RESOLUÇÃO : Nº 24/11 CÂMARA DE JULGAMENTO SESSÃO : 35ª EM: 13/06/2011 PROCESSO : Nº 044/2010 RECORRENTE : DIVISÃO DE PROCEDIMENTOS ADM. FISCAIS RECORRIDO : A MESMA INTERESSADO : AUTUANTES : JORGE HENRIQUE/ ALISSON OLIVEIRA/ CAIO FÁBIO RELATORA : EMENTA: ICMS DESCUMPRIMENTO DE OBRIGAÇÃO PRINCIPAL Transporte de mercadorias desacobertadas de documento fiscal próprio - Infração Configurada Auto de Infração Procedente - Decisão por maioria de votos. RELATÓRIO: O presente processo teve início com o Auto de Infração e apreensão de mercadorias Nº. 000664 de 30/04/2010, lavrado contra a empresa..., acusada de haver transportado mercadorias desacobertadas de documento fiscal próprio, nos termos do artigo 156 do RICMS aprovado pelo Decreto 4.335-E/2001. O Fisco Estadual aplicou a penalidade do artigo 69, inciso III, alínea a, da Lei 059/93, alterada pela Lei 244/99, passando a exigir a importância de R$ 3.300,41 (três mil e trezentos reais e quarenta e um centavos) a título de ICMS e multa de 40% (quarenta por cento) sobre o valor da operação. Integram o presente Processo os seguintes documentos: - Ordem de Serviço n.º 001035/2010 (fls. 04); - FAC - Ficha de atualização Cadastral (fls. 05); - Certificado de Registro e Licenciamento de Veículo, bem como a Carteira de Habilitação Nacional (fls.07). Intimado regularmente a recolher o débito, conforme documento de fls. 02 (Auto de Infração) o sujeito passivo apresentou impugnação de forma tempestiva (fls. 12), amparada no seguintes termos: - Que no dia 30/04/2010 no momento entrega dos produtos que originaram a autuação estavam sem a devida nota fiscal; - Que por emitir nota fiscal eletrônica e como esse sistema é novo, depende de internet e devido à localização (Distrito Industrial) não ter acesso a banda larga, tiveram problemas técnicos na hora da emissão de NF-e, no entanto logo após resolvido o problema foi emitida a referida NF-e e enviaram o DANFE. Diante do exposto solicita a impugnação do Auto de Infração e cancelamento do débito fiscal. Submetido a julgamento de Primeira Instância o Auto de Infração foi declarado improcedente, baseado nos termos a seguir: PROCESSO Nº 044/2010 - Que o art.156 determina que o transportador não pode aceitar para despacho ou efetuar o transporte de mercadorias sem documento fiscal e que a legislação sobre a NF-e não isentar a apresentação de documento fiscal perante os órgãos de fiscalização, para tanto a legislação também se preocupou em asseverar que o transportador nestes casos deverá apresentar o DANFE como documento suficiente para acobertar as mercadorias. Entretanto, o caso concreto demonstra que não houve dolo ou fraude por parte do contribuinte quando da emissão da NF-e, vez que há prova nos autos de que o DANFE fora emitida logo após a autuação e levada à empresa destinatária das mercadorias. E amparando-se pelo princípio da razoabilidade, sabe-se que o Estado de Roraima a internet prestada não é das melhores, o que dificulta a prestação dos serviços, até mesmo atingindo as relações comerciais. Além disso, trata-se de empresa contribuinte idônea, bem como o ato irregular fora sanado justamente em razão de emissão e entrega do DANTE n 000.000.063. No Parecer de Nº 43/11 da PROGE/RR, o procurador fiscal do Estado, opina pela Fls.02
parcial procedência do AI, pelo fato de apesar de caracterizada a infração, inclusive o próprio representante legal da autuada confessa na impugnação que as mercadorias saíram sem o documento fiscal, a operação realizada não gera crédito de ICMS, uma vez que é optante do Simples Nacional, portanto devendo se cobrado somente a multa pelo descumprimento d obrigação acessória. É o relatório. Conselheira Relatora VOTO
Isto posto, Cabe-nos observar que a infração refere-se ao transporte de mercadorias desacobertadas de documento fiscal próprio, nos termos do artigo do artigo 156 do RICMS aprovado pelo Decreto 4.335-E/2001 Art. 156. O transportador não poderá aceitar para despacho ou efetuar o transporte de mercadoria ou bem sem documento fiscal, ou acompanhados de documento fiscal inidôneo ou com destino a contribuinte não identificado ou baixado no CGF. Que a empresa é obrigada a emissão de NF-e, enquadrada no que preceitua ao art. 186-A do RICMS que diz: Art.186-A. A nota fiscal eletrônica NF-e poderá ser utilizada em substituição a nota fiscal Modelo 1 e 1-A, pelos contribuintes do Imposto sobre Produtos Industrializados IPI ou Imposto sobre Operações Relativas `a Circulação de mercadorias e sobre a Prestação de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação ICMS. 1º - Considera NF-e o documento emitido e armazenado eletronicamente, de existencia apenas digital, com o intuito de documentar operações e prestações, cuja validade juridica e garantida pela assinatuta digital do emitente e por autorização de uso pela SEFAZ, antes da ocorrência do fato gerador. Ressaltamos ainda, que a legislação sobre a NF-e não isenta a apresentação de documento fiscal perante os órgãos de fiscalização, ainda que no sistema eletrônico já conste a emissão e o recolhimento de impostos junto ao fisco. Para tanto, a legislação também se preocupou em asseverar que o transportador nestes casos devera apresentar o DANFE como documento suficiente para acobertar as mercadorias: Art.186 - I. Fica instituído o Documento Auxiliar da NF-e DANFE, conforme layout estabelecido em Ato COTEPE, para uso no transito das mercadorias ou pra facilitar a consulta da NF-e, prevista no art.186-o. Considerando que cumpre esclarecer que quando a internet não estar funcionando causando a impossibilidade de emissão da NF-e o contribuinte pode emitir um DANFE em contingência dentro do módulo de segurança instalado no computador da empresa, conforme determina a cláusula décima primeira do Ajuste SINIEF 07/2005 e suas alterações: Cláusula décima primeira Quando em decorrência de problemas técnicos não for possível transmitir a NF-e para a unidade federada do emitente, ou obter resposta à solicitação de Autorização de Uso da NF-e, o contribuinte poderá operar em contingência, gerando arquivos indicando este tipo de emissão, conforme definições constantes no Manual de Integração - Contribuinte, mediante a adoção de uma das seguintes alternativas: I - transmitir a NF-e para o Sistema de Contingência do Ambiente Nacional (SCAN) - Receita Federal do Brasil, nos termos das cláusulas quarta, quinta e sexta deste Ajuste; II - transmitir Declaração Prévia de Emissão em Contingência - DPEC (NF-e), para a Receita Federal do Brasil, nos termos da cláusula décima sétima-d; III - imprimir o DANFE em Formulário de Segurança (FS), observado o disposto na Cláusula décima sétima-a; IV - imprimir o DANFE em Formulário de Segurança para Impressão de Documento Auxiliar de Documento Fiscal Eletrônico (FS-DA), observado o disposto em Convênio ICMS. 5º Na hipótese dos incisos III ou IV do caput, o Formulário de Segurança ou Formulário de Segurança para Impressão de Documento Auxiliar de Documento Fiscal Eletrônico (FS-DA) deverá ser utilizado para impressão de no mínimo duas vias do DANFE, constando no
corpo a expressão DANFE em Contingência - impresso em decorrência de problemas técnicos, tendo as vias a seguinte destinação: I - uma das vias permitirá o trânsito das mercadorias e deverá ser mantida em arquivo pelo destinatário pelo prazo estabelecido na legislação tributária para a guarda de documentos fiscais; II - outra via deverá ser mantida em arquivo pelo emitente pelo prazo estabelecido na legislação tributária para a guarda dos documentos fiscais. Assim sendo, verifica-se o cometimento da infração, tornando a autuação legitima. E, quanto operação realizada pela autuada não gerar credito por ser optante do Simples Nacional não prospera pelo fato de perda do beneficio quando comete a infração de mercadorias descobertada de documento fiscal, conforme a Lei n 123/2006, art.13,$ 1,XIII, f Art.13. O Simples Nacional implica o recolhimento mensal,mediante documento único de arrecadação, dos seguintes impostos e contribuições: 1º- O recolhimento na forma deste artigo não exclui a incidência dos seguintes impostos e contribuições, devidos na qualidade de contribuinte ou responsável, em relação aos quais será observada a legislação aplicável as demais pessoas jurídicas. XIII ICMS devido: f) na operação ou prestação desacobertada de documento fiscal. Do exposto, voto em conhecer do recurso de ofício, dar-lhe provimento, para reformar a decisão de primeira instância que julgou improcedente a ação fiscal, decidindo pela total procedência do Auto de Infração n 000664/10, por entender que a infração descrita no presente auto de infração restou devidamente configurada. Voto ainda, desacordo com o parecer da Procuradoria Fiscal do Estado que votou pela parcial procedência do Auto de Infração. É o voto. Conselheira Relatora DECISÃO: Vistos, discutidos e examinados os presentes autos, em que é recorrente e recorrido: DIVISÃO DE PROCEDIMENTOS ADM. FISCAIS e interessado:..., RESOLVEM os membros da CÂMARA DE JULGAMENTO DO CONSELHO DE RECURSOS FISCAIS DO ESTADO DE RORAIMA, por maioria dos presentes com direito a voto, conhecer do recurso de ofício, dar-lhe provimento, para reformar a decisão de primeira instância, que julgou improcedente o Auto de Infração nº 000664/2010, e decidir pela total procedência da ação fiscal, nos termos do voto da Relatora, em desacordo com o parecer da Procuradoria do Estado. Foi excluído do julgamento o Exmº. Sr. Arnaldo Mendes de Souza Cruz, com base no inciso I, único, do artigo 18, do Dec. 856-E/94. SALA DAS SESSÕES DA CÂMARA DE JULGAMENTO DO CONSELHO DE RECURSOS FISCAIS DO ESTADO DE RORAIMA, em Boa Vista -RR, 22 de julho de 2011. ELIAS SANTOS CHAGAS
Presidente Conselheira MANOEL CARLOS BARBOSA ALMEIDA ARNALDO MENDES DE SOUZA CRUZ LUIZ TRAVASSOS DUARTE NETO RICARDO HERCULANO B. DE MATTOS CELSO ROBERTO BONFIM DOS SANTOS Procurador do Estado