UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA UDESC CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE E DO ESPORTE CEFID DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA SATOMY ARENAS KAMI



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Transcrição:

UNIVERSIDADE DO ESTADO DE SANTA CATARINA UDESC CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE E DO ESPORTE CEFID DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA SATOMY ARENAS KAMI IMPACTO DE UM PROGRAMA DE EXERCÍCIO RESISTIDO NA QUALIDADE DE VIDA E PERFIL BIOQUÍMICO. Trabalho de Conclusão de Curso, apresentado para obtenção do grau de bacharel no curso de Educação Física da Universidade do Estado de Santa Catarina UDESC. Orientadora: Prof. Dr a Monique da Silva Gevaerd Co-orientador: Prof. Msc. Wladymir Külkamp FLORIANÓPOLIS SC 11

IMPACTO DE UM PROGRAMA DE EXERCÍCIO RESISTIDO NA QUALIDADE DE VIDA E PERFIL BIOQUÍMICO. Satomy Arenas Kami 1 Dra. Monique Da Silva Gevaerd 2 Msc. Wladymir Külkamp 2 1 Acadêmica do curso de Educação Física, do Centro de Ciências da Saúde e do Esporte (CEFID), da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC). 2 Professor do Centro de Ciências da Saúde e do Esporte (CEFID), da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC). RESUMO Objetivo: Verificar o impacto de um programa sub-máximo de exercícios resistidos na resistência muscular localizada (RML), no perfil bioquímico e na qualidade de vida em indivíduos portadores de alguma doença crônico não transmissível. Materiais e Métodos: Amostra composta por seis indivíduos de ambos os sexos, com idade entre 52 e 69 anos, portadores de alguma patologia crônico não transmissível. O estudo teve duração de treze semanas, foram realizadas duas avaliações, uma no inicio do programa e outra ao final. As avaliações foram compostas por uma ficha cadastral (informações referentes à idade, sexo, grau de escolaridade e história clínica), exame físico (estatura e da massa corporal), questionário de atividade física (IPAQ-versão curta), avaliações bioquímicas (GJ, TG, CT, HDL-C e LDL-C), questionário de qualidade de vida SF 36 e o protocolo de exercícios resistidos (ER). Análise dos dados: Foram realizadas de maneira descritiva, utilizando media, desvio padrão e frequência. Também utilizamos testes de normalidade, Kolmogorov-Smirnov e Shapiro-Wilk. Para comparação entre os períodos pré e pós programa de exercício resistido foi utilizado Teste T Student e o Teste de Wilcoxon Para as análises foi utilizado o Software Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) (Versão 17. for Windows, Marca SPSS Inc., EUA). Em todas as comparações, considerou-se como significante as probabilidades associadas aos testes p,5. Resultados: Foi encontrado significância (p,5) no perfil bioquímico nas variáveis: HDL-c, Glicemia de Jejum e Glicemia Capilar. No questionário de qualidade de vida SF-36, no domínio Saúde Mental foi encontrado significância (p,5). Ao final do programa de ER todos os indivíduos apresentaram melhoras na RML.Conclusão: O impacto do ER na RML, qualidade de vida e perfil bioquímico foram positivos. Palavras-chave: Exercício Resistido, Qualidade de Vida, Perfil Bioquímico. 2

INTRODUÇÃO Com a evolução científica e tecnológica, o ser humano passou a ter uma vida mais prática e acomodada, adotando uma cultura alimentar de alimentos rápidos e congelados, aliada ao consumo excessivo de refrigerantes e bebidas adoçadas artificialmente (ANS 7, MENEZES 1). Além disso, o estilo de vida passou a ser mais competitivo promovendo elevado nível de estresse, ansiedade e sedentarismo, associado ao aumento de consumo de bebidas alcóolicas e ao tabagismo. (SHARAF 1; ALISTAIR et al 1; BIELEMANN et al 7; CAMOES e LOPES 8). Especificamente associadas ao sedentarismo são muitas as doenças, como coronariopatias, diabetes, hipertensão arterial, hipercolesterolemia, acidente vascular cerebral, osteoporose, osteoartrite, e câncer de próstata, mama e cólon intestinal (CAROMANO et al 6). Os fatores de risco para essas doenças incluem: obesidade, sedentarismo, tabagismo e alcoolismo (MOURA et al 6), e explicam a maioria dos óbitos causados por doenças crônicas em todas as idades, em ambos os sexos, e em todas as partes do mundo (WHO, 6). Profissionais da área da saúde e principalmente o profissional da educação física, devem criar estratégias para incentivar a população a adotar o estilo de vida ativo fisicamente (PITANGA 1). O profissional de Educação Física tem sido procurado para a prescrição e orientação de atividades, que auxiliem como coadjuvante no tratamento de inúmeras doenças. Assim, tornam-se fundamentais pesquisas na área de atividade física e saúde, pois o profissional ao atuar nessa área, tem que estudá-la e aprofundá-la, para dessa forma, maximizar os benefícios e em contrapartida minimizar toda e qualquer situação de risco, decorrentes da prática de exercícios. A prática regular de atividade física possui papel fundamental na prevenção e controle das doenças crônicas não transmissíveis (CAROMANO et al 6). Neste sentido, programas de exercícios resistidos (ER) têm sido recomendados, para melhoria da aptidão funcional de indivíduos sedentários saudáveis, ou como forma de tratamento não farmacológico para algumas patologias (STELLA et al 2). A prática de exercício resistido contribui para a melhora da força e da resistência muscular localizada (RML), com impacto direto nas atividades da vida diária (ACSM, 1998). Além disso, sua prática regular auxilia no controle da massa corporal e manutenção e/ou aumento da massa muscular (NAHAS 3), previne as doenças associadas ao sedentarismo, bem como melhora o perfil glicêmico e lipídico a médio e longo prazo (VILARTA, 7), contribuindo para uma melhor mobilidade, capacidade funcional e qualidade de vida dos praticantes (MATSUDO 9, PEDRO e AMORIN 8, AMORIN et al 2). Dentre os diferentes tipos de exercícios físicos, os exercícios aeróbios são os mais indicados para controle do perfil glicêmico e lipídico, talvez devido ao fato de ainda serem os mais estudados (MARTINS e DUARTE, 1998; SILVA e LIMA, 2; SILVA et al., 4). Entretanto, a procura pelos exercícios resistidos (ER) ou musculação tem aumentado, sendo recomendados especialmente para promover a força muscular, o equilíbrio e a densidade mineral óssea em diversas populações (CANDELORO e CAROMANO 7). No entanto, os efeitos desse tipo de EF sobre o perfil lipídico não estão claros (FLECK e KRAEMER 1999). Quanto às respostas no perfil glicêmico, os exercícios resistidos, tanto quanto os aeróbios, parecem promover redução glicemia durante e após a pratica de exercício (IRIGOYEN et al 3). O 3

exercício físico torna-se um mediador importante juntamente com a insulina liberada durante o exercício para o transporte de glicose no músculo esquelético, que ocorre por difusão facilitada ou pelas proteínas transportadoras (IRIGOYEN et al 3). A sensibilidade à insulina pode aumentar com exercícios, independentemente da redução do peso e de mudanças na composição corporal (DONOVAN et al., 5). Nesse contexto, o objetivo do presente estudo foi verificar o impacto de um programa submáximo de exercícios resistidos na resistência muscular localizada, no perfil bioquímico e na qualidade de vida de portadores de doenças crônico-degenerativas. MATERIAIS E MÉTODOS Amostragem: Foram avaliados três homens e três mulheres, com idade entre 52-69 anos, portadores de alguma patologia crônica não transmissível. Todos os participantes participavam de um Projeto de Extensão Universitária e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, previamente aprovado pelo CEP-UDESC 46/11. A coleta de dados foi realizada no Laboratório de Análises Multisetorial (MULTILAB) do Centro de Ciências da Saúde e do Esporte (CEFID) da Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC) no período de Março de 11 a Julho de 11. Instrumentos e Procedimentos: Para a caracterização da amostra, bem como para a avaliação do perfil bioquímico e da qualidade de vida dos pacientes, os sujeitos do estudo foram submetidos às avaliações descritas a seguir. Este conjunto de avaliações foi realizado em dois momentos distintos, no início do programa de exercícios resistidos e após a conclusão do mesmo, com um intervalo de 13 semanas. Ficha cadastral: Na ficha cadastral foram coletadas informações referentes à idade, sexo, grau de instrução e história clínica. Exame Físico: No exame físico, foram realizadas medidas da estatura e da massa corporal em balança digital com estadiômetro (marca Metler-Toledo). Estas medidas foram utilizadas para o cálculo do índice de massa corporal. A classificação do índice de massa corporal foi baseada nos critérios da Organização Mundial da Saúde: magreza (< 18,5 kg/m 2 ); saudável (18,5 a 24,99 kg/m 2 ); pré-obesidade ( 25, kg/m 2 ); obeso grau I (3, a 34,99 kg/m 2 ); obeso grau II (35, a 39,99 kg/m 2 ) e obeso grau III (, kg/m 2 ). Questionário de atividade física (IPAQ): Para verificação do nível de atividade física foi utilizada a oitava versão do Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ versão 8), validado por Matsudo et al, (1) sob a forma curta e tendo como referência a última semana de prática de exercícios. Para análise dos dados do IPAQ foi utilizado o consenso realizado entre CELAFISCS e o Center for Disease Control (CDC) em Atlanta (2), citado por Matsudo et al, (1) onde são considerados critérios de freqüência e duração da atividade física. De acordo com o consenso as pessoas podem ser classificadas em cinco categorias: muito ativo, ativo, irregularmente ativo A, irregularmente ativo B e sedentário. Exames laboratoriais: Foram realizadas avaliações bioquímicas para quantificação dos níveis séricos de Glicemia de Jejum (GLI), Triglicerídeos (TG), Colesterol Total (CT) e as frações HDL- Colesterol (HDL-C) e LDL-Colesterol (LDL-C). As análises bioquímicas foram realizadas por técnicas 4

de espectrofotometria (espectrofotômetro Concept Biotécnica), utilizando kits reagentes colorimétricos, específicos para dosagem de cada analito, com exceção do LDL-C que foi calculado pela fórmula de Friedewald (JOHNSON et al 1997). Para a coleta das amostras sanguíneas, foi solicitado aos indivíduos que permanecessem em jejum por um período de aproximadamente 1 a12 horas e as coletas foram realizadas por profissional habilitado. Questionário de qualidade de vida (SF-36): A avaliação da qualidade de vida foi obtida por meio do questionário Medical Outcomes Survey 36 Items (SF-36), que foi desenvolvido para avaliar, de forma genérica, a saúde física e mental. O SF-36 contém 36 questões acerca da saúde e bem estar subdivididas em oito diferentes domínios: função física; limitação funcional decorrente da saúde física; função social; vitalidade; dores corporais; saúde mental; limitação funcional por causa de problemas emocionais e percepções gerais da saúde. Essa escala apresenta um escore de a 1 para cada domínio. Quanto maior a pontuação melhor o estado geral de saúde do indivíduo. Avaliação da resistência muscular localizada (RML): Para avaliar a RML dos indivíduos antes do início e no final da intervenção foram selecionados exercícios de controle multi-articulares, que envolvessem grandes grupamentos musculares e de fácil execução, sendo eles: leg-press 45, remada baixa e supino reto. Foi realizado no início do programa um teste do número máximo de repetições em cada exercício, com cargas que refletiam uma percepção subjetiva de esforço (PSE) individual de nível entre 6 e 7, relacionada à esforços de característica sub-máxima de acordo com a escala OMNI-RES de percepção de esforço, com espectro de a 1 (LAGALLY e ROBERTSON, 6). Ao final do programa o teste foi repetido com a mesma carga do início e a PSE foi também verificada, de maneira a identificar se, para uma mesma carga absoluta, o número máximo de repetições aumentaria, o que garantiria a eficiência do programa no que diz respeito à melhora na RML. Protocolo de Exercícios Resistidos: Foi aplicado num período de 13 semanas, com verificação da Pressão Arterial (BD ) antes e após cada sessão de exercício e glicemia capilar (aparelho AccuCheck Advantage e fitas compatíveis) uma vez na semana, também antes e após cada sessão. Além dos exercícios de controle utilizados nos testes (leg-press 45, remada baixa e supino reto), outros exercícios foram inseridos no protocolo com o passar das semanas, para garantir a variabilidade do treinamento e melhorar a adesão dos participantes. A PSE foi avaliada em cada sessão apenas nos exercícios de controle, sendo a carga de treinamento aumentada mediante a redução do nível de esforço percebido. Análise Estatística: As analises foram feitas de forma descritiva, utilizando média, desvio padrão (dp) e distribuição de frequências dos resultados. Também foram aplicados teste de normalidade, Kolmogorov-Smirnov e Shapiro-Wilk. Para comparações entre os períodos pré e pós programa de exercício resistido foi utilizado Teste t de Student pareado para variáveis paramétricas e o teste de Wilcoxon para as variáveis não paramétricas. Para as análises foi utilizado o Software Statistical Package for the Social Sciences (SPSS) (Versão 17. for Windows, Marca SPSS Inc., EUA). Em todas as comparações, considerou-se como significante as probabilidades associadas aos testes p,5. 5

RESULTADOS A amostra foi constituída por três homens e três mulheres, variando a faixa etária entre 52 e 69 anos. O grupo apresentava as seguintes patologias: Diabetes (5%) e Hipertensão (33,33%). O grau de escolaridade do grupo se distribuiu da seguinte forma: Ensino Superior Completo (33,33%), Superior Incompleto (16,66), Ensino Médio Completo (33,33) e Ensino Médio Incompleto (16,66%). Quanto aos dados antropométricos do grupo, a média e desvio padrão, da massa corporal foram de 71,43±6,37Kg inicial e 72,47+6, final, a estatura foi de 1,65+,8, o IMC apresentou 26,1+1,95 inicial e 26,51+2,7 final. Os indivíduos foram classificados como pré-obesidade. Os dados antropométricos pouco variaram, não apresentaram significância comparando os valores iniciais e finais, ou seja, antes e após intervenção do programa de ER. Tabela 1. Média, Desvio padrão (DP) dos Dados Antropométricos inicial e final, do Programa de Exercício Resistido (n=6) Média+dp Teste T Massa corporal inicial 71,43+6,37,38* Massa corporal final 72,47+6, Estatura 1,65+,8 IMC inicial 26,1+1,95 IMC final 26,51+2,7 *não apresenta significância (p,5),268* O questionário IPAQ-versão curta foi aplicado ao início do programa para mensurar o nível de atividade física dos indivíduos, e descobrir se todos os indivíduos do grupo apresentavam o mesmo nível de atividade física. Entre os participantes, apenas um indivíduo possuía o estado de fisicamente ativo, totalizando 83,34% da amostra como insuficientemente ativos, no inicio do programa de ER. Ao término do programa de ER 33,33% apresentavam com estado de fisicamente ativo. Em relação ao perfil bioquímico dos indivíduos, a comparação entre os resultados de Glicose, Triglicerídeos, Colesterol total, HDL-C e LDL-C, obtidos antes e após a intervenção do programa de exercício resistido, estão representados na tabela 2. A GLI apresentou redução significativa e o HDL-c teve um aumento positivo. Não houve alteração nos níveis de LDL-c e TG. Já Colesterol Total (COL-t) apresentou uma tendência em aumentar, isso provavelmente está relacionado com aumento do HDL-C e do LDL-C. 6

Tabela 2. Média e desvio padrão das variáveis do Perfil bioquímico antes e depois do Programa de Exercício Resistido (n=6) Variável Bioquímica Média+dp Teste T pareado GLI antes 139,66+42,86,37* GLI depois 1+28,93 CT antes 182,83+35,58,52** CT depois 5,83+59,56 TG antes 142,33+91,11,194*** TG depois 128,+92,62 HDL-c antes 44+1,77,21* HDL-c depois 52,5+14,1 LDL-c antes 11,36+26,27,68*** LDL-c depois 127,83+45,85 *diferença significativa (p,5), **apresenta tendência a aumentar, ***não apresenta significância. Os dados referentes à glicemia capilar pré e pós exercício resistido estão representados na tabela 3 e evidenciam o feito agudo do exercício na redução da glicemia. Tabela 3. Média e desvio padrão da Glicemia Capilar pré e pós Programa de Exercício Resistido (n=6) Média+dp Glicemia capilar pré 171,+59,22 Glicemia capilar pós 134,1+46,87 *apresenta significância (p,5) Teste T pareado,1* Os resultados obtidos a partir do Questionário de Qualidade de Vida Medical Outcome Survey Short Form36 (SF-36), estão representados na Figura 1. Foi aplicado o teste de Wilcoxon para comparação entre pré e pós ER, nos oito domínios. Estes apresentaram significância (p,5) apenas no domínio determinado como Saúde Mental. Os valores estão representados na Tabela 5. Os resultados referentes ao teste de resistência muscular localizada (RML), que foram aplicados no inicio e ao término do programa de ER, estão representados na Figura 2. Foi percebido que todos os indivíduos obtiveram aumento do número máximo de repetições. Tabela 4. Questionário SF-36 Média e desvio padrão do Questionário SF-36 antes e após Programa de Exercício Resistido (n=6) Teste de Wilcoxon Z Capacidade Funcional Aspectos Físicos Dor Estado Geral de Saúde Vitalidade Aspectos Sociais Aspectos Emocionais Saúde Mental,1585,1585,282,5,78,158,341,29*, -1,342 -,365 -,15-1,342 -,813 -,8-1,82 *significativo (p,5). 7

Frequência (%) Frequência (%) Frequência (%) Frequência (%) Frequência (%) Frequência (%) Frequência (%) Frequência (%) A B 1 1 8 8 25 5 75 1 Categorias (aspectos (capacidade funcional) 25 5 75 1 Categorias (dor) C D 1 9 1 8 8 7 5 3 1 25 5 75 1 Categorias (aspectos fisicos) 25 5 75 1 Categorias (aspectos emocionais) E F 1 1 8 8 25 5 75 1 Categorias (aspectos sociais) 25 5 75 1 Categorias (estado geral de saude) 1 G 1 H 8 8 25 5 75 1 Categorias (vitalidade) 25 5 75 1 Categorias (saude mental) Fig. 1. Histogramas de freqüências para os domínios do Questionário de Qualidade de Vida Medical Outcome Survey Short Form36 (SF-36), que Avalia oito domínios: Capacidade Funcional (A), Dor (B), Aspectos físicos (C), Aspecto Emocional(D), Aspecto Social(E), Estado Geral de Saúde (F), Vitalidade(G), e Saúde Mental (H). O grupo foi avaliado antes do programa de ER e após o programa de ER (n=6). 8

ANTES DEPOIS ANTES DEPOIS ANTES DEPOIS ANTES DEPOIS ANTES DEPOIS ANTES DEPOIS Repetições 5 3 1 Número de Repetições Máximas SUPINO LEG REMADA 1 2 3 4 5 6 Indivíduos Figura 2: Número Máximo de Repetições (nrm) realizados no início e no final do programa de exercício resistido, nos aparelhos: supino, leg-press e remada baixa. DISCUSSÃO Após intervenção de 13 semanas, não foram verificadas mudanças significativas nos parâmetros antropométricos, o peso corporal permaneceu praticamente inalterado. Contudo segundo os critérios de classificação do IMC da OMS, o grupo se apresentava com sobrepeso (IMC 25, kg/m 2 ). O sobrepeso e a obesidade são fatores de risco para variado número de agravos à saúde, dos quais os mais freqüentes são doença isquêmica do coração, hipertensão arterial, acidente vascular cerebral, diabetes mellitus tipo 2, colelitíase, osteoartrite (especialmente de joelhos), neoplasia maligna de mama pósmenopausa e de endométrio, esofagite de refluxo, hérnia de hiato e problemas psicológicos (WHO, 1995 e WHO,1998) Em estudo Ryan (1995) e Burleson (1998), comparam o exercício resistido com o aeróbio, concluíram que provavelmente o exercício resistido causaria maior distúrbio na homeostase que o exercício aeróbio, sugerindo que ER, devido às altas intensidades envolvidas, poderia requerer maior gasto energético, tanto durante o exercício quanto durante a recuperação, relacionando ao consumo de oxigênio após exercício. Schuenke et al (2) analisando apenas o exercício resistido, sugere que um protocolo mais extenuante seja mais eficaz no controle de peso. Em relação ao perfil bioquímico, os valores da glicemia em jejum e da glicemia capilar apresentaram significância e valores menores após o programa de exercício resistido. Estes resultados foram semelhantes aos de Cambri et al (6), nos quais a glicemia capilar após sessões de exercícios resistidos com pesos reduziu 19,9% em média. Isso ocorre pelo aumento do aporte sanguíneo que é um importante fator regulador, disponibilizando para a musculatura mais substrato, melhorando a taxa de captação da glicose durante e após a pratica de exercício (IRIGOYEN et al 3), ou seja, o efeito esta relacionado ao aumento da captação e também do metabolismo da glicose pelo músculo, assim como também melhora a síntese e translocação de GLUT-4, que é transportador de glicose, tanto no tecido adiposo, músculo estriado esquelético e músculo cardíaco (DÂMASO,1). 9

Dessa maneira o exercício físico torna-se um mediador importante juntamente com a insulina liberada durante o exercício para o transporte de glicose no músculo esquelético, que ocorre por difusão facilitada ou pelas proteínas transportadoras. (IRIGOYEN, et al 3). A sensibilidade à insulina pode aumentar com exercícios, independentemente da redução do peso e de mudanças na composição corporal (DONOVAN et al., 5). Os valores de HDL-c também foram significamente maiores ao final da intervenção de 13 semanas, onde esse está diretamente relacionado com a prática de atividade física, quanto mais ativo o indivíduo for, melhor será o nível plasmático de HDL-C (PITANGA 1). Valores altos de HDL-C e baixo de LDL-C, mostram menores chances de desenvolver doenças coronarianas (MENOTTI ). Também em relação ao perfil bioquímico os valores de Colesterol-t apresentaram uma tendência em aumentar, provavelmente por que os níveis de HDL-C também aumentaram, pois para determinar o nível de Colesterol-t faz-se a junção da quantidade de colesterol ligado à HDL-C, TG e LDL-C (SPOSITO 7). Os valores de LDL também obtiveram um aumento, provavelmente por causa também do aumento de HDL-C, os níveis de LDH-C foram determinados a partir do cálculo de Friedewald, onde o HDL-C sofre influência diretamente os valores de LDL-C. LDL-C mg/dl= Colesterol-t - HDL-C - (Triglicerídeos/5) Apesar de nesse estudo não haver controle da dieta alimentar, e também de não ter ocorrido melhoras no perfil de LDL-C e TG, diversas pesquisas têm demonstrado que a prática regular de exercício físico pode promover efeitos crônicos na diminuição dessas concentrações (Honkola et al 1997, Silva e Lima, 2). Na tentativa de associar a pratica de exercício e qualidade de vida, utilizamos o questionário SF-36, onde eram avaliados oito domínios: capacidade funcional, aspectos físicos, dor, estado geral de saúde, vitalidade, aspecto social, aspecto emocional e saúde mental. Macedo e Battistella () dizem que há relação entre a Capacidade Funcional e melhora nos Aspectos Físicos. As questões avaliadas para compor o domínio Capacidade Funcional abrangiam tarefas do cotidiano da pessoa, como varrer a casa, tomar banho, subir escadas, levantar objetos, e para avaliar os Aspectos Físicos estava associada com a dedicação dos indivíduos às suas tarefas diárias, ou profissionais; em relação ao tempo de desenvolvimento dessas tarefas, a dificuldade na realização das mesmas e na qualidade do desenvolvimento. Percebe-se que ao final do programa de exercício os Aspectos Físicos apresentaram uma melhora, pois havia uma freqüência de 8% encontram-se entre 75-1%, e no inicio haviam apenas 15% de freqüência de indivíduos que se faziam presentes entre 25-5%. No domínio dor, foi observado uma piora ao final do programa, isso pode ter ocorrido por causa da má administração da sobrecarga, alguma outra patologia associada (artrite, tendinite, entre outras), também os fatores climáticos que no período do programa de ER as temperaturas enfrentadas eram frias, com vento e chuva que apresentava nessa época, podendo gerar as possíveis queixas de dor. Macedo e Battistella () também com aplicação do questionário de qualidade de vida SF-36 e exercício físico, encontraram nível elevado de dor, salientando da importância do acompanhamento direto ao indivíduo no decorrer do exercício, e principalmente da importância do profissional da Educação Física. 1

A melhora no domínio Vitalidade e Saúde Mental podem estar correlacionadas, e pode ser uma resposta positiva ao exercício físico, onde as pessoas passam a ter maior vigor e vontade para realizar atividades da vida viária, demonstrando maior energia e menor cansaço. Também há maior controle do nervosismo, menor depressão e desanimo maior calma e tranqüilidade. E principalmente os indivíduos se apresentaram mais felizes ao final do programa. Matsudo () diz que a atividade física esta relacionada à melhora do auto-conceito, melhora da auto-estima, melhora a imagem corporal, contribui no desenvolvimento da auto-eficácia, diminuição do estresse, ansiedade, melhora da tensão muscular, insônia, diminuição do consumo de medicamentos, melhora das funções cognitivas e da socialização. No Protocolo de Exercício resistido, foi estabelecido o número de series e repetições sendo fixos, três e dez respectivamente, o aumento de carga era estimulado quando na PSE na escala OMNI- RES do individuo apresentava valores menores que 6. Porém algumas vezes percebíamos a oscilação com a mesma carga o individuo avaliava de maneira diferente; um dia a série era avaliada como 8 (difícil) e dias analisada como 5 (fácil), isso pode ter ocorrido por influência dos fatores emocionais (BORG, ; MORGAN,1985), e também foi percebido o receio de aumento de carga por alguns indivíduos, que omitiam a PSE, e Borg () diz que "não se pode esperar que todas as pessoas forneçam classificações confiáveis e válidas, qualquer que seja o método de determinação de escala utilizada". Foram percebidas essas reações principalmente pelas mulheres, que alegavam medo de se lesionar, mas ao decorrer das sessões aumentaram suas cargas, por conseqüência a intensidade para atingir melhoras físicas, que já se apresentavam ao longo do programa. Os exercícios; leg press 45, supino reto e remada sentada foram selecionados visando o ganho de resistência de grandes grupamentos musculares, segundo a Sociedade Brasileira de Medicina do Esporte (1999) para o treinamento da força e da endurance musculares, devem-se trabalhar os grandes grupos musculares, duas a três séries de seis a doze repetições aumentam tanto a força quanto a endurance musculares. Ao final da intervenção com o protocolo de exercício resistido, percebemos as melhoras da resistência muscular, com o aumento do número de repetições ao final do programa ER. Esse ganho de resistência muscular localizada, proporciona aos indivíduos o aumento da capacidade funcional, de desempenho em atividades esportivas, combate a perda de massa muscular e óssea, provenientes do envelhecimento e do sedentarismo, aumento de massa muscular, força muscular e enrijecimento muscular. Outro fator a ser considerado foi assiduidade dos indivíduos nas sessões das atividades, constatamos com 91% de freqüência, media de quatro faltas por individuo, e levando em consideração o horário das sessões (7: horas da manha) e as estações enfrentadas (inverno e outono), eram pouco contagiante à prática de exercício físico. Em um estudo Fermino et al (1) mostram que os motivos para a prática de atividade física que apresentaram maiores escores são saúde, aptidão física, disposição, atratividade e harmonia. Balbinotti e Capozzoli (8), os motivos mais importantes para a prática de atividade física foram: prazer, controle do estresse e estética. Araújo e Araújo (2) mostram que 85% dos sujeitos procuram na prática de exercícios com o objetivo de melhora da qualidade de vida ou prevenção/tratamento de doenças, enquanto 1% reportaram motivos como estética, prazer e lazer. 11

Nesse estudo não foi diferente, percebemos que a prática de atividade física além de proporcionar melhoras na qualidade de vida, promoção e prevenção da saúde, interação e socialização. O conjunto desses elementos, proporcionava aos indivíduos grande prazer no desenvolvimento do programa. CONCLUSÃO Concluímos que o protocolo de exercício resistido contribuiu para o ganho de resistência muscular localizada, melhora na qualidade de vida, principalmente no domínio Saúde Mental nos indivíduos investigados. A intervenção do exercício resistido também contribui para melhora do perfil bioquímico, aumentando níveis de HDL-C e diminuindo a Glicemia de Jejum e Capilar. Para haver melhoras no perfil bioquímico (colesterol-t e triglicerídeos) deve-se associar prática de exercício físico e hábito alimentar. REFERÊNCIAS 1. Agência Nacional de Saúde Suplementar (Brasil).Promoção da saúde e prevenção de riscos e doenças na saúde suplementar: manual técnico/agencia Nacional de Saúde Suplementar. 2.ed e atual. Rio de Janeiro:ANS 7. 168 p. 2. ALISTAIR, V.N. GUY, W.G, JAMES S.B e JIMMY D.B. Inflammatory modulation of exercise salience: using hormesis to return to a healthy lifestyle Nutr Metab (Lond). 1; 7: 87 3. AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE. Position Stand. The recommended quantity and quality of exercise for developing and maintaining cardiorespiratory and muscular fitness, and flexibility in healthy adults. Med. Sci. Sports Exerc. 3:975 991, 1998. 4. AMORIN P.R.D.S, MIRANDA, M.D, CHIAPERA, S.M.V et al. Estilo de vida ativo ou sedentário: Impacto sobre a capacidade funcional. Rev.Bras.Cienc.Esporte, Campinas, v.23,n.3, p.49-63, maio 2. 5. Araújo DSMS, Araújo CGS. Autopercepção corporal de variáveis da aptidão física relacionada à saúde. Rev Bras Med Esporte 2;8:37-49.18 6. BALBINOTTI, Marcos Alencar Abaide e CAPOZZOLI, Carla Josefa. Motivação à prática regular de atividade física: um estudo exploratório com praticantes em academias de ginástica. Rev. bras. Educ. Fís. Esp. 8, vol.22, n.1, pp. 63-8. 7. BIELEMANN, R. KARINI, G., AZEVEDO, M.R e REICHERT, F.F. PRÁTICA DE ATIVIDADE FÍSICA NO LAZER ENTRE ACADÊMICOS DE EDUCAÇÃO FÍSICA E FATORES ASSOCIADOS. Revista Brasileira de Atividade Física & Saúde. 7 8. BORG, G. Escalas de Borg para a Dor e Esforço Percebido. São Paulo: Manole.. 125p.. 9. Burleson MA, Bryant HS, Stone MH, Collins MA, McBride TT. Effect of weight training exercise and treadmill exercise on post-exercise oxygen consumption. Med Sci Sports Exerc. 1998;3(4):518-22. 1. CAMBRI, L. T. et al. Perfil lipídico, dislipidemias e exercícios físicos. Revista Brasileira de Cineantropometria e Desempenho Humano, Florianópolis, v.8, n.3, p.1-16, 6. 12

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