Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB)



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Transcrição:

Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB) Conceito e panorama geral O Sistema de Pagamentos Brasileiro é o conjunto de procedimentos, regras, instrumentos e operações integradas que dão suporte à movimentação financeira entre os diversos agentes econômicos do mercado, tanto em moeda local quanto estrangeira. Sua função básica é permitir a transferência de recursos, o processamento e a liquidação de pagamentos para pessoas físicas, empresas e governos. Assim, sempre que emitimos um cheque, fazemos compras com o cartão de crédito ou enviamos uma Transferência Eletrônica Disponível (TED), estamos acionando esse sistema. As instituições financeiras também se valem do mesmo sistema para realizar as transferências diárias oriundas de suas próprias transações. Essas transferências ocorrem através da movimentação dos saldos das contas de reservas bancárias que as instituições mantêm junto ao Banco Central (Bacen). Cabe ao Bacen não só regulamentar a liquidação financeira de tais contas de reserva bancária, como estabelecer as regras de controle de riscos a serem seguidas no SPB. O objetivo do SPB é aumentar a segurança do mercado, oferecendo maior proteção contra possíveis rombos ou quebra em cadeia (efeito dominó) de instituições financeiras. Em 2002, o Sistema de Pagamentos Brasileiro passou por um processo de reestruturação destinado a aumentar a segurança contra os diversos riscos a que o mercado financeiro está exposto. Além do Bacen, integram o SPB: Instituições financeiras; Companhia Brasileira de Liquidação e Custódia (CBLC) clearing de ativos de títulos de renda variável; 17

18 Câmara de Registro, Compensação e Liquidação de Operações de Ativos da Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros (BM&F) clearing de ativos de títulos de renda fixa; Câmara de Registro, Compensação e Liquidação de Operações de Câmbio Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros (BM&F) clearing de câmbio; Câmara de Registro, Compensação e Liquidação de Operações de Derivativos Bolsa de Valores, Mercadorias e Futuros (BM&F) clearing de derivativos; Balcão Organizado de Ativos e Derivativos (Cetip); Sistema Especial de Liquidação e Custódia (Selic); Visanet e Redecard; Tecnologia Bancária (Tecban); Câmara Interbancária de Pagamentos (CIP). A Rede do Sistema Financeiro Nacional (RFSN) intermedeia, através de mensagens eletrônicas, os recursos financeiros transferidos no Sistema de Pagamentos Brasileiro. Obedecem a um padrão e o rigor de segurança exigidos para esse tipo de transferência, como criptografia e certificação digital. A RSFN é a estrutura de comunicação de dados, implementada por meio de tecnologia de rede, criada com a finalidade de suportar o tráfego de mensagens entre as instituições financeiras titulares de conta de reservas bancárias, entre as câmaras e os prestadores de serviços de compensação e de liquidação, a Secretaria do Tesouro Nacional e o Banco Central, no âmbito do Sistema de Pagamentos Brasileiro (SPB). As transferências podem ser feitas por meio de Liquidação Bruta em Tempo Real (LBTR) ou Liquidação Diferida Líquida (LDL), dependendo do tipo de transação. A LBTR ocorre ao longo do dia, de forma simultânea, operação por operação, em todos os dias considerados úteis para fins de operações praticadas no mercado financeiro. Exemplos: TED e transferências de reservas bancárias. LDL liquidação em D+0 até D+3, geralmente liquidada em compensação multilateral de obrigações entre as instituições participantes. Exemplos: cheque, DOC, cobrança.

Sistema de Transferência de Reservas (STR) O STR é um sistema de transferência de fundos com Liquidação Bruta em Tempo Real (LBTR), operado pelo Banco Central do Brasil, que funciona com base em ordens de crédito, isto é, somente o titular da conta a ser debitada pode emitir a ordem de transferência de fundos. O sistema é de importância fundamental principalmente para liquidação de operações interbancárias realizadas nos mercados monetário, cambial e de capitais, inclusive no que diz respeito à liquidação de resultados líquidos apurados em sistemas de compensação e liquidação operados por terceiros. São também liquidados por intermédio do STR os cheques de valor igual ou superior ao Valor de Referência para Liquidação Bilateral de Cheques (VLB-Cheque) R$250 mil. Bem como os boletos de cobrança de valor igual ou superior ao Valor de Referência para Liquidação Bilateral de Boletos de Cobrança (VLB-Cobrança) R$5 mil. Nos dois casos, a liquidação é feita bilateralmente entre os bancos, por valores brutos agregados (sem compensação). As ordens de transferência de fundos podem ser emitidas pelos participantes em nome próprio ou por conta de terceiros, a favor do participante destinatário ou de cliente do participante destinatário, sem qualquer limitação de valor. A transferência de fundos é considerada final, isto é, irrevogável e incondicional, no momento em que feitos os correspondentes lançamentos nas contas de liquidação (contas de reservas bancárias, conta única do tesouro nacional e contas mantidas no Banco Central do Brasil por entidades operadoras de sistemas de compensação e de liquidação). O participante destinatário é informado da transferência de fundos apenas no momento em que ocorre sua liquidação. Câmara Interbancária de Pagamentos (CIP) Trata-se de uma câmara de registro, compensação e liquidação eletrônica das transferências de recursos de clientes e de instituições financeiras. Controlada pelos maiores bancos brasileiros, a CIP contribui para a redução dos custos financeiros e operacionais das instituições envolvidas. Funciona com aporte de garantias no início de cada dia e liquida as operações, ao final do dia, por meio da compensação de seus valores líquidos (diferença entre os valores recebidos e os valores pagos). 19

Sistema de Liquidação Diferida das Transferências Interbancárias de Ordens de Crédito (Siloc) O Siloc liquida obrigações interbancárias relacionadas com os Documentos de Crédito (DOC) e com os boletos de cobrança de valor inferior ao VLB-Cobrança. A liquidação é feita, com compensação multilateral de obrigações, em contas de reservas bancárias, geralmente no dia útil seguinte ao de emissão do DOC, ou do recebimento do pagamento, no caso do boleto de cobrança. O sistema, operado pela CIP, entrou em operação em 18 de fevereiro de 2004. Sistema de Transferência de Fundos (Sitraf) O Sitraf, que é operado pela CIP, utiliza compensação contínua de obrigações (continuous net settlement). As ordens de transferência de fundos são emitidas para liquidação no mesmo dia (D), por assim dizer, quase em tempo real. É um sistema híbrido de liquidação no sentido de que reúne características dos Sistemas de Liquidação Diferida com Compensação de Obrigações (LDL) e dos Sistemas de Liquidação Bruta em Tempo Real (LBTR). Em situações de agendamento, a ordem de transferência de fundos é submetida ao processo de liquidação no início do dia indicado. O sistema, que entrou em funcionamento em 6 de dezembro de 2002, funciona com base em ordens de crédito, isto é, somente o titular da conta a ser debitada pode emitir a ordem de transferência de fundos, a qual pode ser feita em nome próprio do participante ou por conta de terceiros, a favor do participante destinatário ou de cliente do participante destinatário. A liquidação é efetuada com base em recursos mantidos pelos participantes no Banco Central do Brasil, seja no que diz respeito aos pré-depósitos efetuados no início de cada dia ou às suas eventuais complementações, seja no que diz respeito às transferências de fundos efetuadas para atendimento das ordens de transferência de fundos no denominado ciclo complementar. Transferência Eletrônica Disponível (TED) Mecanismo de transferência de recursos que permite maior agilidade e segurança às transações interbancárias para realizar transferências interbancárias de valores iguais ou superiores a R$3.000,00. 20

Esse tipo de transferência pode ser liquidado por intermédio do Sistema de Transferência de Recursos (STR) ou da Câmara Interbancária de Pagamentos (CIP). Movimentação de reservas bancárias Quanto às contas de reservas bancárias, mantidas pelas instituições financeiras bancárias junto ao Bacen, para evitar que o Bacen tenha que assumir o risco de falta de liquidez dos bancos comerciais ou múltiplos, eles não podem, em hipótese alguma e em nenhum momento do dia, ter saldo negativo nessas contas. Cria-se nos bancos a atividade do piloto de reservas, representado por profissional especializado com o objetivo de garantir a permanente disponibilidade de recursos na conta de reservas bancárias. Todas as contas de reservas bancárias serão monitoradas pelo Bacen através do Sistema de Transferência de Reservas (STR), seja em tempo real, operação por operação, seja pela compensação líquida de saldos. As operações de movimentação nas contas de reservas bancárias não poderão ser canceladas, pois os lançamentos são finais, ou seja, irrevogáveis e irreversíveis. Função e funcionamento das clearing house Em qualquer tipo de negociação, em que uma pessoa tem que entregar um produto e outra tem que realizar o pagamento, existem riscos. O cheque do pagamento pode estar sem fundos, o produto pode não ser aquele combinado etc. Para reduzir esse tipo de risco existem instituições que efetuam a compensação e a liquidação das operações no âmbito dos títulos e valores mobiliários. Essas instituições são as clearing houses, assim chamadas as casas de compensação, que garantem a realização das operações, transferindo os valores envolvidos para quem vendeu e entregando/transferindo os títulos para quem comprou. Podem utilizar a compensação multilateral ou a compensação bilateral. A atuação das clearing houses, quando atuam em um sistema importante, como negociação de compra e venda de títulos públicos ou ações, representa uma segurança maior no sentido de preservar a solidez e a regularidade do Sistema Financeiro Nacional. 21

Compensação bilateral: compensação envolvendo os participantes aos pares. Compensação multilateral: procedimento destinado à apuração individual da soma algébrica dos resultados bilaterais devedores e credores do participante em cada banco liquidante. Tipos de riscos financeiros Risco de crédito Qualquer sistema de pagamentos está sujeito a riscos. No antigo SPB, a principal fonte de insegurança residia no fato de não haver controle on-line pelo Bacen das contas de reservas dos bancos. Além dos riscos operacionais, havia a defasagem de tempo entre a contratação e a liquidação das operações, denominada lag de liquidação. Esse lag abria a possibilidade de o devedor tornar-se inadimplente antes da quitação do compromisso assumido. É o que se chama de risco de crédito. A reestruturação do SPB eliminou esse risco ao viabilizar o controle on-line das contas de reservas dos bancos, pelo Bacen. Risco de imagem O risco de imagem advém da mesma situação. Ocorre porque a instituição de origem da operação pode ter sua imagem desgastada perante seus clientes e o mercado. Há ainda a possibilidade de um simples atraso no recebimento de valores causar transtornos à tesouraria de um banco e gerar, por consequência, turbulências no mercado. Isso porque a situação pode levar o banco a financiar no mercado o desequilíbrio do seu caixa, caracterizando-se, assim, o risco de liquidez. 22 Risco sistêmico Os riscos de liquidez e de crédito podem gerar o risco sistêmico. Ele ocorre quando as situações de instabilidade geram um efeito dominó, envolvendo várias ou todas as instituições financeiras vinculadas ao sistema de pagamentos.

Isso significa que mesmo aqueles bancos não vinculados diretamente ao problema podem sofrer os efeitos de uma reação em cadeia. Para o mercado, quando um banco deixa de honrar qualquer compromisso, ele rompe a cadeia de pagamentos e contribui para a instalação do risco sistêmico. Sem os mecanismos de gerenciamento de risco adotados no novo SPB, todo o mercado sofria as consequências de uma crise dessa natureza. Cadastro de Clientes do Sistema Financeiro Nacional (CCS) O Cadastro de Clientes do Sistema Financeiro Nacional é um sistema informatizado, centralizado no Banco Central do Brasil, que permite indicar onde os clientes de instituições financeiras mantêm bens, direitos e valores, diretamente ou por seus representantes legais e procuradores. A Lei 10.701/2003 determinou ao Banco Central a manutenção de um cadastro geral de correntistas e clientes de instituições financeiras, bem como de seus procuradores. O legislador considerou que há dificuldades em identificar contas de depósitos e ativos mantidos no sistema financeiro por pessoas físicas e jurídicas, o que tem comprometido investigações e ações destinadas a combater a criminalidade. A iniciativa do projeto de lei partiu de Comissão Parlamentar de Inquérito do Congresso Nacional, que investigou o avanço e a impunidade do narcotráfico. Além disso, o Banco Central estava precisando de um instrumento que lhe permitisse dar rápida sequência aos pedidos de informações vindos do Poder Judiciário, bem como às suas próprias necessidades de localização de contas e bens, direitos e valores no sistema. Poderão requisitar as informações constantes do cadastro o Poder Judiciário, as Comissões Parlamentares de Inquérito (CPIs), o Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) e outras autoridades, quando devidamente habilitadas e legitimadas para requisitar informações. O cadastro não contém dados de valor, de movimentação financeira ou de saldos de contas e aplicações, mas apenas os seguintes dados de relacionamento dos clientes com as instituições do Sistema Financeiro Nacional (SFN): 23

a identificação do cliente, seu representante legal e procurador; a instituição financeira onde o cliente mantém seus ativos e/ou investimentos; as datas de início e fim de relacionamento, se houver. O Cadastro permite, ainda, que sejam requisitados às instituições financeiras, por ofício eletrônico, os dados de agência, número e tipos de contas mantidas pelo cliente. Dica de estudo Saber os tipos de riscos financeiros é muito importante. Não esquecer o que é LBTR e LDL. Atividades 1. O Sistema de Pagamentos Brasileiro é o conjunto de procedimentos, regras, instrumentos e operações integrados que, por meio eletrônico, dão suporte à movimentação financeira entre os diversos agentes econômicos do mercado brasileiro. Sua função básica é a) reestruturar as operações de empréstimos e pagamen tos, principalmente as operações de leasing, CDC e cartão de crédito. b) realizar a adaptação das instituições financeiras brasileiras aos mercados bancários internacionais, facilitando os pagamentos e a movimentação financeira. c) conduzir as operações de redesconto e de transferências unilaterais de crédito entre pessoas físicas, jurídicas, entes governamentais e instituições estrangeiras. d) conduzir as operações de pagamentos no mercado bancário e comercial brasileiro, utilizando o sistema de compensação nacional. e) permitir a transferência de recursos financeiros e o processamento e liquidação de pagamentos para pessoas físicas, jurídicas e entes governamentais. 24

Gabarito 1. E Referências PORTAL DO BANCO CENTRAL DO BRASIL. Ministério da Fazenda. Disponível em: <www.bcb.gov.br>. Acesso em: 23 fev. 2012. 25