6ª Jornada Científica e Tecnológica e 3º Simpósio de Pós-Graduação do IFSULDEMINAS 04 e 05 de novembro de 2014, Pouso Alegre/MG

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Transcrição:

6ª Jornada Científica e Tecnológica e 3º Simpósio de Pós-Graduação do IFSULDEMINAS 04 e 05 de novembro de 2014, Pouso Alegre/MG UMA ABORDAGEM METODOLÓGICA DE GINÁSTICAS NO ENSINO MÉDIO E AS RELAÇÕES DE GÊNERO E SEXUALIDADE: relato de experiência do pibid educação física/ ifsuldeminas Túlio H. L. SILVA 1 ; Nara R. S. CARDILO 2 ; Rodrigo G. RUEDA 3 ; Mateus C. PEREIRA 4 ; Rafael C. KOCIAN 5 RESUMO O seguinte trabalho relata as experiências dos pibidianos do subprojeto Educação Física do Instituto de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Gerais (IFSULDEMINAS campus Muzambinho), realizado na própria instituição de ensino, no período de abril a junho do ano de 2014. Nosso grupo de trabalho contou com 8 pibidianos e o professor supervisor, este foi fomentado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes). Realizamos a prática pedagógica, com alunos do 1º ano do Ensino médio integrado ao ensino técnico em agropecuária. Para a coleta de dados utilizamos diários de campo, filmagens e fotografias. Com um total de 63 alunos (23 meninas e 40 meninos) divididas em 2 turmas, foram realizadas 9 aulas com cada turma. Nas primeiras aulas de nossa intervenção realizamos o diagnóstico com as turmas e identificamos que os alunos não tinham dificuldades com o tema gênero e sexualidade. Após este diagnostico foi introduzido o conteúdo de ginásticas utilizando alguns objetos típicos como bolas, arcos, fitas, no intuito de proporcionar e vivenciar práticas que até então não eram habituais no trato pedagógico aplicado durante as aulas de educação física. As ginásticas influenciaram muito nesse processo, onde foi trabalhado o contato físico e 1 Muzambinho /MG, email: tuliohenry_8@hotmail.com; 2 Muzambinho /MG, email: nararachel@yahoo.com.br; 3 Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sudeste de Minas Câmpus Muzambinho. Muzambinho /MG, email: rodrigorueda95@gmail.com; 4 Muzambinho /MG, email: matunicamp@gmail.com; 5 Muzambinho /MG, email: ;rafaelkocian@yahoo.com.br

atividades que até então, eram vistas somente como algo relacionado ao gênero feminino. PALAVRAS-CHAVE: ginásticas; práticas pedagógicas; ensino médio; INTRODUÇÃO O seguinte trabalho relata as experiências dos pibidianos do subprojeto Educação Física do Instituto de Educação, Ciência e Tecnologia do Sul de Minas Gerais (IFSULDEMINAS campus Muzambinho), realizado na própria instituição de ensino, no período de abril a junho do ano de 2014. Nosso grupo de trabalho contou com 8 pibidianos (6 bolsistas e 2 voluntários) e o professor supervisor. Após um período de diagnóstico da instituição no qual estávamos inseridos e sobre as posturas relacionadas às questões de gênero e sexualidade na escola, segundo Soares et al (2012) o conhecimento tratado na escola é colocado dentro de um quadro de referências filosóficas, científicas, políticas e culturais. A essa construção teórica dá-se o nome paradigma. De diferentes paradigmas, portanto, resultarão diferentes práticas pedagógicas. A partir disso passamos a planejar a intervenção. Esta foi realizada com duas turmas 1º ano do curso técnico em agropecuária integrado ao ensino médio utilizando como conteúdo as ginásticas a fim de observar as manifestações relacionadas às questões de gênero e sexualidade durante as aulas de educação física. A mistura de meninas e meninos na escola e fora dela influenciam as relações de gênero e tornam-se uma importante estratégia para problematizar essas questões. Entretanto, Daniela Auad (2012) afirma que apenas misturar os estudantes não é suficiente para promover uma prática coeducativa. Diante disso, colocamos em prática a idéia de uma aula de Educação Física onde todos participassem das atividades, promovendo atividades que oportunizassem o contato corporal e a resolução de tarefas obrigatoriamente mistas. O conteúdo trabalhado foi Ginástica, dada a riqueza de possibilidades oportunizada por esta modalidade quanto às possibilidades de contato corporal e interação entre os participantes, bem como por não estar caracterizada a um gênero específico.

MATERIAL E MÉTODOS Para a coleta de dados utilizamos diários de campo, filmagens e fotografias. Posteriormente, foi feita a seleção de falas e eventos que evidenciavam problematizações e mudanças de comportamentos dos alunos com relação ao tema. Trata-se, portanto, de uma pesquisa qualitativa. Com um total de 63 alunos (23 meninas e 40 meninos) divididas em 2 turmas, foram realizadas 9 aulas com cada turma. Nossas aulas foram fundamentadas na tendência crítico-superadora da educação física (SOARES et al, 2012), pois esta se caracteriza como uma abordagem da área como linguagem corporal, bem como parte da problematização das questões sociais como elemento fundamental. Antes de iniciarmos com as práticas das aulas de ginástica foi observada a rotina escolar, realizadas entrevistas com a equipe pedagógica, visitas aos alojamentos (pois se trata de uma instituição onde se há um número expressivo de alunos em regime de internato) e acompanhamento de aulas de Educação Física do professor supervisor. RESULTADOS E DISCUSSÃO Nas primeiras aulas de nossa intervenção realizamos o diagnóstico com as turmas e identificamos que os alunos não tinham dificuldades com o tema proposto; apenas algumas questões pontuais, que no nosso ponto de vista é por falta de oportunidade de abordagem sobre o tema na própria escola. Primeiramente foi espalhado pela quadra papéis com diversos temas (dirigir caminhão, videogame, álbum de figurinhas, etc) com imagens relacionadas tanto ao masculino quanto ao feminino. Os alunos deveriam pegar apenas um papel e julgar a qual gênero ele representaria. Após a escolha do papel, deveriam se deslocar para os locais determinados como lado masculino e lado feminino. Foi dada uma opção de criação de grupo comum aos gêneros. Partimos, posteriormente, para os debates. Após esta aula propusemos uma atividade de organização de grupo no campo de futebol da instituição. Foi feito a brincadeira pique-pega de variadas versões, com o intuito de gerar contato entre eles, como pique de dois, corrente e abraçado. Também foi feito uma brincadeira de passagem de um lado para o outro com diversos tipos de apoios, em duplas e em trios. Podemos relatar que em nenhum momento foi citado por nós que o tema

abordado seria gênero e sexualidade, para que não houvesse interferência no seu comportamento habitual. A partir deste diagnóstico introduzimos o conteúdo de ginásticas com a criação de pequenos grupos para atividades. Observamos a atuação deles sobre organização, tais como utilização do próprio corpo como material para formação de objetos geométricos, desenhos e letras. Também usamos alguns objetos típicos da ginástica como bolas, arcos, fitas, cones e swings, no intuito de proporcionar e vivenciar práticas que até então não eram habituais no trato pedagógico aplicado durante as aulas de educação física. Partimos para a finalização com práticas de portagens, rolamentos e pirâmides, com o objetivo que no final os alunos montassem uma apresentação que demonstrassem o que lhes foi ensinado para que tivéssemos um feed back das aulas. Depois de realizar entrevistas com a equipe pedagógica da instituição foi constatado por nós que há pouca reflexão sobre assunto, pois ele não faz parte do conteúdo programático da escola. Entretanto, no contato com os alunos ficou claro que não haveria problemas para desenvolvimento das atividades de ginásticas como potencializadora dos debates sobre gênero e sexualidade. Durante as atividades não observamos problemas em relação ao contato físico entre os estudantes, algo que nos surpreendeu em virtude do histórico de predomínio masculino na escola e nas próprias turmas. Percebemos ao longo do diagnóstico um esteriótipo de masculino associado à rusticidade e ao machismo como características do técnico em agropecuária. Foi possível observar que as atividades tiveram uma participação extrema. De forma geral, os alunos expressaram satisfação com as práticas e debates ocorridos, pois foi uma aula totalmente diferente e que proporcionou um debate que nunca havia sido discutido na instituição. Uma atividade em especial nos chamou a atenção, onde foi solicitado que os alunos formassem três grupos. A dinâmica sugerida foi a de formação de letras, números e formas geométricas, onde teriam que utilizar o corpo para a formação das mesmas. A atividade gerou união, cooperação e disputa entre os grupos. Em um determinado momento, foi pedido para que os grupos montassem a letra A. Dois grupos fizeram uma formação convencional, onde todos permaneceram

de pé e de mãos dadas, formando corretamente a letra A. O terceiro grupo nos chamou a atenção devido à forma que realizou a formação da letra. Como o grupo continha mais integrantes que os demais, usaram da seguinte estratégia: eles se dividiram em duas turmas. A primeira deitou no chão, já formando a letra A completa. Em seguida, a segunda turma se deitou sobre a outra. Questionados sobre o modo de formação que escolheram, um dos alunos explicou que a letra era diferenciada, pois estava em negrito. O fato gerou entusiasmo e descontração por parte dos alunos, despertando a criatividade durante a competição. Outro fato que foi observado foi o aumento da participação ativa de alguns alunos, que através de diálogos, informavam-nos que não gostavam de participar das aulas pela falta de afinidade com a bola, e como em nosso trabalho foi utilizado muita dinâmica corporal e aprendizagem de novos aparelhos. A intervenção oportunizou uma nova possibilidade de atuação dentro das aulas. CONCLUSÕES Concluímos que o nosso trabalho teve efeito significativo no ponto de vista dos alunos, pois através das aulas eles desenvolveram um melhor entendimento do tema gênero e sexualidade: pois no começo do estudo os alunos tinham uma visão machista e estereotipada sobre o tema, e durante as intervenções os conceitos foram se tornando mais claros diante de atividades e argumentos propostos pelas próprias turmas. No entanto nosso trabalho se deu em um curto tempo de intervenção, se fazendo necessário futuros estudos mais duradouros e amplos que contemplem outras disciplinas para um melhor entendimento.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AUAD, Daniela. Relações de gênero nas brincadeiras de meninos e meninas na educação infantil. Pro-posições, Campinas, v. 4, n. 3, p.89-101, set. 2003. Disponível em: <http://mail.fae.unicamp.br/~proposicoes/textos/42-dossiefincod.pdf>.acesso em: 28 jul. 14. SOARES, C. L. et all. Metodologia do Ensino de Educação Física. São Paulo: Cortez, 2012 FONTE DE FINANCIAMENTO Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes).