CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇO:

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PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO EM DIREITO CIVIL

XXIII EXAME DE ORDEM DIREITO DO CONSUMIDOR PROF RENAN FERRACIOLLI

Transcrição:

PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA CONTRATO DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇO: ATRASO NO VOO Módulo II (Contratos em Espécie) do Curso de Pós-Graduação em Direito do Consumidor Aula n. 37

Responsabilidade do Fato do Produto ou do Serviço Artigo 12 do Código de Defesa do Consumidor O fabricante, o produtor, o construtor, nacional ou estrangeiro, e o importador respondem, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos decorrentes de projeto, fabricação, construção, montagem, fórmulas, manipulação, apresentação ou acondicionamento de seus produtos, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua utilização e riscos.

Responsabilidade civil Fato = defeito no produto ou na prestação do serviço Os vícios representam na sistemática do CDC a imputação da responsabilidade dos danos (contratuais, extracontratuais, patrimoniais) ao fornecedor.

PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA Vício por segurança (artigo 12 e seguintes do CDC) Leia-se defeito por segurança

PROF. JOSEVAL MARTINS VIANA Defeito no produto ou na prestação do serviço: é aquele que não oferece a segurança que o consumidor esperava do produto ou serviço.

Responsabilidade por Vício do Produto e do Serviço Artigo 18 do CDC Os fornecedores de produtos de consumo duráveis ou não duráveis respondem solidariamente pelos vícios de qualidade ou quantidade que os tornem impróprios ou inadequados ao consumo a que se destinam ou lhes diminuam o valor, assim como por aqueles decorrentes da disparidade, com a indicações constantes do recipiente, da embalagem, rotulagem ou mensagem publicitária, respeitadas as variações decorrentes de sua natureza, podendo o consumidor exigir a substituição das partes viciadas.

EXPECTATIVA

REALIDADE

Atraso no voo Responsabilidade pelo fato do produto Artigo 6º, inciso VI, do Código de Defesa do Consumidor Direito básico do consumidor: a efetiva prevenção e reparação de danos patrimoniais e morais, individuais, coletivos e difusos.

Súmulas 37 do STJ São cumuláveis as indenizações por dano material e dano moral oriundos do mesmo fato.

Artigo 14 do CDC O fornecedor de serviços responde, independentemente da existência de culpa, pela reparação dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos à prestação dos serviços, bem como por informações insuficientes ou inadequadas sobre sua fruição e riscos.

O transportador, como prestador de serviço que é, está enquadrado no art. 14 do CDC, cujo 3º cuida das excludentes de responsabilidade (na verdade, tecnicamente, regula as excludentes do nexo de causalidade). São elas: a) demonstração de inexistência do defeito (inciso I) e b) prova da culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro (inciso II).

3 O fornecedor de serviços só não será responsabilizado quando provar: I - que, tendo prestado o serviço, o defeito inexiste; II - a culpa exclusiva do consumidor ou de terceiro.

Artigo 734 do Código Civil O transportador responde pelos danos causados às pessoas transportadas e suas bagagens, salvo motivo de força maior, sendo nula qualquer cláusula excludente da responsabilidade"

Não há incoerência ou contradição entre esses dois textos legais, porque, quando o Código Civil fala em força maior, está claramente se referindo ao fortuito externo, isto é, o elemento exterior ao próprio risco específico da atividade do prestador do serviço de transporte.

Quando o Código de Defesa do Consumidor afasta a força maior e o caso fortuito, certamente os está afastando quando os eles dizem respeito aos elementos intrínsecos ao risco da atividade do transportador, ou seja, o fortuito interno.

A força maior e o caso fortuito interno, é verdade, não podem ser antecipados (apesar de possíveis de serem previstos) pelo transportador nem por ele evitado. Todavia, não elidem sua responsabilidade

É o caso, por exemplo, do motorista do ônibus que sofre um ataque cardíaco e com isso gera um acidente: apesar de fortuito e inevitável, por fazerem parte do próprio risco da atividade, não eliminam o dever de indenizar. O risco da atividade implica a obrigação imposta ao empresário para que ele faça um cálculo, da melhor forma possível, das várias possibilidades de ocorrências que possam afetar seu negócio.

É exatamente o caso das ocorrências da natureza, tais como tempestade de nevoeiros, no caso do transportador aéreo. Ainda que o transporte aéreo seja afetado por esse tipo de evento climático, o transportador não pode se escusar de indenizar os passageiros que sofreram danos porque o fenômeno - que, aliás, ocorre constantemente é integrante típico do risco daquele negócio.

Quando se trata de fortuito externo, está se fazendo referência a um evento, caso fortuito ou força maior, que não tem como fazer parte da previsão pelo empresário na determinação do seu risco profissional, porque não pode, de modo algum, ser previsto, como se dá no caso da erupção de um vulcão

Com isso, vem-se entendendo que nas relações de consumo o caso fortuito e a força maior não configuram excludentes passíveis de socorrer o fornecedor, portanto, nasce a obrigação legal de reparar os prejuízos advindos na má prestação de serviço (artigo 14, caput, do CDC).

"RESPONSABILIDADE CIVIL - TRANSPORTE AÉREO Cancelamento de voo na hora do embarque - Prestação de serviço inadequada em razão dos transtornos suportados pela autora, decorrentes do cancelamento do voo - Responsabilidade objetiva - A existência de defeitos na aeronave não pode ser excludente da responsabilidade da companhia aérea, porquanto, sua manutenção deve ser prévia e constante - Falha na prestação do serviço - Sentença mantida quanto à lide principal Afastamento da condenação da apelante/denunciada quanto à condenação da verba sucumbencial na lide secundária - Hipótese em que não houve resistência de sua parte - Aceitação da condição como litisconsorte da companhia aérea - Recurso parcialmente provido."(apelação n 9158704-17.2007.8.26.0000, 19a Câmara de Direito Privado, Rei. Des. MARIO DE OLIVEIRA, j. 30/08/2011).

Ação de indenização por danos morais - Transporte aéreo Atraso de voo internacional - Responsabilidade civil objetiva - Indenização - Aeronave que atrasa em virtude de defeitos apresentados - Alegação de que o evento ocorreu em razão de caso fortuito e força maior Inadmissibilidade. Manutenção que deve ser prévia e constante. O atraso de voo internacional decorrente de defeitos na aeronave não pode ser considerado como caso fortuito, uma vez que a manutenção dessa deveser prévia e constante. Desta forma, é devida indenização aos passageiros, em razão da responsabilidade objetiva da companhia aérea - Recurso parcialmente provido (Apelação 0009880-67.2009.8.26.0562; 14ªCâmara de Direito Privado)

Os Tribunais têm decidido: "O ressarcimento pelo dano moral decorrente de ato ilícito é uma forma de compensar o mal causado, e não deve ser usado como fonte de enriquecimento ou abusos, dessa forma a sua fixação deve levar em conta o estado de quem recebe e as condições de quem paga (TACIV SP RT vol. 744/255) e ainda no corpo do julgado constante do mesmo Tribunal, na RT vol. 745/287 colhe-se os seguintes destaques, falando-se sobre o dano moral: "deve ser fixado, prudentemente pelo Juiz considerando a personalidade da vítima (situação familiar e social, reputação)gravidade da falta, dolo e culpa e personalidade do ofensor