CAPÍTULO 17 ILUMINISMO E INDEPENDÊNCIA DOS ESTADOS UNIDOS
Pensamento iluminista n Entre os séculos XVII e XVIII, desenvolveu-se uma corrente de ideias denominada iluminismo ou ilustração. O nome faz oposição à Idade Média, considerada pelos iluministas a Idade das Trevas. n Princípios norteadores do iluminismo: Universalidade As propostas iluministas deveriam atingir a todos os seres humanos. Individualidade Os seres humanos deveriam ser vistos como pessoas reais e singulares. Autonomia Os indivíduos estariam aptos a pensar por si mesmos, sem a tutela da religião ou da tirania política. n Características do iluminismo: soberania da razão; defesa da liberdade de pensamento; crítica à opressão da Igreja e do absolutismo; aceitação do pensamento científico como o mais importante; visão evolucionista da humanidade; defesa do Estado constitucional.
Principais teóricos iluministas MUSEU CARNAVALET, PARIS François-Marie Arouet (Voltaire) (1694-1778) Todos os homens são dotados pela natureza do direito à liberdade, à propriedade e à proteção das leis, e devem estar submetidos a uma monarquia esclarecida. As formas de governo devem variar de acordo com as condições de cada país e, para evitar um governo despótico, o Estado deve ser dividido em três poderes: Legislativo, Executivo e Judiciário. Charles-Louis de Secondat (barão de Montesquieu) (1689-1755) JEAN FRANÇOIS GARNEREY - BIBLIOTECA NACIONAL DA ESPANHA, MADRI
QUENTIN DE LA TOUR - MUSEU DE BELAS ARTES, GENEBRA Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) A propriedade privada perverteu os seres humanos. Para recuperar a liberdade e a igualdade, eles devem se associar por meio de um contrato social, formando um corpo coletivo soberano, ao qual o governo e os cidadãos devem se sujeitar. O povo deve exercer sua soberania por meio do Poder Legislativo; porém, apenas os cidadãos independentes, isto é, os que possuem propriedades, têm o direito de decidir a política do Estado, o de votar e o de ser eleitos. Immanuel Kant (1724-1804) JOHANN GOTTLIEB BECKER - MUSEU NACIONAL SCHILLER, MARBACH AM NECKAR
A Enciclopédia n Composta de 35 volumes, a obra reuniu as principais concepções científicas, intelectuais, políticas e sociais vigentes na Europa do século XVIII. n Foi editada por Denis Diderot (1713-1784) e Jean d Alembert (1717-1783), com a colaboração dos principais intelectuais franceses do período: Voltaire, Rousseau e Montesquieu, entre outros. n Por contestar o absolutismo monárquico e a Igreja, foi proibida na França pouco tempo depois de sua publicação. n Disseminou pela Europa o conhecimento produzido pelos pensadores iluministas.
Iluminismo e descobertas científicas n Alguns estudiosos iluministas e suas descobertas. Benjamin Franklin (1706-1790) desenvolveu pesquisas sobre a meteorologia, a eletricidade e a natureza elétrica dos raios. Antoine Lavoisier (1743-1794) estudou o papel do oxigênio na combustão e a composição da água. Lady Mary Montagu (1689-1762) e Edward Jenner (1749-1823) desenvolveram a vacina contra a varíola.
Iluminismo e liberalismo n Liberalismo: doutrina idealizada no século XVIII e baseada na ideia de que a liberdade individual deve estar acima das ingerências do Estado nos campos político, econômico, religioso e intelectual. John Locke n John Locke (1632-1704) é considerado o pai do liberalismo político. n Ele defendia a ideia de que o Estado: resultava de um contrato entre governo e governados, para proteção dos direitos à vida, à liberdade e à propriedade privada; não tinha poderes absolutos, devendo ser regido por uma Constituição, e seus governantes poderiam ser destituídos do cargo se o exercessem tiranicamente; deveria garantir o livre exercício da palavra e da iniciativa econômica.
Fisiocratas n Escola Fisiocrata: na França, durante o século XVIII, economistas como François Quesnay e Robert Turgot promoveram críticas ao absolutismo e à política econômica mercantilista. n Principais ideias dos pensadores fisiocratas: a agricultura e a mineração eram as atividades mais importantes para a prosperidade nacional; o comércio era estéril, pois somente transferia mercadorias de uma pessoa para outra; deveria ser promovido o liberalismo econômico, ou seja, o Estado não poderia intervir na economia, mas permitir a livre atuação das forças do mercado (princípio do laissez-faire). O mercado deveria autorregular-se, pautando- -se apenas pela lei da oferta e da procura.
Adam Smith n Adam Smith (1723-1790) foi o fundador da teoria econômica moderna. Defendia o trabalho como fonte da riqueza. Aceitava, com ressalvas, o princípio do laissez-faire: o Estado poderia interferir na economia para prevenir a injustiça e a opressão e incentivar a educação. Outro pensador liberal que se destacou foi Thomas Malthus (1766-1834). O economista e demógrafo ficou conhecido pela teoria segundo a qual o crescimento demográfico (geométrico) tende a superar o crescimento da produção de alimentos (aritmético). Malthus defendia o controle de natalidade para garantir a subsistência dos indivíduos.
O despotismo esclarecido n O despotismo esclarecido caracterizou-se por uma onda de reformas postas em prática por monarcas absolutistas que aplicaram princípios iluministas na administração pública, mas sem abrir mão de seu poder absoluto. O rei permanecia como o integrante mais importante do Estado, mas nomeava funcionários para tornar a administração mais eficiente e aumentar a arrecadação de recursos financeiros. n O fenômeno ocorreu entre os séculos XVIII e XIX em reinos com sociedades pouco diversificadas, sem capital e com uma burguesia incipiente. Prússia, Rússia, Áustria, Espanha e Portugal. n Em Portugal, o despotismo esclarecido ficou simbolizado na figura do marquês de Pombal, ministro que determinou diversas mudanças administrativas na metrópole e nas colônias, inclusive no Brasil. Entre suas medidas, destacaram-se: a expulsão dos jesuítas de todos os territórios; a reconstrução de Lisboa após o terremoto de 1755; o estímulo à indústria e ao comércio metropolitanos.
Antecedentes da independência das Treze Colônias n Em meados do século XVIII, a Coroa britânica tomou medidas para aumentar o controle sobre as Treze Colônias na América. Os colonos, influenciados pelos ideais iluministas de liberdade e autonomia, revoltaram- -se e organizaram um movimento de ruptura com a metrópole. n Antecedentes: Com a vitória britânica na Guerra dos Sete Anos (1756-1763), a Coroa expandiu seus domínios na América do Norte. A Coroa britânica estabeleceu uma política colonial restritiva, impondo medidas de controle comercial às Treze Colônias. Os colonos reagiram contra as novas leis, e a Coroa britânica revogou a Lei do Selo e diminuiu a taxa da Lei do Açúcar. n Para recompor o tesouro após a guerra, a metrópole aumentou o controle sobre as colônias, que representavam um importante mercado consumidor de seus produtos industrializados. n 1733: Lei do Melaço n 1764: Lei do Açúcar n 1765: Lei do Selo n 1767: Atos Townshend
Leis proibitivas e reação dos colonos A Coroa concedeu o monopólio do comércio de chá à Companhia das Índias Orientais, por meio da Lei do Chá, em maio de 1773. Em dezembro de 1773, os colonos reagiram à Lei do Chá, lançando ao mar os carregamentos do produto transportados pela Companhia das Índias Orientais. O evento ficou conhecido como a Festa do Chá de Boston. Em 1774, como reação ao evento de Boston, o Parlamento britânico aprovou as Leis Intoleráveis, que impunham novas sanções às Treze Colônias. Os colonos reagiram promovendo congressos para discutir a questão. No Primeiro Congresso Continental da Filadélfia (1774), buscaram negociar com o governo britânico. A metrópole intensificou a repressão, provocando o levante de setores conservadores do sul. No Segundo Congresso Continental da Filadélfia (1776), foi aprovada a Declaração de Independência.
Independência dos Estados Unidos da América n Influenciados pelos ideais iluministas, os colonos fundaram uma república na América. Em 1783, após anos de conflitos com as tropas coloniais, a Grã- -Bretanha finalmente reconheceu, pelo Tratado de Paris, a independência dos Estados Unidos. Em 1787, foi aprovada a Constituição dos Estados Unidos, que estabeleceu: n a organização do Estado como uma república federativa e presidencialista; n a divisão do Estado em três poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário. A Constituição garantiu as liberdades e os direitos dos cidadãos, mas manteve a escravidão para os africanos e seus descendentes e não concedeu direitos políticos aos indígenas e às mulheres.