Programa de Adaptação às Mudanças Climáticas. Para Africa. Em São Tomé e Príncipe



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Transcrição:

Programa de Adaptação às Mudanças Climáticas Para Africa Em São Tomé e Príncipe Integração das Mudanças Climáticas e Gestão dos Riscos de Catástrofes na Estratégia Nacional de Redução da Pobreza - Enverdecimento - Dezembro de 2012 Enverdecimento da Estratégia de Redução da Pobreza Novembro 2012 1

Índice Título Página Siglas e Abreviaturas 3 Parte I - Documento de Segunda Estratégia Nacional de Redução da 5 Pobreza I. 1 - Introdução 5 I. 2 - Segunda Estratégia Nacional de Redução da Pobreza 6 I. 2.1 - Contexto e objectivos da estratégia 6 I.2.2 - Eixos Estratégicos da ENRP 6 I.2.3 - Visão 7 I.2.4 - Alinhamento com Outros Programas 8 Parte II - Vulnerabilidade do País face às Mudanças Climáticas e aos 10 Riscos de Catástrofes II.1 - Introdução 10 II.2 - Principais Vulnerabilidades 10 II.2.1 - Vulnerabilidade Económica 10 II.2.2 - Vulnerabilidade Social 10 II.2.3 - Vulnerabilidade Natural/Ambiental 11 II.3 - Análise das Capacidades 13 III Parte - Integração das Mudanças Climáticas e Gestão de Riscos de 15 Catástrofes Naturais na Estratégia de Redução da Pobreza III. 1 - Introdução 15 III.2 - Implementação das Seis Etapas do Processo 16 III.2.1 - Equipa de Implementação 16 III.3 - Duração e Orçamento do projecto 17 III.4 - Integração das Mudanças Climáticas e Gestão de Riscos de 17 Catástrofes Naturais na Estratégia de Redução da Pobreza - Enverdecimento III.4.1 - Etapas de Implementação 18 Etapa 1: Criar um Perfil Climático do País 18 Etapa 2: Elaborar um Mapa Institucional 18 Etapa 3: Envolver as Partes Interessadas e seleccionar o Documento 20 para a Avaliação dos Riscos e Oportunidades das Mudanças Climáticas Etapa 4: Metodologias de Avaliação dos Riscos e Oportunidades das 20 Mudanças Climáticas 1. Identificação dos Riscos das Mudanças Climáticas para Programas e 21 Projectos 2. Identificação dos Riscos que podem resultar em má-adaptação 21 3. Identificação de Oportunidades de Adaptação 21 4. Avaliação e integração de potenciais medidas de adaptação 21 Etapa 5: Desenvolver Capacidades das Partes Interessadas 22 Etapa 6: Integrar as Mudanças Climáticas no Documento Tevisto 23 Referências 25 Enverdecimento da Estratégia de Redução da Pobreza Novembro 2012 2

Siglas e Abreviaturas AAP AND CH4 CO CO 2 CONPREC ENRP EUA GEE GRC IDH IOF INE MC MDL NAPA N2O NLTPS NMVOC ODM ONG ONU Programa de Adaptação para Africa Autoridade nacional Designada Gás Metano Monóxido de Carbono Dióxido de Carbono Conselho Nacional de Preparação e Resposta a Catástrofes Estratégia Nacional para Redução da Pobreza Estados Unidos de América Gases com Efeito de Estufa Gestão de Riscos de Catástrofes Indice de Desenvolvimento Humano Inquérito ao Orçamento Familiar Instituto Nacional de Estatística Mudanças Climáticas Mecanismo de Desenvovlimento Limpo Plano de Acção Nacional para Adaptação Oxido Nitroso Estudo Nacional de Perspectivas a Longo Prazo Compostos Voláteis não-metano Objectivos de Desenvolvimento do Milénio Organização Não Governamental Organização das Nações Unidas PNUD Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento SCN Segunda Comunicação Nacional sobre as Mudanças Climáticas Enverdecimento da Estratégia de Redução da Pobreza Novembro 2012 3

SIDA STP UNDAF UNFCCC USD Síndroma de imunodeficiência adquirida São Tomé e Príncipe Quadro de Assistência das Nações Unidas ao Desenvolvimento Convenção Quadro das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas Dólares americanos Enverdecimento da Estratégia de Redução da Pobreza Novembro 2012 4

PARTE I DOCUMENTO DE SEGUNDA ESTRATÉGIA NACIONAL DE REDUÇÃO DA POBREZA I.1 - INTRODUÇÃO São Tomé e Príncipe elaborou, à semelhança de muitos países em vias de desenvolvimento, o seu primeiro documento de Estratégia Nacional de Redução da Pobreza - ENRP em 2002. O referido documento foi submetido à apreciação da Mesa Redonda de Bruxelas de 2005 e tinha como principal objectivo, o estabelecimento de uma parceria para a boa governação e redução da pobreza, numa óptica de cumprimento dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM). No quadro da implementação da primeira ENRP, São Tomé e Príncipe realizou alguns progressos significativos, em termos de melhoria dos indicadores de desenvolvimento económico e social. Mas, devido aos constrangimentos e dificuldades ligados a disponibilidade de financiamento, estes resultados ficaram muito aquém dos objectivos inicialmente fixados, tal como demonstraram os relatórios de seguimento e de avaliação dos impactos das medidas e programas implementados. De acordo com o Relatório de Desenvolvimento Humano (PNUD, 2011) São Tomé e Principe ocupa o 144º lugar entre 187 países, com o IDH de 0,509. Um dos factores que contribui para o baixo IDH de São Tomé e Príncipe é a pobreza generalizada, com muito baixo rendimento monetário. O estudo sobre o perfil da pobreza realizado em 2001, indica que 54% da população vivia abaixo do limiar da pobreza e 15% são classificados em situação de pobreza extrema. A pobreza é no entanto um fenómeno predominantemente rural, com 65% da população rural vivendo abaixo da linha da pobreza e 22% na pobreza extrema. No âmbito do segundo inquérito sobre os Orçamentos/despesas das famílias (IOF) realizado em 2010, 66,2% da população total de S. Tomé e Príncipe são pobres, ou seja, cerca de 2/3 da população vivem com menos de 30 mil dobras por dia per capita e o rácio da pobreza baixou, passando de 53,8% em 2000 para 49,6% em 2010. Comparando os resultados do perfil da pobreza de 2000 e 2010, constata-se que houve um progresso no sentido da redução da pobreza, apesar de ficar muito aquém da meta estabelecida na primeira ENRP para 2010. Neste contexto, e face aos atuais desafios de desenvolvimento, S. Tomé e Príncipe assumiu a iniciativa de elaborar a segunda ENRP com o objetivo de redirecionar as intervenções em matéria de luta contra a pobreza para o período 2012-2016. Enverdecimento da Estratégia de Redução da Pobreza Novembro 2012 5

Entretanto, uma das fraquezas da presente Estratégia é a falta de uma visão de sustentabilidade das acções previstas face ao desafio do desenvolvimento, onde as políticas relativas a mudanças climáticas e gestão dos riscos de catástrofes não estão devidamente equacionadas. Assim, com base nas lições apreendidas desta experiência, a elaboração da 3ª Estratégia Nacional de Redução da Pobreza deverá tomar em consideração a integração da questão ambiental, com particular incidência sobre as mudanças climáticase a gestão dos riscos de catástrofes naturais. I.2 - SEGUNDA ESTRATÉGIA NACIONAL DE REDUÇÃO DA POBREZA I.2.1 Contexto e Objectivos da Estratégia O principal objectivo da actual ENRP é redirecionar as intervenções em matéria de luta contra a pobreza para o período 2012-2016, criando mais oportunidades de rendimento, de emprego e melhorando o acesso aos serviços públicos básicos de qualidade. Ela articula com diferentes instrumentos de política e planificação precedentes, pretendendo criar um novo quadro estratégico que procura incorporar um conjunto de mudanças ocorridas quer a nível nacional, quer internacional, bem como novas orientações de política e preocupações manifestadas tanto pelos parceiros de cooperação, como pelos beneficiários. I.2.2 - EIXOS ESTRATÉGICOS DA ENRP Estratégia Nacional de Redução da Pobreza articula-se em torno de quatro eixos: Eixo I - Reforma das instituições públicas e reforço da política de boa governação: Este primeiro eixo refere-se à necessidade de criação de condições que permitam o regular funcionamento das instituições, a garantia da estabilidade política e o sucesso das políticas económicas e sociais num ambiente de transparência e prestação de contas. Eixo II Promoção de um crescimento económico integrado e sustentável: Este segundo eixo consiste na promoção do crescimento económico sustentável, para gerar emprego e rendimento com vista à redução da pobreza absoluta que afeta 66% da população santomense. Eixo III: Desenvolvimento de capital humano e melhoria dos serviços sociais básicos: Enverdecimento da Estratégia de Redução da Pobreza Novembro 2012 6

Este eixo é considerado como um dos principais pré-requisitos para a realização dos objetivos preconizados de crescimento da economia, integração no mercado globalizado e mitigação da pobreza. Este terceiro eixo estratégico dedica-se ao fortalecimento nos domínios da educação, formação e saúde, entre outros, tendo em vista recursos humanos melhor preparados para enfrentar os desafios do futuro e contribuir no desenvolvimento do país. Eixo IV - Reforço da coesão e proteção social: Este eixo visa melhorar as condições de vida da população através de programas de apoio à integração social, particularmente dos grupos mais vulneráveis, apoiar as vítimas de desastres e catástrofes naturais e prestar assistência aos idosos carenciados e garantir a igualdade de oportunidades entre homens e mulheres. I.2.3 - VISÃO A visão a médio prazo, circunscrito ao período 2012-2016 inspira-se também no cenário otimista tlábá só cá dá tê do Estudo Nacional de Perspectivas de Longo Prazo (NLTPS), segundo o qual S. Tomé e Príncipe dispõe de oportunidades de sucesso para um desenvolvimento económico e social harmonioso. Contudo, devido à falta de entendimento da classe política, associada à descontinuidade e à ineficiência da governação, os sucessivos governos não têm sabido rentabilizar os recursos de que o país dispõe nem tão pouco aproveitar as oportunidades que lhes são oferecidas pela Comunidade Internacional. Ajuntam-se a esses fatores a fraca participação da sociedade civil e a ausência de um espírito empreendedor. O futuro desejado dos santomenses daqui a 2016, pode ser resumido de seguinte forma: (i) (ii) (iii) (iv) Um país bem governado com instituições fortes e credíveis; Um país com um ambiente favorável ao crescimento económico sustentável e integrado e à (re) distribuição de rendimentos; Um país com recursos humanos bem formados e adequados aos desafios de desenvolvimento; e, Um país que valorize o património cultural e garanta a igualdade e oportunidade entre os géneros. Assim, tendo em conta a visão de médio prazo com base no cenário inspirado no Estudo Nacional das Perspetivas de Longo Prazo, são objectivos estratégicos gerais de S. Tomé e Príncipe para 2012-2016 os seguintes: Alcançar uma taxa de crescimento de pelo menos 6%, (criando condições para uma diversificação consistente da economia); Reduzir em 10% a percentagem da população santomense que vive na situação de pobreza, (promovendo iniciativas geradoras de rendimento, melhorando, por conseguinte, a sua capacidade produtiva); Conseguir que toda a população tenha acesso (facilitado e melhorado) aos serviços sociais básicos. Enverdecimento da Estratégia de Redução da Pobreza Novembro 2012 7

I.2.4 - Alinhamento com outros Programas A Estratégia Nacional de Redução da Pobreza articula-se com outros planos, programas e projectos e particularmente com os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio. Objectivos do Desenvolvimento do Milénio Objectivos do Desenvolvimento do Milénio 1. Reduzir a pobreza extrema e a fome; 2. Assegurar a educação de base para todos; 3. Promover a igualdade dos sexos e a autonomia das mulheres; 4. Reduzir a mortalidade das crianças de menos de 5 anos; 5. Melhorar a saúde materna; 6. Combater o VIH/SIDA, o paludismo e outras doenças; 7. Assegurar um ambiente durável; 8. Implementar uma parceria mundial para o desenvolvimento As probabilidades de realizar os Objectivos de Desenvolvimento do Milénio (ODM) relativos a extrema pobreza, a igualdade dos sexos e a instauração de parcerias para o desenvolvimento são ainda muito pequenas. A pobreza ainda atinge 66,2% da população segundo as estimativas do inquérito sobre as condições de vida das famílias de 2010, apesar dos esforços que o Governo de São Tomé e Príncipe tem envidado para que nas suas políticas de desenvolvimento económico e social estejam refletidas acções que concorram para o alcance das metas estabelecidas na declaração do milénio. Algumas destas metas do milénio concorrem para a redução do risco dos desastres que frequentemente assolam STP, nomeadamente: Em termos de realização dos ODM Reduzir para metade até 2015, a percentagem da população sem acesso sustentável à água potável e ao saneamento básico; Integrar os princípios do desenvolvimento sustentável nas políticas, programas e planos do País e inverter a actual tendência de perdas de recursos ambientais; Inverter, até 2015, a tendência actual de incidência da malária e de outras doenças graves no seio da população. Esta Estratégia está em linha com outros documentos e legislações relevantes em matéria de desenvolvimento e ambiente, designadamente: Plano Nacional do Ambiente para o Desenvolvimento Durável; Lei de Bases do Ambiente (Lei N.º 10 / 1999); Estratégia Nacional de Redução das Catástrofes Naturais; Enverdecimento da Estratégia de Redução da Pobreza Novembro 2012 8

Lei de conservação da Fauna, Flora e das Áreas (Lei N.º 11/99); Decreto sobre a Extracção de Inertes (Lei Nº35/1999); Decreto sobre Resíduos (Lei Nº36/1999); Decreto sobre Avaliação do Impacto Ambiental (Lei Nº37/1999); Lei das Florestas (Lei nº 5 / 2001); Plano Estratégico Nacional de Luta contra a SIDA; Plano Nacional de Luta Contra Paludismo. Enverdecimento da Estratégia de Redução da Pobreza Novembro 2012 9

PARTEII VULNERABILIDADE DO PAÍS FACE ÀS MUDANÇAS CLIMÁTICAS E AOS RISCOS DE CATÁSTROFES II.1 - INTRODUÇÃO Formado por ilhas de pequena dimensão, o arquipélago de São Tomé e Príncipe, devido a sua condição de pequeno e também devido à sua fragilidade económica e social é um país relativamente vulnerável a situações que resultam dos impactos das mudanças climáticas e das catástrofes naturais que se verificam no presente e no futuro, tanto do ponto de vista ambiental, como do ponto de vista económico e social. Do ponto de vista climático, o país possui um clima predominantemente tropical, mas nalgumas situações, o clima possui características francamente equatoriais, devido ao relevo bastante pronunciado, principalmente nos quadrantes sul e sudoeste das ilhas, tanto de São Tomé como do Príncipe. II. 2 - Principais Vulnerabilidades II.2.1 - Vulnerabilidade Económica Do ponto de vista económico, com um produto interno bruto per-capita de 1.231 dólares E.U. em 2009 (INE 2011), a República Democrática de São Tomé e Príncipe é um país pobre, com um crescimento fraco e uma economia pouco diversificada, marcada ainda pela predominância do cacau. S. Tomé e Príncipe é um país essencialmente agrícola, com mais de um terço da população a exercer a atividade na agricultura, pecuária e pescas, cujo rendimento não se revela suficiente para fazer face as necessidades básicas. A contribuição do sector agrícola no PIB é da ordem dos 17,2% e cerca de 26,2% da população ativa depende diretamente do sector (ENRP, 2011). A diversificação económica anunciada depois da independência como principal prioridade, não deu os resultados esperados, sendo afinal o aumento do sector de serviços, principalmente o sector público e mais recentemente o comércio, a característica mais importante da evolução da economia nas duas últimas décadas. II.2.2 Vulnerabilidade Social Do ponto de vista social o inquérito sobre os Orçamentos/despesas das famílias (IOF) realizado em 2010indica que 66,2% da população total de S. Tomé e Príncipe são pobres, ou seja, cerca de 2/3 da população vivem com menos de 30 mil dobras por dia per capita. Segundo o IOF, a pobreza afecta mais as mulheres (71,3%) do que os homens (63,4%). A pauperização das populações parece estar muito ligada a sua Enverdecimento da Estratégia de Redução da Pobreza Novembro 2012 10

situação no emprego, afetando menos as pessoas empregadas do que os inativos ou os desempregados. Relativamente ao emprego, as pessoas activas mais expostas a pobreza são os trabalhadores independentes do sector privado agrícola (68,4%) e do sector privado não agrícola (67,7%), enquanto que os outros ativos registam níveis de pobreza inferiores a 60%. Apesar dos esforços com vista à melhoria do sistema de recolha e remoção de lixos, abastecimento de água potável, eliminação dos focos de proliferação do vector do paludismo, o mosquito anófeles, o nível do saneamento público é muito baixo, sendo que São Tomé e Príncipe apresenta a taxa de defecação ao ar livre mais elevada da África Central (Plano Director Agua e Saneamento, 2011). Tudo isto associado à situação de pobreza a que está sujeita a maioria da população de São Tomé e Príncipe faz com que, para além das doenças sexualmente transmissíveis, particularmente a SIDA, o paludismo e a tuberculose constituem as principais causas da morbilidade no País. A vulnerabilidade do sector da saúde às mudanças climáticas devido a factores naturais como eventos extremos de chuva ou seca, poderão, por um lado, comprometer os esforços do saneamento do meio e a luta contra as principais doenças endémicas, caso medidas preventivas não sejam tidas em conta, uma vez que esses eventos extremos poderão provocar inundações ou escassez de água para abastecimento das populações. O País conheceu várias epidemias e pandemias que têm assolado o território de maneira cíclica nos últimos anos, com um destaque para a cólera, a malária, as diarreias, o sarampo e a conjuntivite. A malária não é a principal causa de morbilidade e mortalidade no país. As doenças respiratórias agudas, as doenças diarreicas agudas, as doenças cardiovasculares continuam sendo as principais causas de morbilidade e mortalidade, dominando assim o perfil epidemiológico do país com um conjunto de patologias preveníveis transmissíveis ou ligadas ao meio ambiente e aos hábitos e comportamentos das populações (Plano Estratégico do Controlo do Paludismo, 2010). No que diz respeito à educação constata-se que ela é tida como o principal factor determinante da pobreza em São Tomé e Príncipe, também a principal porta de saída da pobreza. Os indicadores de pobreza revelam uma forte correlação entre o nível de instrução e a pobreza. A probabilidade de se ser pobre aumenta grandemente em relação inversa ao nível de instrução. (Documento Carta Educativa de STP, 2008). II.2.3 - Vulnerabilidade Natural/ambiental Do ponto de vista ambiental, o país não apresenta indicadores alarmantes em termos de degradação ambiental se comparado com outros países da subregião. De origem vulcânica relativamente recente, as ilhas de São Tomé e Príncipe nunca estiveram em contacto com o continente africano, pelo que se gerou no seu interior um grande endemismo e diversidade de fauna e flora. Enverdecimento da Estratégia de Redução da Pobreza Novembro 2012 11

A grande pluviometria, que varia entre os 1000 mm nas zonas semiáridas e 6000mm nas zonas super húmidas (AAP, 2011), associada ao marcado relevo das ilhas promove a existência de vários rios e pântanos e propicia a existência de múltiplos habitats ricos em endemismos, com especial destaque para anfíbios (100%), moluscos (77%) e aves e morcegos (>50%). Os ecossistemas marinhos e costeiros incluem praias, costas rochosas e recifes coralinos que albergam espécies como tartarugas, golfinhos, baleias e inúmeras espécies de peixes. De acordo com os dados da Segunda Comunicação Nacional sobre as Mudanças Climáticas, S.Tomé e Príncipe não é um país emissor de gases com efeito de estufa (GEE), mas sim sumidouro de carbono, isto é, os níveis de absorção são superiores aos de emissão graças a existência de cobertura vegetal e inexistência de um sector industrial. O inventário das emissões de gases com efeito de estufa realizado no âmbito da Segunda Comunicação Nacional (SCN), indica que os sectores da energia e das florestas são responsáveis pela quase totalidade das emissões de CO2, com um total de 163,49 Gg. As florestas absorvem, em retorno, 727,57Gg. de CO2. Os outros gazes emitidos pelo País são o CH4 (1,12 Gg.), o N2O (0,041 Gg.), o NOx (0,77 Gg.), o CO (17,17 Gg.) e o NMVOC (2,99 Gg.). O país dispõe de floresta abundante com particular realce para as florestas de montanhas, onde existe uma reserva florestal ainda considerável. Contudo, a difícil situação económica das populações, entre outras, tem levado ao abate indiscriminado de árvores para a produção de carvão, da lenha e de madeiras para construção. Existe ainda, por outro lado, uma nítida redução dos recursos florestais, com particular realce para a destruição dos habitats das espécies, muitas delas endémicas, e ameaçadas de extinção. Por essa razão, o país adoptou em 1999 um pacote legislativo importante para a protecção dos recursos naturais, com particular realce para a Lei de Bases do Ambiente, a Lei da Flora, Fauna e das Áreas Protegidas, a Lei das Pescas e Recursos Haliêuticos, a Lei de criação dos Parques Naturais Obô de São Tomé e do Príncipe e a Lei de Extracção de Inertes. Por outro lado, o país aderiu e ratificou alguns acordos internacionais de relevo nomeadamente, a Convenção Quadro das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas e o respectivo Protocolo de Quioto, a Convenção sobre a Diversidade Biológica e os Protocolos de Cartagena sobre a Biossegurança e de Nagoya sobre a Partilha Justa e Equitativa dos Benefícios dos Recursos, a Convenção de Luta contra a Desertificação e Degradação dos Solos, a Convenção de Estocolmo sobre os Poluentes Orgânicos Persistentes e a Convenção de Viena sobre as Substâncias que Empobrecem a Camada de Ozono. O país está exposto a ameaças de origem natural tais como, a ocorrência de inundações, erosão costeira, seca, deslizamentos de terra, ventos fortes, erosões e as de origem antrópica como as queimadas, incêndios, maré negra, etc., bem como a ocorrência de doenças como a cólera, a malária, diarreias, conjuntivite. Enverdecimento da Estratégia de Redução da Pobreza Novembro 2012 12

A diminuição das chuvas e períodos de seca prolongados com a consequente diminuição dos caudais dos rios põem em causa a produção agrícola com efeitos negativos sobre as condições de vida das populações vulneráveis. Como país de origem vulcânica, São Tomé e Príncipe é bastante propenso às derrocadas devido a chuvas torrenciais e à prática da agricultura intensiva em zonas de grande declive, nomeadamente nas encostas das montanhas, uma vez que grande parte do território nacional localiza-se em zonas montanhosas. Devido ao fenómeno de ventos fortes, causados pelas linhas de borrasca que muitas vezes provocam ondas gigantes, muitos pescadores perdem as suas embarcações nos ancoradouros, muitas famílias de pescadores perdem as suas habitações localizadas à beira mar. A título de exemplo, as comunidades de Malanza, Ribeira Afonso e Santa Catarina estão localizadas na região costeira da Ilha de São Tomé, em áreas baixas, na foz de curso d água, áreas inundáveis, cujo risco tem sido ampliado principalmente com cheias dos rios conjugados com a retenção pela maré em épocas de tempestades. A ocorrência desses eventos deixa a população local sem acesso aos serviços básicos como, saúde, educação, água potável, alimentação e outros. Adicionalmente podem causar a destruição de equipamentos, habitações, problemas de saúde pública por causa das condições sanitárias adversas e/ou deslocamento temporário da população para áreas em que se achem mais seguras. II.3 - Análise das Capacidades Apesar da situação preocupante acima descrita sobre o nível de vulnerabilidade do país face a desastres, algumas acções podem ser consideradas positivas e condicionantes para superar a situação, designadamente: A execução do Projecto de Adaptação em Africa - STP, que cobre os sectores de agricultura, floresta, água e energia renováveis para o Distrito de Lobata, 2010-2012; A execução do Projecto de Adaptação às Zonas Costeiras, cujo objectivo fundamental consiste em travar a erosão costeira e proteger as comunidades residentes no litoral do país, 2011-2016; A criação da Comissão Nacional das Mudanças Climáticas e da Autoridade Nacional Designada (AND) para Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL), através do Decreto nº13/2012; Criação do Conselho Nacional de Preparação e Resposta as Catástrofes (CONPREC), responsável pela coordenação das acções de Gestão de Risco de Desastres e assegurar uma resposta rápida e eficaz às emergências, 2012. O país dispõe ainda de um pacote de documentos e legislações que sustentam a política de sustentabilidade ambiental e como membro de diversas convenções internacionais sobre o ambiente elaborou documentos de análise da situação ambiental, nomeadamente: Enverdecimento da Estratégia de Redução da Pobreza Novembro 2012 13

Plano Nacional do Ambiente para o Desenvolvimento Durável 1999; Estratégia Nacional e Plano de Acção sobre a Diversidade Biológica 2005; Elaboração do Plano Nacional de Acção para a Adaptação (NAPA) - 2006; Inventário de Gases com Efeito de Estufa 2010; Estratégia Nacional para a Gestão de Risco de Desastres 2010. Estudo de vulnerabilidade e adaptação às Mudanças Climáticas 2011; Primeira e Segunda Comunicações Nacionais sobre as Mudanças Climáticas 2003 e 2011, respectivamente; Contudo, o país necessita reforçar a capacidade de seus quadros técnicos a nível dos diferentes sectores diretamente implicados e capazes de proceder à integração das Mudanças Climáticas e Gestão de Riscos de Catástrofes no Documento de Estratégia de Redução da Pobreza. Enverdecimento da Estratégia de Redução da Pobreza Novembro 2012 14

III PARTE INTEGRAÇÃO DAS MUDANÇAS CLIMÁTICAS E GESTÃO DE RISCOS DE CATSTROFES NATURAIS NA ESTRATEGIA DE REDUÇÃO DA POBREZA III. 1 - Introdução As mudanças climáticas representam um sério desafio para a prossecução dos Objectivos de Desenvolvimento do Milénio. Dadas as suas características geoclimáticas, São Tomé e Príncipe está exposto às consequências das mudanças climáticas, conhecendo fenómenos climáticos extremos, nomeadamente tempestades e chuvas fortes que geram cheias e desabamentos de terras. Esses fenómenos extremos atingem com maior frequência os sectores mais vulneráveis ao clima, nomeadamente a agricultura, florestas, pecuária, pescas, recursos hídricos, infraestruturas, saúde e segurança alimentar. A exposição aos fenómenos climáticos extremos/condições meteorológicas extremas (aumentos graduais da temperatura e as reduções das precipitações), poderá comprometer a realização de alguns objectivos de Desenvolvimento do Milénio, como a redução da pobreza extrema e a fome. Torna-se, assim, necessário e urgente que o Governo tome iniciativas, tais como medidas para a redução dos riscos ao longo prazo, como a integração das mudanças climáticas e gestão de riscos de catástrofes na Estratégia de Redução da Pobreza e nas políticas e estratégias de desenvolvimento. A integração das mudanças climáticas como tema transversal nos planos de desenvolvimento irá tornar o desenvolvimento mais resiliente através da redução dos impactos das mudanças climáticas, bem como da identificação de oportunidades de desenvolvimento que, de outra forma, poderiam não ter sido consideradas. O objectivo deste capítulo é de descrever, de forma prática o processo de integração das mudanças climáticas na Estratégia Nacional de Redução da Pobreza, enquanto documento de desenvolvimento seleccionado e que se revelou mais adequado para a realização de uma avaliação dos riscos e oportunidades das mudanças climáticas. Serão também apresentadas as boas práticas capazes de apoiar os técnicos nacionais não especializados nesta temática na promoção e prossecução de actividades de integração das mudanças climáticas nas políticas e estratégias de desenvolvimento. De acordo com o Guia do PNUD para a Integração das Mudanças Climáticas nos Processos de Desenvolvimento Nacional e na Programação Nacional das Nações Unidas (2011), a integração das mudanças climáticas nas políticas, planos e projectos de desenvolvimento nacionais contribui para: Reduzir a vulnerabilidade dos impactos e a variabilidade do clima; Enverdecimento da Estratégia de Redução da Pobreza Novembro 2012 15

Aumentar a capacidade de adaptação das comunidades e actividades nacionais relativas aos impactos climáticos; Garantir um desenvolvimento sustentável e evitar decisões que poderão originar a má-adaptação; Reduzir as emissões de GEE; Implementar projectos de desenvolvimento mais eficazes, mais seguros e mais sustentáveis. O Guia do PNUD propõe que o processo de integração das mudanças climáticas nas políticas, planos e projectos de desenvolvimento nacionais (PNUD, 2011), neste caso específico na Estratégia Nacional de Redução da Pobreza, deve compreender seis etapas fundamentais, a saber: Etapa 1: Criar um Perfil Climático do país; Etapa 2: Elaborar um Mapa Institucional; Etapa 3: Envolver as partes interessadas e seleccionar o documento a avaliar quanto aos riscos e oportunidades das mudanças climáticas; Etapa 4: Avaliar os riscos e oportunidades das mudanças climáticas; Etapa 5: Desenvolver capacidades das partes interessadas; Etapa 6: Integrar as mudanças climáticas no documento revisto. III.2 Implementação das Seis Etapas do Processo III.2.1 - Equipa de Implementação Com vista a garantir a implementação do processo de integração das mudanças climáticas na Estratégia Nacional de Redução da Pobreza aconselha-se que seja criada, no quadro ou sob forma de um projecto, uma Equipa de Implementação que seja formada por: Um Ponto Focal Nacional do PNUD; Um Coordenador Nacional para as Mudanças Climáticas; Um Ponto Focal da Convenção QNUMC; Um Especialista em Riscos de Mudanças Climáticas; e, Um representante da Direcção de Planeamento. Esta equipa de cinco pessoas tem a responsabilidade de garantir que a avaliação do clima e o exercício de integração sejam devidamente apoiados nas vertentes técnicas e administrativas. A qualidade da Equipa de Implementação determinará a qualidade do resultado. O Coordenador Nacional para as Mudanças Climáticas deverá ter alguma experiência anterior no domínio de mudanças climáticas. O mesmo deve ter um forte histórico de implementação de projectos, organização de workshops, e ser um indivíduo auto-suficiente e motivado. Um modelo de "Termos de Referência" para a contratação de tal especialista será elaborado. O Especialista em Risco de Mudanças Climáticas deve ter uma vasta experiência na avaliação dos riscos das mudanças climáticas. Deve compreender a ciência das mudanças climáticas, ter excelentes capacidades analíticas e de escrita, ser capaz de tomar em consideração as incertezas das Enverdecimento da Estratégia de Redução da Pobreza Novembro 2012 16

projecções climáticas, e integrar o conhecimento da relação entre a sociedade, o ambiente, a economia, a política, e outras disciplinas. A experiência anterior no país é uma mais-valia. Será elaborado o modelo de Termos de Referência para este especialista. Tanto o Coordenador Nacional como o especialista devem estar em posição de permitir a interacção comum a ampla gama de intervenientes - desde o pessoal técnico a autoridades governamentais de chefia e representantes da ONU tanto numa base individual em reuniões, como formador/comunicador em workshop. Se essas pessoas não estiverem disponíveis, poderão ser contratados consultores nacionais e internacionais. Uma pequena lista de especialistas experientes deverá ser elaborada pela Direcção Geral do Ambiente. III.3 - Duração e orçamento do Projecto O tempo necessário para implementar as seis etapas acima descritas dependerá de uma variedade de factores. Estes incluem: identificação e acordo sobre o documento(s), projecto(s) e/ou programa(s) a serem avaliados (incluindo o âmbito de cada avaliação); quantidade de documentos a serem analisados; percepção prévia e interesse manifesto de autoridades nacionais; disponibilidade de fontes relevantes de informação; celeridade dos procedimentos de contratação dos consultores; disponibilidade de outras partes interessadas. A experiência do Projecto de Integração dos Riscos e Oportunidades das Mudanças Climáticas nos Processos de Desenvolvimento Nacional implementado em cinco países, nomeadamente: Cabo Verde, Colômbia, El Salvador, Malawi, e Nicarágua indica que deve ser dedicado pelo menos um ano para a execução do Projecto. Em termos financeiros, foi atribuído a cada país beneficiário um montante de 100.000 USD, o que foi suficiente para avaliar dois ou três documentos de desenvolvimento, organizando dois a três workshops, e para a contratação de um Coordenador Nacional para as Mudanças Climáticas e um Especialista em Riscos de Mudanças Climáticas. Recursos adicionais estavam disponíveis para disseminação do conhecimento a nível mundial, organização de eventos, partilha de lições, colaboração sul-sul, despesas de transporte e para um Coordenador de Projecto Global que ofereceu garantia de qualidade total para os cinco países. III.4 - Integração das Mudanças Climáticas e Gestão de Riscos de Catástrofes Naturais na Estratégia de Redução da Pobreza - Enverdecimento Enverdecimento da Estratégia de Redução da Pobreza Novembro 2012 17

As mudanças climáticas representa um dos maiores desafios que o mundo deverá fazer face neste século e seu impacto poderá afectar consideralmente os progressos realizados no domínio de desenvolvimento humano, particularmente as comunidades mais pobres e vulneráveis. Por conseguinte, os processos de planificação do desenvolvimento devem tomar em consideração os efeitos nefastos das mudanças climáticas. Tomando isto em consideração, o Projecto não será implementado só para integrar as mudanças climáticas nos processos de desenvolvimento do governo, mas também irá desenvolver e reforçar capacidade nacional para o fazer. III.4.1 - Etapas de Implementação Como se viu anteriormente, o processo de integração das mudanças climáticas na Estratégia Nacional de Redução da Pobreza, deve compreender seis etapas fundamentais, a saber: Etapa 1: Criar um Perfil Climático do país; Etapa 2: Elaborar um Mapa Institucional; Etapa 3: Envolver as partes interessadas e seleccionar o documento a avaliar quanto aos riscos e oportunidades das mudanças climáticas; Etapa 4: Avaliar os riscos e oportunidades das mudanças climáticas; Etapa 5: Desenvolver capacidades das partes interessadas; e, Etapa 6: Integrar as mudanças climáticas no documento revisto. Etapa 1: Criar um Perfil Climático do País Um Perfil Climático do País é um documento sucinto, de fácil compreensão que descreve as informações mais relevantes em contextos climáticos históricos, actuais e projectados, bem como os potenciais impactos das mudanças climáticas e da variabilidade climática. A preparação do Perfil Climático do País envolve a identificação e a compilação da informação existente, sintetizando-a num documento legível que pode servir de guia de referência inicial para aqueles que não sejam especialistas em assuntos climáticos. O Perfil Climático deve, todavia, ser técnico e consistente. Por conseguinte, deve ser elaborado por um especialista da área de mudanças climáticas. A identificação e a obtenção de documentação nacional ou acesso a bases de dados podem levar algum tempo, o que torna crucial o apoio de um Coordenador Nacional para as Mudanças Climáticas na navegação pelos canais de informação muitas vezes complexos. O Perfil Climático pode ser resumido num folheto que pode ser usado na discussão com o governo e restantes intervenientes nacionais. Esse folheto é um documento útil para destacar (num formato fácil leitura, com marcadores) as informações climáticas mais marcantes, como: Os impactos das mudanças climáticas previstos, Os impactos socioeconómicos previstos, Enverdecimento da Estratégia de Redução da Pobreza Novembro 2012 18

Os riscos históricos de desastres, Principais populações e sectores vulneráveis, As potenciais medidas de adaptação. Etapa 2: Elaborar um Mapa Institucional Um Mapa Institucional fornece uma visão geral das instituições e outras partes interessadas envolvidas em actividades nacionais sobre mudanças climáticas. É um recurso valioso para informar a equipa do processo de integração, bem como para um público mais vasto a nível nacional (representantes do governo, funcionários de outras organizações internacionais e parceiros nacionais). O documento deve ser sucinto e assumir que o leitor já está familiarizado com as instituições e actores envolvidos. Mais do que simplesmente identificar ou descrever as principais estruturas institucionais envolvidas nas mudanças climáticas, o Mapa Institucional deve fornecer uma avaliação crítica de como as questões climáticas são coordenadas entre os órgãos governamentais e com outras partes interessadas. O mesmo deve analisar todos os actores relevantes no país, nomeadamente o governo, doadores bilaterais e multilaterais, ONGs e o sector privado. Porque este tipo divisão nacional é difícil de encontrar, uma ilustração ou "mapa" que demonstre as ligações e relacionamentos entre as instituições é extremamente útil. O documento deve incluir uma breve descrição dos quadros de regulação e institucionais para as mudanças climáticas, bem como apresentar a cobertura, escala e coordenação das intervenções no quadro das mudanças climáticas. Isto fornecerá uma indicação da prioridade atribuída às mudanças climáticas no país. A identificação dos técnicos, lacunas institucionais, ou organizacionais deve, idealmente, ser seguida por recomendações concretas e pragmáticas para melhorias. Links para sites ou outras fontes de informação também são úteis. Um Mapa Institucional pode ser elaborado com base numa análise documental de documentos de política nacional, estratégias e relatórios de pesquisa sobre as mudanças climáticas. Relatórios específicos, tais como o Programa de Acção Nacional para a Adaptação (NAPA) e a Comunicação Nacional à Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (UNFCCC), são bons pontos de partida. A análise pode ser complementada através de entrevistas com actores que são capazes de confirmar, complementar e/ou corrigir a análise documental. Etapa 3: Envolver as Partes Interessadas e seleccionar o Documento para a Avaliação dos Riscos e Oportunidades das Mudanças Climáticas Em consonância com a própria política do PNUD sobre a integração das mudanças climáticas na ajuda ao desenvolvimento, estratégias, tais como o Quadro de Assistência das Nações Unidas ao Desenvolvimento (UNDAF), Enverdecimento da Estratégia de Redução da Pobreza Novembro 2012 19

Programa Único (One UN), e Avaliações Nacionais Comuns são metas óbvias numa avaliação de riscos climáticos que podem afectar uma trajetória de desenvolvimento nacional. Da mesma forma, há um número equivalente de estratégias e planos nacionais de desenvolvimento que podem ser avaliados a nível governamental. O exercício também pode concentrar-se em processos, políticas, estruturas, projectos, orçamentos e quaisquer outros documentos de programação. A identificação de um assunto adequado para a avaliação dos riscos e oportunidades das mudanças climáticas desempenha um papel relevante no sucesso da avaliação e do exercício de integração como um todo. Um processo de consulta com os decisores e técnicos de diferentes entidades governamentais e agências da ONU deve orientar o processo de selecção, tendo em conta uma lista de factores (apresentada à direita desta página). Um factor crucial para a selecção deve ser a vida ou ciclo do(s) documento(s). As partes interessadas devem considerar desde o início como e quando os resultados da avaliação de riscos climáticos poderão ser tidos em conta numa versão revista. O mesmo se aplica para o ciclo do "proprietário" do documento, seja ele uma instituição específica ou um grupo de organizações. A quantidade de documentos seleccionados para uma avaliação de riscos climáticos terá um impacto sobre a profundeza dessas avaliações (pressupondo o mesmo orçamento e cronograma). A escolha de muitos documentos de desenvolvimento fornece uma visão geral dos riscos e oportunidades em relação a cada documento, ao invés da avaliação detalhada, sobre um ou dois documentos específicos selecionados. Etapa 4: Metodologias de Avaliação dos Riscos e Oportunidades das Mudanças Climáticas Existem diversas metodologias e ferramentas para avaliar os riscos das mudanças climáticas nos processos de desenvolvimento. A maioria é específica de agências e especializada em termos de audiência, alcance e objectivo. A variedade de metodologias disponíveis deve ser aproveitada para a obtenção do melhor método para o documento seleccionado e o objectivo preconizado. No Projecto de Integração dos Riscos e Oportunidades das Mudanças Climáticas nos Processos de Desenvolvimento Nacional implementado em cinco países acima mencionados, o PNUD aplicou a sua proposta de directrizes genéricas Quality Standards for the Integration of Adaptation to Climate Changeinto Development Programming (2009) (doravante denominadas Padrões dequalidade do PNUD ). A ferramenta fornece uma abordagem analítica abrangente que pode ser aplicada a documentos de estratégia, programas, planos e políticas ou projectos, quer estes já existam ou estejam em progresso. Além disso, é aplicável às escalas nacional, regional ou Enverdecimento da Estratégia de Redução da Pobreza Novembro 2012 20

local e pode ser utilizada por pessoal da ONU e do PNUD, por autoridades nacionais, ou outros parceiros de desenvolvimento. Utilizando uma lista de questões, os Padrões de Qualidade do PNUD ajudam o utilizador a identificar os riscos climáticos, riscos de má adaptação, as oportunidades de adaptação, e medidas de para a integração adequada das considerações sobre as mudanças climáticas. A metodologia é baseada em quatro princípios ou padrões de qualidade: 1. Identificação dos Riscos das Mudanças Climáticas para Programas e Projectos As componentes dos programas e dos projectos são avaliados para determinar se a sua viabilidade ou a sua sustentabilidade a longo prazo está ameaçada pelas mudanças climáticas. Isto envolve a identificação das componentes que são sensíveis ou vulneráveis às manifestações emergentes ou previstas das mudanças climáticas (por exemplo, mudanças nos eventos extremos, ou mudanças de longo prazo, das condições climáticas ou ambientais regulares) 2. Identificação dos Riscos que Podem Resultar em Máadaptação Aumentos indesejados e imprevistos da vulnerabilidade podem surgir de actividades de projectos que não consideram mudanças das condições climáticas. As componentes dos programas e projectos são avaliados pelo seu potencial de aumento, a longo prazo, da vulnerabilidade ambiental ou social para as mudanças climáticas. Isso pode exigir uma avaliação transversal entre os sectores, porque as acções podem ser contraditórias entre si. 3. Identificação de Oportunidades de Adaptação As oportunidades de adaptação podem incluir pontos de entrada para: (i) (ii) (iii) (iv) facilitar a adaptação através de sinergias com as iniciativas existentes ou previstas, combinar a mitigação (redução das emissões de gases de efeito de estufa) e a adaptação, proporcionar benefícios adicionais de desenvolvimento, e/ou explorar alterações potencialmente benéficas das condições climáticas ou ambientais. 4. Avaliação e Integração de Potenciais Medidas de Adaptação Os criadores e gestores dos programas e projectos traduzem as oportunidades de adaptação identificadas em mudanças que podem ser transformadas em programa ou projecto. Estas medidas podem incluir a reavaliação dos objectivos e resultados esperados do programa ou do projecto, as alterações aos produtos e actividades, ou recomendações de política. As medidas de adaptação são avaliadas e priorizadas com base na viabilidade, eficácia e aceitabilidade, e, em seguida, integradas no programa ou projecto. Os resultados da avaliação dos riscos climáticos são apresentados num relatório que destaca, ideias e recomendações viáveis e concretas de medidas para aumentar a adaptação e evitar a má adaptação. Quanto mais práticas as Enverdecimento da Estratégia de Redução da Pobreza Novembro 2012 21

recomendações(incluindo, se possível, uma indicação dos custos implícitos), o mais provável será que as mesmas sejam claramente percebidas e integradas efectivamente. Uma atenção especial deve ser dada à análise sobre má adaptação. A avaliação dos riscos climáticos pode realmente identificar as actividades ou os objectivos que poderiam ser incompatíveis com a adaptação ou parecer inviáveis em futuros cenários climáticos. Por exemplo, os objectivos de aumentar significativamente empreendimentos turísticos num local que requer captação de águas subterrâneas podem ser incompatíveis com outros objectivos da política de promoção da irrigação para atingir auto-suficiência agrícola num cenário climático futuro que indica menos chuvas, menos humidade e temperaturas médias mais quentes. Além disso, a Equipa de Implementação e os interessados devem estar cientes de que as acções ou políticas que reduzem a vulnerabilidade ou aumentam a capacidade de adaptação às mudanças climáticas não podem ser alinhadas com os objectivos políticos ou estratégicos subjacentes. Pode haver implicações políticas para as medidas de adaptação/acções identificadas, para as recomendações fornecidas, e qualquer priorização de algumas medidas ou acções. Por exemplo, uma recomendação pode aconselhar a redução ou termo de uma actividade económica, que pode contrastar com uma política ou objectivo específico do governo. Embora a médio e longo prazo os benefícios sejam esperados, estes podem ser incompatíveis com a necessidade dos ciclos políticos de retorno imediato. Etapa 5: Desenvolver Capacidades das Partes Interessadas Capacitação é parte essencial do processo de integração. No Projecto dos Riscos Climáticos, o processo de capacitação incluía workshops em cada um dos países participantes, consultas individuais e apoio mais contextualizado à integração sempre que solicitado. Esta secção aborda, sobretudo a organização de workshops. Consultas individuais constituíram parte integrante de cada etapa do processo e consequentemente são referidas ao longo deste capítulo. Apoio dedicado à integração das mudanças climáticas é descrito na Etapa 6. O workshop é um importante evento do Projecto, pois proporciona a oportunidade de informar os intervenientes envolvidos na preparação, implementação e monitorização do plano ou estratégia de desenvolvimento seleccionado sobre a questão das mudanças climáticas, seus impactos e as oportunidades de adaptação, recebendo, ao mesmo tempo, feedback dos participantes. Entretanto, também reforça a cooperação inter-institucional, que é essencial para a efectiva tomada de decisão sobre as mudanças climáticas. O evento pode cumprir os seguintes objectivos: Melhorar a percepção dos participantes sobre os conceitos demudanças climáticas e sobre os cenários específicos do país. Apresentar o resumo dos resultados do Perfil Climático do País. Apresentar a metodologia de avaliação dos riscos climáticos. Enverdecimento da Estratégia de Redução da Pobreza Novembro 2012 22

Partilhar e validar as propostas de resultados da avaliação dos riscos climáticos. Melhorar a capacidade dos participantes de identificar os riscos e oportunidades das mudanças climáticas, assim como as medidas de adaptação. Sensibilizar as autoridades nacionais sobre a importância de integração das mudanças climáticas nos processos de desenvolvimento. Estimular a cooperação inter-institucional através da troca de ferramentas, dados e experiência. Identificar outros documentos, projectos e programas que são alvo de avaliação de risco climático e priorizá-los. A agenda específica deve ser criada em colaboração com os principais intervenientes, para reflectir o contexto nacional, bem como os objectivos acordados, de modo que possa ser um catalisador para a definição de prioridades nacionais e da integração das mudanças climáticas. A agenda também deve ter em conta a duração do evento e o nível de participação (maior e generalizada, ou mais focalizada e técnica). As sessões que incidem especificamente sobre exercícios práticos são sempre mais populares nos workshops. Nestas sessões, os participantes discutem em grupos os principais conceitos de mudanças climáticas e passam para um estudo de caso para avaliar os eventos previsíveis da alteração climática, os riscos para a subsistência, e as medidas de adaptação numa determinada comunidade. Tais exercícios permitem uma integração real do material apresentado, bem como que os participantes troquem e reflictam sobre as suas próprias experiências. Etapa 6: Integrar as Mudanças Climáticas no Documento Revisto Com base nas recomendações feitas na avaliação dos riscos e oportunidades das mudanças climáticas, a etapa seguinte consiste em integrar estas considerações no(s) documento(s) escolhido(s), projecto(s) ou programa(s). Se tal integração for possível (e, em caso afirmativo, como isso pode ser feito) é necessariamente uma situação sensível. Vários factores são importantes A considerar, incluindo: as características do(s) documento(s) seleccionado(s), as instituições envolvidas, o tempo, o grau de envolvimento, interesse e priorização pelos decisores, e a eficácia e viabilidade das recomendações a serem integradas. O sucesso do esforço da integração climática pode ser melhorado, tendo as seguintes lições em consideração: O processo, incluindo a Etapa 5, deve ser o mais participativo possível, envolvendo os intervenientes directos nos comentários, para além dos donos institucionais mais directos do documento e a Equipa de Implementação. Tanto os intervenientes como a Equipa de Implementação envolvida no esforço de integração devem ter um mandato claro e sentido de prioridade por parte dos altos funcionários governamentais. Deve haver uma indicação do tempo e recursos disponíveis para realizar o trabalho. A Equipa de Implementação deve estar disponível para apoiar os intervenientes durante todo o processo. Enverdecimento da Estratégia de Redução da Pobreza Novembro 2012 23

Se for identificado como um requisito, ou especificamente solicitado, a Equipa de Implementação pode precisar considerar a capacitação/formação concentrada dos actores envolvidos no processo de integração. Isso permitiria aos actores oferecer tudo, desde apoio geral a respostas de questões detalhadas. Referências Guide Méthodologique pour l Introduction de l Environnement et UNDP, GTZ et MEPN de la République du Benin, 2007 Enverdecimento da Estratégia de Redução da Pobreza Novembro 2012 24