ADEALQ. Revista da. ano 30. Nova Série. repúblicas com a Primeira república de estudantes de Piracicaba vai completar 91 anos



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Transcrição:

Revista da ADEALQ UMA PUBLICAÇãO DA ASSOCIAÇãO DOS EX-ALUNOS DA ESALQ Nova Série ano 30 Edição n o 1 2015 repúblicas com a Primeira república de estudantes de Piracicaba vai completar 91 anos ousadia Coragem e preparação para mudar os rumos profissionais e ser feliz ex-alq Conheça o esalqueano criador dos tubetes para mudas de café A ESALQ HOJE Panorama atualizado da ESALQ, os novos cursos, o perfil dos estudantes, a importância dos departamentos e laboratórios

Revista da ADEALQ 2 Cultive solidariedade Ajude o Corsini a continuar seu trabalho, que é referência nacional no tratamento de crianças e adolescentes infectados pela AIDS no Brasil. Plante esperança. Faça sua doação e colha a satisfação de ajudar: Banco do Brasil Agência: 2913-0 Conta: 19071-3 Centro de Controle e Investigação Imunológica Dr. Antonio Carlos Corsini CNPJ: 54.695.440/0001-30 Atendimento: +55 [19] 2101-0101 ou [19] 99193-7163 Falar com Marina De segunda a sexta-feira, das 8 às 17 horas. captacao@centrocorsini.org.br

Revista da ADEALQ UMA PUBLICAÇãO DA ASSOCIAÇãO DOS EX-ALUNOS DA ESALQ EDITORIAL Presidente da ADEALQ Antony H. M. Sewell (Cancro) Vice-Presidente Claudio Tomazela (Polegar) Secretário Geral Luiz Gustavo Nussio (Bambu) 1 o Secretário Fernando C. Mendonça (Burdog) 2 o Secretário João Carlos Teixeira Mendes (Tadando) 1 o Tesoureiro Valdomiro S. Miyada 2 o Tesoureiro Carlos A. Baptista (Pino) ESALQ Diretor José Vicente Caixeta Filho Vice-Diretora MARISA A. B. REGITANO D ARCE CONSELHO EDITORIAL André M. S. Dias (RG) Luiz Reynaldo F. Alleoni (Arara) Mauricio Palma Nogueira (Big Ben) Paulo Henrique Groke Jr. (Grogue) REDAÇÃO Bureau de Ideias, Imprensa e Comunicação Estratégica Av. Paulista, 726 17 o andar Conjunto 1707D Caixa Postal 483 Bela Vista São Paulo SP 01310-910 Telefone: (11) 4506-3181 Unidade RMC: (19) 3876-4167 www.bureauideias.com.br bureauideias@bureauideias.com.br JORNALISTA RESPONSÁVEL Romualdo Venâncio (MTB 29.464) PROJETO GRáFICO E PRODUÇÃO MAKE comunicação com atitude (19) 3203-6751 DEPARTAMENTO COMERCIAL MAKE comunicação com atitude REPORTAGEM Romualdo Venâncio Ana Lúcia Neiva COLABORAção Tatiana Ferro Fotografia Juntos, podemos muito mais A história centenária da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, a nossa ESALQ, é marcada por revelar e projetar importantes nomes do agronegócio brasileiro, como secretários e ministros, que projetam os conceitos desta escola às diferentes instâncias do governo nacional. Tão importantes quanto esses notáveis são os milhares de profissionais que saem das salas de aula e laboratórios da ESALQ para compartilhar conhecimento no campo, nos centros de pesquisa, nas indústrias e nas escolas. Está aí a grande prioridade da Associação de Ex-Alunos da ESALQ (ADEALQ): integrar e compartilhar. A aproximação dos especialistas que estão distribuídos pelo Brasil e também fora dele é fundamental para que todos possam aprender muito mais. Independentemente do ano de formação e dos caminhos trilhados, cada um tem algo importante para dividir. E o que não falta é gente para contar história: já são mais de 14 mil diplomas entregues. Se é para integrar, sejam bem-vindos também os ex-alunos dos cursos de pós-graduação. Somando mestres e doutores, são quase 8,5 mil estudantes formados. A partir de agora, todos podem e devem fazer parte da ADEALQ. Para incentivar e facilitar essa aproximação, a Associação ampliará as possibilidades de comunicação e acesso, a exemplo da retomada da Revista da ADEALQ, da atualização do site, da criação de aplicativos para smartphones e outras novidades que serão apresentadas oportunamente. O conteúdo editorial que preparamos para você mostra exatamente as experiências de alguns esalqueanos, suas superações e conquistas, suas contribuições ao agronegócio e outros setores da economia nacional, o aprendizado tanto do ponto de vista técnico quanto social e boas lições de vida. Acompanhe, aproveite e participe. Estamos à disposição para receber sua opinião. Boa leitura! A Equipe Editorial

SUMÁRIO 08 26 36 42

03 EDITORIAL Adealq amplia esforços para aproximar ex-alunos da ESALQ 30 MUNDO AFORA Graduação e Pós abriram horizontes para esalqueano ultrapassar fronteiras 06 REPúBLICAS COM A Primeira república de estudantes de Piracicaba vai completar 91 anos 08 RESPOSTA DE SUCESSO CEO da Adama Brasil conta como a Esalq influenciou sua carreira profissional 10 GERAÇões O que a vida acadêmica tem a ver com a origem da família Carlucci 16 A ESALQ HOJE Conquistas já alcançadas incentivam ainda mais a permanente renovação 32 ESPAço empresarial 36 Indústria nacional aposta na biotecnologia para otimizar a produção agrícola 50 ANOS DE Pós-graduação Em cinco décadas são quase 8,5 mil graduados entre mestres e doutores 38 REVISTA DA ADEALQ De volta, aos 30 anos 22 EX-ALQ Conheça o esalqueano criador dos tubetes para mudas de café 42 57a SEMANA LUIZ DE QUEIROZ Imagens de uma inesquecível reunião de congraçamento 24 OUSADIA Coragem e preparação para mudar os rumos profissionais e ser feliz 46 RELACIONAMENTO Nova plataforma espera pelos esalqueanos 26 GESTão É preciso confiar no próprio conhecimento para se propor quebra de paradigmas 48 NOTAS E EVENTOS Notícias sobre a própria Esalq e as conquistas dos esalqueanos

Revista da ADEALQ 6 REPÚBLICAS COM A Lucas Ingold, o Fiúq, à esquerda, e membros da organização do Interrepúblicas, em evento no qual os alunos arrecadaram quatro toneladas de alimentos destinadas a ONGs DE piracicaba. Gerhard Waller (USP/ESALQ-Acom) COPACABANA VAI COMPLETAR 91 ANOS Romualdo Venâncio A primeira república de estudantes de Piracicaba foi fundada por alunos que deixaram o Rio de Janeiro para estudar na ESALQ. O célebre esalqueano e ex-ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento Roberto Rodrigues costuma descrever as repúblicas compostas pelos estudantes da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, a ESALQ, como microcosmos e escolas de vida. Além de ser, para a grande maioria, a primeira experiência de morar longe de casa e da família, é um encontro permanente com a di- versidade e a tarefa de administrar a própria vida. A república é a síntese da liberdade com responsabilidade, define Rodrigues. É exatamente pelo o que está passando Lucas Ingold, estudante do terceiro ano de Engenharia Agronômica. Natural de Campo Grande (MS), nasceu em uma família de pecuaristas e foi apresentado à esco la por seu pai, Daniel Ingold, esalqueano e ex-

Repúblicas com A 7 Não é o imóvel que representa a Copacabana, mas, sim, a instituição que foi criada Lucas Ingold (Fiúq) -morador da República Sobradão. Além da opção pela Esalq, Lucas também foi morar em uma república e chegou à mais antiga de Piracicaba (SP), a Copacabana. Fundada em 1923 por estudantes que vinham do Rio de Janeiro, foi batizada de República Copacabana Palace por conta da inauguração, também naquele ano, do luxuoso Hotel Copacabana Palace na capital fluminense (à época, também capital federal). As décadas passam, mas permanecem o espírito de amizade e o respeito entre os moradores da Copacabana. Acervo República Copacabana Diferente do hotel, a essência histórica da república vai muito além da edificação. Não é o imóvel que representa Copacabana, mas, sim, a instituição que foi criada, explica Lucas. Tanto é verdade que já esteve em diferentes endereços. Hoje está na Rua Padre José Conceição Meireles, 158, na Vila Independência, a cerca de dois quilômetros da entrada da ESALQ. Procuramos manter os valores e costumes que são passados há décadas. Lucas chegou à Copacabana por intermédio de um colega sul-mato-grossense, Fausto Nimer Terrabuio, de Rio Brilhante. Nós nos conhecemos no ônibus, quando Fausto prestava o vestibular. Também fiz a prova, mas apenas como experiência. Entrei no ano seguinte, recorda. Claro que, estando em Piracicaba, os nomes deram lugar aos apelidos. Fausto já havia se tornado o Orrameu e Lucas passou a atender por Fiúq, mais por uma questão de herança. O apelido do meu pai quando estudou na ESALQ era Emo, aí acabei virando Fiúq, explica. A experiência de morar em uma república é vista por Lucas como uma evolução pessoal. Segundo conta, passou a dar valor a diversos fatores com os quais não se importava tanto. Não me via, por exemplo, sendo um representante de alunos ou estando à frente de algum grupo. Atualmente é o caixinha ou o gerente financeiro da república e também presidente da Associação Atlética Acadêmica Luiz de Queiroz (AAALQ). Sempre participamos de algo dentro da escola, pois a ideia não é apenas vir aqui, estudar e ir embora; procuramos deixar algo, comenta o estudante. Para se ter ideia do compromisso citado por Lucas, a mais recente edição do Torneio Interrepúblicas, organizada pela AAALQ e realizado entre 11 de agosto e 4 de setembro deste ano, reuniu cerca de 350 alunos da ESALQ e 47 repúblicas. Durante o período das competições, os estudantes arrecadaram quatro toneladas de alimentos, cerca de dez mil peças de roupa e cinco mil livros. As doações foram encaminhadas à ONG Irmãos de Ideal e Igreja Obra de Maria, e vão garantir a sobrevivência dos atendidos por seis meses. É uma oportunidade de retribuirmos à cidade de Piracicaba todo acolhimento e hospitalidade, afirma Lucas.

Revista da ADEALQ 8 RESPOSTA DE SUCESSO Divulgação Adama Vista Aérea, ADAMA. O DESAFIO DE SE ADAPTAR Romualdo Venâncio Rodrigo Gutierrez está à frente de uma empresa que deve faturar R$ 500 milhões este ano e sua meta é dobrar o valor em quatro anos. O aprendizado do período em que estudou na ESALQ contou muito para chegar onde está. Quando tiverem 18 anos de idade, meus filhos vão morar em república. Vão aprender a viver o mundo. A frase dita por Rodrigo de Souza Dias Gutierrez, CEO da Adama Brasil, empresa do segmento de agroquímicos, com sede em Londrina (PR), reflete um conceito de vida formado por uma trajetória acadêmica e profissional que começou com o Speto. Esse era o apelido de Gutierrez quando cursava Engenharia Agronômica na Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, a ESALQ/USP. For- mado em 1993, foi morador da República Lesma Lerda e nasceu em uma família de esalqueanos. Gutierrez comenta, sempre com declarado orgulho, que a influência da ESALQ em sua vida é muito grande. A soma do aprendizado adquirido em sala de aula àquele obtido da vivência no ambiente de república é a estrutura do profissional que ele se tornou. O compromisso de cumprir os estudos e a necessidade de saber lidar com diferenças contribuem para que sejamos ágeis e flexíveis, comen-

Resposta de sucesso 9 A ESALQ PREPARA SEUS ALUNOS PARA QUE APRENDAM RAPIDAMENTE ta. O executivo também destaca a importância de a escola preparar seus alunos para aprenderem rapidamente. Essa é uma das principais características que diferenciam o profissional formado pela ESALQ quando chega ao mercado de trabalho. Ao sair da escola, Gutierrez trabalhou por três anos com o pai, que plantava café e tinha uma empresa de sistemas de irrigação. Quando decidiu trilhar seu caminho de forma mais independente, chegou à Monsanto do Brasil, onde ficou por oito anos e desempenhou diversas funções, de representante de Vendas a gerente de Marketing. Em seguida, passou cinco anos na Bayer CropScience. Trabalhou ainda em um fundo de investimentos que atuava no agronegócio, por menos de dois anos, até ser convidado para, em 2011, assumir a presidência da Milênia, que pertencia ao grupo israelense Makhteshim Agan. Na nova função, a missão de Gutierrez era promover a recuperação da empresa, que não passava por um bom momento. Encontrei um ambiente favorável à aplicação do que eu trazia da ESALQ. Em pouco tempo conseguimos bons resultados e houve rápido crescimento, relata o executivo. Mais do que a superação, a companhia passou por significativa transformação. Ainda em 2011, a empresa estatal chinesa ChemChina adquiriu 60% do capital do Makhteshim Agan. Este ano, todas as empresas do grupo foram unificadas, surgindo, assim, a Adama. Pela origem das companhias em meu currículo, digo que tenho uma das trajetórias profissionais mais multinacionais, brinca o executivo. A perspectiva a partir de agora é a melhor possível. Apostamos em nosso portfólio híbrido de produtos; no crescimento na China, que é o maior fabricante de matérias-primas e tem se tornado um grande centro de pesquisas; e nos avanços digitais na agricultura. Estamos preparados para crescer nesse universo, comenta Gutierrez. As características e condições da produção agrícola no Brasil também animam o CEO. Em nenhum lugar há sol e água como aqui. Essa combinação é única e torna o país bastante competitivo. O crescimento da Adama significa também mais oportunidades para estudantes dos cursos relacionados ao agronegócio. Contratamos entre 25 e 30 agrônomos por ano, confirma Gutierrez. Entender as demandas do produtor rural é primordial. O foco do nosso trabalho é desenvolver facilidades para o agricultor, pois ele já tem de lidar com uma série de fatores que complicam seu dia a dia, como clima, mercado futuro e insumos, entre outros. Divulgação Adama O compromisso de cumprir os estudos e a necessidade de saber lidar com diferenças contribuem para que sejamos ágeis e flexíveis, diz Rodrigo Gutierrez sobre o período em que estudou na Esalq e residiu na república lesma lerda.

Revista da ADEALQ 10 Gerações Heloisa e Pedro, de noivos, em frente à ESALQ. Milena Jordão Laços de amor e respeito eternos Ana Lúcia Neiva Conheça a trajetória universitária e profissional de quatro integrantes da Família Carlucci, que, mesmo vivendo momentos diferentes na escola, se sentem orgulhosos por fazerem parte de uma família ainda maior: a da ESALQ. Nivaldo conheceu Marisa numa sala de aula do cursinho. Olharam-se, enamoraram-se, formaram- -se juntos engenheiros agrônomos e casaram-se. Dos três filhos, o caçula Pedro decidiu obter a mesma graduação que os pais e também se encantou por uma colega de turma, Heloisa. Eles na- moraram, receberam o diploma juntos, seguiram carreiras prósperas e trocaram alianças. As duas histórias de amor têm como cupido a escola que até hoje ocupa um lugar muito especial no coração desses quatro eternos esalqueanos, integrantes da família Carlucci. Apelidos, repúblicas, profes-

Gerações 11 Eles namoraram, receberam o diploma juntos, seguiram carreiras prósperas e trocaram alianças sores, amigos, estágios, vida profissional, encontros... Confira, a seguir, as boas lembranças que cada um traz dos tempos dourados em Piracicaba (SP), revividos sempre que se encontram com os amigos. Nivaldo (Dury) Nasci em Álvares Machado, na região da Alta Sorocabana, em 23 de setembro de 1950. Sou o caçula de seis irmãos, filhos de Luiz Carlucci e Idalina Sanvezzo Carlucci. Na antiga Casa da Lavoura da cidade trabalhava o engenheiro agrônomo dr. Negrini, que ajudava muita gente a produzir mais e melhor. Então decidi fazer o mesmo. Fui para Piracicaba fazer o cursinho CLQ, onde conheci minha adorável esposa, Marisa. Entramos juntos na ESALQ em 1972 e nos formamos em 1975 (F75) no curso de Engenharia Agronômica. Morei na República Ktapu(l)ta, que não existe mais. Com alguns amigos mantenho contato frequente, como o José Eduardo Borela (Moita), o Álvaro Eleuté rio da Silva (Salim) e Ricardo Montew ka (Alem ão), entre tantos outros. Estagi ei no Departamento de Química por três anos, sob a orientação do prof. José Carlos Alcarde, que era muito gente boa. Lembro também do prof. Julio Marcos, que foi diretor na época do Pedro e da Heloisa, que foram alunos de alguns colegas de turma, como Claudião, Quirino, Valdomiro, Ivan e outros. Depois estagiei na Dow Quími ca, onde trabalhei por 25 anos. Iniciei como pesquisador de campo, fui supervisor e gerente de pesquisa e desenvolvimento, e aposentei como diretor de Marketing, cargo que assumi quando morei por sete anos nos Estados Unidos. Durante todo esse tempo, fiz MBA no Babson College, Boston, e mestrado em Gestão de Negócios na Universidade Católica de Santos. Hoje sou consultor e decidi cultivar seringueiras. A ESALQ é sempre assunto em família, inclusive com o pai da Marisa, dr. Jayme Vazquez Cortez, que se formou, também na GLORIOSA, em 1947. São três gerações com tempos bem distintos, mas uma coisa em comum o orgulho de fazer parte de uma instituição que tem o ARQUIVO PESSOAL São três gerações com tempos bem distintos, mas uma coisa em comum o orgulho de fazer parte de uma instituição que tem o respeito do País todo. Nivaldo, o dury Marisa e Dury no Baile do Bicho em 1972.

Revista da ADEALQ 12 respeito do país todo. Acredite: a vida esalqueana é única durante o curso e, depois dele, na vida profissional. Como dizemos, no Brasil existem os agrônomos e existem os esalqueanos. Duas coisas completamente diferentes. ARQUIVO PESSOAL Marisa Quando nasci, em 31 de maio de 1953, na cidade de Campinas, meu pai, que era esalqueano, trabalhava no Instituto Agronômico (IAC). Minha mãe é piracicabana e o conheceu quando ele foi estudar na ESALQ. Meu avô paterno já tinha uma propriedade em Santos (SP) que produzia banana para exportação. Por influência deles decidi ser agrônoma. No cursinho CLQ, conheci o Nivaldo; entramos na Esalq em 1972, nos casamos e tivemos três filhos. Durante o período da faculdade, morei com meus tios e minha avó materna. Assim que me formei, fui trabalhar no Instituto de Botânica, em São Paulo. Fiz mestrado em Agricultura na ESALQ e também trabalhei no IAC. Meu doutorado em Biologia foi feito na Unicamp e, em 1990, quando nos mudamos para Indiana, nos Estados Unidos, cursei o pós-doutorado em Fisiologia Vegetal na Purdue University. Em 1992, Heloisa e Pedro no Baile de Formatura em 2005. Parece que, quando a gente sabe que o outro é esalqueano, ele já começa a fazer parte da nossa família. Marisa Marisa dança com o pai, dr. Jayme, no Baile de Formatura de 1975. ARQUIVO PESSOAL fomos para Miami e trabalhei no Fairchild Botanical Garden, com plantas ornamentais. Especializei-me em palmeiras e, ao voltar para o Brasil, em 1997, comecei um viveiro de produção de palmeiras ornamentais, raras, exóticas e nativas, o qual gerencio até hoje. Mesmo com esse indo-e-vindo, mantivemos contato com os amigos de turma. São vários! Nós todos temos o maior orgulho de fazermos parte dessa elite dos agrônomos do Brasil. Temos muito respeito por essa instituição, que nos ensinou a trabalhar com ética, dedicação e profissionalismo. Parece que, quando a gente sabe que o outro é esalqueano, ele já começa a fazer parte da nossa família. É uma sensação de cumplicidade. É muito bom. Na minha família, além do meu pai, falecido em 2011, tenho uma prima formada em 1980 e a esposa do meu primo, a Marta Spoto, que atualmente é professora da ESALQ.

Gerações Pedro (7-Ouro) Sou paulistano, nascido no dia 23 de fevereiro de 1982, o caçula de três irmãos e o único dos filhos que seguiu a mesma carreira que os pais e meu avô materno, dr. Jayme Vazquez Cortez. Ingressei na ESALQ em 2001 e me formei em 2005 (F05) como engenheiro agrônomo. Morei na República Pau-A-Pique, fundada em 1983. Foi uma das melhores experiências em minha vida a ESALQ me ensinou engenharia agronômica e a república, a vida. Conservo muitas amizades, principalmente com o João Paulo de Luchio, o Chichá, e o Cauê Bernardo, o Uga-Uga, ambos colegas de turma e de república. Estagiei por dois anos e meio no Grupo de Experimentação Agrícola (GEA) do Departamento de Produção Vegetal, antigo Departamento da Agricultura, sob orientação do prof. dr. José Laércio Favarin. Alguns dos principais professores que marcaram minha formação foram o próprio Favarin, Godofredo César Vitti, Paulo Sentelhas e Antonio Fancelli. Tive a oportunidade de Ser esalqueano é fazer parte de algo muito maior. É saber conviver com pessoas de cultura, educação, situação financeira etc. diferentes e se adaptar. PEDRO, O 7-OURO 13 ARQUIVO PESSOAL Colação de grau ao lado dos amigos Xapéuzin e Iena.

Revista da ADEALQ 14 Natal em família em 2010, em IndianApolis, EUA. ARQUIVO PESSOAL A ESALQ tem uma tradição de irmandade que cria uma intimidade quase que instantânea quando se conhece outro esalqueano na vida profissional. Essa afinidade facilita a comunicação inicial e a troca de experiências. Heloisa, a pitãga ter aulas com professores que são colegas de turma dos meus pais, como Cláudio Haddad, Valdomiro Miyada, Quirino Carmelo e Clarice Demétrio. Ainda no meu último ano da ESALQ estagiei nos EUA pela Dow AgroSciences na área comercial, desenvolvendo um treinamento com fungicidas em soja. Quando me formei, fui convidado pela empresa para retornar aos EUA como trainee de Vendas e foi assim que iniciei minha carreira. Passei a ser Representante Técnico de Vendas, Gerente de Projetos e Gerente de Marketing. Atualmente atuo como Gerente Regional de Vendas para o segmento de sementes no sudoeste dos EUA pela Dow AgroSciences. Heloisa e eu começamos a namorar em nosso segundo ano, em 2002, e nos casamos em 2009. Somos da mesma turma, mesmo curso; entramos juntos e nos formamos juntos na ESALQ, assim como meus pais. Como nos formamos em 2005 e meus pais, em 1975, comemoramos nossos quinquênios juntos. Comentamos que a ESALQ nos preparou para futuros desafios e faremos sempre o que pudermos para ajudá-la a continuar sendo referência no ensino agrícola superior. Ser esalqueano é fazer parte de algo muito maior, é uma irmandade, uma família. É cultivar o companheirismo que se mantém vivo ao se reencontrar colegas, conhecer novos e expandir nosso leque de apoio a outros esalqueanos. ACREDITO QUE NÓS, ESALQUEANOS, QUEREMOS RETRIBUIR O QUE APRENDEMOS FAZENDO ESTÁGIOS (DENTRO E FORA DA ESCOLA) E LEVANDO O NOME DA GLORIOSA PARA OUTRAS PARTES DO BRASIL. Heloisa, a pitãga Heloisa (Pitãga) Sou piracicabana, como meu pai, que é engenheiro geólogo. Nasci em 26 de agosto de 1983, mas ainda pequena morei com minha família na capital paulista e, depois, em Goiânia, Goiás, onde minha mãe, que é geógrafa, nasceu. Duas tias paternas e esalquea nas me motivaram a estudar na escola, que conheci ainda pequena. Eu era apaixonada pelo campus! Meu irmão mais velho, Leonardo, o Pi-qui, entrou na escola um ano antes de mim, em 2000. Fiz parte da República Reboq como agregada, isto é, eu não mora va lá e, sim, com meus avós paternos, mas participava de todas as atividades. Fazer parte de uma república ajudou no meu amadurecimento, na formação de liderança e na preparação para a vida profissional. Mantenho contato com muitos de meus colegas por meio de um grupo de e-mail, redes sociais e encontros ocasionais.

Gerações 15 Ainda estudante, estagiei como pesquisadora na área de fertilidade do solo por três anos e meio sob a orientação do prof. Alleoni, que também é meu tio. No último semestre, fiz estágio profissionalizante em Juazeiro (BA), com produção de uva e manga para exportação. Depois de formada, trabalhei no Carrefour na área de controle de qualidade dos produtos de origem vegetal e posteriormente passei a atuar no desenvolvimento de produtos para o Programa Garantia de Origem. Saí do Carrefour em 2009, quando me casei com o 7-Ouro e resolvi ir para os EUA. Chegando lá, estudei inglês por um ano e comecei a me preparar para fazer um mestrado. Em janeiro de 2012, fui aceita no programa de MBA da Butler University, em Indianapolis, onde estudei por dois anos e meio, e me formei em maio de 2014. A ESALQ tem uma tradição de irmandade que cria uma intimidade quase que instantânea quando se conhece outro esalqueano na vida profissional. Essa afinidade facilita a comunicação inicial e a troca de experiências. Acho que a maioria dos esalqueanos se sente muito grato por ter estudado numa instituição tão conceituada. Acredito que nós, esalqueanos, queremos retribuir o que aprendemos, fazendo estágios (dentro e fora da escola) e levando o nome da gloriosa para outras partes do Brasil. ARQUIVO PESSOAL Réveillon em família em 2012.

Revista da ADEALQ 16 A ESALQ HOJE Edifício central da Esalq. Semear o futuro é uma arte Romualdo Venâncio Quando se fala sobre uma instituição centenária, como a Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ/USP), fundada em 1901 na cidade de Piracicaba (SP), é inevitável relacioná-la com a palavra tradição. Afinal de contas, é mais de um século de costumes que passam de geração para geração nas salas de aula, nos laboratórios, nas repúblicas, enfim, em todo o universo da escola. No entanto, para o professor do Departamento de Economia, Administra-

A ESALQ hoje 17 Gerhard Waller (USP/ESALQ-Acom) MUSEU LUIZ DE QUEIROZ A história da ESALQ se confunde com a trajetória do agronegócio brasileiro e uma das principais semelhanças é a constante necessidade de se reinventar. Tal desafio instiga a permanente atualização de pessoas, conceitos e estruturas, pois o amanhã está sempre muito próximo. ção e Sociologia (LES) e diretor da ESALQ, José Vicente Caixeta Filho, o sentido vai além. Para a ESALQ, tradição significa fazer o melhor possível, seguindo as trilhas da inovação e do empreendedorismo. Sempre em equipe e aprendendo a reconhecer as competências de cada um de seu grupo de trabalho, define. A explicação de Caixeta Filho reflete bem a trajetória da escola, que tem uma importância histórica no desenvolvimento de uma das atividades econômicas mais importantes do país, o agronegócio. A contribuição das pesquisas desenvolvidas na ESALQ não foi interrompida um único dia na distribuição de conhecimentos e aperfeiçoamentos técnicos e científicos sobre plantio, manejo de culturas, criação, colheita e armazenamento, e aproveitamento tecnológico de produtos, declara. O diretor ressalta que o principal papel da escola está relacionado à formação de recursos humanos. Daí a constante preocupação em proporcionar uma formação acadêmica eclética, preferencialmente de natureza transversal e interdisciplinar, que permita o surgimento de profissionais diferenciados. Serão pessoas que trabalharão com entusiasmo e qualidade, e que irão se pautar pela ética e pela responsabilidade social e ambiental, acrescenta Caixeta Filho. Da mesma maneira que contribuiu para que segmentos agropecuários evoluíssem, a ESALQ também teve que se atualizar para

Revista da ADEALQ 18 Gerhard Waller (USP/ESALQ-Acom) José Vicente Caixeta Filho, diretor da ESALQ: Tradição significa fazer sempre o melhor possível. ESALQ 430 novos alunos por ano e 14 mil já formados shutterstock enfrentar os desafios da modernização no ensino e na própria sociedade. O aluno de hoje é bem diferente daquele que estudava em nosso campus há 20 anos. As aspirações são distintas, assim como a educação que recebe em seu lar. Apresenta um grau de ansiedade mais alto, mais imediatista, comenta Caixeta Filho. Hoje os alunos chegam à ESALQ mais novos, com idade entre 17 e 19 anos. A professora do Departamento de Agroindústria, Alimentos e Nutrição (LAN) e vice-diretora da ESALQ, Marisa d Arce, acrescenta que os estudantes são mais urbanos atualmente. Eles vêm de uma formação no ensino médio e trazem uma provocação diferente. Chegam à escola bem informados e com grande perspectiva; pensam no agronegócio além do meio rural,

A ESALQ hoje 19 Gerhard Waller (USP/ESALQ-Acom) Excelência em pós-graduação Em setembro deste ano, o número de estudantes nos cursos de pós-graduação da Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (ESALQ/USP) era de 1.188. Na década de 1960, a lista girava em torno de 50 alunos. Tamanho avanço é consequência de tudo o que a escola representa em termos de qualidade de ensino e do reconhecimento que esses estudantes encontram no mercado profissional. Prova de que a procura por esses cursos é ampla e diversa, 80% desses alunos não foram graduados pela ESALQ. Em relação ao perfil dos pós-graduandos, 587 são homens (49%) e 601 são mulheres (51%). A idade média é de aproximadamente 27 anos para os cursos de mestrado e em torno de 30 anos para os cursos de doutorado. As referências sobre o padrão de qualidade vêm também por outras vias. Na última avaliação da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), fundação do Ministério da Educação (MEC), referente ao triênio 2010/2011/2012, treze dos programas de pós- -graduação da Esalq entraram na escala muito bom, ótimo e excelente. Sete alcançaram a melhor qualificação: Ciência Animal e Pastagens; Entomologia; Fitopatologia; Fitotecnia; Genética e Melhoramento de Plantas; Solos e Nutrição de Plantas; e Ecologia Aplicada. Vale ressaltar que os seis primeiros foram precursores da pós-graduação da Esalq na década de 1960, ou seja, há cinco décadas, comenta o prof. José Vicente Caixeta Filho, diretor da Esalq. Marisa d Arce, vice-diretora da ESALQ: Alunos chegam à escola bem informados e com grande perspectiva. como um setor que lhes oferece oportunidade de trabalhar no meio urbano, explica. Para acompanhar essa mudança de perfil dos alunos, a escola precisa ter um corpo docente bem preparado. Os professores têm que se atualizar e quem entende bem esse desafio continua colhendo ótimos resultados. É fundamental que tenham as ferramentas necessárias para desenvolver seu trabalho com eficiência, mas a alma de professor será sempre primordial. Para o diretor da ESALQ, reside nesta questão um dos principais desafios da instituição na gestão de pessoas: Não podemos errar nas contratações. A renovação no quadro de docentes é evidente, pois há uma busca constante por jovens professores que apresentem entusiasmo suficiente para ajudar na construção do paradigma didático da escola, que gradativamente vai se firmando. É uma nova geração de reais formadores de opinião que entendem, por exemplo, quanto o relacionamento com a iniciativa privada é fundamental para o futuro sustentável da instituição, observa Caixeta Filho.

Revista da ADEALQ 20 Exemplos de contribuição da ESALQ ao agronegócio brasileiro A introdução de genótipo adaptado para obtenção de verduras e hortaliças reduziu o problema de sazonalidade e a dependência de genótipos importados. O método científico aplicado à agricultura permitiu alcançar produtividade até quatro vezes maior que a observada até os anos 1950. A introdução e a adaptação de raças de animais para leite, carne e ovos ajudaram a tornar o Brasil o maior exportador de carne do mundo. Os ganhos de produtividade agrícola e pecuária decorreram de pesquisas de manejo de solos e nutrição de plantas e animais, trocando o ambiente extrativista por padrões internacionais de produtividade sustentável. Revolução da área florestal com a introdução de espécies adaptadas, fomentando a indústria de papel, energia, madeira certificada, móveis e re composição florestal, e priorizando a redução do desmatamento e a proteção do solo e dos recursos hídricos. A indústria de açúcar e álcool garantiu sua fundamentação a partir de referências científicas e tecnológicas da ESALQ, que permitiram melhor exploração da cultura de cana e ganhos importantes em eficiência no processo de fermentação industrial. Pesquisas em defesa sanitária para o controle de doenças como o carvão da cana-de-açúcar e o cancro cítrico. Informações para a formação de políticas públicas junto ao Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento com vistas à concessão de financiamentos e contratação de seguros agrícolas. O ambiente técnico, acadêmico e profissional da ESALQ foi determinante para a formação da Embrapa. Pesquisas da ESALQ ajudaram a ampliar a oferta de verduras, hortaliças e diversos outros alimentos ao consumidor final. Essa transformação é, praticamente, uma reação em cadeia. Os anseios dos estudantes e o posicionamento dos novos docentes são acompanhados por oferta de novos cursos e adequações das instalações. Para se ter ideia de como esse avanço tem se intensificado, o intervalo de tempo entre o primeiro e o segundo curso de graduação oferecido pela escola, respectivamente Engenharia Agronômica e Engenharia Florestal, foi de quase 70 anos. Em 1998, foi criado o curso de Ciências Econômicas; em 2001, veio o de Ciências dos Alimentos (o primeiro curso noturno); no ano seguinte, surgiram o de Ciências Biológicas e o de Gestão Ambiental; e, em 2013, teve início o de Administração. Entre os 7 cursos de graduação e os 17 de pós- -graduação (entre exclusivos da ESALQ e de parcerias com outras instituições de ensino), já são 14 mil estudantes formados e 430 novos alunos todos os anos. Só em Engenharia Agronômica são 200 estudantes a mais anualmente. Ainda há muito a ser feito, tanto obras de infraestrutura quanto projetos acadêmicos. Certamente, todos os gestores que passarem por essa diretoria o farão com a mesma satisfação, afirma Caixeta Filho. Gerhard Waller (USP/ESALQ-Acom)