EXTRAÇÃO, CARACTERIZAÇÃO E UTILIZAÇÃO DA LIGNINA DE PINUS ELLIOTTII NA REMOÇÃO DE ÍONS Zn 2+

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Transcrição:

EXTRAÇÃO, CARACTERIZAÇÃO E UTILIZAÇÃO DA LIGNINA DE PINUS ELLIOTTII NA REMOÇÃO DE ÍONS Zn 2+ J. Bortoluz 1 ; L. R. Bonetto 1 ; M. Giovanela 1 1-Área do Conhecimento de Ciências Exatas e Engenharias Universidade de Caxias do Sul Rua Francisco Getúlio Vargas, 1130 CEP 95070-560 Caxias do Sul - RS Brasil Telefone: (54) 3218-2100 Email: mgiovan@ucs.br RESUMO: A lignina tem se tornado objeto de grande interesse, uma vez que sua superfície apresenta vários grupos funcionais que influenciam a reatividade e as propriedades de adsorção desse material. Nesse contexto, o presente trabalho teve por objetivo extrair a lignina presente na serragem de Pinus elliottii, para posterior aplicação na remoção de íons Zn 2+ de soluções aquosas por meio da adsorção. O material obtido foi caracterizado e utilizado para avaliar a influência de parâmetros experimentais, equilíbrio e cinética do processo de adsorção. Em relação ao equilíbrio de adsorção, verificou-se que a isoterma de Freundlich foi a que melhor se ajustou aos resultados experimentais, apresentando constante de Freundlich (K F) igual a 0,249 mg g -1 (mg L -1 ) -1/n. No que se refere à cinética, o modelo de pseudossegunda ordem foi o que melhor descreveu o processo. Por fim, a lignina de Pinus elliottii mostrou ser uma alternativa promissora na remoção de íons Zn 2+. PALAVRAS-CHAVE: Adsorção. Lignina. Zinco. Equilíbrio. Cinética. ABSTRACT: Lignin has become an object of great interest, since its surface has several functional groups that influence the reactivity and the adsorption properties of this material. In this context, the present work aimed to extract the lignin present in the sawdust of Pinus elliottii, for later application in the removal of Zn 2+ ions from aqueous solutions by means of adsorption. The material obtained was characterized and used to evaluate the influence of experimental parameters, equilibrium and kinetics of the adsorption process. In relation to the adsorption equilibrium, the Freundlich isotherm was the best fit for the experimental results, with a Freundlich constant (K F) equal to 0.249 mg g -1 (mg L -1 ) -1/n. Regarding kinetics, the pseudosecond order model was the one that best described the process. Finally, the lignin of Pinus elliottii showed to be a promising alternative in the removal of Zn 2+ ions. KEYWORDS: Adsorption. Lignin. Zinc. Equilibrium. Kinetics. 1. INTRODUÇÃO As atividades industriais galvânicas têm contribuído acentuadamente com a poluição de rios e lagoas, visto que seus processos de eletrodeposição de metais geram efluentes contendo íons metálicos (Pereira, 2008). De acordo com Guo et al. (2008), as principais técnicas disponíveis para remover esses íons da água incluem a precipitação química, a filtração com membranas, a troca iônica e a adsorção com carvão ativado. No entanto, esses métodos apresentam algumas limitações, como custo operacional elevado e dificuldades em atender os rigorosos padrões exigidos pelos órgãos ambientais (Pereira, 2008). Assim, a busca por técnicas que sejam economicamente viáveis, e ao mesmo tempo ambientalmente corretas, tem se intensificado nos últimos anos (Rodrigues et al., 2013). Nesse contexto, a adsorção pode ser uma técnica bastante promissora quando executada com adsorventes oriundos de fontes renováveis. Materiais como casca de arroz e lignina têm sido frequentemente utilizados para essa finalidade (Guo et al., 2008; Mimura et al., 2010).

A lignina, por sua vez, se constitui em uma alternativa atraente em relação a sua aplicação como biossorvente, uma vez que em sua superfície estão presentes diversos grupos funcionais carboxílicos e fenólicos, que possuem grande afinidade por íons metálicos (Guo, et al., 2008; Suhas; Carrott, 2007). Ela é o segundo polímero mais abundante na natureza, representando cerca de 20-35% da constituição da madeira. Além disso, é um material perfeitamente biodegradável e pode ser obtida por meio de resíduos industriais, tanto de base florestal como moveleiros (Suhas; Carrott, 2007). Em estudos realizados por Brand et al. (2002) e Pereira (2008), verificou-se que a indústria moveleira no Brasil gera cerca de 22,5 milhões de toneladas de resíduos ao ano, os quais não representam apenas um problema econômico pelo seu desperdício, mas também um sério problema ambiental. A queima para a eliminação dos rejeitos e a disposição dos mesmos em aterros tem sido muito comum entre as indústrias desse segmento. A fim de amenizar os danos causados ao meio ambiente perante essas práticas e dar um destino mais nobre para esses resíduos, percebeuse a possibilidade de extrair a lignina presente na serragem da indústria moveleira e utilizá-la como biossorvente na remoção de íons metálicos presentes em efluentes industriais galvânicos. Desse modo, contribui-se simultaneamente para a minimização de dois problemas ambientais. Dentro desse contexto, o presente trabalho tem por objetivo avaliar o potencial de amostras de lignina, provenientes de serragem de Pinus elliottii, como biossorvente para a remoção de íons Zn 2+ de soluções aquosas, visando à remediação de efluentes da indústria galvânica. 2. MATERIAIS E MÉTODOS 2.1. Materiais A serragem de Pinus elliottii foi coletada na Madeireira Madarco S/A Indústria e Comércio, localizada no município de Caxias do Sul (RS). O material é gerado como subproduto no processo de fabricação de estrados para camas, a partir de madeira sem qualquer tipo de tratamento anterior. A solução sintética de íons Zn 2+ foi preparada a partir de uma solução padrão de Zn 2+ (1000 mg L -1 ) da MERCK e água deionizada. 2.2. Extração da lignina de Pinus elliottii A extração da lignina de Pinus elliottii foi realizada pelo método Klason (norma TAPPI T204cm-97) e ocorreu em duas etapas: (a) remoção dos extrativos da madeira, e (b) obtenção de lignina insolúvel em ácido sulfúrico. Para a remoção dos extrativos da madeira, a serragem foi submetida a três extrações consecutivas: uma com a mistura de etanol/benzeno (1:2, v/v), uma com etanol e uma com água destilada. O tempo de extração para cada solvente foi de 4 h e começou a ser contado após o primeiro ciclo de extração. Para isso, o material foi previamente acondicionado em um cartucho de celulose e, em seguida, em um Soxhlet munido de um condensador. Essas extrações foram realizadas a quente, com o auxílio de uma manta de aquecimento. Para evitar a perda dos solventes por evaporação, o sistema foi conectado a um banho de água termostatizado a 15 C, que manteve o sistema refrigerado durante todo o procedimento experimental. A lignina insolúvel em ácido, também chamada de lignina Klason, foi obtida por meio da despolimerização da celulose e da hemicelulose utilizando uma solução de ácido sulfúrico 72% v/v. Essa etapa foi realizada sob a agitação de uma mistura contendo 1,0 g de madeira livre de extrativos e 15 ml de ácido sulfúrico 72% v/v, por um período de 2 h. Em seguida, a mistura foi transferida para outro balão contendo 500 ml de água deionizada do tipo 1 e permaneceu sob refluxo por mais 4 h. Ao término desse procedimento, a mistura foi filtrada a vácuo e lavada com água deionizada do tipo 1, até ph próximo da neutralidade. A lignina foi então seca em uma estufa a 75 C durante 4 h, e triturada em um almofariz com o auxílio de pistilo de porcelana, visando à homogeneização do material. 2.3. Caracterização da lignina de Pinus elliottii A identificação dos principais grupos funcionais presentes na lignina de Pinus elliottii foi realizada por espectroscopia no infravermelho com Transformada de Fourier (FT-IR). Além disso, fez-se o ensaio para determinação do ph no ponto de carga zero que foi realizado pelo método de equilíbrio em sistema de

batelada adaptado de Smičiklas et al. (2000) e serve para averiguar a faixa de ph onde a adsorção será favorecida. Cerca de 0,1 g de lignina de Pinus elliottii medido em uma balança foi adicionado à Erlenmeyers de capacidade de 100 ml, contendo 50 ml de solução de KCl 0,1 mol L -1. Os valores de ph foram ajustados entre 2,0 e 12,0 por meio da adição de soluções de KOH ou de HNO 3 0,10 mol L -1. As suspensões permaneceram sob agitação constante a uma velocidade de 150 rpm em uma incubadora shaker refrigerada de bancada de 22 provas, da marca Nova Técnica e modelo NT-715, durante 24 h, à temperatura controlada de 25 C. Ao término desse procedimento, as amostras foram filtradas e mediu-se o ph do líquido sobrenadante. Os valores de ph inicial e ph final foram medidos em um phmetro DIGIMED DM-20. O ph PCZ foi obtido através do cálculo da média aritmética dos pontos que se apresentaram constantes para o ph final. 2.4. Avaliação da influência de parâmetros experimentais do processo de adsorção Os ensaios de adsorção foram realizados utilizando os mesmos equipamentos (incubadora shaker, balança analítica e phmetro) empregados na determinação do ph PCZ. O tempo de contato foi escolhido após a realização de um primeiro ensaio preliminar, no qual foi verificado que o sistema contendo íons Zn 2+ e a lignina de Pinus elliottii entra em equilíbrio em 240 min, sendo este o tempo utilizado para os demais ensaios. As concentrações das soluções de íons Zn 2+ foram determinadas por espectrometria de absorção atômica com chama. Para os ensaios que avaliaram a influência da quantidade de massa da lignina de Pinus elliottii, foram utilizados Erlenmeyers contendo 50 ml de solução de Zn 2+ a 100 mg L -1, cada qual com uma massa diferente de lignina. Utilizaram-se 50, 75, 100, 125, 150, 175, 200, 225 e 250 mg de material adsorvente e o sistema foi submetido à agitação mecânica de 150 rpm, em ph ~ 4,75 e a 25 C, durante 4 h. O ensaio que determinou a melhor velocidade de agitação para o processo de adsorção utilizou a massa previamente otimizada. Para isso, fez-se o uso de Erlenmeyers contendo 50 ml de solução de Zn 2+ 100 mg L -1 com ph ~ 4,75, à temperatura de 25 C e durante 4 h. Foram testadas as velocidades de 90, 120, 150, 180, 210 e 240 rpm. Para verificar a influência do ph inicial do meio no processo de adsorção, o ph de cada solução foi ajustado previamente à realização dos ensaios, utilizando soluções de HNO 3 e KOH (ambas com concentração igual a 0,10 mol L -1 ), em valores que compreenderam uma faixa entre 2,0 e 9,0. Nesse ensaio foram utilizados os parâmetros previamente otimizados (massa de lignina e velocidade de agitação), 50 ml de solução de Zn 2+ com concentração igual a 100 mg L -1, durante 4 h. A avaliação da influência dos parâmetros experimentais no processo de adsorção foi verificada por meio da capacidade de adsorção dos íons Zn 2+ pela lignina de Pinus elliottii (q t, mg g -1 ) (Equação 1) e o percentual de remoção (% R) de íons Zn 2+ em meio aquoso, após determinado tempo de processo (Equação 2) (Todorciuc et al., 2015). q t = (C 0 - C t ) m V (1) R = (C 0 - C t ) C 0 100% (2) onde C 0 e C t são as concentrações de íons Zn 2+ inicial e no tempo t, respectivamente (mg L -1 ); m é a massa de adsorvente utilizada (g), e V é o volume de solução aquosa utilizado (L). 2.5. Equilíbrio do processo de adsorção O ensaio de equilíbrio do processo de adsorção foi realizado com 50 ml de soluções de Zn 2+ nas concentrações de 10, 20, 50, 100, 150 e 200 mg L -1, utilizando os parâmetros previamente otimizados de massa de lignina, velocidade de agitação e ph inicial do meio. O equilíbrio do processo de adsorção foi avaliado através dos modelos das isotermas de Freundlich e de Langmuir. O modelo de isoterma de adsorção que melhor descreve o processo foi selecionado por meio de método de regressão linear, realizado com o software OriginPro. Para a escolha do modelo que melhor se ajusta aos dados experimentais, foi analisado o valor de R 2.

1460 1504 % Remoção 3420 1084 1136 1213 1268 2930 1607 T (%) 2845 1383 461 568 ph final 2.6. Cinética do processo de adsorção O ensaio para o estudo da cinética do processo de adsorção foi realizado utilizando os parâmetros previamente otimizados de massa de lignina, velocidade de agitação e ph inicial. Neste ensaio as amostras foram coletadas em tempos que variaram entre 5 min e 240 min. Para o ajuste dos dados experimentais da cinética foram utilizados os modelos reacionais pseudoprimeira ordem e pseudossegunda ordem. De maneira análoga à análise do equilíbrio, o modelo de cinética de adsorção que melhor descreve o processo foi selecionado por meio de método de regressão linear, realizado com o software OriginPro. Para a escolha do modelo que melhor se ajusta aos dados experimentais foi analisado o valor de R 2. 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO igual a 4,23. Desse modo, para valores maiores que o ph PCZ, a lignina encontra-se carregada negativamente, favorecendo a adsorção de espécies carregadas positivamente (cátions). Para valores menores que 4,23, ocorre o processo inverso, ou seja, as espécies que possuem cargas negativas (ânions) são adsorvidas preferencialmente, devido à carga líquida sobre o adsorvente ser positiva. Dessa forma, para espécies como os íons Zn 2+, a adsorção será favorecida em valores de ph superiores a 4,23. 7 6 5 4 4,23 3.1. Caracterização da lignina de Pinus elliottii A Figura 1 mostra o espectro de infravermelho da lignina de Pinus elliottii. 63 3 2 1 2 4 6 8 10 12 60 ph inicial Figura 2. Determinação do ph PCZ da lignina de Pinus elliottii 57 54 51 1035 867 3.2. Avaliação da influência de parâmetros experimentais do processo de adsorção A Figura 3 mostra a relação da quantidade de massa de lignina de Pinus elliottii com a eficiência de remoção. 48 4000 3600 3200 2800 2400 2000 1600 1200 800 400 32 12 (cm -1 ) Figura 1. Espectro de infravermelho da lignina de Pinus elliottii O espectro de infravermelho indicou a presença de diversos grupos funcionais que já eram esperados para a estrutura da lignina, bem como OH, CH, C=C e C-OH. Na literatura foram observados espectros semelhantes ao da lignina desse trabalho, como o de lignina de bagaço de cana-de-açúcar modificada (Li; Ge, 2011). O ensaio para determinação do ph no ponto de carga zero se encontra na Figura 2. Para a lignina de Pinus elliottii, o ph PCZ encontrado foi 28 24 20 16 12 8 25 50 75 100 125 150 175 200 225 250 275 Massa de lignina de Pinus elliottii (mg) Figura 3. Efeito da quantidade de massa de lignina de Pinus elliottii 11 10 9 8 7 6 5 q t (mg g -1 )

Através da Figura 3 é possível observar que o percentual de remoção de íons Zn 2+ apresenta um comportamento crescente, a medida em que se aumenta a massa de lignina. Isso ocorre, pois quanto maior a quantidade de adsorvente, maior é a disponibilidade de sítios ativos para que ocorra a interação adsorvente-adsorvato (Todorciuc et al., 2015). Por outro lado, os valores de q t apresentam um comportamento oposto ao percentual de remoção. Esse decréscimo demostra que há uma perda de rendimento, ou seja, quando se tem uma maior quantidade de adsorvente disponível, menor será o aproveitamento do mesmo, visto que haverá menos íons Zn 2+ adsorvidos por grama de lignina. A quantidade de massa de lignina mais apropriada para a avalição do processo de adsorção foi determinada como sendo 225 mg, visto que, comparado aos demais, este valor apresentou uma melhor remoção (~28%) de íons Zn 2+. Massas superiores foram desconsideradas, uma vez que a curva tende a um comportamento constante em termos de remoção. Nesse sentido, quantidades maiores de lignina implicariam em uma maior geração de resíduos, além de não proporcionarem ganhos expressivos em termos de remoção. A Figura 4 descreve a influência da velocidade de agitação do sistema para o processo de adsorção de íons Zn 2+. q t (mg g -1 ) q t (mg g -1 ) 9,0 8,5 8,0 7,5 7,0 6,5 6,0 80 100 120 140 160 180 200 220 240 260 Velocidade de Agitação (rpm) Figura 4. Influência da velocidade de agitação Neste ensaio, pôde ser constatado que a quantidade de íons Zn 2+ adsorvida por massa de adsorvente (q t) é máxima quando a velocidade de agitação do sistema é igual a 210 rpm. Para valores superiores, os valores de q t começam a diminuir, indicando que o aumento da velocidade de agitação nessa faixa é desfavorável à interação adsorvente-adsorvato, uma vez que nessa velocidade ocorre o arraste dos íons pelo fluido antes que eles possam interagir com a lignina (Suzuki, 1990). Portanto, optou-se por manter a velocidade de agitação em 210 rpm para a realização dos demais ensaios de adsorção. A influência do ph do meio no processo de adsorção está descrita na Figura 5. 22 20 18 16 14 12 10 8 6 4 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 ph Figura 5. Efeito do ph inicial do meio Através da Figura 5, é possível observar que há um aumento nos valores de q t à medida que o ph inicial do meio aumenta. Esse aumento pode ser explicado por meio da análise do ph PCZ, que indica que a interação eletrostática entre o adsorvente e o adsorvato será mais intensa em valores superiores à 4,23. Além disso, verifica-se que os valores de q t tendem a ser maiores para valores de ph compreendidos entre 8,0 e 9,0. Contudo, de acordo com Pereira (2008), existe uma faixa de ph específica, normalmente mais próxima da alcalinidade, em que íons metálicos precipitam como hidróxido na superfície do adsorvente. No caso dos íons Zn 2+, há a possibilidade de precipitação como Zn(OH) 2 próximo a ph = 7,0. Desse modo, o ph = 6,0 mostrou-se como o valor mais adequado para a avaliação do processo em questão, visto que garante a remoção dos íons Zn 2+ por adsorção, além de evitar a precipitação dos

mesmos na superfície da lignina sob a forma de hidróxido. 3.3. Equilíbrio do processo de adsorção A isoterma de Langmuir (Figura 6) foi obtida a partir de um gráfico que relaciona C e/q e em função de C e. 16 14 log qe R L150 0,452 R L200 0,383 R 2 0,8169 A isoterma de Freundlich (Figura 7) foi obtida a partir de um gráfico que relaciona log q e em função de log C e. 1,0 Ce/qe (g L -1 ) 12 10 0,8 0,6 8 0,4 6 0 20 40 60 80 100 120 140 160 Ce (mg L -1 ) 0,2 Figura 6. Isoterma de Langmuir para a adsorção de íons Zn 2+ pela lignina de Pinus elliottii Através dos coeficientes angular e linear e da equação da reta, todos obtidos por meio de regressão linear, determinou-se os valores de K L, q m e R 2, respectivamente. O parâmetro R L foi estimado a fim de verificar se o processo de adsorção de íons Zn 2+ pela lignina de Pinus elliottii é favorável ou não. Todas essas informações encontram-se sumarizadas na Tabela 1. Tabela 1. Parâmetros da isoterma de Langmuir Parâmetro q m (mg g -1 ) 18,05 K L (L mg -1 ) 0,00807 R L15 0,892 R L20 0,861 R L50 0,713 R L100 0,553 Valor 0,0 0,8 1,0 1,2 1,4 1,6 1,8 2,0 2,2 log Ce Figura 7. Isoterma de Freundlich para a adsorção de íons Zn 2+ pela lignina de Pinus elliottii Os valores de K F e n foram encontrados através dos coeficientes linear e angular da equação, obtidos por regressão linear. Esses valores, bem como o valor de R 2, estão apresentados na Tabela 2. Tabela 2. Isoterma de Freundlich Parâmetro K F (mg g -1 (mg L -1 ) -1/n ) 0,249 n 1,33 R 2 0,9624 Valor Através dos resultados obtidos, verificou-se que a isoterma de Freundlich é o modelo que melhor se ajusta para o conjunto de dados, visto que o valor de R 2 foi de 0,9624. Ainda que essa isoterma tenha sido a que melhor descreveu o processo em questão, a mesma apresentou um R 2 relativamente baixo e que possivelmente esteja

ln (qe-qt) t/qt (min g mg relacionado a erros experimentais. Em um estudo envolvendo a remoção de íons Cu 2+ por amostras de lignina Kraft, Brdar et al. (2012) verificaram, de maneira análoga aos resultados desse trabalho, que o modelo de Freundlich foi também mais apropriado que o de Langmuir para descrever e equilíbrio do processo de adsorção. A isoterma de Freundlich considera que a adsorção ocorre em superfície heterogênea e como o valor encontrado para o parâmetro n foi maior do que 1, existem evidências de que o processo em questão seja físico, e consequentemente, reversível. 3.4. Cinética do processo de adsorção Os resultados para o modelo cinético de pseudoprimeira ordem (Figura 8) foram obtidos através de um gráfico que relaciona ln (q e - q t) em função de t. 1,0 Tabela 3 estão apresentados estes parâmetros, bem como os valores de q e,exp e R 2. -1 ) 40 35 30 25 20 15 10 5 0 0 50 100 150 200 250 Tempo (min) Figura 9. Modelo cinético de pseudossegunda ordem Tabela 3. Parâmetros cinéticos para os modelos de pseudoprimeira e pseudossegunda ordem 0,5 0,0 Parâmetro Pseudo1ª ordem Pseudo2ª ordem -0,5 q e,exp 7,42 mg g -1 7,42 mg g -1-1,0 q e,calc 1,13 mg g -1 6,56 mg g -1-1,5 k 0,0029 min -1 0,033 g mg -1 min -1 0 50 100 150 200 250 Tempo (min) Figura 8. Modelo cinético de pseudoprimeira ordem para a adsorção de íons Zn 2+ pela lignina de Pinus elliottii Os parâmetros q e,calc (calculado) e k 1 foram determinados a partir dos coeficientes linear e angular das equações formadas pela regressão de ln (q e - q t) em função de t, respectivamente. Esses dados, além dos valores de q e,exp (experimental) e R 2, estão sumarizados na Tabela 3. O modelo de pseudossegunda ordem foi analisado por meio da construção de um gráfico (Figura 9) que relaciona t/q t em função do tempo. De maneira análoga ao modelo de pseudoprimeira ordem, os valores de q e,calc e k 2 foram encontrados a partir dos coeficientes angular e linear, respectivamente, obtidos através da regressão linear de t/q t em função do tempo. Na R 2 0,1203 0,9929 De acordo com a Figura 9 e a Tabela 3, é possível afirmar que o conjunto de dados experimentais se ajustou ao modelo cinético de pseudossegunda ordem, uma vez que o valor de R 2 foi de 0,9929 e não houve significativa discrepância entre os valores dos parâmetros q e,exp e q e,calc. Esse resultado se assemelha ao obtido em um estudo realizado por Mohan et al. (2006), que avaliaram a cinética do processo de adsorção de íons Cu 2+ e Cd 2+ pela lignina Kraft, e comprovaram que o mesmo também obedece ao modelo de pseudossegunda ordem. Além disso, a constante cinética do modelo de pseudossegunda ordem (k 2), assim como a constante cinética do modelo de pseudoprimeira ordem (k 1), apresentou um valor

pequeno, evidenciando que o processo em questão não atinge o equilíbrio rapidamente. 4. CONCLUSÃO O ensaio de FT-IR indicou que a lignina de Pinus elliottii possui uma estrutura química complexa e com diversos grupos funcionais. Através da determinação do ph PCZ se verificou que a adsorção será favorecida em ph superior a 4,23. Com relação à otimização dos parâmetros experimentais do processo de adsorção, os valores obtidos para massa de adsorvente (225 mg), velocidade de agitação do sistema (210 rpm) e ph do meio (6,0), apresentaram-se como o melhor ajuste encontrado para a análise do processo de adsorção. No que diz respeito à análise do equilíbrio do processo de adsorção, verificou-se que a isoterma de Freundlich foi a que melhor se ajustou para o conjunto de dados experimentais obtidos (R 2 = 0,9624). A constante K F e o parâmetro n resultaram em valores iguais a 0,249 (mg g -1 (mg L -1 ) -1/n ) e 1,33, respectivamente. O valor de n maior que 1 mostra que o processo de adsorção é favorável. Quanto ao estudo da cinética do processo de adsorção, constatou-se que o modelo que melhor se ajustou ao conjunto de dados experimentais foi o modelo de pseudossegunda ordem (R 2 = 0,9929). O valor da constante k 2 foi igual a 0,033 g mg -1 min -1, evidenciando que o processo de adsorção não atinge o equilíbrio rapidamente. Por fim, a lignina proveniente de resíduos de madeira da espécie de Pinus elliottii mostrou ser uma alternativa viável para a remoção de íons Zn 2+ de soluções aquosas. Além disso, vale ressaltar que a sua aplicabilidade como adsorvente minimiza a quantidade de resíduos de madeira da indústria moveleira descartados no meio ambiente, e consequentemente, os impactos causados à natureza. 5. REFERÊNCIAS BRAND, M. A.; MUNIZ, G. I. B.; SILVA, D. A.; KLOCK, U. Revista Floresta, v. 32, p.247-259, 2002. BRDAR, M.; TAKAČI, A. A.; ŠĆIBAN, M. B.; RAKIĆ, D. Z. Chemical Industry, v. 66, p.497-503, 2012. GUO, X.; ZHANG, S.; SHAN, X. Journal of Hazardous Materials, v. 151, p.134-142, 2008. LI, Z.; GE, Y. Journal of The Brazilian Chemical Society, v. 22, p.1866-1871, 2011. MIMURA, A. M. S.; VIEIRA, T. V. A.; MARTELLI, P. B.; GORGULHO, H. F. Química Nova, v. 33, p. 1274-1284, 2010. MOHAN, D.; PITTMAN, C. U.; STEELE, P. H. Journal of Colloid and Interface Science, v. 297, p. 489-504, 2006. PEREIRA, Flaviane Vilela. Remoção de íons Zn (II) de efluentes derivados de processos de galvanoplastia utilizando rejeitos de fibras vegetais modificadas quimicamente. 2008. 113 f. Dissertação (Mestrado) - Curso de Engenharia Ambiental, Universidade Federal de Ouro Preto, Ouro Preto, 2008. RODRIGUES, D.; ROCHA-SANTOS, T. A. P.; FREITAS, A. C.; GOMES, A. M. P.; DUARTE, A. C. Science of the Total Environment, v. 461, p. 126-138, 2013. SMIČIKLAS, I.; MILONJIĆ, S.K.; PFENDT, P.; RAIČEVIĆ, S. Separation and Purification Technology, v. 18, p. 184-194, 2000. SUHAS, P. J. M. C.; CARROTT, M. M. L. Bioresource Technology, v. 98, p.2301-2312, 2007. SUZUKI, M. Adsorption Engineering. Tokyo: Kodansha, 1990. TODORCIUC, T.; BULGARIU, L.; POPA, V. I.. Cellulose Chemistry And Technology, v. 49, p.439-447, 2015. 6. AGRADECIMENTOS Os autores agradecem à CAPES, CNPq e FAPERGS pelo apoio financeiro.