INSTITUIÇÕES AMBIENTAIS DA AMAZÔNIA LEGAL BRASILEIRA: UM ESTUDO DAS DIFERENÇAS EM NÍVEL MUNICIPAL



Documentos relacionados
INSTITUIÇÕES AMBIENTAIS E DESMATAMENTO NA AMAZÔNIA LEGAL BRASILEIRA: UMA ANÁLISE EXPLORATÓRIA EM NÍVEL DE MUNICÍPIO

Escola de Políticas Públicas

Saúde. reprodutiva: gravidez, assistência. pré-natal, parto. e baixo peso. ao nascer

Termo de Referência INTRODUÇÃO E CONTEXTO

Pesquisa. Há 40 anos atrás nos encontrávamos discutindo mecanismos e. A mulher no setor privado de ensino em Caxias do Sul.

1 INTRODUÇÃO. 1.1 Motivação e Justificativa

DISTRIBUIÇÃO DO CAPITAL SOCIAL NO BRASIL: UMA ANÁLISE DOS PADRÕES RECENTES

TERMO DE REFERÊNCIA (TR) GAUD VAGA

Planejando a Próxima Década. Alinhando os Planos de Educação

do estado do Rio Grande do Sul lidera o ranking estadual com 221%, seguido por Minas Gerais na vice-liderança, com 179%.

MERCADO DE TRABALHO NA PRODUÇÃO DE ALGODÃO E SOJA: UMA ANÁLISE COMPARATIVA

Faculdade de Ciências Humanas Programa de Pós-Graduação em Educação RESUMO EXPANDIDO DO PROJETO DE PESQUISA

VI Jornada Nacional de Economia da Saúde

Serviço Nacional de Aprendizagem Rural PROJETO FIP-ABC. Produção sustentável em áreas já convertidas para o uso agropecuário (com base no Plano ABC)

Micro e Pequena Empresa: Conceito e Importância para a Economia.

Ministério da Cultura

Desafios e oportunidades associadas ao Cadastro Ambiental Rural (CAR) 7ª CONSEGURO setembro 2015

Sustentabilidade nas instituições financeiras Os novos horizontes da responsabilidade socioambiental

CURSO: GESTÃO AMBIENTAL

MANUAL GERENCIAMENTO DE RISCO DE MERCADO

UMA NOVA EDUCAÇÃO PARA O BRASIL COM O PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO

PODER JUDICIÁRIO JUSTIÇA DO TRABALHO TRIBUNAL REGIONAL DO TRABALHO DA 8ª REGIÃO INTRODUÇÃO

ELEMENTOS PARA ESTRATÉGIA NACIONAL DE REDD+ DO BRASIL

Perguntas Frequentes sobre o ICMS Ecológico

Pequenas e Médias Empresas no Canadá. Pequenos Negócios Conceito e Principais instituições de Apoio aos Pequenos Negócios

Gestão de impactos sociais nos empreendimentos Riscos e oportunidades. Por Sérgio Avelar, Fábio Risério, Viviane Freitas e Cristiano Machado

Cenpec Coordenação de Desenvolvimento de Pesquisas. Projeto Equidade e políticas de melhoria da qualidade da educação: os casos do Acre e Ceará

Educação e trabalho em saúde

ÍNDICE DE CONFIANÇA DOS PEQUENOS NEGÓCIOS NO BRASIL. ICPN Outubro de 2015

5 Objetivos Principais

GESTÃO INTEGRADA DAS BACIAS HIDROGRÁFICAS - PRINCIPAIS DIRETRIZES E DESAFIOS. Flávio Terra Barth 1

11 de maio de Análise do uso dos Resultados _ Proposta Técnica

RESUMO EXPANDIDO. O Novo Código Florestal: impacto sobre os produtores rurais de Juína e região

Pesquisa Mensal de Emprego

GERAÇÃO DE EMPREGOS FORMAIS

ipea A ESCOLARIDADE DOS PAIS E OS RETORNOS À EDUCAÇÃO NO MERCADO DE TRABALHO 1 INTRODUÇÃO 2 DADOS

NBA 10: INDEPENDÊNCIA DOS TRIBUNAIS DE CONTAS. INTRODUÇÃO [Issai 10, Preâmbulo, e NAT]

RELATÓRIO TREINAMENTO ADP 2013 ETAPA 01: PLANEJAMENTO

11.1. INFORMAÇÕES GERAIS

Comentários sobre os Indicadores de Mortalidade

Profissionais de Alta Performance

Edital TERMO DE REFERÊNCIA 01

Estudo do mercado brasileiro de reposição automotivo

INDICADORES DE GESTÃO AMBIENTAL

PALAVRAS-CHAVE Indicadores sócio-econômicos. Campos Gerais. Paraná.

A Sustentabilidade na perspectiva de gestores da qualidade

cada fator e seus componentes.

Organização da Aula. Política de Desenvolvimento Econômico. Aula 2. Contextualização

INVENTÁRIO DAS FONTES POLUIDORAS/CONTAMINANTES DOS RECURSOS VIVOS MARINHOS DO BRASIL

O AGRONEGÓCIO DO PALMITO NO BRASIL:

na região metropolitana do Rio de Janeiro

Processo de Construção de um Plano de Cargos e Carreira. nas Organizações Públicas Brasileiras

MANUAL PARA APRESENTAÇÃO DE PROJETOS SOCIAIS. Junho, 2006 Anglo American Brasil

Política Estadual de Governança Climática e Gestão da Produção Ecossistêmica

MESA 4 INSTRUMENTOS E PROCEDIMENTOS DE CONTROLE 3 AS ORGANIZAÇÕES DE CONTROLE

FORMULÁRIO PADRÃO PARA APRESENTAÇÃO DE PROJETOS ENSINO INOVADOR

I Oficina de Restauração de. Paisagens Florestais. Rio Branco Acre - Brasil. Articulação entre atores na ação e aprendizagem

Sustentabilidade do Gasto Público

POLÍTICA DE SUSTENTABILIDADE E RESPONSABILIDADE SOCIOAMBIENTAL

Sumário PNAD/SIMPOC 2001 Pontos importantes

Ministério da Cultura Secretaria de Articulação Institucional SAI

Munic 2014: 45% dos municípios tinham política de proteção às mulheres vítimas de violência doméstica

Rede de Produção de Plantas Medicinais, Aromáticas e Fitoterápicos

Termo de Referência INTRODUÇÃO E CONTEXTO

Curso Agenda 21. Resumo da Agenda 21. Seção I - DIMENSÕES SOCIAIS E ECONÔMICAS

Carta para a Preservação do Patrimônio Arquivístico Digital Preservar para garantir o acesso

Iniciativas para o Fortalecimento da Ação Fiscal dos Municípios em Tributação Imobiliária

OS CONHECIMENTOS DE ACADÊMICOS DE EDUCAÇÃO FÍSICA E SUA IMPLICAÇÃO PARA A PRÁTICA DOCENTE

VAMOS CUIDAR DO BRASIL COM AS ESCOLAS FORMANDO COM-VIDA CONSTRUINDO AGENDA 21AMBIENTAL NA ESCOLA

APRESENTAÇÃO DO PROJETO GEO CIDADES

Regulamento do projeto "50 Telhados"

ANEXO 2 - INDICADORES EDUCACIONAIS 1

Regulamento do projeto "50 Telhados"

ANÁLISE ECONÔMICO FINANCEIRA DA EMPRESA BOMBRIL S.A.

Este artigo é uma breve resenha da tese de mestrado em economia de Albernaz,

Saúde Suplementar em Números

BOLETIM COMÉRCIO VAREJISTA

Seminário: Caminhos para o financiamento e acesso à saúde

Plano de Ação e Programa de Formação de Recursos Humanos para PD&I

OS NEGROS NO MERCADO DE TRABALHO

IMPACTO VIRTUOSO DO PÓLO INDUSTRIAL DE MANAUS SOBRE A PROTEÇÃO DA FLORESTA AMAZÔNICA SUFRAMA JUNHO DE 2007

RESOLUÇÃO CONJUNTA SAD/SEMAC n. 1, DE 10 DE JUNHO DE 2014.

Pesquisa Mensal de Emprego PME. Algumas das principais características dos Trabalhadores Domésticos vis a vis a População Ocupada

7 etapas para construir um Projeto Integrado de Negócios Sustentáveis de sucesso

XIII Encontro de Iniciação Científica IX Mostra de Pós-graduação 06 a 11 de outubro de 2008 BIODIVERSIDADE TECNOLOGIA DESENVOLVIMENTO

MINISTÉRIO DO MEIO AMBIENTE SECRETARIA EXECUTIVA DEPARTAMENTO DE POLÍTICAS PARA O COMBATE AO DESMATAMENTO

SISTEMA NACIONAL DE PESQUISA DE CUSTOS E ÍNDICES DA CONSTRUÇÃO CIVIL S I N A P I RESULTADOS DE JUNHO/2014

CONFERÊNCIA DAS NAÇÕES UNIDAS SOBRE MEIO AMBIENTE E DESENVOLVIMENTO CAPÍTULO 30 FORTALECIMENTO DO PAPEL DO COMÉRCIO E DA INDÚSTRIA INTRODUÇÃO

Curso CPA-10 Certificação ANBID Módulo 4 - Princípios de Investimento

Sumário Executivo Pesquisa Quantitativa Regular. Edição n 05

NÚCLEO TÉCNICO FEDERAL

Informação sob embargo até dia 30/11 às 9hs... Cana-de-açúcar avança em áreas prioritárias. para a conservação e uso sustentável do Cerrado

Reflexão sobre a participação de partidos políticos da base do governo nos ministérios, a estabilidade política e a eficacidade das políticas

Programa UNIBRAL Edital CGCI n. 014 /2007

ROTEIRO PARA ELABORAÇÃO DE PROJETOS

MOTIVAÇÕES PARA A INTERNACIONALlZAÇÃO

Gestão Democrática da Educação

Seção 2/E Monitoramento, Avaliação e Aprendizagem

MINISTÉRIO DAS CIDADES Secretaria Nacional de Habitação. CAIXA ECONÔMICA FEDERAL Representação de Apoio ao Desenvolvimento Urbano

Transcrição:

INSTITUIÇÕES AMBIENTAIS DA AMAZÔNIA LEGAL BRASILEIRA: UM ESTUDO DAS DIFERENÇAS EM NÍVEL MUNICIPAL AUTORES: Paulo Thadeu Melo Araújo¹ e Andrea Sales Soares De Azevedo Melo². FORMAÇAO ACADÊMICA/PROFISSIONAL: ¹Estudante do Curso de Ciências Econômicas CCSA UFPE; E-mail: paulo.maraujo@ufpe.br. Telefone: (81) 8778-4721. ²Docente/pesquisador do Deptº de Economia CCSA UFPE. E-mail: andrea.samelo@ufpe.br. Telefone: (81) 2126-8918. Resumo: O presente estudo caracteriza-se como mais um esforço na tentativa de entender a região da Amazônia dada a sua importância no contexto ambiental mundial. Nesse trabalho, pretende-se analisar a estrutura institucional ambiental dos municípios da região da Amazônia legal brasileira, sem a pretensão de esgotar o tema, e tentar identificar nos mesmos as diferenças nos arranjos que tenham levado a distintas taxas de desmatamento durante o processo de desenvolvimento econômico dos seus respectivos estados. A perspectiva institucional é aqui adotada devido à importância que esses arranjos ganham ao interferirem nas atividades econômicas em diversos níveis, definindo assim os caminhos para o desenvolvimento. A partir de dados contidos em estudo realizado pelo IBGE, foi possível a montagem de um quadro comparativo em que as informações fornecidas pelos municípios são analisadas através de relações de proporcionalidade. Como conclusão, as instituições ambientais em nível municipal são avaliadas no que diz respeito a sua estrutura administrativa, sua articulação com outras instituições com vistas a desenvolver ações em meio ambiente, a existência de legislação ambiental e a disponibilidade de recursos financeiros, proporcionando a análise crítica dos limites e possibilidades da ação dos municípios e permitindo classificá-las quanto o grau de consistência da instituição ambiental, considerada frágil neste estudo. Palavras-chaves: Amazônia legal brasileira; arranjos institucionais; município. INTRODUÇÃO A Amazônia legal brasileira corresponde à região do território do país que possui como domínio vegetal a Floresta Tropical Amazônica, essa área é composta por todos os estados da região norte do Brasil (Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins) assim como os estados do Maranhão e do Mato Grosso, compreendendo um total de 805 municípios em toda a região. Essa região apresenta atualmente as maiores taxas de crescimento econômico do país, segundo dados do IBGE (2002), e é responsável pela destruição de cerca de 18% do total da floresta em território brasileiro, INPE (2005). É dentro deste contexto que se busca atualmente alcançar um caminho de desenvolvimento para a região que seja sustentável e que possa estabelecer uma relação entre crescimento econômico e diminuição da degradação ambiental, vista aqui na forma do desmatamento da Floresta Amazônica brasileira. Como desenvolvimento sustentável entende-se, conforme definição da Comissão Brundtland de 1987, como aquele que atende às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade de as gerações futuras atenderem as suas próprias necessidades, e esse é um dos principais desafios da humanidade neste século. Na literatura econômica a noção de Curva de Kuznets Ambiental tem sido utilizada para

analisar essa relação entre crescimento econômico e degradação ambiental. Aponta-se, em pesquisas atuais, que para uma melhor estimação dessa curva, a análise não deve restringir-se sobre o indicador de renda de forma isolada, e sim considerar um modelo melhor contextualizado que considere o mercado, o setor produtivo, as instituições e algumas características locais. Culas (2007) apresenta evidências de que a garantia dos direitos de propriedade e o fortalecimento da política ambiental são variáveis muito importantes na explicação do desmatamento de florestas tropicais na América Latina, apresentando evidências de que a questão institucional é determinante do caminho insustentável de desenvolvimento escolhido por estes países. Sendo assim, a perspectiva institucional ganha contornos de extrema importância para definição mais precisa do modelo em questão. A necessidade de se entender melhor os fatores preponderantes e as variantes dessa nova visão no estudo do desmatamento é a fonte do trabalho desenvolvido nesse estudo sobre as instituições ambientais nos municípios que compõem a Amazônia legal brasileira, que se propõe a identificar, medir e avaliar o tamanho e o formato destas instituições em nível municipal. METODOLOGIA O método de abordagem utilizado na pesquisa é o exploratório, em que se busca identificar as variáveis institucionais ambientais relevantes para o caso do desmatamento da Amazônia legal brasileira a partir da análise de informações sobre a gestão ambiental em nível dos 805 municípios existentes nos nove estados da região. Foram estudadas as seguintes informações: a estrutura administrativa e legal dos municípios, a articulação institucional e os mecanismos econômicos e financeiros voltados exclusivamente para as políticas públicas ambientais. Essas informações estão disponibilizadas no estudo de pesquisa realizado pelo IBGE em todos os municípios brasileiros durante o ano de 2003 (Perfil dos municípios brasileiros - Meio ambiente 2002). A apresentação dos resultados é feita através do uso de proporções e relações entre o todo que, na maioria dos casos, refere-se à quantidade total de municípios dos estados aos quais aquelas informações fazem referência. RESULTADOS E DISCUSSÃO As análises das informações permitiram que se chegasse a resultados bastante reveladores sobre as instituições ambientais nos municípios da região da Amazônia legal brasileira, revelando a existência de diferentes formatos de órgãos ligados à formulação e execução das políticas públicas de meio ambiente a nível local. No que diz respeito à estrutura administrativa, o número de municípios que possuem alguma estrutura na área de meio ambiente chega a 70%, impulsionada por altas taxas como a do Amapá, onde todos os 16 municípios possuem uma estrutura para tratar de assuntos ambientais, do Amazonas e do Mato Grosso, ambos acima de 80%. Essa é uma taxa bastante elevada, porém não reflete a real situação do tratamento dado à matéria ambiental nesses municípios, onde em apenas 10% deles encontram-se instaladas secretarias exclusivas de meio ambiente, mais uma vez destaca-se o estado do Amapá onde 37,5% dos municípios possuem essa característica, taxa bastante elevada para a região. Nos demais, esse tema apresenta-se associado a outras áreas da administração municipal, como na maioria dos casos junto à secretaria de agricultura. Quanto aos recursos humanos necessários para desempenho do serviço público relacionado ao planejamento, controle e execução de ações ambientais, observa-se que dos 3.588 servidores ativos nas estruturas de meio ambiente municipais, a grande maioria, 70%, possuem vínculo empregatício, com exceção dos estados de Roraima e Acre, onde os servidores sem vínculo são a maioria. Já com relação à articulação institucional e a formulação de convênios, acordos de cooperação

técnica e outras parcerias firmadas entre os municípios e os demais entes federados, iniciativa privada ou órgãos públicos, apenas 36% se utilizam de formas cooperadas de ação na área ambiental. Dentre os estados da região norte, menos de 38% realizaram algum tipo de parceria, merecendo destaque o estado do Amapá onde essa prática é realizada em 81% dos municípios. Analisando os estados com maior número de municípios (Maranhão, Pará, Mato Grosso e Tocantins), estima-se uma taxa inferior a 33% de realizações de parcerias. Ainda analisando os resultados referentes à articulação das instituições ambientais, dentre os municípios da região que programaram convênio, cooperação técnica ou outro tipo de parceria com vistas a desenvolver ações na área ambiental, observa-se que a grande maioria o fez com órgãos públicos, com maior freqüência no nível estadual e com peso importante também para os acordos com órgãos públicos federais. Só na Região Norte, 54% das parcerias foram realizadas com órgãos federais. A existência de legislação ambiental no município constituiu-se também como parâmetro de investigação institucional, e foi a partir dessa análise que se constatou na região um baixo percentual de apenas 32% dos municípios que declaram possuir pelo menos um tipo de norma ambiental. A ressalva é feita ao estado do Amapá onde em cerca de 75% de seus municípios existe algum tipo legislação específica para o meio ambiente, como é o caso do Capítulo ou Artigo da Lei Orgânica, presente em mais de 83% dos municípios que possuem normas. Seguindo essa mesma tendência, do total de municípios com algum tipo de legislação ambiental, o que corresponde na região descrita a 257 municípios, 85% dispõem de capítulo ou artigo da Lei Orgânica e apenas 7% de dispõe de artigo ou capítulo do Plano Diretor com tratamento exclusivo para questões do meio ambiente. Mais de 18% dispõem de um Código Ambiental e 13% deles criaram Unidades de Conservação. Quanto aos mecanismos econômicos e financeiros utilizados como recursos necessários à gestão ambiental, os dados revelam que apenas 14% dos municípios da região receberam recursos financeiros específicos para o meio ambiente, com exceção do Amapá que se destaca pela maior proporção de municípios que informaram ter recebido esse tipo de recursos, 44%, seguindo de Roraima com mais de 33%. Dentre as principais fontes desses recursos para a região, estão: repasse dos governos estadual e/ou federal, convênio, cooperação técnica ou outro tipo de parceria, multa ambiental, financiamento a fundo perdido, empréstimo, ICMS ecológico. A compensação financeira destinada à criação de áreas especifica de conservação e preservação do meio ambiente, O ICMS ecológico, corresponde a apenas 15% dos recursos, tendo peso ainda muito reduzido no total dos recursos financeiros destinados ao meio ambiente na região. CONCLUSÕES A partir da análise dos resultados obtidos, pôde-se observar algumas características marcantes sobre a estrutura e o formato das instituições ambientais entre os municípios que compõem a região da Amazônia legal brasileira. Uma conclusão direta é que as instituições na região ainda apresentam um nível estrutural muito frágil. Isso dificulta que as ações ambientais tenham uma maior abrangência e que as políticas públicas possam ser encaradas como prioridades, quando o caminho do crescimento proposto tem como implicação direta o impacto negativo sobre o meio ambiente. A ação dos agentes econômicos envolvidos nas mais diversas atividades, específicas em cada microrregião e que atuam seguindo seus interesses sendo contra ou a favor da sustentabilidade do meio ambiente, é um ponto que merece destaque como fator que está implícito nos dados aqui analisados, pois têm implicação direta sobre eles. Pôde-se também constatar, no que concerne ao formato organizacional das instituições, uma heterogeneidade entre os 70% dos municípios que possuem estrutura institucional ambiental na região. Essa estrutura ainda é mais fragilizada nos municípios onde ocorre associação da

agenda ambiental com outras áreas da administração municipal, fato esse que ocorre com uma porcentagem extremamente significante em relação às demais secretarias. Dos 223 municípios que possuem associações, em mais de 67% delas a associação ocorre entre o tema ambiental e o da agricultura, o que na maioria das vezes limita a condução das políticas da agenda ambiental, dada a expansão da fronteira agrícola, prática que pressupõe o desmatamento de vastas áreas de floresta. Uma das razões para esse tipo de prática associativa vem no sentido de reduzir os gastos públicos e como forma de superar a baixa captação de recursos específicos para o meio ambiente. Porém, ambas opções fragilizam a instituição ambiental e dificultam a geração de recursos específicos para o meio ambiente. Esse fato é demonstrado na baixa proporção de municípios que receberam recursos financeiros na região, o que levanta a necessidade de um melhor aperfeiçoamento dos instrumentos de gestão e o uso de instrumentos econômicos como fonte de recursos. Ao apontar a fragilidade das instituições ambientais, conclui-se que para a obtenção de instituições eficientes que consigam reduzir as taxas de desmatamento da floresta sem que para isso seja preciso limitar o crescimento dos estados da Amazônia legal brasileira, é imprescindível a melhoria das políticas e instituições da região. REFERÊNCIAS AUCI, S., BECCHETTI, L. 2006. The instability of the adjusted and unadjusted environmental Kuznets curves. Ecological Economics (60) 282-298. BENATTI, J.H, MCGRATH, D.G, OLIVEIRA, A.C.M. Política Pública e manejo de recursos naturais na Amazônia. Ambiente & Sociedade 6, n. 2. CANAS, A., FERRÃO, P. E CONCEIÇÃO, P. 2003. A new environmental Kuznets curve? elationship between direct material input and income per capita: evidence from industrialized coutries. Ecological Economics (46) 217-229. CASTRO, F., SIQUEIRA, A.D., BRODÍZIO, E.S., FERREIRA, L.C. 2006. Use and misuse of the concepts of tradition and property rights in the conservation of natural resources in the Atlantic forest (Brazil). Ambiente & Sociedade 9, n.1. COOMES, O.T., BARHAM, B. L., TKASAKI, Y. 2004. Targeting conservation-development initiatives in tropical forests: insighs from analyses of rain forest use and economic reliance among Amazonian peasants. Ecological Economics (51) 47-64. CULAS, R.J. 2007. Deforestation and environmental Kuznets curve: an institutional perspective. Ecological Economic, 61, 429-437. DINDA, S. 2004. Environmental Kuznets Curve Hypothesis: A Survey. Ecological Economics, (49) 431-455. NORTH, D.C., 1990. Institutions, Institutional Change and Economic Performance. Cambridge University Press, Cambridge., 1991. Institutions. Journal of Economics Perspectives 5 (1), 97-112. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. 2002. Contas Regionais do Brasil. Rio de Janeiro, Brasil. Disponível em http://www.ibge.gov.br. Acesso em: 6 de mai. 2007.. 2005. Perfil dos Municípios Brasileiros: Meio Ambiente 2002. Rio de Janeiro, Brasil. Disponível em http://www.ibge.gov.br. Acesso em: 10 de jul. 2007. INSTITUTO NACIONAL DE PESQUISAS ESPACIAIS. 2005. Monitoramento da Floresta Amazônica brasileira por satélite: o projeto PRODES. Ministério da Ciência e Tecnologia, Brasília, DF, Brasil. Disponível em http://www.obt.inpe.br/prodes/. Acesso em 9 de jul. 2007. INSTITUTO SOCIOAMBIENTAL (ISA). 2004. Amazônia brasileira 2004. São Paulo, Brasil.

MAGNANI, E. 2000. The environmental Kuznets curve, environmental protection policy and income distribution. Ecological Economic, (32), 431-443. NOSSO futuro comum. Rio de Janeiro: FGV, 1988. 430 p. TISDELL, C. 2001. Globalisation and sustainability: environmental Kuznets curve and the WTO. Ecological Economics, (39): 185-196.