Desempenho de Treze Cultivares de Alface em Hidroponia, no Verão, em Santa Maria - RS. Evandro Binotto Fagan 1 ; Derblai Casaroli 1 ; Osmar Santos 1 ; Sandro Medeiros 1 ; Denise Schmidt 1 ; Hercules Nogueira Filho 1 ; Elis Borcioni 1 ; Gean Lopes da Luz 1 1 UFSM CCR Departamento de Fitotecnia, 9105-900, Santa Maria RS. Email: osmar_santos@hotmail.com; evbinotto@bol.com.br RESUMO Com objetivo de avaliar o desempenho de treze cultivares de alface dos tipos lisa (Aurora, Elisa, Maravilha de Inverno, Monalisa, Quatro Estações, Regina), crespa (Deyse, Elba, Hanson, Hortência, Vera, Verônica) e americana (Great Lakes), cultivadas em sistema hidropônico NFT, realizou-se um experimento na Universidade Federal de Santa Maria RS, no período de fevereiro a março de 2000. Foram avaliadas as características massa seca da parte aérea, da raiz e total, juntamente com número de folhas. O delineamento experimental adotado foi blocos ao acaso com duas repetições, em esquema fatorial 13 x 2, constituídos por treze cultivares e duas épocas de colheita (25 e 30 dias após o transplantio -DAT). Não houve efeito significativo da interação dos fatores avaliados. Não houve diferença entre cultivares para as características avaliadas, exceto para massa seca da raiz e número de folhas, onde os melhores resultados foram obtidos pelas cultivares Deyse (crespa) e Regina (lisa), respectivamente. Na colheita realizada aos 30 DAT foram obtidos os maiores valores das características avaliadas Palavras-chave: Lactuca sativa L., cultivo sem solo, épocas de colheita. Performance of thirteen lettuce cultivars hydroponic cultivation, at summer, in Santa Maria-RS ABSTRACT An experiment was conducted at the Federal University located in Santa Maria, RS, during February and March, 2000, aiming to observe the performance of thirteen lettuce cultivars grown under NFT hydroponic conditions. The cultivars tested were five European cultivars (Aurora, Elisa, Maravilha de Inverno, Quatro Estaçõesand Regina), six looseleaf (Deyse, Elba, Hanson, Hortencia, Vera and Veronica) and an American cultivar (Great Lakes). The traits observed were top, root and total dry weight and number of leaves per
plant. The experimental design was a randomized split plot with two replications formed by thirteen cultivars and two harvesting dates. No interaction was observed between cultivars and harvesting dates but significant differences between the first (25 days) and second (30 days) harvest dates. Among cultivars the differences observed were in root dry weight and number of leaves per plant, were the best resultads were obtained for cultivars Deyse (looseleaf) and Regina (European cultivar), respectively. To the 30 days harvest dates was obtained better value of characteristics evaluated. Key words: Lactuca sativa L., soilless cultivation, harvest dates. A hidroponia vem se tornando uma alternativa bastante interessante em relação ao cultivo tradicional feito no solo, podendo ser utilizada em regiões onde há pouca disponibilidade de terras agricultáveis e em locais onde ocorreu uso excessivo do solo, problema freqüente em solos sob estufa plástica, porém vem se destacando pela alta produtividade e qualidade dos produtos obtidos (Santos et al., 2000). Quando se realiza o cultivo de alface (Lactuca sativa L.) em hidroponia, boa parte do sucesso depende da escolha correta das cultivares, levando em consideração o tipo mais aceito pelo mercado consumidor, a capacidade de adaptação às condições locais de clima, produtividade, qualidade, manejo da cultura, ciclo, resistência a doenças, pragas e ao pendoamento precoce (Schmidt & Santos, 2000). Em vista disso, Bernardes (1997), em São Paulo, verificou que as cultivares que melhor se adaptaram ao cultivo hidropônico foram a Brisa e a Verônica (crespas), Regina e Elisa (lisas). No Rio Grande do Sul, foram recomendadas para cultivo hidropônico: Lívia e Regina (lisas), Mimosa e Verônica (crespas), para o cultivo de outono; Aurora e Regina (lisas), Deyse e Mimosa (crespas) para o cultivo de inverno; Lívia e Regina (lisas), Mimosa e Verônica (crespas) para o cultivo de primavera (Santos et al., 2000). O objetivo deste trabalho foi avaliar o desempenho de treze cultivares de alface em duas épocas de colheita, em hidroponia (NFT), no período de verão em Santa Maria-RS. MATERIAL E MÉTODOS O experimento foi conduzido em casa de vegetação de fibra de vidro do Colégio Agrícola da Universidade Federal de Santa Maria RS, no período de fevereiro a março de 2000. O delineamento experimental adotado foi blocos ao acaso com três repetições, em esquema fatorial 13 x 2 constituído por treze cultivares de alface, do tipo lisa (Aurora, Elisa, Maravilha de Inverno, Monalisa, Quatro Estações, Regina), crespa (Deyse, Elba, Hanson, Hortência, Vera, Verônica) e americana (Great Lakes), em duas épocas de colheita (25 e 30
dias nas bancadas definitivas). Vinte dias após a semeadura as mudas de alface foram transplantadas para as bancadas definitivas, onde permaneceram por 25 e 30 dias (respectivas datas de colheita). O leito definitivo foi constituído por telhas de fibrocimento, tendo como forma de sustentação das plantas o plástico dupla-face. Utilizou-se um reservatório, onde foram preparados 800 litros da solução nutritiva descrita por Castellane & Araújo (1995), sendo bombeada para os canais de cultivo por 15min. a intervalos de 15min., durante o dia (6:00 às 18:00 horas), e a noite (18:00 às 6:00 horas), os sistema permaneceu 15min. ligado a cada duas horas. Diariamente foi feita a reposição do volume de água. A cada dois dias foi feita a correção do ph para valores entre 5,8 e 6,2, e a leitura da condutividade elétrica. As características avaliadas estão descritas na tabela 1. RESULTADOS E DISCUSSÃO A análise da variância demonstrou que não houve interação entre cultivares e épocas de colheita. As cultivares diferiram estatisticamente apenas nos valores de massa seca da raiz e número de folhas (Tabela 1). Para a variável massa seca da raiz e número de folhas destacaram-se as cultivares Deyse e Regina, respectivamente (Tabela 1). Verificou-se, que o número de folhas obtido para cultivar Regina, neste trabalho (31,2), foi superior aos resultados obtidos, em cultivo de inverno, por Schmidt (1999) e de outono por Nogueira Filho (1999), que encontraram valores de 26,2 e 26,3 respectivamente, ambos realizando colheita aos 30 dias. Os valores deste trabalho se mostraram superiores, principalmente devido às condições de verão acelerarem o desenvolvimento das plantas em relação ao outono, devido a maior soma térmica. Quanto às épocas de colheita, houve diferença significativa para a maioria das características avaliadas, com superioridade para a segunda época de colheita (30 dias), exceto para valores de massa seca da raiz (Tabela 2). As cultivares estudadas mostram-se equivalentes entre si em produtividade no período de verão, no entanto as do tipo Lisa apresentam, em média, maior número de folhas do que as do tipo Crespa e do que a Americana. A colheita aos 30 dias proporciona maior produtividade do que aos 25 dias, no entanto esta primeira época já apresenta boa produtividade. LITERATURA CITADA BERNARDES,L.J.L. Hidroponia da alface: uma história de sucesso. Charqueada: Estação Experimental de Hidroponia Alface & Cia, 1997. 135p.
CASTELLANE,P.D.; ARAUJO, J. C. Cultivo sem solo hidroponia. Jaboticabal: FUNEP, 1995. 43p. NOGUEIRA FILHO, H. Cultivares de alface e formas de sustentação das plantas em cultivo hidropônico. Santa Maria, 1999. 76p. Dissertação (Mestrado em Agronomia) Programa de Pós-graduação em Agronomia, Universidade Federal de Santa Maria, 1999. SANTOS, O. (Ed.). Hidroponia da alface. Santa Maria: UFSM, 2000. 160p. SANTOS, O.; BONNECARRÈRE, R.; SCHMIDT, D. et al. Recomendação de cultivares. Santa Maria: UFSM, 2000. 6p. (Informe Técnico, 01/2000). SCHMIDT, D. Soluções nutritivas, cultivares e formas de sustentação de alface cultivada em hidroponia. Santa Maria, 1999. 98p. Dissertação (Mestrado em Agronomia) Programa de Pós-graduação em Agronomia, Universidade Federal de Santa Maria, 1999. SCHMIDT, D.; SANTOS, O. Cultivares de alface. In: SANTOS, O. (Ed.) Hidroponia da alface. Santa Maria: UFSM, 2000. Cap. 7, p.72-79.
Tabela 1. Valores médios de massa seca da parte aérea (Mspa), raiz (Msr) e total (Mst) e número de folhas (Nfol) de treze cultivares de alface, em hidroponia. Santa Maria, RS, UFSM, 2000. Cultivares Mspa Msr Mst Nfol --------------------- g/planta --------------------------- Lisas Aurora 11,05 1,41 ab 12,46 28,0 ab Elisa 10,06 1,54 ab 11,60 28,3 ab Maravilha de inverno 8,18 1,04 ab 9,22 21,2 c Mona lisa 8,72 1,33 ab 10,04 28,0 ab Quatro estações 8,73 1,45 ab 10,18 19,9 cd Regina 8,60 0,99 b 9,58 31,2 a Crespas Deyse 10,81 1,70 a 12,51 16,6 cde Elba 11,69 1,43 ab 13,12 22,1 bc Hanson 7,67 0,98 b 8,65 13,8 de Hortênsia 9,98 1,47 ab 11,45 17,0 cde Vera 11,71 1,38 ab 13,10 13,9 de Verônica 10,00 1,29 ab 11,29 19,0 cd Americana Great Lakes 9,53 1,07 ab 10,60 11,0 e CV% 17,4 19,3 17,1 17,2 * Médias não seguidas pela mesma letra, na coluna, diferem entre si pelo teste de Tukey em nível de 5% de probabilidade de erro. Tabela 2. Valores médios de massa seca da parte aérea (Mspa), raiz (Msr) e total (Mst) e número de folhas (Nfol) em duas épocas de colheita de alface, cultivadas em hidroponia. Santa Maria, RS, UFSM, 2000. Épocas de colheita Mspa Msr Mst Nfol DAT ------------------------ g/planta ------------------------- 25 9,18 b 1,30 10,48 b 17,9 b 30 10,31 a 1,33 11,64 a 23,6 a CV% 16,3 18,8 16,7 17,7
* Médias não seguidas pela mesma letra, na coluna, diferem entre si pelo teste de Tukey em nível de 5% de probabilidade de erro.