UBI Mestrado em Ciências Documentais

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Transcrição:

Entrevista à Directora do Agrupamento de Escolas Serra da Gardunha Dr.ª Cândida Brito UBI Mestrado em Ciências Documentais [2010] Orientadores: Professora Doutora: Maria da Graça Sardinha Professor Doutor António Pais Mestrando: [Guião de Entrevista] Pedro Rafael Neto Gomes Apresentação e objectivos A realização desta entrevista insere-se na recolha de dados no âmbito do Mestrado em Ciências Documentais da Universidade da Beira Interior sobre A Biblioteca Escolar: Uma Rede de Aprendizagens. O Papel das Parcerias Tem como objectivo conhecer a perspectiva da Directora do Agrupamento de Escolas Serra da Gardunha, Dr.ª Cândida Brito, face à utilização da Biblioteca Escolar/ Biblioteca Pública ou outra tipologia de bibliotecas numa óptica de partilha/ parceria e uso comum dos mesmos espaços por públicos distintos. Uma abordagem aos conceitos joint-use libraries e dual-use libraries. Os dados recolhidos destinam-se a fins puramente académicos. (Autorização para recolha de gravação digital da entrevista e de divulgação da identidade)

1. Dr.ª Cândida Brito, Directora do Agrupamento de Escolas Serra da Gardunha, ao longo destes anos nas suas funções tem contactado directamente quer com autarcas, técnicos de bibliotecas públicas coordenadores de bibliotecas, professores bibliotecários e outros directores de escolas e Agrupamentos. Na sua óptica, que factores é que contribuíram, foram decisivos, para ao fim destes 13 anos a Rede de Bibliotecas Escolares estar implementada em todos os Concelhos do nosso país? Cândida Brito - Em primeiro lugar deve ter sido uma vontade política, depois uma estrutura que se criou dentro do ministério da educação e que teve a frente uma pessoa dinâmica e capaz de desenvolver este tipo de trabalho de ir aos poucos institucionalizando digamos assim as Bibliotecas Escolares, a Dr.ª Teresa Calçada sempre foi capaz de juntar esforços e vontades para que as Biblioteca Escolares se integrassem na rede nacional e portanto começassem a ter outro tipo de organização e de meios. A minha primeira experiência foi na Escola Secundária do Fundão, que foi uma das primeiras bibliotecas do concelho do Fundão estar integrada na rede nacional, e depois a partir daí no Agrupamento Serra Gardunha e é evidente que para além desta vontade a todos os níveis também penso que foi importante também a vontade dos anteriores presidentes dos concelhos executivos das escolas, que entenderam que realmente a Biblioteca Escolar é um recurso fundamental para desenvolver o projecto educativo de qualquer escola ou agrupamento. 1.1. No que se refere às Bibliotecas Públicas embora o programa se tenha iniciado anteriormente, a abrangência de território é menor e ainda não estão instaladas em todos os Concelhos, o que lhe parece que ainda falta nesta dinâmica? Cândida Brito - Aí é capaz de ser a dinâmica das câmaras municipais, não é, portanto aí, nós realmente. Também é isso que sei que esse conhecimento que tenho, as Bibliotecas Escolares integraram-se, aqui por exemplo no concelho do Fundão integraram na rede antes da Biblioteca Municipal. A biblioteca municipal, quase que foi motivada por um trabalho de parceria a aderir também há redes de bibliotecas. Ai parece-me que as escolas são muito mais receptivas ao que é novo, e são muito mais capazes de se adaptarem rapidamente e desenvolver projectos novos, do que tem sido até aqui as autarquias, não quer dizer que não há autarquias muito dinâmicas e que nós conhecemos alguns exemplos ao nível do país, mas noutras autarquias falta a dinâmica 1

nomeadamente do vereador da educação ou da cultura para poder imprimir esse tipo de trabalho ao nível das bibliotecas, por isso talvez ainda as bibliotecas municipais estejam um passo atrás das Bibliotecas Escolares. 2. Em alguns Concelhos onde existem Bibliotecas Públicas e Bibliotecas Escolares não existe o serviço de SABE (Serviço de Apoio a Bibliotecas Escolares), considera este serviço prioritário e fundamental para a existência de uma real parceria entre estas instituições? Cândida Brito - É evidente que sim, tem que ser, tem que existir, e isso aí agora já dependerá se calhar da dinâmica do bibliotecário municipal, não é, que estará de estar aberto a uma rede de parcerias e um trabalho conjunto com as escolas ou com outras instituições que também tenham bibliotecas públicas e que não pode passar por apoios pontuais tem de ser uma politica de dinamização das bibliotecas todas. 2.1. Encara outras formas de cooperação? Partilha? 2.2. Na sua visão esta parceria/ cooperação deve, e pode, ir até onde? (empréstimos interbibliotecas; portais concelhios; catálogos colectivos, horas do conto, animação.) Cândida Brito - Pode ir até a partilha de recursos que permitam, que os dois tipos de bibliotecas funcionem quase sem tempo, digamos não é. Portanto que seja possível partilhar recursos, de modo a que uma biblioteca complemente a outra e que possa estar ao serviço da população independentemente de ser de uma escola ou de ser municipal. E a partilha de recursos será uma boa colaboração de trabalho entre os professores bibliotecários e os bibliotecários municipais e depois até em termos de recursos humanos poder a equipa, porque há escolas com equipas muitos fortes de biblioteca, que se trabalharem também em parceria com a biblioteca municipal podem colmatar certas dificuldades, e aí as dificuldades geralmente estão mais do lado em termos dos recursos humanos, depois sobretudo funcionários estão mais do lados das escolas, que não nos permitem às vezes ter um horário consentâneo à utilização da biblioteca da população. Mas pode ir, eu penso, que há um mundo inesgotável de colaboração, será preciso é dentro de cada contexto local abrir as portas a isso. 2

2.3. Onde podemos incluir (envolver/ participar/ dinamizar) a restante comunidade local? 3. Como encara a possibilidade de uma Biblioteca de uma determinada tipologia prestar um serviço efectivo e ser gerida duplamente por outro tipo de público? Por exemplo uma biblioteca escolar servir uma comunidade durante o período não lectivo? Vantagens? Desvantagens ou obstáculos? Cândida Brito - Eu só vejo vantagens, pelo que disse anteriormente só vejo vantagens, é evidente que uma escola para ter uma biblioteca aberta à noite ou para ter uma biblioteca aberta ao fim de semana precisa de funcionários precisa de recursos, muitas vezes não tem, se forem partilhados com a biblioteca municipal consegue-se em várias zonas da cidade por exemplo um recurso fundamental aberto a todos, a população escusa de se deslocar a biblioteca municipal pode ter até a biblioteca da escola ali mais ao lado. E nesse aspecto eu penso que só teríamos vantagens. Desvantagens não sei se veja, como sou uma defensora do trabalho em pareceria, nunca vejo desvantagens, desde que todos os parceiros, com diz o povo, puxar para o mesmo lado, e portanto aí só consigo ver vantagens. As desvantagens que depois se calhar vão-se eliminando ou se tiverem tendência para aparecer vão-se burilando as dificuldades e vai-se caminhando. 4. O Plano Nacional de Leitura, encara-o como um Plano com múltiplas possibilidades entre elas o fomento desta parceria entre as Bibliotecas Públicas e Escolares? Cândida Brito - Acho que sim, o Plano Nacional de Leitura para mim foi das boas medidas tomadas até hoje para a promoção da leitura, e funciona muito bem pelo menos nas escolas que eu conheço e nomeadamente neste agrupamento funciona muito bem, mas lá está, temos de ter sempre em conta as pessoas que se dedicam ao Plano Nacional de Leitura. Não sei se terá conseguido, depois fora das escolas conseguido o impacto pretendido. Parece-me que há muito a ideia de que o Plano Nacional de Leitura é com as escolas, quem tem obrigação de pôr os alunos a ler são escolas, e as famílias eventualmente com o Plano Nacional de Leitura também têm essa vertente. Mas depois o Plano Nacional de Leitura como a própria palavra diz é nacional, penso que deverá ter todas as instituições responsáveis pela promoção de leitura a trabalhar em parceria, e aí eu não sei se o resto da comunidade já se apropriou desta bem desta noção, tenho algumas dúvidas. 3

5. E como define o papel do mediador de leitura? Cândida Brito - Mediador de leitura seria uma figura que poderia ter o papel fundamental, depois exactamente naquilo que eu disse, na divulgação na mensagem do Plano Nacional de Leitura. 5.1. Este papel deve ser apenas desempenhado por um técnico especializado? Cândida Brito - Nunca pensei nisso, mas pode não ser, penso que não, mediador de leitura pode não ser só um técnico, eu penso que, é evidente que é necessário que seja alguém com conhecimentos, não pode ser uma pessoa que não tenha conhecimentos na área da leitura, na promoção da leitura que não se empenhe nisso, mas pode não ser só um técnico, acho eu, nunca pensei nisso. 5.2. E a família? Cândida Brito - A família pode, não é, acho que sim em termos de parecerias nós podemos estabelecer as mais variadas parecerias ao nível da promoção da leitura. A família permanentemente tem que fazer a mediação em relação a outras escolhas que fazem para os filhos nem que seja o que comem o que não comem Cândida Brito - Exacto, e aí poderão, também poderão fazer as da leitura, ai no nosso universo em Portugal, é um bocado difícil, tenho a certeza que há famílias que assumem isso muito bem, mas outros terão até grandes dificuldades em o fazerem, mas aí também estamos nós para apoiar, seria uma partilha de meios que era interessante. 6. Existem algumas experiências pontuais no nosso país que a BE está aberta fora de horas ou durante o período de férias escolares para servir a comunidade. (pequeno exemplo o que foi efectuado na BE de Alpedrinha durante o verão de 2008) como encara esta possibilidade tendo em conta os recursos humanos necessários para tal? 7. Os conceitos Joint-use libraries e Dual use libraries já largamente implementado em países como os EUA, o Canada a Austrália e na Europa do norte. Sendo este países ricos/ desenvolvidos não fará muito mais 4

sentido em países com menores recursos, como o nosso, a implementação deste conceito? E efectivar a rentabilização dos espaços e recursos materiais e humanos disponíveis numa determinada comunidade? Cândida Brito - É evidente que faz, mas nós sabemos nem sempre os países menos desenvolvidos ou com mais dificuldades económicas são os que melhor partilham os recursos, aliás será talvez umas das grandes dificuldades que nós temos é a da partilha e concretamente no nosso país, por isso às vezes não temos muito bem a ideia quando estamos a partilhar recursos ou a pensar como em vamos partilhar, não pensamos muito bem ou não pensamos nunca naquilo que pode ser uma mais-valia em termos económicos não só em termos neste caso de trabalho ao nível da leitura e da divulgação, mas também em termos económicos, que é muito importante. Se calhar é por isso que esses países que referiu, são países ricos, e partilham muito mais e poupam muito mais do que nós. É um conceito que fazia todo sentido que se alargasse o resto do mundo, neste caso da Europa. 8. Quais os maiores obstáculos se poderão colocar à implementação destes conceitos? 9. Para uma efectiva concretização do Joint-use libraries e Dual use embora o espaço possa ser comum, como observa a constituição de equipas de trabalho, organização e gestão global do mesmo? 9.1. E a gestão de espaços e recursos materiais? 10. Algumas autarquias do nosso país, nomeadamente Óbidos e Oeiras, estão a intervir na construção de espaços escolares distintos (JI e 1ºECB) com a envolvência de zonas ajardinadas, pavilhões desportivos, auditórios e especialmente Bibliotecas. Estas valências são para utilização de toda a população local. Este conceito só será possível com a implementação deste tipo de escolas comunitárias? Cândida Brito - Passará por aí também, e aliás acho que é importante estar atento as experiencias dessas autarquias para daí retirar ensinamentos que é outra coisa que nós temos muitas dificuldades em fazer, que é aprender com os outros a fazer melhor, e essas experiencias certamente que aqui a uns anos nós irão dizer alguma coisa. Mas, eu penso que esse é um dos caminhos no nosso país, é um dos caminhos. Porque como nós sabemos as escolas do primeiro ciclo, e mesmo as escolas do segundo 5

e terceiro ciclo e até algumas secundárias. Embora as secundárias estejam a ser alvo dos programas de modernização e serão escolas como se diz de luxo, com tudo. Mas muitas escolas não têm espaços, mesmo, não conseguem ter espaços para ter esses equipamentos ao serviço das escolas quanto mais da população. Portanto aí a aposta dessas autarquias é muito importante. 10.1. Que impacto social pode ter na comunidade um Biblioteca de uso comum ou que seja partilhada por públicos distintos? 11. Alguns autores como Sharon Honig-Bear, Willian Miller e Rita Pellen, entre outros, referem que o maior problema para a implementação do Joint-use e Dual-use está relacionado com o sentimento de posse dos intervenientes, da gestão de orçamentos e dos recursos humanos. Que comentário faz? Cândida Brito - É isso mesmo, é isso mesmo, que nós temos muita dificuldade em partilhar é por isso. É porque nós achamos que uma coisa é nossa e depois temos muita dificuldade em assumir que pode de ser não só nossa mas de outros, em conjunto e nunca pensamos nas vantagens que daí advêm, temos alguma dificuldade nisso, mas isso é uma questão cultural também e que nunca se investiu se calhar muito nessa alteração de mentalidades pelos menos a partir do 25 de Abril, fazia todo o sentido que se investisse mas infelizmente isso não aconteceu. Por isso estou de plenamente de acordo que é esse sentido o que é meu é meu e não partilho com mais ninguém, ou pelo menos gostaria de ser eu sempre a ter a palma. Agora eu sei que isso é difícil, eu sinto que é difícil fazer-se, mas é uma aposta. 12. Os mesmos autores referem que para uma eficaz parceria/ partilha entre as instituições deve ser implementada uma atitude dos 5 C Collaborate, Communicate, Cooperate, Change and Challenge. Ou seja Colaborar, Comunicar, Cooperar, Estar preparado para a Mudança e apostar em novos Desafios. Na sua perspectiva acrescentaria mais algum passo/ atitude? Cândida Brito - Não, acho que estão aí todas, então o último C é fundamental, e é o tal que nós temos alguma dificuldade em nos enquadrar. Aliás acho que em todos depois de tudo o que já dissemos, mas nesse ultimo então, acho que nós temos alguma dificuldade em abordar ou aceitar desafios, agora quem sou eu para acrescentar alguma coisa, acho que não, acho que está aí tudo nesses 5 C s, acho que está tudo. Mas pronto lá está a nossa mentalidade as vezes não nos permite fazer essa união, não é, podemos ir 6

buscar um ou outro colaborar falar e tal, mas depois fazer e aceitar o desafio é um bocadinho mais complicado, mas sem duvida está ai tudo resumido. 13. O Professor Bibliotecário, como um estratega, é uma peça fundamental para esta mudança? Cândida Brito - É, acho que o professor bibliotecário era importante que já existisse há muito tempo, e aí mais uma vez a Rede de Bibliotecas Escolares foi dando os passos com alguma prudência mas bem dados, até chegar o ano lectivo anterior e conseguir a nomeação dos professores bibliotecários e isso é fundamental, porque se dedicou a tempo inteiro a uma política que é necessário para os agrupamentos e que exige essa dedicação integral, e permite lá está fazer o tal trabalho de articulação e de parceria dentro do próprio agrupamento, que é muito importante porque dentro das próprias escolas é preciso mudar cabeças e fazer uma melhor articulação depois com o exterior e com o resto da comunidade. 14. Por último gostaria de acrescentar mais algum aspecto significativo que considere pertinente para esta abordagem? Cândida Brito - Penso que não, penso que se resume aqui, realmente na partilha e na colaboração entre as instituições para uma melhor gestão dos espaços que são as bibliotecas, isso é fundamental. Muito obrigada pela sua colaboração! Pedro Rafael Neto Gomes 7