COMPLEMENTO DO RELATÓRIO SOBRE O SETOR DE FERTILIZANTES CONTIDO NA PÁGINA 154 DO RELATÓRIO FINAL ENVIADO EM NOVEMBRO DE 2000

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CONVÊNIO 02/99 APOIO À INSTALAÇÃO DOS FÓRUNS DE COMPETITIVIDADE NAS CADEIAS PRODUTIVAS COURO/CALÇADOS, TÊXTIL, MADEIRA/MÓVEIS E FERTILIZANTES COMPLEMENTO DO RELATÓRIO SOBRE O SETOR DE FERTILIZANTES CONTIDO NA PÁGINA 154 DO RELATÓRIO FINAL ENVIADO EM NOVEMBRO DE 2000 PENSA - FIA - FEA USP CONTRATANTE: MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO, INDÚSTRIA E COMÉRCIO EXTERIOR (MDIC) SETEMBRO DE 2002 SÃO PAULO (SP) 1

EQUIPE PROF. DR. DÉCIO ZYLBERSZTAJN (Coordenador Geral e Responsável pela Cadeia de Fertilizantes) PROF. DR. MARCOS SAWAYA JANK (Coordenador Técnico e Responsável pela Cadeia Têxtil/Confecções) PROF. DR. PAULO FURQUIM DE AZEVEDO (Responsável pela Cadeia Couro/Calçados) PROF. DR. CARLOS JOSÉ CAETANO BACHA (Responsável pela Cadeia Madeira/Móveis) ISADORA HERRMANN (Equipe Técnica Cadeia Têxtil/Confecções) FABIANA SALGUEIRO PEROBELLI (Equipe Técnica Cadeia Têxtil/Confecções) MARISTELA FRANCO PAES LEME (Equipe Técnica Cadeia Fertilizantes/Confecções) 2

I Introdução O presente documento pretende analisar os critérios de competitividade setorial com a finalidade de gerar sugestões de políticas públicas e estratégias privadas. Na ausência dos documentos que a priori deveriam ter sido enviados pelo MDIC, procedeu-se à análise dos principais trabalhos e dados coletados pelo Pensa sobre o setor de fertilizantes. O texto subdivide-se em nove partes: I) introdução, II) metodologia, III) delimitação do sistema agroindustrial de fertilizantes, IV) indicadores sobre o sistema agroindustrial de fertilizantes, V) análise de evolução do ambiente institucional, tecnológico e organizacional, VI) ambiente competitivo, VII) caracterização das transações, VIII) revisão de documentos e IX) conclusões. II Metodologia A primeira etapa do trabalho foi dedicada a delimitação do sistema agroindustrial de fertilizantes. Em seguida, foram reunidas informações secundárias levantadas para analisar a competitividade em cada segmento do sistema, assim como trabalhos mais recentes sobre o setor para examinar as mudanças ocorridas nos ambientes institucional, organizacional, tecnológico e competitivo. É importante mencionar que diferentemente do que havia sido previsto inicialmente, o Pensa teve que fazer o levantamento dos principais estudos e publicações sobre o setor de fertilizantes, pois o MIDIC não enviou estes. Assim, uma das etapas prevista do trabalho que consistia na análise do material enviado não foi realizada. O presente estudo segue o referencial esquematizado na Figura 1 que foi retirado do trabalho Competitividade no Agribusiness Brasileiro elaborado pelo Pensa/IPEA. Assim, considera-se que as estratégias competitivas das firmas são influenciadas não somente pela estrutura da indústria e pelos padrões de concorrência, mas também pelos ambientes institucional, tecnológico e organizacional em que atuam. Esse é justamente um dos focos de pesquisa da Nova Economia Institucional (NEI) que considera que as instituições importam e são susceptíveis de análise. O ambiente institucional é o conjunto de regras do jogo que regulam as relações 3

entre os agentes. O ambiente tecnológico por sua vez é composto pelo conhecimento disponível para os diversos agentes e pelas formas de difusão e uso desse conhecimento. Finalmente, o ambiente organizacional é formado pelas organizações de interesse privado que representam os segmentos do sistema produtivo de fertilizantes. 4

FIGURA 1 AMBIENTE ORGANIZACIONAL Organizações corporatistas Bureaus Públicos e privados Sindicatos Institutos de Pesquisa Políticas Setoriais Privadas AMBIENTE INSTITUCIONAL Sistema Legal Tradições e costumes Sistema Político Regulamentações Política Macroeconômica Políticas Setoriais Governamentais AMBIENTE TECNOLÓGICO Paradigma tecnológico Fase da trajetória tecnológica AMBIENTE COMPETITIVO Ciclo de vida da indústria Estrutura da Indústria Padrões de concorrência Caract. do Consumo Grupos estratégicos ESTRATÉGIAS INDIVIDUAIS Preço/custo Segmentação Diferenciação Inovação Crescimento Interno Crescimento por aquisição DESEMPENHO (competitividade) Sobrevivência Crescimento Atributos das transações ESTRUTURAS DE GOVERNANÇA RELAÇÕES SISTÊMICAS Subsistemas Estratégicos Fonte: Farina et allii (1997) citado por Farina e Zylbersztajn (1998) 5

III - Delimitação do sistema agroindustrial de fertilizantes O complexo produtor de fertilizantes envolve uma série de atividades que vão desde a extração de matéria-prima até a composição de formulações que serão diretamente aplicadas na atividade agrícola. A formulação básica dos fertilizantes (NPK) é uma composição de três elementos químicos: nitrogênio, fósforo e potássio. A proporção de cada elemento nesta combinação dependerá do fim a que esta se propõe e das condições fisico-químicas do solo a que se destina. A solubilidade dos nutrientes e a composição química dos diversos produtos comercializados são regulamentadas por legislação específica. A fórmula NPK é utilizada para indicar o conteúdo percentual de nitrogênio em sua forma elementar N, o conteúdo percentual de fósforo na forma de pentóxido de fósforo (P 2 O 5 ) e o conteúdo percentual de potássio na forma de óxido de potássio (K 2 O). Do ponto de vista físico, os fertilizantes podem ser sólidos ou fluidos. Os primeiros são os mais comuns e são comercializados na forma de grânulos ou pó. Do ponto de vista químico, os fertilizantes podem ser orgânicos, organo-minerais ou minerais, sendo que estes últimos são subdivididos em fertilizantes simples e mistos. Os fertilizantes simples possuem em sua composição um único composto químico, podendo conter um ou mais nutrientes macro (N,P,K,S,Ca,Mg), micro (Fe,Mn,B,Cl,Cu,Mo,Zn e Co) ou ambos. O superfosfato simples (SSP), superfosfato triplo (TSP), fosfato monoamônio (MAP) e o fosfato diamônio (DAP) são exemplos de fertilizantes simples. Os fertilizantes mistos, como as misturas e os fertilizantes complexos, resultam da mistura de fertilizantes simples. A cadeia produtiva de fertilizantes é composta pelo segmento extrativo mineral que fornece a rocha fosfática, o enxofre, o gás natural e as rochas potássicas, pelo segmento que produz as matérias primas intermediárias como o ácido sulfúrico, o ácido fosfórico e a amônia anidra, pelo segmento produtor de fertilizantes simples e pelo segmento produtor de fertilizantes mistos e granulados complexos (NPK) conforme se pode observar na Figura 2. 6

As matérias-primas podem ser obtidas por meio da indústria petroquímica (nitrogenados) ou de atividades de extração mineral (fosfatados e potássicos). As fontes destes elementos químicos são obtidas na natureza, para a posterior extração dos ácidos, com os quais pode-se gerar uma ampla variedade de produtos, dentre eles, produtos que contenham nitrogênio, fósforo e potássio, que fornecem as quantidades necessárias de cada elemento para compor diferentes formulações de fertilizantes. Segundo Taglialegna, Paes Leme e Sousa (2001), a indústria de fertilizantes pode ser dividida em três atividades distintas: produção de matérias-primas básicas e intermediárias, de fertilizantes básicos e misturas. Na primeira atividade, as empresas produzem as matérias-primas básicas (gás natural, rocha fosfática e enxofre) e intermediárias (ácido sulfúrico, acido fosfórico e ácido nítrico). No segundo grupo de atividades, fabrica-se os fertilizantes básicos nitrogenados (uréia, nitrato de amônio, nitrocálcio e sulfato de amônio), fosfatados (superfosfato simples, superfosfato triplo, fosfatos de amônio e fosfato natural acidulado) e potássicos (cloreto de potássio 1 e sulfato de potássio). Na terceira atividade, as empresas atuam como misturadoras que compram matérias-primas e fertilizantes básicos e elaboram as formulações NPK nas dosagens adequadas ao tipo de solo ou cultura agrícola. A quase totalidade do cloreto de potássio utilizada é importada. 7

Resíduo Asfáltico Gás Residual de Amônia Ácido Nítrico Nitrato de Amônio Uréia Nitrocálc io Fosfato de Monoamônio Fosfato de Diamônio (DAP) Granulados e Misturas Rocha Fosfática Concentrado Fosfático Ácido Fosfórico Superfosfato Triplo (TSP) de Formulações NPK Enxofre Enxofre Ácido Sulfúrico Superfosfato Simples (SSP) Minerais Potássicos Cloreto de Potássio Cadeia produtiva dos principais produtos da indústria de fertilizantes Recursos Matérias-Primas Produtos Fertilizantes Fertilizantes Naturais Básicas Intermediários Básicos Finais Fonte: Gazeta Mercantil 8

IV Indicadores sobre o sistema agroindustrial de fertilizantes A produção brasileira de fertilizantes aumentou na década de 90, saindo dos 5,4 milhões de toneladas em 1990 para 7,5 milhões de toneladas no ano 2001. No entanto, para atender o aumento da demanda, as importações cresceram mais rapidamente e atingiram quase 10 milhões de toneladas em 2001, conforme se pode observar no Gráfico 1 e Tabela 1. Gráfico 1 11 10 9 8 7 6 5 4 3 2 Evolução da produção e da importação na década de 90 (em milhões de toneladas) 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 Produção Importação Fonte: Anuário Estatístico ANDA (1999 e 2001) e Gazeta Mercantil. O consumo de fertilizantes tem crescido sensivelmente no Brasil, sendo que as culturas que mais consumiram fertilizantes em 2001 foram a soja (32%), milho (17%), cana-deaçúcar (12,5%) e café (6,7%). O Estado de São Paulo foi o que respondeu pela maior quantidade das entregas de fertilizantes em 2001, ou seja, 2,9 milhões de toneladas de produto representando 17,9% das entregas, seguido pelo Mato Grosso (14,2%), Paraná (13,8%) e Minas Gerais (13,0%). O consumo de fertilizantes geralmente está mais concentrado no segundo semestre do ano, sendo que esta sazonalidade é menor na Região Sul onde existe produção de trigo e uma safrinha representativa. A sazonalidade do consumo também provoca um pico de importações no segundo semestre (Soares e Cordeiro, 2000). Segundo dados da ANDA, 9

em 1999, cerca de 65% das entregas de adubos foram realizadas entre os meses de julho-novembro. Em termos trimestrais, o primeiro corresponde a aproximadamente 16% do exercício, o segundo trimestre 17%, o terceiro 31% e o quarto trimestre a 36%. As exportações por sua vez apresentam volume reduzido conforme se pode observar na Tabela 1, embora tenham aumentado entre 1997 e 2001. Uma variável que tem chamado atenção é o estoque de passagem que quase triplicou no referido período, o que pode sugerir que as empresas estão carregando mais estoques para fazer frente ao jogo competitivo no mercado. Tabela 1 - Estoques e Consumos Efetivo de Fertilizantes no Brasil (milhões toneladas) Itens 1997 1998 1999 2000 2001 1) Estoque Inicial...(indústria) 1.357 1.657 1.632 1.911 3.085 2) Produção 3) Importação 7.411 7.244 7.407 7.426 7.537 7.059 7.985 10.301 7.597 9.741 4) Consumo Aparente...(2+3) 14.655 14.833 14.596 18.286 17.338 5) Exportação 6) Micros/Outros/Quebras 7) Disponibilidade...(1+4+5+6) 8) Estoque Final...(indústria) 278 (243) 15.491 1.657 280 91 16.301 1.632 212 (416) 15.600 1.911 292 (428) 19.477 3.085 321 (486) 19.616 2.989 9) Entregas...(7-8) 13.834 14.669 13.689 16.392 16.627 10) Estoque Inicial...(Agricultor) 11) Estoque Final...(Agricultor) 130 130 12) Consumo Efetivo...(9+10+11) 13.834 14.669 13.869 16.322 16.737 Obs: 1) As quantidades constantes em Micros/Outros/Quebras referem-se a matérias-primas portadoras de micronutrientes secundários, inerentes e perdas no processo. 2) Na Produção e na Importação está incluso o Fosfato Natural para Aplicação Direta e o Fosfato Natural Reativo. Fonte: Anuário Estatístico ANDA (1999,2001) 130 130 430 250 250 320 320 210 Na Tabela 2 pode-se verificar que 74,7% da disponibilidade interna de K 2 O provém de importações, enquanto 37,9% do P 2 O 5 e 51,4% do N é importado. Apesar do pentóxido de fósforo ser o nutriente de maior produção no país as empresas também mantiveram elevado estoque de passagem. 10

Tabela 2- Estoques e Consumo Efetivo de Nutrientes no Brasil 2001 (milhares toneladas) Itens N P 2 O 5 K 2 O Total 1) Estoque Inicial 2) Produção 3) Importação 355 658 1.073 433 1.445 1.147 498 357 2.525 1.286 2.460 4.745 4) Disponibilidade 2.086 3.025 3.380 8.491 5) Exportação 6) Entregas 7) Quebras/Ajustes 41 1.611 (188) 62 2.429 (82) 44 2.647 (201) 147 6.687 (471) 8) Estoque Final 246 452 488 1.186 Fonte: Anuário Estatístico ANDA (2001) A Tabela 3 mostra a produção brasileira de matérias-primas e produtos intermediários para fertilizantes de 1998 a 2001. A produção das matérias-primas amônia, rocha fosfática, ácido fosfórico e sulfúrico aumentou no período considerado, sendo que a rocha fosfática e o ácido sulfúrico são as matérias-primas mais produzidas no Brasil. No que se refere aos produtos intermediários verifica-se que o superfosfato simples é o mais produzido. Com exceção da uréia, nitrocálcio, DAP e superfosfato triplo houve aumento da produção dos produtos intermediários. 11

Tabela 3 - Produção Nacional de Matérias-Primas e Produtos Intermediários para Fertilizantes em 2001 (toneladas) Produto 1998 1999 2000 2001 Sulfato de Amônio 145.760 188.999 205.036 184.333 Uréia 961.577 1.172.724 973.116 751.673 Nitrocálcio 103.972 87.820 5.593 Nitrato de Amônio 302.273 299.679 364.819 386.621 DAP 23.992 16.615 6.133 4.735 MAP 666.290 761.747 826.652 824.259 Superfosfato Simples 3.565.385 3.527.321 4.078.732 4.001.963 Superfosfato Triplo 506.801 488.636 490.129 441.347 Cloreto de Potássio 544.148 579.724 588.611 595.382 Amônia 838.567 1.016.061 1.125.919 992.390 Rocha Fosfática Industrial 3.536.137 3.422.963 4.725.106 4.805.121 Ácido Fosfórico 1.088.185 1.161.117 1.843.219 1.820.386 Ácido Sulfúrico 3.004.959 3.272.877 4.964.950 5.114.590 Fonte: ANDA/IBRAFOS/SIACESP/SARGS/SIMPRIFERT Quanto ao mercado internacional, a China é maior consumidor de fertilizantes NPK com 25,5% do total, seguida pelos EUA com 13,9%. O Brasil é o quarto maior consumidor mundial de fertilizantes com 4,2% do total. No entanto, há algumas peculiaridades entre o consumo de cada país. Do total de fertilizantes consumidos na China, 66,39% corresponde ao nitrogênio, enquanto nos EUA este valor atinge 57,0%. No Brasil, 38,36% do consumo total de NPK refere-se ao nutriente potássio. Segundo a International Fertilizer Industry, a China e EUA são os maiores produtores de amônia com 25,7% e 11,1%, respectivamente. O Brasil fica em 20º lugar com 0,9%. Os maiores produtores de rocha fosfática são os EUA (29,8%) e o Marrocos (16,4%), sendo que o Brasil fica em 7º lugar com 3,6% do total produzido no mundo. No que se refere ao potássio, o Brasil é o 10 maior produtor com 1,3% do total, sendo o Canadá (35,6%) e a Rússia (14,4%) os maiores produtores mundiais. 12

V - Análise de evolução do ambiente institucional, tecnológico e organizacional No Brasil, a produção de fertilizantes simples, produtos intermediários e matérias-primas foi iniciada na década de 50, quando a indústria era capaz de suprir 8% da demanda nacional, sendo o restante atendido pelas importações. Na década de 60, a produção brasileira foi ampliada com a implantação de várias empresas, mas o país ainda possuía forte dependência externa. As importações representavam um pouco mais de um terço da demanda por fosfatados e todo o consumo de potássicos (Gazeta Mercantil, 1998). A forte intervenção do Estado, a partir de 1974, determinou o surgimento de uma nova fase para o setor de fertilizantes. O governo criou o Plano Nacional para a Difusão dos Fertilizantes e Calcário Agrícola (PNFCA) com o objetivo de aumentar a oferta interna do produto e conseqüentemente a auto-suficiência do país. O consumo havia aumentado significativamente entre os anos 50 e 70 e devido à escassez do produto no mercado interno, as importações também foram alavancadas, intensificando os problemas na balança de pagamentos. A política de substituição de importações no setor encontrou uma conjuntura favorável e assim a indústria passou a ter tratamento diferenciado, com elevados níveis de proteção até o fim da década de 80. Esta política era visivelmente protecionista e seguia no caminho da influência CEPALINA, que preconizava a necessidade de se proteger as indústrias nacionais na América Latina. Seus resultados tiveram aspectos positivos e outros nem tanto, analisados em Zylbersztajn (1984). Os financiamentos do BNDES foram essenciais para viabilizar as metas do PNFCA (Gazeta Mercantil,1998). Após a etapa do protecionismo estudada por Baum (1971), o setor dos fertilizantes já com considerável parque industrial instalado, passou por uma nova fase. Em primeiro lugar, a ruptura do sistema de crédito rural, em meados dos anos 80 exauriu o principal motor de incentivo à demanda, baseada em crédito seletivo e subsidiado. A elasticidade crédito da demanda era uma variável sempre importante nos modelos estudados, tal como exemplifica Soares (1981), implicando que na ponta do consumo, 13

importantes mudanças seriam necessárias. A falta de crédito levou as empresas do setor a substituir o sistema financeiro, provendo adiantamentos e utilizando crédito de financiamento de exportações (ACC s) para facilitar a aquisição do insumo pelos agricultores. Certamente novo fator de risco foi introduzido. No começo da década de 80, a indústria já estava consolidada no país. O governo havia assumido o controle acionário de empresas privadas, como a Ultrafértil, em 1974. A Petrobrás Fertilizantes (Petrofértil) foi criada em 1976 e passou a atuar como holding controlando empresas como: Ultrafértil, Fosfértil, Nitrofértil, Arafértil, Goiásfertil e ICC. No entanto, a conjuntura desfavorável no início da década de 80, as dificuldades financeiras e a própria política agrícola determinaram a redução da produção de fertilizantes e o aumento do índice de ociosidade. No final da década de 80, iniciou-se o processo de liberalização da economia com o fim das restrições quantitativas nas importações de todos os produtos e redução das alíquotas de importação. Os preços que anteriormente eram sujeitos ao Controle Interministerial de Preços também foram liberados. Na década de 90, a abertura econômica, com a queda das alíquotas de importação e as privatizações contribuíram para a reestruturação do setor. As alíquotas de importação atingem, atualmente, no máximo 6% (Ribeiro, 2000). Outra mudança institucional importante recaiu sobre a tributação, pois com a Constituição de 1988 os insumos minerais passaram a ser tributados pelo ICMS e passou a haver também a chamada Compensação Financeira pela Exploração de Recursos Minerais CFEM. A solubilidade dos nutrientes e a composição química dos diversos produtos comercializados são regulamentadas por legislação específica. No que se refere ao meio ambiente, acredita-se que a exemplo do que já vem ocorrendo nos países desenvolvidos, haja aumento das restrições ambientais. Na União Européia estabeleceu-se a proibição de deposição, em território europeu, de qualquer rejeito de fosfogesso (Kulaif, 1999a). 14

Após as privatizações foi desencadeado um processo de fusões e aquisições que determinou o aumento da integração vertical no setor, a entrada de grandes tradings de grãos e a concentração da indústria. No início da referida década, havia elevada presença estatal na produção de matéria-prima e fertilizantes básicos sendo que após o processo de privatização o controle das duas principais empresas do setor, Fosfértil e Ultrafértil, passou para as mãos da Fertifós que no ato de sua criação era um consórcio formado por sete empresas. Atualmente, pode-se observar que devido ao intenso processo de fusões e aquisições houve reconfiguração da participação acionária no consórcio Ferfifós, permanecendo como acionistas apenas três grupos econômicos. Assim, houve internacionalização de capital, pois, hoje, dois, dos três grupos econômicos mencionados são multinacionais e, além disso, aumentou-se o grau de concentração e integração vertical no setor. As privatizações no setor de fertilizantes iniciaram em 1992 conforme se pode observar na Tabela 4. A primeira empresa a ser leiloada foi a Indag em janeiro de 1992, passando a Iap a ser sua maior acionista, com 35% do capital. Em agosto do mesmo ano foi privatizada a Fosfértil. Esta empresa foi adquirida pelo consórcio Fertifós que era formado inicialmente por empresas importantes do setor como: Solorrico, Manah, Iap, Fertiza, Fertibrás, Takenaka e outras com pequena participação no capital social como: Fertipar (1,37%), Campos Gerais (0,37%), Heringer (0,08%) e Triângulo (0,07%). Em julho de 1993, a Ultrafértil foi comprada pela Fosfértil e a Goiásfertil teve 90% de seu capital assumido pelo consórcio Fertifós, em outubro de 1992. A Arafértil foi privatizada em abril de 1994, sendo adquirida pela Serrana. Em 1990, o governo federal decidiu pela liquidação das operações da Indústria Carboquímica Catarinense (ICC) devido ao fato de a comissão que presidia o Programa Nacional de Desestatização (PND) ter chegado a conclusão que a firma não teria condições de operar em termos estritamente econômicos. A Nitrofértil foi incorporada à Petrobrás e ficou fora do processo de privatização. 15

Tabela 4 Privatizações no setor de fertilizantes Data Empresas Adquirente Jan/92 Indag IAP 1 Ago/92 Fosfértil Consórcio Fertifós Out/92 Goiásfertil Fosfértil Jun/93 Ultrafértil Fosfértil Abr/94 Arafértil Serrana Fonte: Elaborada com base em Taglialegna, Paes Leme e Souza (2001) 1 - Maior acionista com 35 % capital Depois do processo de privatização, o número de fusões e aquisições intensificou-se no setor determinando grandes mudanças societárias, principalmente dentro do consórcio Fertifós que havia adquirido a Fosfértil e, por meio desta, a Ultrafértil (Taglialegna, Paes Leme & Sousa, 2001). Na Gráfico 2 pode-se observar a concentração do capital social da Fertifós com as empresas Bunge e Cargill. Gráfico 2 - Evolução da participação dos grupos econômicos no capital social da Fertifós Fertifós - Situação Inicial Fertifós - Situação Atual IAP Manah Solorrico Fertibrás Fertiza Tanenaka Outros Bunge Cargill Fertibrás Outros Quando o consórcio Fertifós foi formado era composto pelas seguintes empresas com suas respectivas participações: IAP (23,07%), Manah (23,07%, Solorrico (23,07%), Fertibrás (12,76%), Fertiza (10%), Takenaka (6,17%) e outras (1,89%). Com a aquisição pelo Grupo Bunge da IAP e Manah e pela Cargill da Solorrico e Fertiza, a Bunge passa a deter 52,3% da Fertifós, a Cargill 33, 07%, a Fertibrás 12,76% e outras 1,89%. 16

A composição societária da Fosfértil não se alterou após o processo de privatização. A Fertifós continua sendo a maior acionista da Fosfértil, com 69,88% do capital social, seguidas pela Companhia Vale do Rio Doce com 10,96%, pelo Banco Sul América com 4,36%, pela Fertibrás com 4,30%, pela Benzenex S/A Adubos com 2,86% e por outros acionistas pequenos que juntos totalizam 7,64% de participação. No que se refere a Ultrafértil, 100% das ações desta pertencem a Fosfértil. Além das aquisições que provocaram alterações no controle societário da Fertifós, houve outras como a aquisição da Fertisul e da Elequeiróz Fertilizantes, respectivamente, em 1997 e em 1998, pela Serrana. Em 2000, a Trevo foi adquirida pela Norsk Hydro e a área de fertilizantes da Basf pela empresa K+S. No que se refere ao ambiente tecnológico, a tecnologia de extração de matérias-primas e elaboração de produtos intermediários, de fertilizantes básicos e misturas é amplamente difundida. Assim, há vários anos pode-se perceber que não têm existido inovações, principalmente, em produtos no setor. Apesar disso, as fases de prospecção e pesquisa geológica e tecnológica que antecedem a extração mineral de uma jazida são importantes, pois cada depósito é único e apresenta uma série de especificidades (Kulaif, 1999a). Ainda segundo Kulaif (1999b), as empresas do setor implementaram mudanças tecnológicas após as privatizações visando melhorar o aproveitamento das jazidas. Com relação ao ambiente organizacional existem várias Organizações de Interesse Privado (OIP) representando os diversos segmentos da cadeia produtiva de fertilizantes entre eles pode-se citar a ANDA (Associação Nacional para Difusão de adubos), AMA (Associação dos Misturadores de Adubo), SIACESP (Sindicato das Indústrias de Adubos e Corretivos Agrícolas do Estado de São Paulo), Simprifert (Sindicato de Matérias-Primas para Fertilizantes), entre outros sindicatos estaduais. Estas OIP atuam como provedores de informações e tem representado os seus segmentos buscando promover mudanças institucionais como, por exemplo, em relação ao Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência. 17

Os produtores rurais são representados por associações mais generalistas que defendem os interesses da agricultura em geral. Existem os sindicatos ligados ao Ministério do Trabalho, as federações que reúnem os sindicatos e a Confederação Nacional da Agricultura. Outras entidades, como a Sociedade Rural Brasileira, também representam a agricultura como um todo. VI - Ambiente Competitivo A presente seção propõe-se a efetuar uma análise do ambiente competitivo de acordo com a delimitação do SAG proposta. Pretende-se analisar a indústria relativa a cada segmento, focalizando na sua estrutura (mercado relevante e grau de concentração) e nas estratégias individuais e padrões de concorrência. A análise seguirá, portanto, as linhas teóricas englobadas na chamada Organização Industrial Moderna. Antes de calcular o grau de concentração é necessário, primeiramente definir o mercado relevante. No caso dos fertilizantes, a definição do mercado relevante das matérias-primas, produtos intermediários, fertilizantes básicos e misturas tem gerado grande discussão entre os órgãos do Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência e empresas envolvidas em Atos de Concentração, pois dependendo da definição deste, o grau de concentração pode ser maior ou menor. A definição de mercado relevante deve levar em consideração as dimensões produto e geográfica. Na dimensão produto, verifica-se o grau de substitubilidade dos produtos envolvidos em uma operação de fusão ou aquisição. Na dimensão geográfica, observa-se a região próxima de onde pode provir o mesmo produto ou seu substituto capaz de concorrer com o produto do mercado original. Pelo teste do monopolista hipotético, o mercado relevante é definido como sendo o menor grupo de produtos e a menor área geográfica necessários para que o suposto monopolista esteja em condições de impor um pequeno, porém significativo e não transitório aumento de preços. A Secretaria de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda em seu parecer sobre o Ato de Concentração referente à operação de aquisição da Manah pelo Grupo Bunge definiu o mercado relevante de mistura NPK como sendo: região leste- 18

nordeste, região sul e região central. O mercado relevante de fertilizantes básicos nitrogenados foi definido como nacional e o de fertilizantes fosfatados como região sul e central. Para o ácido sulfúrico e fosfórico, o mercado relevante definido é nacional, enquanto para a rocha definiu-se como sendo os seguintes estados: MG, GO, SP, BA, TO, MT, MS, PR, RJ e ES. Por outro lado, existem analistas de mercado que afirmam que o mercado de fertilizantes fosfatafos deve-se ser dividido em três: as regiões sul, nordeste e centro do Brasil. Outros analistas defendem ainda que o mercado é internacional. Podese observar que está longe de haver um consenso em relação ao mercado relevante, assim, qualquer conclusão a priori seria precipitada, sendo necessário para isso estudos mais detalhados. No setor de matérias-primas pode-se verificar a existência de grandes empresas geralmente verticalizadas, ou seja, produzindo também pelo menos produtos intermediários e fertilizantes básicos em grande escala. No segmento de misturas existe um grande número de pequenas e médias empresas que ofertam fertilizantes para o mercado local e, juntamente com estas, há misturadoras de grande porte que atuam em grande parte do território nacional. A maior parte das grandes misturadoras, por possuírem participação no consórcio Fertifós, atuam também na produção de matériasprimas, produtos intermediários e fertilizantes básicos. A Tabela 5 apresenta a capacidade instalada de produção de fertilizantes no Brasil em 2001. Pode-se observar que existe baixa ociosidade no setor de fertilizantes embora com a sazonalidade do consumo a capacidade ociosa possa variar ao longo do ano. 19

Tabela 5 - Capacidade Instalada Anual de Produção de Fertilizantes e Matérias-Primas - 2001 Produtos Capacidade Nominal Produção Usual Amônia Anidra 1.517.390 1.422.760 Rocha Fosfática 5.493.235 5.315.335 Ácido Sulfúrico 5.043.800 4.439.400 Uréia 1.709.775 1.541.600 Superfosfato Simples (Pó) 6.626.200 5.228.330 Fosfato Monoamônio 1.074.495 913.626 Fosfato Diamônio 8.186 7.854 Cloreto de Potássio 598.600 541.200 Fonte: Anuário Estatístico ANDA Como a definição precisa dos mercados relevantes dos diversos produtos da cadeia produtiva de fertilizantes demandaria estudos adicionais, calculou-se a participação de mercado com base na capacidade instalada de produção das empresas no Brasil. Assim, a Tabela 6 mostra as Razões de Concentração (CR) para os principais produtos da indústria de fertilizantes. O CR2 corresponde à participação das duas maiores empresas do setor na produção do produto considerado, o CR3 das três maiores e assim por diante. Cabe ressaltar que o CR4 é geralmente a medida do grau de concentração mais utilizada. A elevada concentração no setor fica evidente pelos índices calculados, pois no produto que apresentou menor concentração, as quatro maiores empresas detém 75,6% do mercado. Tabela 6 - Capacidade Instalada de Produção de Matérias-Primas - 2001 Produto / Empresa Capacidade produtiva (t/dia) Amônia Anidra Petrobrás 2.350 Ultrafértil 1.920 CR2 100% Rocha Fosfática Bunge Fertilizantes 4.040 Copebrás 1.900 Fosfértil 4.750 Irecê 460 Trevo 2.000 Ultrafértil 3.121 CR4 91% Ácido Fosfórico (P 2 O 5 ) 20

Bunge Fertilizantes 480 Copebrás 810 Fosfértil 1.507 Ultrafértil 400 CR4 100% Ácido Sulfúrico Bunge Fertilizantes Copebrás Fosfértil Galvani Profétil Ultrafértil 3.620 3.300 5.000 1.220 50 1.200 CR4 93% Sulfato de Amônio Bunge Fertilizantes 300 Metacril 340 Nitrocarbono 276,8 CR3 100% Uréia Petrobrás 2.850 Ultrafértil 1.975 CR2 100% Superfosfato Simples Bunge Fertilizantes 7.130 Cargill 1.000 Cibrafértil 700 Copebrás 2.100 Fosfértil 1.250 Fospar 1.600 Galvani 2.900 Profértil 1.050 Roulier 1.000 Trevo 1.800 Ultrafértil 1.200 CR4 75,6% Copebrás Fosfértil Ultrafértil Fosfato Monoamônio 455 2.480 850 CR3 100% Fosfato Diamônio Ultrafértil 850 CR1 100% Cloreto de Potássio Cia Vale do Rio Doce 1.640 CR1 100% Fonte: Elaborada com base em dados da ANDA VI.I - Estratégia e padrões de concorrência As empresas produtoras de fertilizantes adotam estratégias baseadas na 21

liderança em custos onde a busca de economias de escala, a baixa capacidade ociosa e a logística eficiente são fatores determinantes do desempenho. Escala: pode-se dizer que há economias de escala quando os custos médios de produção decrescem com o aumento do tamanho da planta industrial. De acordo com a Tabela 6 pode-se perceber que a capacidade instalada de produção é elevada, mas varia muito entre as empresas, sendo que mesmo plantas de grandes grupos em alguns casos apresentam capacidade de produção relativamente baixa. A escala de produção favorece a captação a juros mais baixos, maior flexibilidade para o fornecimento de crédito, vantagem logística e financeira na aquisição de matéria prima importada e maior poder no jogo competitivo na indústria. Ociosidade: com a redução da capacidade ociosa os custos médios decrescem, pois menor o peso relativo dos custos fixos de produção. Embora não se tenha obtido dados da produção efetiva por planta das empresas do setor de fertilizantes, a Tabela 5 mostra que o nível de produção de alguns produtos está próximo da capacidade instalada do setor. No entanto, é importante mencionar que a sazonalidade do consumo de fertilizantes leva a existência de capacidade ociosa durante parte do ano, o que aumenta os custos de estoques e matérias-primas. Algumas empresas do setor têm adotado estratégias de comercialização para estimular as retiradas antecipadas nos meses de entresafra. Outro fator importante que contribui para diminuir a ociosidade das empresas é a safrinha que estimula o consumo de fertilizantes no primeiro semestre do ano. Logística: assume papel decisivo na eficiência do processo de aquisição de matériasprimas e também no processo de escoamento de produtos. A logística eficiente pode estar relacionada com a maior coordenação do suprimento de insumos e também com a formatação de parcerias com empresas de grãos para baratear fretes, inclusive esta é uma das eficiências promovidas pelas fusões e aquisições no setor segundo argumentação das empresas adquirentes; Embora a liderança em custos seja condição primordial para a competitividade em commodities, mudanças no ambiente competitivo e institucional, com discussões relacionadas a padrões de qualidade, segurança alimentar e proteção ambiental 22

ganhando importância têm determinado a adoção de estratégias diferenciadas por parte de algumas empresas. Os canais de distribuição de fertilizantes não são mais os mesmos de 10 anos atrás, além disso, surgem novas formas de relacionamento entre as empresas sendo que algumas destas têm deixado de ofertar um fertilizante padrão para todo agricultor, procurando ampliar o atendimento direto e especializado, o que pode significar mudanças nos padrões de concorrência e determinar o surgimento de grupos estratégicos. Esta mudança nos canais de distribuição está sendo analisada por estudos em elaboração. VII - Caracterização das transações Em artigo seminal Coase (1937) discute os limites da firma e define esta como sendo um nexo de contratos. Partindo deste trabalho, outros autores contribuíram para o desenvolvimento das pesquisas na área da Nova Economia Institucional, merecendo destaque o trabalho de Oliver Williamson (1985) que sistematizou e enfatizou a importância da perspectiva institucional comparada, reconhecendo que há vários arranjos institucionais que podem ser utilizados para governar as transações entre os agentes econômicos. Para o autor, custos de transação referem-se aos custos de desenho contratual, monitoramento e cumprimento das leis contratuais. Pode-se destacar três formas de governança das transações: o mercado, as formas híbridas e a integração vertical. Cada uma destas estruturas de governança é mais ou menos eficiente dependendo de determinados atributos das transações. Williamson (1985) destaca três atributos: a especificidade dos ativos, a freqüência das transações e as incertezas associadas às mesmas. Ativos específicos são aqueles que perdem valor quando destinados a outros fins, sendo que sua especificidade pode ser física, temporal, locacional, humana e dedicada. Quanto maior o nível de especificidade dos ativos, maiores os custos de transação associados à forma de governança via mercado, pois se pressupõe que existe racionalidade limitada e oportunismo por parte dos agentes. De outra parte, estruturas de governança integradas tendem a elevar os custos burocráticos, por exigir a organização 23

em uma única firma, em detrimento da organização independente via mercado. A estrutura de governança ótima é aquela minimizadora de custos de produção e transação, assim, quando a especificidade dos ativos é baixa, a forma de mercado tende a minimizar os custos de transação. A integração vertical minimiza os custos de transação quando os ativos são altamente específicos. As formas híbridas, por sua vez, são formas intermediárias que não apresentam os excessivos custos burocráticos da integração vertical e possibilitam razoável capacidade de adaptação frente a situações imprevistas. O aumento da freqüência, ou recorrência das transações, faz com que a governança via mercado apresente elevados custos de transação, visto que os agentes podem apropriar-se das quase-rendas geradas. A incerteza também contribui para a elevação dos custos de transação, assim em ambientes muito instáveis e na presença de ativos específicos, a estrutura de governança minimizadora dos custos de transação é a integração vertical. Zylbersztajn (1995) utilizou este referencial teórico para analisar sistemas agroindustriais (SAGs) relacionando a competitividade destes à seleção de formas organizacionais redutoras de custos de transação. À luz do referencial teórico apresentado, pretende-se em seguida discutir as transações de maior relevância no sistema agroindustrial de fertilizantes no Brasil, procurando-se destacar as estruturas de governança observadas. Não foi encontrado nenhum estudo sobre o setor de fertilizantes que focalize na análise dos atributos das transações. Assim, para se afirmar se as estruturas de governança observadas correspondem com àquelas minimizadoras dos custos de transação previstas pela teoria seria necessário um estudo mais aprofundado. Conforme já foi apresentado anteriormente, na cadeia produtiva de fertilizantes existem vários produtos e subprodutos envolvidos. No entanto, estes produtos e subprodutos podem ser agrupados em matérias-primas básicas, produtos intermediários, 24

fertilizantes básicos e misturas conforme mostra Figura 3. Nesta Figura, T 1 e T 2 representam as transações entre empresas de diferentes segmentos da cadeia produtiva de fertilizantes. Atualmente, observa-se que a maior parte das transações T 1 ocorre via integração vertical, pois grande parte das empresas que produzem fertilizantes básicos é responsável também pela extração de matérias-primas da natureza e pela elaboração de produtos intermediários. No que se refere à transação T 2, pode-se observar que na década de 90 houve entrada de grandes misturadoras na produção de matérias-primas, produtos intermediários e fertilizantes básicos, ou seja, aumentou-se o grau de integração vertical no setor. No entanto, grande parte das misturadoras ainda compra seus insumos no mercado interno ou importam, sendo que existem também casos em que as misturadoras possuem contratos de fornecimento de fertilizantes básicos e produtos intermediários com empresas produtoras destes. Figura 3 Recursos Naturais Matérias-primas e produtos intermediários (ácidos) Fertilizantes básicos: fosfatados, nitrogenados e potássicos N P K Produtor Rural T 1 T 2 Indústria de fertilizantes básicos e intermediários Misturadoras Conforme já foi mencionado, o processo de fusões e aquisições determina profundas mudanças na estrutura da indústria de cada segmento e no grau de integração vertical. Houve aumento do grau de concentração na década de 90, assim como intensificação da verticalização. As aquisições também determinaram a entrada na extração de matérias-primas, produção de produtos intermediários e de fertilizantes básicos de grandes tradings companies, cuja atividade principal no Brasil anteriormente era a comercialização de grãos. A escala de produção destas empresas favorece o financiamento aos produtores rurais para a compra de insumos e também possibilita a 25

utilização dos fretes de retorno. Há evidências que existem tradings contratando misturadoras independentes para a produção do NPK, com isso, embora algumas tradings não sejam produtoras de fertilizantes no Brasil, elas conseguem concorrer com as que são, financiando da mesma forma os produtores para a compra de fertilizantes e adquirindo conseqüentemente, grãos antecipadamente. O produtor rural pode adquirir ainda fertilizantes NPK diretamente das misturadoras integradas ou não, de cooperativas, de vendedores autônomos e de outras empresas que comercializam insumos agrícolas. Existem também casos de produtores que formam pools para importar diretamente, principalmente, os fertilizantes básicos. A maior parte destas transações se dá via mercado, sendo que alguns produtores rurais podem possuir também contratos para aquisição de fertilizantes com empresas do setor ou outros agentes que tem se especializado na oferta de pacotes de produtos e serviços que incluem os fertilizantes. Os próprios agricultores passam a demandar estas novas relações com o setor de insumos para a agricultura como solução para parte dos seus problemas. Conforme já foi dito, a reconfiguração da distribuição dos fertilizantes no Brasil está sendo analisada por estudos em elaboração. O grau de integração vertical no setor sugere que existe capacidade de coordenação da cadeia produtiva, o que favorece o suprimento de insumos por parte das empresas e o fluxo de informações. No entanto, analistas de mercado sugerem que a elevada integração vertical no setor implica em barreiras à entrada de outras empresas, pois a fonte de matérias-primas está concentrada nas mãos de poucas. Argumenta-se, por outro lado, que a integração vertical não é uma barreira à entrada, pois se pode importar matérias-primas. VII Revisão Documentos Cabe destacar que estudos sobre o setor de fertilizantes foram mais comuns nos anos 70 e 80 do que nos anos 90. Talvez pelo fato de que existiam programas governamentais voltados para o setor, que demandavam avaliação constante. Na década de 80, entre vários trabalhos pode-se destacar os já citados: Zylbersztajn (1983), Baum 26

(1981), Soares (1981) e Mendonça de Barros (1981). Mais recentemente, após o processo de privatização, abertura econômica e a intensa onda de fusões e aquisições, pode-se destacar os trabalhos elaborados pela Gazeta Mercantil (1998), Montenegro e Monteiro (1997), MB Associados (1999), Kulaif (1999a), Kulaif (1999b) e Taglialegna, Paes Leme e Sousa (2001). MB Associados (1999) estima a demanda de fertilizantes no Brasil até 2008. Neste sentido, traça-se um cenário para o comportamento das principais variáveis macroeconômicas relevantes do ponto de vista de uma trajetória de crescimento para a economia brasileira, aponta-se os riscos envolvidos nesta trajetória e discute-se alguns aspectos específicos de condução de política econômica relevantes para o desenvolvimento do setor agrícola. O modelo estimado teve como variáveis independentes as seguintes variáveis seguidas pelos coeficientes estimados: relação entre o preço dos produtos recebidos pelos produtores e o preço dos fertilizantes (0,56), índice de quantidade produzida (1,84), área total (-1,11) e uma variável binária para captar os efeitos da abertura econômica (-27,17).Todos os coeficientes estimados foram significativos ao nível de 1,5% e o poder explicativo da regressão foi de 89%. Este estudo conclui que entre 1998 e 2008 haverá um aumento da demanda de fertilizantes para produtos agrícolas e pastagens da ordem de 53%. No que se refere à Gazeta Mercantil (1998), este trabalho apresenta a evolução histórica do setor de fertilizantes no Brasil, as principais mudanças, reestruturações e tendências. O trabalho de Montenegro e Monteiro (1997) aborda a reestruturação mundial dos setores petroquímico e de fertilizantes e preconiza que é necessário maior integração up e down stream, no Brasil, para que o parque produtivo se mantenha mais competitivo em uma economia aberta. Para Montenegro e Monteiro (1997) características competitivas da indústria química mundial em geral e da de fertilizantes em particular são: elevada integração da cadeia produtiva, grande escala das plantas, grande escala empresarial e alto grau de internacionalização das empresas. O setor de fertilizantes no 27

Brasil, segundo Montenegro e Monteiro (op. cit), apresenta escala competitiva de plantas industriais, mas o porte das empresas é relativamente pequeno se comparado ao de suas concorrentes no mercado internacional. No entanto, com as aquisições que ocorreram no setor no final da década de 90 este problema levantado pelos autores citados pode ter sido amenizado, pois se observou a entrada no Brasil de grandes empresas que atuam no setor em nível mundial como a Norsk Hydro e Cargill. Além disso, houve também aumento da verticalização da indústria o que a princípio pode sugerir melhora da capacidade de coordenação da cadeia produtiva. No entanto, o aumento da verticalização e da internacionalização deve ser mais bem analisado, pois pode também ter impactos negativos. Taglialegna, Paes Leme e Sousa (2001) fazem uma análise da indústria brasileira de fertilizantes seguindo a abordagem da Organização Industrial, focando, assim, em questões relacionadas à estrutura da indústria. Neste sentido, apresentou-se o aumento da concentração de capital que ocorreu no setor após as privatizações e fusões e aquisições da década de 90. O aumento do grau de concentração da indústria pode ter alguns efeitos positivos como ganhos de escala e eficiência logística, no entanto, cabe aos órgãos do Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência analisar possíveis práticas de abuso do poder de mercado. Kulaif (1999a) analisa a indústria de fertilizantes fosfatados no mundo, a implantação e desenvolvimento da indústria de fertilizantes fosfatados no Brasil e a reestruturação desta entre os anos de 1989 e 1995. Por fim, Kulaif (1999b) analisa os perfis e histórico de implantação dos principais grupos/empresas no setor de fertilizantes fosfatados no Brasil e a distribuição regional da indústria. No entanto, parte importante do movimento de reestruturação da indústria que ocorreu na segunda metade da década de 90 não foi abordada nestes estudos. VIII Conclusões Os fertilizantes são fundamentais para desempenho da atividade agrícola, sendo 28

relevantes na pauta de importações de insumos agropecuários, contribuindo para a redução do saldo positivo na balança comercial. Na década de 90, as alterações do ambiente institucional como as privatizações e abertura econômica determinaram mudanças no ambiente competitivo implicando em aumento da concentração de capital e no surgimento de novos padrões de concorrência. Diante deste novo quadro, pode-se destacar alguns itens para uma atuação pró-competitiva dos agentes públicos e privados: 1) Investimento em pesquisa e desenvolvimento de novos produtos e processos, pois o Brasil depende do produto importado para atender sua demanda, no entanto existem reservas no país que poderiam ser viabilizadas com tecnologias que permitissem uma redução dos custos de produção. 2) Melhoria da infra-estrutura de transportes e portuária para reduzir a participação dos custos de transporte no preço final das misturas NPK. Com a eficiência logística aumenta-se também a concorrência entre os produtos nacionais e importados, principalmente, na região central do país aonde estes últimos chegam a preços relativamente mais elevados. 3) Uma questão para analisar é em relação à integração vertical, pois as empresas estão relativamente integradas, possuindo atividades em diversos segmentos da cadeia produtiva, principalmente aquelas que participam do consórcio Fertifós, no entanto, será que esta integração está ocorrendo ao nível das plantas industriais? 4) Monitoramento por parte do Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência para evitar possíveis práticas de abuso de poder de mercado devido a elevada concentração observada no setor. 29

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