SECRETARIA DE SEGURANÇA PÚBLICA E JUSTIÇA CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS COMANDO DE ENSINO BOMBEIRO MILITAR ACADEMIA BOMBEIRO MILITAR



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Transcrição:

SECRETARIA DE SEGURANÇA PÚBLICA E JUSTIÇA CORPO DE BOMBEIROS MILITAR DO ESTADO DE GOIÁS COMANDO DE ENSINO BOMBEIRO MILITAR ACADEMIA BOMBEIRO MILITAR CURSO DE FORMAÇÃO DE OFICIAIS Raphael Paiva Justo Sistema de Monitorização e Alerta de Desastres Goiânia (GO) 2012

Raphael Paiva Justo Sistema de Monitorização e Alerta de Desastres Artigo Monográfico apresentado em cumprimento as exigências para término do Curso de Formação de Oficiais CFO III sob orientação do Prof. TC Sérgio Ribeiro Lopes. Goiânia (GO) 2012

SECRETARIA DE SEGURANÇA PÚBLICA E JUSTIÇA Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás Comando de Ensino Bombeiro Militar Academia Bombeiro Militar Raphael Paiva Justo Sistema de Monitorização e Alerta de Desastres Artigo monográfico apresentado em cumprimento as exigências para término do Curso de Formação de Oficiais CFO III sob orientação do Prof. TC. QOC Sérgio Ribeiro Lopes. Avaliado em / / Nota Final: ( ) Professor Orientador (Sérgio Ribeiro Lopes TC QOC) Goiânia (GO) 2012

RESUMO JUSTO, Raphael Paiva. Sistema de Monitorização e Alerta de Desastre; Prof. Orientador: Ten. Cel. Sérgio Ribeiro Lopes; Goiânia: ABM, 2012, 19 fl., Trabalho de Conclusão de Curso O presente estudo visa sugerir ao Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás se antecipar a uma tendência nacional que é a implantação de um sistema de prevenção e alerta contra desastres naturais. Sistemas de Monitorização e alerta para desastres, em linhas gerais, são instrumentos utilizados para acompanhar a evolução de sinais perceptíveis de que há a probabilidade de acontecer eventos adversos que podem resultar em danos à comunidade. Através de parcerias com órgãos como Universidade Federal de Goiás - UFG e Instituto Nacional de Meteorologia - INMet é possível obter dados de satélite, em tempo real, e fazer o cruzamento com mapas de áreas de risco para emitir alertas para comunidades em áreas vulneráveis e minimizar os prejuízos econômicos e sociais consequentes do desastre. PALAVRAS-CHAVE: Monitorização, Alerta, Defesa Civil.

ABSTRACT This study aims to suggest to the Fire Department of the State of Goiás to anticipate a nationwide trend that is implementing a system to prevent and guard against natural disasters. Monitoring and warning systems for disasters in general, are instruments used to monitor the evolution of noticeable signs that there is a probability of occurring adverse events that can result in damage to the community. Through partnerships with agencies like the Federal University of Goiás (UFG) and National Institute of Meteorology ( Inmet) is possible to obtain satellite data in real time, and make the crossing with maps of risk areas to issue warnings to communities in vulnerable areas and minimize economic losses and the consequent social disaster. KEYWORDS: Monitoring, Alert, Civil Defense

LISTA DE FIGURAS Figura 1: Imagem gerada pelo Radar do SAISP... 14 Figura 2: Índice de precipitação em Itajubá... 15

LISTA DE QUADROS Quadro 1: Mensagem de Alerta emitida pelo SAISP... 14 Quadro 2: Mensagem de Alerta emitida pelo SIMGE... 15

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS CEDEC - Coordenadoria Estadual de Defesa Civil. COMDEC Coordenadoria Municipal de Defesa Civil. FCTH - Fundação Centro Tecnológico de Hidráulica de São Paulo IGAM - Instituto Mineiro de Gestão das Águas INMet - Instituto Nacional de Meteorologia. SAISP - Sistema de Alerta a Inundações de São Paulo. SIG - Sistema de Informações Geográficas SIMGE - Sistema de Meteorologia e Recursos Hídricos de Minas Gerais UFG Universidade Federal de Goiás.

SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO...10 2 REVISÃO DA LITERATURA...13 3 CONCLUSÕES...17 4 REFERÊNCIAS...18

11 1 INTRODUÇÃO De acordo com estudos internacionais, dados oficiais registraram, nas últimas décadas, um crescimento de desastres naturais no mundo. De 2000 a 2005, por exemplo, foram registrados 2.788 desastres (http://www.unisdr.org/disaster-statistics/pdf/isdr-disasterstatistics-occurrence.pdf). Em 2007, foram aproximadamente 380 desastres (http://www.unisdr.org/eng/media-room/facts-sheets/2007-disasters-in-numbers-isdr- CRED.pdf). Ainda sobre a prevalência, 13% a 30% dos indivíduos da população em geral já foram expostos a um ou mais desastres naturais durante sua vida, conforme Green e Solomon, citados por Briere e Elliot (2000). Ressalta-se que a maioria destes eventos teve como gênese instabilidades atmosféricas severas, que são eventos atmosféricos intensos que podem causar grandes danos socioeconômicos, em virtude dos episódios pluviais intensos, vendavais, granizo e tornados (EASTERLING et al., 2000; SMITH, 2000; BERZ et al., 2001; MCBEAN, 2004). Apesar de não haver ainda um consenso sobre a relação direta entre as instabilidades atmosféricas e as mudanças climáticas globais no século XX (LIGHTHILL, 1994; MCBEAN, 2004), entende-se que o aumento das tempestades nas últimas décadas também foi significativo. Easterling et al. (2000) e Nicholls (2001) afirmam que em algumas partes do globo (escala regional) já existem indícios significativos do aumento de eventos atmosféricos extremos. Grande parte destes eventos calamitosos não pode ser evitada. Entretanto, podemse identificar padrões comportamentais com o intuito de elaborar métodos preventivos para a atenuação e redução dos efeitos destrutivos dos mesmos (ALCÁNTARA -AYALA, 2002; ISDR, 2002). Para a realização deste tipo de análise, Alexander (1995) comenta que é necessário obter-se um conhecimento detalhado da frequência (tempo), características (tipologia), magnitude (abrangência) e intensidade (impacto) dos fenômenos. Além disso, através da definição da vulnerabilidade local e da resposta do sistema social sob impacto, é possível gerenciar o risco com o intuito de minimizar as consequências adversas de um desastre natural (ISDR, 2002).

12 O Estado de Goiás, devido às condições climáticas e ao seu tamanho geográfico, está sujeito, diariamente, a um número elevado de desastres que provocam muitas mortes, incapacidades físicas temporárias e definitivas, feridos, além de causar vários danos às propriedades, bens, serviços, à produção agrícola, à pecuária e também, de forma muito clara, profundos efeitos e consequências desastrosas ao meio ambiente. Segundo pesquisa realizada pelo Banco Mundial, a cada dólar investido em prevenção, economiza-se 7 dólares na resposta. Devido a grande comoção devido as perdas ocorridas essas cifras geralmente passam despercebidas. Esta situação é consequência da mentalidade e do conceito existente de que Defesa Civil e atenção aos desastres são, basicamente, atuar durante ou depois de o desastre acontecer. Pensar em prevenção é pensar na economia global. Quando se previne qualquer tipo de sinistro, não se poupa apenas recursos orçamentários ou financeiros, se poupa tempo, sofrimento e desgastes psicológicos, tanto dos afetados quanto dos que estão conduzindo ou atuando. Assim, energias que podem ser canalizadas para ações mais proativas também são poupadas. Há uma tendência em acreditar que os sistemas de monitorização e alerta devem ser estabelecidos a partir de sofisticados instrumentos tecnológicos que permitem informações precisas sobre situações causadoras de calamidades. Na realidade, esses sistemas devem ser a união de todas as informações disponíveis ou desenvolvidas pelos interessados ou destinatários, que vão propiciar a tomada de decisões preventivas e de preparação, com o máximo de antecedência possível. Os sistemas de monitorização podem ser entendidos como de previsão e de constatação. Os de previsão, como o próprio nome diz, indicarão o que poderá acontecer. A monitorização de constatação verifica o comportamento que está acontecendo ou que já aconteceu e que indica ações de prevenção e preparação para evitar danos maiores à comunidade.

13 A proposta deste projeto seria através de parcerias com outros órgãos meteorológicos conseguirmos acesso a previsões e imagens de satélite para poder antecipar possíveis eventos adversos que estariam por acontecer nas áreas de riscos mapeadas e dessa forma contribuir para uma melhor capacidade de resposta dos municípios. Ao informarmos aos municípios sobre magnitude de um evento adverso, as Coordenadorias Municipais de Defesa Civil - COMDEC s poderiam alertar a comunidade para desocuparem áreas de risco, iniciar a preparação de recursos logísticos para o socorro, iniciar a execução de planos de contingência e colocar a equipe de resposta da Defesa Civil em situação de sobreaviso.

14 2 REVISÃO DA LITERATURA Após os desastres ocorridos na região serrana do Rio de Janeiro no início de 2011 a presidente Dilma Rousseff anunciou a reformulação no sistema de monitorização, alerta e resposta a desastres. Um novo Sistema Nacional de Alerta e Prevenção de Desastres Naturais será implementado progressivamente e deve ser concluído em quatro anos. Segundo o ministro da Ciência e Tecnologia, Aloizio Mercadante, 58% dos desastres naturais no Brasil são inundações e 11% deslizamentos e o peso dos desastres naturais decorrentes de fortes chuvas está se acentuando, e nós precisamos recorrer aos sistemas de prevenção. A intenção é gerar informações geoespecializadas das áreas de risco para aprimorar a capacidade de previsão. É preciso implementar novos radares meteorológicos e conectá-los em um sistema único. Um supercomputador, que trará uma previsão climática acurada, aliado aos novos radares permitirão a criação do sistema de alerta. G1 Política, Rio de Janeiro, 17 jan, 2011. Disponível em: <http://g1.globo.com/politica/noticia/2011/01/ministros-anunciam-novo-sistema-demonitoramento-e-alerta-de-desastres.html>. Acesso em: 17 dez, 2011. Atualmente o Estado de São Paulo já possui um Sistema de Alerta a Inundações (SAISP). Operado pela Fundação Centro Tecnológico de Hidráulica (FCTH), gera a cada cinco minutos boletins sobre as chuvas e suas consequências na cidade de São Paulo. A monitorização hidrológica do SAISP é feito pela Rede Telemétrica de Hidrologia do Departamento de Águas e Energia Elétrica do Estado de São Paulo (DAEE) e pelo Radar Meteorológico de São Paulo, de propriedade do DAEE e adquirido em convênio com a Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP). SAISP, São Paulo. Disponível em: <http://www.saisp.br>. Acesso em: 11 jan. 2011.

15 Segue abaixo exemplo de imagem gerada pelo radar meteorológico do SAISP. Figura 1 Imagem gerada pelo Radar do SAISP Segue abaixo mensagem de alerta emitida pelo SAISP. SAISP - Avisos dos Últimos dias 2012-01-11 13:35:22.994037- AT-LCARAPICUIBA Posto Rio Tietê - Lagoa de Carapicuíba passou do estado NORMAL para ATENCAO as 13:30. 2011-12-25 21:10:35.379047- CHF-N-RMSP-R80-NW Chuvas fortes ao Norte da RMSP num raio de 80 km a Noroeste do Radar.Tambem chove forte nas regioes de Juquitiba. Quadro 1 Mensagem de Alerta emitida pelo SAISP No Estado de Minas Gerais a Coordenadoria Estadual de Defesa Civil - CEDEC-MG possui uma parceria com o Sistema de Meteorologia e Recursos Hídricos de Minas Gerais SIMGE, que através da vigilância e previsão quantitativa do tempo, do clima, e do comportamento hídrico, fornece dados personalizados às atividades de preservação ambiental, sócio-econômicas e de defesa da população, com ênfase nos fenômenos

16 adversos como enchentes, estiagens e temporais severos. SIMGE, Minas Gerais. Disponível em: <http://simge.meioambiente.mg.gov.br>. Acesso em: 15 fev. 2011. Segue abaixo exemplo de Alerta emitido pelo SIMGE a CEDEC-MG. Dia 7/01 - Sexta - 21:40 hrs As 6 horas do dia 7, o nível do rio Sapucaí atingiu a cota de extravasamento (350 mm). Nessa oportunidade, a bacia havia recebido chuvas de cerca de 30 mm, nas 24 horas anteriores, e localmente, ocorreram chuvas de 15 mm em 3 horas. As comunidades residentes nas áreas sujeitas a enchentes devem ficar atentas aos alertas e comunicados da Defesa Civil, pois o solo das bacias dos rios Sapucaí e Verde estão saturados e está prevista a continuidade das chuvas nesse sábado. Quadro 2 Mensagem de alerta emitido pelo SIMGE Figura 2 Índice de precipitação em Itajubá Outro estudo semelhante ao apresentado neste artigo foi desenvolvido em São Paulo para determinar o risco de ocorrência de geadas para a orientação de agricultores, extensionistas e órgãos governamentais para subsidiar tomadas de decisão, crédito rural, seguro rural e o planejamento agrícola.

17 Foi efetuado um mapeamento consistente dos riscos de ocorrência de temperaturas mínimas adversas à agricultura, sendo possível a obtenção utilizando vários postos meteorológicos, modelos probabilísticos e sistema de informações geográficas (SIG), que introduzem precisão matemática. Uma das informações importantes para o planejamento é o risco de ocorrência de geadas, expresso na forma de "porcentagem de risco" ou "probabilidade de ocorrência". Visando subsidiar os trabalhos de seguro rural, o planejamento e zoneamento agrícola, foram estimados os riscos pontuais de ocorrência de temperaturas mínimas absolutas anuais adversas à agricultura para 28 localidades do Estado de São Paulo utilizando modelo probabilístico "distribuição normal", e regionalizado o Estado quanto às probabilidades de ocorrência de diferentes níveis de temperatura mínima absoluta utilizando SIG e modelos digitais de elevação. Com as probabilidades estatísticas das geadas e a regionalização do Estado foi possível auxiliar os agricultores em tomadas de decisão, no planejamento agrícola e na obtenção de crédito rural e seguro rural. ASTOLPHO, Fabiane et al. Regionalização de riscos de ocorrência de temperaturas mínimas absolutas anuais para o Estado de São Paulo com base em modelos probabilísticos e digitais de elevação. Bragantia, Campinas, v. 64, n. 1, 2005. Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=s0006-87052005000100015&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 13 Mar. 2012.

18 3 CONCLUSÕES Ameaças naturais sempre irão ocorrer em diferentes magnitudes e severidade, mas não precisam causar devastação. Com um sistema de monitorização funcional e eficiente poderemos minimizar as consequências dos eventos adversos. No Estado de Goiás temos vários órgãos com os quais poderíamos estar fazendo parcerias para obter boletins meteorológicos e imagens de satélite que seriam usados como fonte de dados a serem analisados para gerar alertas às comunidades. Ao criar no Corpo de Bombeiros Militar do Estado de Goiás uma área específica para este fim, posteriormente a corporação já estaria com a estrutura preparada para receber informações do Centro Nacional de Monitorização e Alerta de Desastres que está sendo desenvolvido em São Paulo. Aproveitando essa mesma estrutura poderíamos também utilizar as imagens para facilitar grandes operações no Estado, como a Operação Férias, e até mesmo, através de mapas térmicos, estar fazendo uma monitorização dos incêndios florestais, otimizando assim o uso dos recursos inclusive na época de estiagem.

19 4 REFERÊNCIAS ALCÁNTARA-AYALA, I. Geomorphology, natural hazards, vulnerability and prevention of natural disasters in developing countries. Geomorphology, v. 47, n. 2-4, p. 107 124, Out. 2002. ALEXANDER, D. E. A survey of the field of natural hazards and disaster studies. In: CARRARA, A.; GUZZETTI, F. (Ed.) Geographical information systems in assessing natural hazards. Dordrecht: Kluwer Academic Publishers, 1995. Cap. 1, p. 1-19. ASTOLPHO, Fabiane et al. Regionalização de riscos de ocorrência de temperaturas mínimas absolutas anuais para o Estado de São Paulo com base em modelos probabilísticos e digitais de elevação. Bragantia, Campinas, v. 64, n. 1, 2005. Disponível em <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=s0006-87052005000100015&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 13 Mar. 2012. Briere, J., & Elliott, D. (2000). Prevalence, characteristics, and long-term sequelae of natural disaster exposure in the general population. Journal of Traumatic Stress, 13, 661-678. EASTERLING, D. R.; MEEHL, G. A.; PARMESAN, C.; CHANGNON, S. A.; KARL, T. R.; MEARNS, L. O. Climate extremes: observations, modeling, and impacts. Science, v. 289, 2068-2074, 2000. FORUM de Capacitação Básica em Defesa Civil. Mantido pela Universidade Federal de Santa Catarina, UFSC,Brasil. Disponível em: <http://www.cepedcursos.ufsc.br>. Acesso em: 20 dez. 2011. G1 Política. Desenvolvido por Globo Comunicações e Participações S.A. Apresenta textos sobre a política no Brasil. Disponível em: <http://g1.globo.com/politica/noticia/2011/01/ministros-anunciam-novo-sistema-demonitoramento-e-alerta-de-desastres.html>. Acesso em: 17 dez, 2011. ISDR - INTERNATIONAL STRATEGY FOR DISASTER REDUCTION. Living with risk: a global review of disaster reduction initiatives. Preliminary version. Geneva, Switzerland: UN/ISDR, 2002.

20 LIGHTHILL, J.; HOLLAND, G.; GRAY, W.; LANDSEA, C.; CRAIG, G.; EVANS, J.; KURIHARA, Y.; GUARD, C. Global climate change and tropical cyclones. Bulletin of the American Meteorological Society, v. 75, n. 11, 2147-2157, 1994. Ministério da Integração Nacional, Desenvolvido pelo mesmo ministério. Apresenta informações relativas a planos de desenvolvimento e a defesa civil nacional. Disponível em: <http://www.integracao.gov.br>. Acessado em 10 jan. 2011. NICHOLLS, N. Atmospheric and climatic hazards: improved monitoring and prediction for disaster mitigation. Natural Hazards, 23, 137 155, 2001. SAISP. Desenvolvido pela Fundação Centro Tecnológico de Hidráulica (FCTH ) de São Paulo. Apresenta dados hidrológicos de Estado de São Paulo. Disponível em: <http://www.saisp.br>. Acesso em: 11 jan. 2011. Secretaria Nacional de Defesa Civil, Desenvolvido pela mesma secretaria. Apresenta informações realtivas ao Sistema Nacional de Defesa Civil. Disponível em: <http://www.defesacivil.gov.br>. Acessado em 12 dez. 2011. SIMGE. Desenvolvido pelo Instituto Mineiro de Gestão das Águas (IGAM), Minas Gerais. Apresenta dados hidrológicos do Estado de Minas Gerais. Disponível em: <http://simge.meioambiente.mg.gov.br>. Acesso em: 15 fev. 2011.