para medidas de viscosidade, sendo possível sua aplicabilidade em aulas experimentais. Palavras chave: aulas experimentais, fluidos, viscosidade, viscosímetro 1. INTRODUÇÃO É notório que a realização de atividades experimentais é extremamente importante no processo de ensino aprendizagem, contribuindo significativamente para o crescimento do ensino e conseqüentemente da ciência. Ensinar não é simplesmente jogar conhecimento sobre o aluno, esperando que estes, em um piscar de olhos, passe a dominar a matéria. Freire (1998) ressalta que ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção. Ainda segundo Libâneo (1990) a aprendizagem escolar é um processo de assimilação de determinados conhecimentos e modos de ação física e mental, organizados e orientados no processo de ensino. Francisco Júnior (2008) explica que só é possível explicar um fenômeno a partir do momento em que este seja pessoalmente significativo, a partir do momento em que a curiosidade seja despertada nos estudantes. No estudo de mecânica dos fluidos, por exemplo, um dos temas abordados é a viscosidade. Ela é uma propriedade física que representa a resistência do fluido ao cisalhamento ou escoamento, uma vez que está diretamente relacionada com o atrito interno das suas moléculas. Essa propriedade é uma característica importante dos óleos lubrificantes utilizados nos motores dos veículos, pois influencia na formação de um filme de óleo o qual reduz o atrito e desgaste das peças dos motores. Para determinar a viscosidade de um óleo lubrificante, é necessária a utilização de um viscosímetro, o qual é um aparelho específico que pode ser classificado em quatro tipos: capilar, rotativo, de orifício e de esfera. Neste artigo será analisado o funcionamento de um viscosímetro capilar para medir a taxa de escoamento de um determinado volume de fluido através de um pequeno orifício e sua relação com a temperatura, pois a viscosidade altera-se com a temperatura, sendo para líquidos uma relação diretamente proporcional entre as duas grandezas.

A realização de aulas experimentais para determinar a viscosidade de fluidos é comprometida devido à falta de equipamentos nos laboratórios acadêmicos originada principalmente pelos poucos recursos destinados as escolas públicas. Assim sendo, uma boa alternativa é a utilização de equipamentos construídos com material de baixo custo que possam atender as necessidades dos laboratórios. A relevância deste artigo justifica-se pela necessidade de criação de novos equipamentos, neste caso um viscosímetro, construído com material de baixo custo que permita medir a viscosidade de determinados fluidos e dessa forma possibilite a sua empregabilidade em atividades de ensino e pesquisa. 2. MATERIAL E MÉTODOS Experimentos mostram que os coeficientes de viscosidade dos fluidos geralmente diminuem com o aumento da temperatura, exceção para os gases à pressão constante. Para os viscosímetros tipo Saybolt Universal e Furol, Redwood e Engler é recomendada uma fórmula geral prática, para obter a viscosidade cinemática (em centistokes), na forma de uma equação apresentada por: / (1) Onde: t é a variação de tempo de escoamento de 60 cm 3 do fluido e A e B são parâmetros que dependem da geometria do viscosímetro. O viscosímetro adotado para ser desenvolvido foi o Saybolt Universal, que são largamente utilizados na engenharia mecânica, principalmente em estudos da viscosidade de óleos lubrificantes. A tabela 1 mostra alguns valores dos parâmetros A e B para os tipos de viscosímetros mais usuais. Tabela 1- Parâmetros A e B para os tipos mais usuais de viscosímetros Viscosímetro Parâmetro A Parâmetro B Saybolt Universal para t 100 segundos 0,226 195 Saybolt Universal para t > 100 segundos 0,220 135 Redwood/Standard 0,260 171 Engler (seg) 0,147 374 Fonte: BASTOS(1983) O viscosímetro foi elaborado baseando-se no esquema da figura 1. O dispositivo desenvolvido consiste de duas partes, uma estrutural e outra eletrônica, conforme é observado na figura 2. A primeira constituída de uma base de madeira que serve de suporte para dois tubos de PVC de diferentes dimensões e a segunda contém os dispositivos eletrônicos responsáveis pela cronometragem do tempo e controle da temperatura. O cilindro de PVC de menor dimensão comportou o fluido a ser analisado (SAE 40). O tubo maior armazenou água aquecida para manter, através de troca de calor, a temperatura constante do fluido em observação. Os materiais utilizados na parte estrutural foram os seguintes: Base de madeira; Tubo de PVC 100 mm; Tubo de PVC 40 mm; Capilar de diâmetro 1,2 mm; A seção eletrônica teve um sistema digital desenvolvido a partir de um circuito integrado PIC pertencente à categoria dos microcontroladores. Os materiais utilizados na parte estrutural foram os seguintes: Display LCD 16x2; Microcontrolador PIC18F4520; LM35 (sensor de temperatura);

Aquecedor; Acionadores; Triac; Resistores O controle da temperatura foi de extrema importância na obtenção dos resultados do experimento, uma vez que a viscosidade dos fluidos é dependente da temperatura. Logo, foi necessário que o fluido permanecesse em uma temperatura inalterada dentro do valor em estudo. A seção eletrônica foi projetada para garantir que essa grandeza termodinâmica não sofresse alteração, para isso um sensor LM 35 e o aquecedor foram introduzidos na água presente no tubo. À medida que o fluido analisado sofreu redução de temperatura, o circuito eletrônico acionou o aquecedor até que a temperatura estabilizasse no valor de analise. O volume de sessenta mililitros do SAE 40 em temperatura constante foi escoado por um capilar e depositado em um béquer. O tempo de escoamento teve seu valor medido e aplicado na equação (1). Figura 1- Representação do viscosímetro (BRUNETTI, 2008) Devido ao valor da temperatura ambiente, os ensaios a 22º C e 27º C foram realizados usando apenas o controle do ar condicionado. Para os ensaios a 40º C e 45º C, foi utilizado o dispositivo desenvolvido para controle de temperatura.

Figura 2 Vista frontal do viscosímetro 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO Os experimentos foram realizados para quatro valores de temperatura. A tabela (2) mostra os intervalos de tempo para cada um dos ensaios. Tabela 2 - Intervalos de tempo de escoamento do óleo SAE 40 para 4 valores de temperatura Experimento Temperatura (ºC) Tempo (s) 1 22 2230 2 27 1540 3 40 708 4 45 529 Os intervalos de tempo obtidos nos ensaios foram utilizados para realização dos cálculos da viscosidade cinemática. Os valores de tempo foram substituídos na equação (1) e os parâmetros A e B são 0,220 e 135, respectivamente. A tabela 3 mostra os valores obtidos para a grandeza em estudo. Tabela 3 - Valores de viscosidade em centistokes do óleo SAE-40, para os experimentos com base na equação (2). Experimento 1 2 3 4 Temp (ºC) 22 27 40 45 ν (cst) 490,54 338,71 155,57 116,12

A figura 3 apresenta o gráfico produzido pela ASTM e a tabela 4 mostra os valores da viscosidade extraídos do gráfico. Tabela 4 Valores estimados da viscosidade de acordo com o gráfico padrão de viscosidade temperatura A. S. T. M. Standard Viscosity Temperature Chart for Liquid Petroleum (D 341-43) Saybolt Universal Viscosity Temperatura º C 22 27 40 45 ν (cst) 475,0 349,0 155,0 121,0 Figura 3 - Gráfico padrão de relação viscosidade - temperatura A. S. T. M. Standard Viscosity Temperature Chart for Liquid Petroleum (D 341-43) Saybolt Universal Viscosity. Fonte: www.donaldson.com/en/ih/support/000721.pdf Comparando os valores da tabela 3 com os da tabela 4, é possível observar que o dispositivo forneceu valores da viscosidade cinemática bem próximos dos existentes na literatura. O gráfico apresentado na figura 4 mostra o efeito do tempo de escoamento do fluido em relação à temperatura do processo. É possível constatar que o aumento da temperatura diminui o tempo de escoamento. Através da figura 5 verifica-se que o aumento da temperatura acarretou a

diminuição dos valores da viscosidade cinemática do fluido em estudo. Comportamentos semelhantes foram encontrados por Ferreira et al (2008) e também confirmam o gráfico da figura 3. t (s) 2400 2200 2000 1800 1600 1400 1200 1000 800 600 400 20 25 30 35 40 45 T C Figura 4 - Gráfico do intervalo de tempo(s) necessário para escoamento de 60 ml do SAE-40 em função da temperatura (ºC). 500 450 400 viscocidade (cst) 350 300 250 200 150 100 20 25 30 35 40 45 T( C) Figura 5 - Gráfico do comportamento da viscosidade cinemática(cst) do óleo SAE-40 em função da temperatura(ºc). 4. CONCLUSÃO Através do desenvolvimento deste trabalho foi possível concluir que: - Os valores obtidos através do dispositivo para a viscosidade cinemática, em diferentes temperaturas, encontram-se dentro da faixa de valores encontrados na literatura; - O comportamento da grandeza viscosidade com a temperatura foi aceitável quando comparado com os dados existentes. - É possível construir e aplicar dispositivos elaborados com material de baixo custo para observar fenômenos químicos e físicos, como no caso da viscosidade.

5. AGRADECIMENTOS Ao PIBICT IFPB, campus João Pessoa, pelo financiamento do projeto. 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS A. S. T. M. Standard Viscosity Temperature Chart for Liquid Petroleum (D 341-43) Saybolt Universal Viscosity. Disponível em <www.donaldson.com/en/ih/support/000721.pdf> Acesso em: 17 jul 2012. BRUNETTI, F. Mecânica dos fluidos / Franco Brunetti. - 2. ed. rev. - São Paulo ; Pearson Prentice Hall, 2008. FREIRE, P. Pedagogia de Oprimido. 17. ed. São Paulo. Editora Paz e Terra, P.107,1994. FERREIRA, J. C. Construção e Caracterização de um viscosímetro didático para utilização em aulas de mecânica dos fluidos. Disponível em: <http://bt.fatecsp.br/system/articles/728/original/009.pdf> Acesso em: 15 mai 2012. LIBÂNEO, J. C. Didática. Coleção magistério. Série formação do professor. 28. Ed. São Paulo (SP): Editora Cortez, 2008, pg. 51-102.