NEGLIGÊNCIA MATERNA E SUAS CONSEQUÊNCIAS FUTURAS PARA A PUÉRPERA. Acad: Milene F. Cruz

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Eduardo Vilaverde
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1 NEGLIGÊNCIA MATERNA E SUAS CONSEQUÊNCIAS FUTURAS PARA A PUÉRPERA. Acad: Milene F. Cruz

A RELAÇÃO MÃE-BEBÊ [...]As interações afetivas estabelecidas entre a mãe e seu filho, nos primeiros anos de vida, se configuram como uma relação primordial e necessária.

2 A RELAÇÃO MÃE-BEBÊ [...]As interações afetivas estabelecidas entre a mãe e seu filho, nos primeiros anos de vida, se configuram como uma relação primordial e necessária. O papel materno é compreendido em sua função estrutural, como um fator de proteção e segurança para o desenvolvimento emocional, social e psicológico saudável de crianças, adolescentes e adultos, sendo que, alguns elementos do aparelho psíquico deste, só podem ser constituídos pela presença da mãe que através dos cuidados, ao suprir as demandas de amor, oferece uma base segura e constrói a dimensão simbólica e imaginária da criança (BENHAIM, 2008).

3 DADOS DE IDENTIFICAÇÃO DA PACIENTE: Nome: Inês Sexo: Feminino Idade: 40 anos Nacionalidade: Brasileira Estado Civil: Casada Número de filhos: 3 Escolaridade: Ensino médio incompleto

4 DESCRIÇÃO DA ATIVIDADE: Inês foi encaminhada pela equipe da obstetrícia para atendimento com a psicologia. O atendimento foi solicitado, pois a mesma não aceitava a gestação, mencionando ser mais um problema entre tantos que já possui (sic). Foram realizados 11 atendimentos com a paciente.

5 ATENDIMENTO E SUA EVOLUÇÃO Inês é a única filha mulher entre cinco filhos homens, dois irmãos foram entregues para adoção e outros três ficaram com a sua mãe, já Inês foi criada até seus dois anos de idade por duas mulheres da igreja. Em seguida sua avó materna ganhou sua guarda e lhe criou até vir a óbito. Inês foi abusada sexualmente sem penetração por seus tios e primos com o consentimento de sua avó. Aos oito anos a paciente foi morar com sua mãe, porem, fugiu aos doze anos, pois sua mãe não acreditou quando Inês contou que seu padrasto lhe forçava a beijar a boca dele.

6 Inês fugiu para Tramandaí, onde conheceu seu primeiro namorado que logo lhe pediu em casamento. Aos quatorze anos estava andando pela rua quando um motoqueiro lhe abordou, levando Inês para o meio do mato e abusando sexualmente da mesma. Inês engravidou com 15 anos de seu marido. A paciente menciona não ter nascido para ser mãe, muito menos de menina, pois sempre odiou suas bonecas (SIC). Aos 19 anos, Inês casou novamente e logo engravidou João atualmente tem dezoito anos e foi diagnosticado com transtorno de conduta ainda quando criança.

7 Já seu esposo, Carlos, é bipolar. Em dezembro/2016 Inês descobriu que estava grávida. Porem, não aceitava o resultado e mostrava-se preocupada por estar grávida com 40 anos. Nos primeiros atendimentos a paciente não demonstrava qualquer vínculo afetivo com o bebê, por vezes chamando-o de coisa. Durante o acompanhamento foi trabalhado a questão do vinculo materno. Ao longo dos atendimentos, Inês passou a chamar o seu bebê pelo nome, mostrando-se mais vinculada a ele e por vezes fazendo carinho em sem ventre. Relatava ter medo da cesária e de agulha.

8 Para Stern (1997), a construção da identidade materna é feita durante todo seu desenvolvimento humano, desde a infância até a gestação. Na infância, a menina constrói sua percepção de maternidade através de sua vivência com a mãe, o que é projetado em suas brincadeiras de boneca. Quando não há a matriz de apoio, a função materna provavelmente ficará comprometida.

9 Quando a mãe abandona o filho, e este não tem nenhuma figura substituta que possa lhe garantir segurança e os cuidados, tal fato passa a ser nomeado como: privação total. Pois não lhe é ofertado pela mãe ou pela mãe substituta, os afetos necessários para o desenvolvimento do bem-estar psíquico e social do filho. (Bowlby, 1981)

10 Após o nascimento de Bento, Inês mostrou estar em desenvolvimento do vinculo materno, olhando e falando de forma carinhosa com o RN, a paciente mostrava-se preocupada com o bem estar do mesmo, porem, quando algo saia do esperado, Inês logo mostrava-se irritada e decepcionada. Já o esposo da paciente mostrou-se vinculado ao bebê, permanecendo calmo e afetuoso durante todo o período de internação, o que confortava Inês. Fato que atualmente tem se apontado ser muito importante, pois a participação do companheiro nas tarefas, tanto nos cuidados com o bebê e apoio emocional, auxilia a mulher para que esta possa tomar conta de seu filho e se sinta protegida. (Brazelton & Cramer, 1992; Dessen & Braz, 2000;)

11 Referencias BENHAIM, Michèle. O materno e a delinqüência. Ágora: Estudos em Teoria Psicanalítica, Vol. 11, n. 1, Rio de Janeiro, jan./jun Disponível em: < > Acesso em: 28/05/2017. BOWLBY, Jhon Cuidados maternos e saúde mental. 1 ed. São Paulo: Martins Fontes, BRAZELTON, T. B. & Cramer, B. G. (1992). As primeiras relações (M.B. Cipolla, Trad.). São Paulo, Martins Fontes. DESSEN, M.A. & Braz, M.P. (2000). Rede social de apoio durante transições familiares decorrentes do nascimento de filhos. Psicologia, Teoria e Pesquisa, 16, LEBOVICI, Serge. O Bebê, a Mãe e o Psicanalista. Porto Alegre: Artes Médicas, LOPES, R. C. S., Prochnow, L. P. & Piccinini, C. A. (2010). A relação da mãe com suas figuras de apoio femininas e os sentimentos em relação à maternidade. Psicologia em Estudo, Maringá, 15(2), LUSTOSA, Maria Alice. A Psicoterapia breve no Hospital Geral. Rev. SBPH, Rio de Janeiro, v. 13, n. 2, dez Disponível em: < >. Acesso em: 26/05/2017. Piccinini, Cesar Augusto et al. Gestação e a constituição da maternidade. Psicologia em estudo, v. 13, n. 1, p , Stern, D. (1997). A constelação da maternidade: O panorama da psicoterapia pais/bebê. (M. A. V. Veronese, Trad.). Porto Alegre: Artes Médicas. WINNICOTT, Donald W. O Bebê e Suas Mães. São Paulo: Martins Fontes, 2006.

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