Dores do aprisionamento: a vivência das mulheres nas prisões. Luana Hordones Chaves Pós-Doutoranda em Sociologia Pesquisadora do CRISP

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Transcrição:

Dores do aprisionamento: a vivência das mulheres nas prisões Luana Hordones Chaves Pós-Doutoranda em Sociologia Pesquisadora do CRISP

Sistema Prisional na Agenda de Pesquisa do CRISP Quem são, como vivem e com quem se relacionam os detentos da Região Metropolitana de Belo Horizonte Início em julho de 2014 Financiamento: CNPQ Coordenação: Dra. Ludmila Ribeiro (Professora Adjunta do Departamento de Sociologia) e Victor Neiva (Doutorando em Sociologia) Amor bandido é a chave de cadeia? Início em julho de 2017 Financiamento: FAPEMIG Coordenação: Ludmila Ribeiro (Professora Adjunta do Departamento de Sociologia) e Luana Hordones (Pós-Doutoranda em Sociologia).

Crescimento da população prisional no Brasil: atualmente a 3ª maior do mundo 800000 700000 600000 500000 400000 300000 200000 100000 0 Crescimento população prisional no Brasil 1999 2014 2016 População carcerária no Brasil teve um crescimento de 274% em 17 anos. 5,8% da população carcerária brasileira é composto por mulheres, contabilizando 42.149 presas em junho de 2016. Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias - Infopen, junho/2016

. O crescimento populacional carcerário feminino em 14 anos (2000-2014)

As prisões mineiras e o crescimento exponencial da população carcerária feminina no estado 300000 250000 População carcerária por Estado Crescimento da população prisional feminina em Minas Gerais 200000 3500 150000 3000 2500 100000 2000 50000 1500 1000 0 São Paulo Minas Gerais Paraná Rio de Janeiro Ceará 500 0 2000 2015 Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias - Infopen, junho/2016 Departamento Penitenciário Nacional (Depen) 2013

No caso brasileiro, o crescimento exponencial do encarceramento feminino está ligado a um fator decisivo: a guerra às drogas

Que criminosas são essas? O caso de Belo Horizonte Fonte: Amor bandido é chave de cadeia?

Quem são as mulheres presas na RMBH? O caso do Complexo Penitenciário Estevão Pinto (PIEP) IDADE: a maioria tem menos de 35 anos COR da PELE: 65% se considera parda ou morena, 14% negra e 19% se considera branca ESCOLARIDADE: só 19% concluíram o ensino médio, ao passo que 35% não concluíram o ensino fundamental TRABALHO: apenas 25% trabalhavam com carteira assinada antes da prisão RELIGIÃO: 48% evangélicas e 25% católicas, mas na prisão 63% alegam praticar religiões evangélicas Fonte: Amor bandido é chave de cadeia?

O impacto da prisão na vida das mulheres e de suas famílias: alguns dados RELACIONAMENTOS: 65% afirmam que estão solteiras, mas 77% das mulheres alegam que tinham namorado ou companheiro antes da prisão. 47% terminaram relacionamento depois que foram presas. Maioria das mulheres não começou outro relacionamento depois de ser presa, e 24% delas dizem ter relacionamentos dentro da prisão. SUSTENTO DO LAR: 36% das mulheres eram chefe de família e 35% eram corresponsáveis pelo sustento da casa. FILHOS: 75% das mulheres têm filhos fora da prisão e 60% moravam com os filhos e eram responsáveis ou corresponsáveis por eles. Atualmente esses filhos estão sob os cuidados de avós, e em sua grande maioria, de avós maternas, e não recebem pensão do pai. Fonte: Amor bandido é chave de cadeia?

As vivências das mulheres na prisão: as dores do aprisionamento em perspectiva comparada A partir dos dados da pesquisa iniciada em 2014, com entrevistas em profundidade aplicadas a 52 presos (sendo 6 mulheres), percebemos que as mulheres vivenciam o aprisionamento de maneiras diferentes se comparadas aos homens presos. As entrevistas realizadas no âmbito da pesquisa Amor bandido é a chave de cadeia? reforçam esses resultados. A perspectiva teórica das dores do aprisionamento (Sykes, 1958) nos ajuda a analisar as narrativas coletadas.

Como os entrevistados mantém laços externos? Entrevistado Recebe visitas Recebe cartas Mantém contatos telefônicos Ana Não Não Não Cristina Não Sim Sim Maria Sim, quando vai à faculdade - semiaberto Sim Sim Laura Sim Sim Não Joana Não Não Sim Luíza Não Sim Não Marcelo Sim Não Não Antônio Sim Sim Não Carlos Sim Não Não Raimundo Sim Sim Não André Sim Não Sim José Não, porque esta em regime semiaberto esim visita a família quando está de descida Sim Fonte: Quem são, como vivem e como se relacionam os detentos da Região metropolitana de Belo Horizonte

Relacionamento dos entrevistados com pessoas do sexo oposto VISITAS RECEBIDAS PELOS PRESOS ENTREVISTADOS PRESOS DO SEXO MASCULINO PRESAS DO SEXO FEMININO Mães 1 Pais 0 Irmãs 3 Irmãos 1 Filhas 2 Filhos 0 Companheiras/ namoradas 4 Companheiros/ namorados 0 Fonte: Quem são, como vivem e como se relacionam os detentos da Região Metropolitana de Belo Horizonte

Amores bandidos: o caso de Raimundo e o caso de Ana Raimundo se gaba: Eu tenho um hábito de brincar que durante 14 anos eu já troquei de mulher dez vezes. (Raimundo, em depoimento para a pesquisa Quem são, como vivem e como se relacionam os detentos da Região Metropolitana de Belo Horizonte ) Ana não mantém nenhum contato externo com seus familiares e amigos. [...] eu tenho uma esposa aqui, eu tenho uma companheira que está sempre comigo. Nela eu confio muito e a mãe dela eu confio mais ainda [...] (Ana, em depoimento para a pesquisa Quem são, como vivem e como se relacionam os detentos da Região Metropolitana de Belo Horizonte ).

O discurso das mulheres que não recebem visitas: a preocupação com o bem-estar da família Mas eu acho assim... minha avó: uma senhora, numa porta de uma cadeia, fazendo um procedimento que não é legal. Minhas tias que não tem envolvimento nenhum com crime, são mulheres de família, mulheres honestas, trabalhadeira também não ficaria legal elas ficarem ali. Assim, na minha primeira cadeia elas até vieram, minha avó o tempo todo. Mas, assim... Eu não achava legal. Então eu não acho legal agora... elas vir. (Cristina, em depoimento para a pesquisa Quem são, como vivem e como se relacionam os detentos da Região Metropolitana de Belo Horizonte ). Diferentemente das falas das mulheres, nos discursos dos homens não aparece essa preocupação com o bem estar da família.

Contato por cartas: o caso de Luíza Luíza é uma das entrevistadas que tem as cartas como principal forma de comunicação para manutenção de laços externos. É emblemático que ela seja o único caso entre as seis mulheres entrevistadas em que há alegação de continuidade do relacionamento matrimonial anterior à prisão. Parece ser decisivo o fato de que seu marido também está preso em outra unidade da RMBH.

Telefonemas: o caso de Joana O acesso a essa possibilidade é o mais limitado de todos, já que nem todas as unidades permitem ligações. Entre os entrevistados selecionados, metade faz uso da possibilidade: 2 homens e 4 mulheres. Uma das mulheres tem esse como o único meio de contato com o mundo exterior: é Joana. Mãe de uma criança de oito anos, que hoje está com a avó, pediu que os dois parassem de visitá-la porque o filho reclamava especialmente dos procedimentos de revista. Atualmente Joana fala com ele só por telefone.

Sobrevivência pelos correios Eu acho assim, é... Manda pra mim um Sedex, manda pra mim dinheiro, pra mim não depender das pessoas. Isso pra mim já é o importante aqui dentro, certo? Eu tendo a minha higiene, eu tendo... a alimentação a cadeia dá. Mas eu tendo assim, a minha higiene, o meu shampoo, o meu creme, o meu sabonete; isso já está ótimo. Por que eu estou pagando um crime que eu cometi, se eu não quisesse estar aqui, eu não cometeria. (Cristina, em depoimento para a pesquisa Quem são, como vivem e como se relacionam os detentos da Região Metropolitana de Belo Horizonte ) É problemático que no caso das prisões brasileiras a rede de relacionamentos externos seja determinante para a manutenção dos afetos, mas também para o acesso a bens básicos que o Estado não consegue suprir.

Rejeição moral O peso moral dos crimes das mulheres é maior quando comparado aos dos homens. A prisão recai como rejeição moral mais fortemente sobre elas. Os desvios femininos estariam relacionados ao descumprimento de papéis de gênero, que confere à mulher o lugar de cuidadora da casa, responsável pela manutenção dos laços familiares e pelo bem-estar de marido e filhos. O caso de Luíza: a família se afastou alegando que ela teria se envolvido, apesar de avisada, com traficante de drogas.

Considerações finais: As dores do aprisionamento são maiores para as mulheres, quando comparado aos homens, se considerarmos o contato com o mundo exterior e a manutenção dos laços. Se não cessam os contatos externos daqueles que estão em situação de privação de liberdade, é inegável, porém, que tais contatos são redimensionados, reorganizados e ramificados de forma a abarcar também outros nós de contato com a inclusão de membros internos à prisão.

Pela atenção, obrigada! Referências Bibliográficas: MARTINO, N. C. C.; CHAVES, L. H.; RIBEIRO, L. M. L. Redes de relacionamento: desvelando as dinâmicas de visitas no cárcere segundo o gênero. Anais de evento 3º Seminário Internacional de Pesquisa em Prisão, 2017. Disponível em: http://www.prisoes2017.sinteseeventos.com.br/arquivo/downloadpublic2?q=ytoyontzojy6inbhcmftcyi7czozndoiytoxontzojewoijjrf9bulfvsvzpij tzojm6ijiyosi7fsi7czoxoijoijtzojmyoijjymjlzgq1ztdmnduzmdmwnjcyn ze3nja0zwjkmtu3oci7fq%3d%3d SYKES, Gresham M. The Society of Captives: A Study of a Maximum Security Prison. Princeton University Press: 1958.