LETRAMENTO LITERARIO : uma forma de reflexão na alfabetização

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Transcrição:

LETRAMENTO LITERARIO : uma forma de reflexão na alfabetização Aline Almeida de Araújo (Graduanda/UFPI) Orientadora: Luciana Matias Cavalcante 1 INTRODUÇÃO Muito tem se falado sobre o ensino de literatura, visto que é nessa modalidade onde os alunos entram em contato com as escolas literárias e as obras de seus respectivos representantes. A partir disso, o ensino de literatura torna-se apenas mais uma disciplina escolar, desconsidera-se seu caráter de arte, de reconhecimento da realidade e de prazer durante a leitura. Sendo esse ensino proposto no nível médio entende-se, então, que no ensino fundamental a leitura literária seja irrelevante, sem propósito ou pretexto para assuntos gramaticais. No entanto, de acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Portuguesa, contempla-se a leitura literária no ensino fundamental. Se o texto deve ser o ponto de partida do ensino e se esse texto pode ser o literário, então como explicar a carência de leitura literária na escola? Como tornar essa leitura literária significativa no ensino e para as práticas sociais do educando? Entende-se que para uma boa formação educacional o indivíduo necessita apreender uma boa leitura e escrita, sendo que a escola é a principal formadora deste saber. No entanto, através de estágios de observação exigidos pelo curso de Licenciatura Plena em Letras/Português constatou-se que as práticas de leitura e escrita não são efetivas, visto que os professores prendem-se a aspectos gramaticais e com isso não privilegiam nem a leitura e a escrita, nem valorizam a leitura literária na formação do aluno. Página1

Com o surgimento da Linguística, ciência que tem como objeto a linguagem, surgiram oportunidades de rever o ensino de língua, sendo que houve desdobramentos dessa ciência em ramos dedicados as mais diversas áreas do ensino e da pesquisa, tais como a língua, linguagem, análise de textos, análise do discurso, oralidade, variedade linguística, entre tantos. Um desses ramos, a Sociolínguística, dedica-se a pesquisar a variedade linguística, estudar a língua, levando em conta a sociedade onde se fala essa língua, porém veem-se também ramificações dentro dessa área. Não se pretende com esta pesquisa desprivilegiar a importância de conhecer os momentos literários, mas sim colocar a leitura literária dentro desse ensino de literatura, formando algo maior que é o letramento literário. Assim, este estudo versa sobre a prática do letramento literário através da literatura infanto-juvenil, ou seja, os procedimentos de apropriação da leitura e da escrita em uma escola estadual de Parnaíba nas séries de infantil IV. Leva-se em consideração a literatura infantil para a ocorrência do letramento literário neste estudo. Para enfatizar o objeto da pesquisa, considera-se o letramento literário como algo maior que a escolarização da literatura e da leitura nas series iniciais, pois se compreende que para haver esse letramento na alfabetização a escola necessita ter a literatura presente nas aulas da educação infantil. 2 METODOLOGIA O presente artigo teve como objetivo geral averiguar a prática do letramento literário por meio da literatura infantil, nas aulas de Língua Portuguesa nas series do infantil IV em uma escola pública da rede estadual de Parnaíba, observando como ocorre tal processo e se esse processo beneficia a reflexão crítica do aluno para suas práticas sociais de leitura e escrita. Para que isto fosse possível, utilizou-se como tipo de pesquisa a descritiva. Conforme Andrade (2010, p.112) na pesquisa descritiva... os fatos são observados, registrados, analisados, classificados e interpretados, sem que o pesquisador interfira neles. Isto significa que os fenômenos do mundo físico e humano são estudados, mas não manipulados pelo Página2

pesquisador. Neste tipo de pesquisa a... preocupação é descobrir a frequência com que o fenômeno ocorre, sua relação e conexões com outros, sua natureza e características (GONÇALVES, 2005, p.91). Produzir conhecimento cientifico não é tarefa simples. Pelo contrário, requer disciplina por parte do pesquisador e uma metodologia para alcançar seus objetivos, logo fazer ciência implica seguir caminhos estruturados em busca do conhecimento. Conhecimento e Ciência, porém, são distintos. Segundo Martins (2001, p.59) o Conhecimento é o saber adquirido pelas mais variadas formas e Ciência é, portanto, um modo de conhecimento (LÉVI STRAUSS apud MARTINS, 2001, 59). Assim, existem vários tipos de conhecimento e o científico é um deles. Diante do conhecimento o ser homem pode tomar duas atitudes: pode ser um recebedor ou um produtor de conhecimento. Como recebedor o homem apenas recebe conhecimentos sem questionar o porquê dos fatos. Como produtor de conhecimento, o homem mergulha no mundo das indagações a fim de explicar algum tema de seu interesse ou responder algum questionamento fruto de sua inquietação diante de algo (MARTINS, 2001). Nem sempre o conhecimento científico serviu para explicar os fatos, como as mudanças da natureza e do homem. Nos tempos antigos esses fatos eram explicados por meio de histórias denominadas mitos. A chamada mitologia era passada de pai para filho num processo constante. Os mitos não tinham... preocupação em evidenciar, à luz da razão, os acontecimentos (VASCONCELOS apud SANTOS; MOLINA; DIAS, 2007, p.21). Entende-se que para uma boa formação educacional o indivíduo necessita apreender uma boa leitura e escrita, sendo que a escola é a principal formadora deste saber. No entanto, através de estágios de observação exigidos pelo curso de Licenciatura Plena em Letras/Português constatou-se que as práticas de leitura e escrita não são efetivas, visto que os professores prendem-se a aspectos gramaticais e com isso não privilegiam nem a leitura e a escrita, nem valorizam a leitura literária na formação do aluno. Página3

Com o surgimento da Linguística, ciência que tem como objeto a linguagem, surgiram oportunidades de rever o ensino de língua, sendo que houve desdobramentos dessa ciência em ramos dedicados as mais diversas áreas do ensino e da pesquisa, tais como a língua, linguagem, análise de textos, análise do discurso, oralidade, variedade linguística, entre tantos. Um desses ramos, a Sociolínguística, dedica-se a pesquisar a variedade linguística, estudar a língua, levando em conta a sociedade onde se fala essa língua, porém veem-se também ramificações dentro dessa área. A pesquisa também possui caráter exploratório visto que o tema escolhido ainda não foi pesquisado em detalhes, como bem afirma Costa, A. e Costa, B. (2011, p.37): Quando o tema escolhido ainda não foi detalhadamente estudado, portanto ainda não existem muitos dados, dizemos que é uma pesquisa de caráter exploratório, e aplica-se a qualquer tipo de pesquisa. Como fonte de dados, foram utilizados a pesquisa de campo e bibliográfica. Esta terá como fim analisar as contribuições do letramento literário para a formação educacional do estudante em suas práticas sociais. Como procedimento da coleta de dados a pesquisa de campo foram utilizados a observação direta, o questionário e a entrevista. O método utilizado foi o dedutivo, afim de entender como ocorre e esse tipo de letramento nas escolas públicas de Parnaíba. O universo da pesquisa foi uma unidade escolar estadual de Parnaíba. A escolha do colégio se deu por se encontrar presente os subsídios necessários para a escolha do letramento. 3 RESULTADOS E DISCUSSÕES O presente estudo teve como universo de pesquisa uma escola estadual da cidade de Parnaíba. Para compor a pesquisa foram coletados dados através da observação direta e aplicação de questionário e entrevista com as docentes. Foram observadas as aulas de Língua Portuguesa em uma sala de aula de infantil IV, no período de fevereiro a abril de 2013. Página4

Todos os educadores entrevistados possuem graduação superior em Licenciatura Plena em Pedagogia. Esses professores trabalham na área da educação, respectivamente há cinco, doze e dez anos. Algumas dessas professoras ministram suas aulas somente na escola pesquisada. Chapeuzinho Amarelo também trabalha em outra escola de outro estado. Os professores ministram suas aulas nos turnos manhã e tarde na escola pesquisada. Na análise, foi utilizada como interpretação dos dados uma discussão reflexiva das respostas dos docentes na entrevista e no questionário divididas em categorias. Estas foram elaboradas de acordo com os objetivos pretendidos. Primeiramente, procurou-se saber qual concepção os professores tinham de letramento literário. Em seguida, analisa-se como esses educadores vêem a literatura infanto-juvenil. A terceira categoria reflete sobre a prática do letramento literário em sala de aula. A última categoria trata de duas dificuldades dessa prática: material e tempo disponíveis. Na análise, foi utilizada como interpretação dos dados uma discussão reflexiva das respostas dos docentes na entrevista e no questionários divididos em categorias. Estas foram elaboradas de acordo com os objetivos pretendidos. Primeiramente, procurou-se saber qual concepção os professores tinham de letramento literário. Em seguida, analisa-se como esses educadores veem a literatura infanto-juvenil. A terceira categoria reflete sobre a prática do letramento literário em sala de aula. A última categoria trata de duas dificuldades dessa prática: material e tempo disponíveis. Outro ponto concernente à concepção de letramento literário, trata-se do professor ser leitor de literatura. Isso dá margem a dois pensamentos: primeiro, não se pode praticar o letramento na modalidade literária sem ler literatura; segundo, os professores deveriam ler os livros infanto-juvenis antes de indicá-los aos alunos (ROCHA, 2008, p.49).percebe-se que os professores, ao prenderem-se em aspectos gramaticais, não motivam os educandos ao ato de ler. Na observação das aulas, houve preocupação em repassar conteúdos e a leitura literária foi desta forma posta de lado. Para Abramovich (2008, p.39) os educadores são os sujeitos Página5

que leem menos no sistema escolar sendo que... eles influenciam bastante a leitura junto à garotada. Se a literatura é importante, então de que forma esses docentes trabalham com a literatura infanto-juvenil em suas aulas? Esta pergunta foi feita aos docentes e os mesmos podiam escolher dentre as alternativas elencadas aquelas que praticavam ou poderiam expor outra. As alternativas eram: leitura em sala de aula, projetos literários, com o livro didático e visitas a biblioteca para leitura. A leitura de literatura infanto-juvenil oferece ao pequeno e jovem leitor meios de entender a realidade que os cercam, adquirir conhecimentos variados, viver situações existenciais, entrar em contato com novas ideias (FARIA, 2010, p.12). Se a leitura de literatura infanto-juvenil disponibiliza essa oportunidade cabe a escola utilizá-la devidamente e com o auxílio do letramento, fazendo assim o letramento literário. 4 CONCLUSÃO O presente trabalho teve como tema o letramento literário, aquele que se faz via literatura. A utilização de textos literários em sala de aula, dessa forma, a pesquisa teve como objetivo verificar o letramento literário através da literatura infantil, ou seja, os procedimentos apropriação da leitura escrita, durante a pesquisa, surgiram outros pontos concernentes ao tema, como a precariedade da biblioteca da escola. A coleta dados mostrou se satisfatória, apesar de se ter detectado que o letramento literário não é uma prática presente em sala de aula. No entanto, os docentes já possuem uma reflexão para o letramentode uma maneira geral: a importância dos gêneros textuais para as práticas sociais dos alunos. Portanto, a leitura não só nos ensina os mecanismos da linguagem escrita, e oral, mas também é fonte inesgotável de ideias que nos ajudarão na tarefa de escrever, produzir, interpretar e ampliar os conhecimentos adquiridos. Compreendemos que aprender a ler e a Página6

escrever fazem parte de um longo processo ligado à participação em praticas sociais de leitura e escrita. Os estudiosos ainda enfatizam que a língua reflete os costumes e a cultura de uma sociedade, é através dela que o ser humano consegue expressar os seus posicionamentos críticos. Esta pesquisa possibilitou também o vasto conhecimento das teorias criadas pelos pesquisadores que estudam sobre o tema, a fim de mudar a realidade do ensino da língua materna, proporcionando novas práticas de ensino, inserindo-as em uma pedagogia com intuito de auxiliar na pratica do letramento internalizado com essas crianças. Enfim, este tema não se esgota aqui. O tema é interessante e possui uma relevância social ao tratar o letramento literário como contribuinte das práticas sociais através de leitura a e de escrita desde de os primórdios. Em pesquisas futuras, propõe-se como métodos de coletas de dados a aplicação de oficinas de leituras literárias, principalmente, para os educadores, pois muitos, como informaram nas suas entrevistas, ainda não se sentem preparados para trabalhar satisfatoriamente o letramento em suas salas de aulas, não por falta de força de vontade ou até mesmo de interesse ás vezes, mas por simplesmente não terem sido estimulados nos seus cursos de graduações e, ainda, pela falta de leitura e o comodismo que assombra muitas vezes a sociedade atual, até mesmo os educadores. Seguindo etapas proposta por Cosson (2009) para comprovar com mais dignidade o objetivo do letramento literário, como uma pratica social por meio da reflexão no ensino infantil, contribui de forma direta para uma melhor alfabetização das crianças pesquisadas. Assim, espera-se que este estudo, embora não esteja totalmente concluído, possa contribuir com todos que se interessam pela temática, servindo de incentivo para novas pesquisas e desenvolvimento de novas teorias e práticas pedagógicas. 5 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Página7

ABRAMOVICH, Fanny. Entrevista. Revista Nova Escola. nº 18, p.39, 2008. Edição especial. ANDRADE, Maria Margarida de. Introdução à metodologia do trabalho científico: elaboração de trabalhos na graduação. 10 ed. São Paulo: Atlas, 2010. COSSON, Rildo. Letramento literário: teoria e prática. 1 ed. 3º reimp. São Paulo: Contexto, 2009. COSTA, Marco Antônio F. da; COSTA, Maria de Fátima Barrozo da. Projeto de pesquisa: entenda e faça. Petrópolis, RJ: Vozes, 2011. FARIA, Maria Alice. Com usar a literatura infantil na sala de aula. 5 ed. São Paulo: Contexto, 2010. GONÇALVES, Hortência de Abreu. Manual de metodologia da pesquisa científica. São Paulo: Avercamp, 2005. MARTINS, Jorge Santos. O trabalho com projetos de pesquisa: do ensino fundamental ao ensino médio. 2 ed. Campinas, SP: Papirus, 2001. ROCHA, Ruth. Entrevista. Revista Nova Escola. nº 18, p.49, 2008. Edição especial. Página8