XIV Congresso Paulista de Clínicos Veterinários de Pequenos Animais - CONPAVEPA - São Paulo-SP

Documentos relacionados
ESTUDO DE 15 CASOS DE DIOCTOPHYMA RENALE NA REGIÃO DE PELOTAS-RS STUDY OF 15 CASES IN DIOCTOPHYMA RENALE PELOTAS-RS REGION

DIOCTOFIMOSE RENAL EM CÃO RELATO DE CASO

Eliminação de Dioctophyme renale pela urina em canino com dioctofimatose em rim esquerdo e cavidade abdominal Primeiro relato no Rio Grande do Sul

ACHADOS ULTRASSONOGRÁFICOS DE INFESTAÇÃO POR DIOCTOPHYMA RENALE EM CÃES DA REGIÃO DE ALEGRE ESPÍRITO SANTO.

PUBVET, Publicações em Medicina Veterinária e Zootecnia. Disponível em: <

DIOCTOFIMOSE EM UM CÃO PROVENIENTE DO MUNICÍPIO DE VALENÇA, RJ: RELATO DE CASO RESUMO

CELIOTOMIA 2/9/2016 CELIOTOMIA. CELIOTOMIA (laparotomia mediana) DEFINIÇÃO CLASSIFICAÇÃO:

CIRURGIAS DO TRATO URINÁRIO

NEFRECTOMIA DIREITA EM CÃO PARASITADO POR DIOCTOPHYME RENALE: RELATO DE CASO

Monografia de Conclusão de Curso

Patologia Clínica e Cirúrgica

Journal of Veterinary Science and Public Health. Dioctophyma renale em testículo de cão no município de Curitibanos, SC, Brasil Relato de caso

PROJETO DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA MEDICINA VETERINÁRIA

TÉCNICAS DE VARREDURA ABDOMINAL ULTRASSONOGRAFIA

Dioctofimatose renal bilateral e disseminada em cão 1

TRIORQUIDISMO EM COELHO RELATO DE CASO TRIORCHIDISM IN A RABBIT CASE REPORT

Nefrectomia unilateral em um cão parasitado por Dioctophyma renale: Relato de caso

REVISTA CIENTÍFICA ELETRÔNICA DE MEDICINA VETERINÁRIA ISSN: Ano X Número 19 Julho de 2012 Periódicos Semestral

Sistema urinário. Aparelho Urinário. Órgãos urinários. Órgãos urinários. Rins. Ureteres. Bexiga urinária. Uretra. Sistema urogenital

23/08/2016 HÉRNIAS HÉRNIAS EM PEQUENOS ANIMAIS HÉRNIAS HÉRNIAS PARTES DE UMA HÉRNIA: CLASSIFICAÇÃO PARTES DE UMA HÉRNIA: DEFINIÇÃO:

AVALIAÇÃO ULTRASSONOGRÁFICA DE NEOPLASIAS MAMÁRIAS EM CADELAS (Ultrasonographic evaluation of mammary gland tumour in dogs)

FÍSTULA EM FACE LATERAL DE MEMBRO PÉLVICO DE CADELA, CAUSADA POR REAÇÃO AO FIO DE SUTURA UTILIZADO EM OVÁRIO-HISTERECTOMIA

INTUSSUSCEPÇÃO DE CORNO UTERINO EM CADELA

AGENESIA VULVAR EM CADELA (Canis lupus familiaris): RELATO DE CASO

Campus Universitário s/n Caixa Postal 354 CEP Universidade Federal de Pelotas.

Ciclo errático de Dioctophyme renale: relato de dos casos

ANAIS 37ºANCLIVEPA p.0167

TÉCNICA CIRÚRGICA DE ABLAÇÃO TOTAL DO CONDUTO AUDITIVO DE CÃO ACOMETIDO POR OTITE. Introdução

SITIOS DE INCISÃO ABDOMINAL. Prof. Dr. João Moreira da Costa Neto Departamento de Patologia e Clínicas UFBA

Pequeno aumento de tamanho, contornos regulares e parênquima homogêneo. Vasos lienais de calibres preservados. RINS...

Toxocara canis Toxocara cati

TÍTULO: EFEITO DA CASTRAÇÃO E DA REPOSIÇÃO HORMONAL SOBRE OS PARÂMETROS CORPORAIS E ÓRGÃOS GENITAIS INTERNOS DE RATOS MACHOS E FÊMEAS

Resumo: Anais do 38º CBA, p.2097

DOENÇAS INFECCIOSAS DE CÃES

Anais do 38º CBA, p.1751

Diagnóstico de Dioctophyma renale em um cão na baixada santista através da ultrassonografia abdominal

INFECÇÃO NATURAL POR TRINTA E QUATRO HELMINTOS DA ESPÉCIE DIOCTOPHYMA RENALE (GOEZE, 1782) EM UM CÃO.

DEMODICOSE CANINA: REVISÃO DE LITERATURA

UTILIZAÇÃO DE MEMBRANA BIOSINTÉTICA DE HIDROGEL COM NANOPRATA NO PROCESSO CICATRICIAL DE QUEIMADURA DÉRMICA CAUSADA DURANTE TRANS-OPERATÓRIO

Palavras-chave: canino, cirurgia, fragilidade muscular, herniação perineal Keywords: canine, surgery, muscle weakness, perineal hernia

DIAGNÓSTICO CLÍNICO E HISTOPATOLÓGICO DE NEOPLASMAS CUTÂNEOS EM CÃES E GATOS ATENDIDOS NA ROTINA CLÍNICA DO HOSPITAL VETERINÁRIO DA UNIVIÇOSA 1

ANAIS 37ºANCLIVEPA p Residente Multiprofissional em saúde na área de Clínica Cirúrgica, HOVET- UFRA,

ASSOCIAÇÃO DE FIXADOR ESQUELÉTICO EXTERNO COM PINO INTRAMEDULAR EM CONFIGURAÇÃO TIE-IN NO TRATAMENTO DE FRATURA DE ÚMERO EM CÃO RELATO DE CASO

Dioctophyme renale O VERME GIGANTE DO RIM: REVISÃO DE LITERATURA

PREVALÊNCIA DE PARASITAS GASTROINTESTINAIS EM AMOSTRAS DE FEZES CANINAS ANALISADAS NA REGIÃO DA BAIXADA SANTISTA SP

PESQUISA DE ENDOPARASITAS EM CÃES DE COMPANHIA NA REGIÃO DE ÁGUAS CLARAS-DF

HIMENOLEPÍASE RA:

PRIMEIRO DIAGNÓSTICO DE PLATINOSOMOSE EM FELINOS DO HOSPITAL VETERINÁRIO DO IFPB CAMPUS SOUSA

EXAME DE URETROGRAFIA CONTRASTADA PARA DIAGNÓSTICO DE RUPTURA URETRAL EM CANINO RELATO DE CASO

Dioctophyma renale em lobo-guará Relato de caso post mortem. Dioctophyma renale in guará wolf (Chrysocyon brachyurus) Post mortem case report

INTRODUÇÃO. Formação: Funções: Dois rins Dois ureteres Bexiga Uretra. Remoção resíduos Filtração do plasma Funções hormonais

ULTRASSONOGRAFIA PEQUENOS ANIMAIS

Acta Scientiae Veterinariae ISSN: Universidade Federal do Rio Grande do Sul Brasil

Estrongiloidíase. - São 52 espécies pertencentes à família Strongyloididae, mas apenas o S. stercoralis é patogênico para o homem.

INTUSSUSCEPÇÃO UTERINA EM GATA (Felis catus): RELATO DE CASO. UTERINE INTUSSUSCEPTION IN CAT (Felis catus): CASE REPORT

ESQUISTOSSOMOSE. Profa Carolina G. P. Beyrodt

ANAIS 37ºANCLIVEPA p.0877

Nefrectomia em um cão Boiadeiro Australiano parasitado por Dioctophyma renale

RESEARCH NOTE / NOTA CIENTÍFICA

Médico Veterinário, Especialista em Patologia Veterinária da Histopathus- SEMEV.

A ULTRASSONOGRAFIA NO DIAGNÓSTICO E PROGNÓSTICO DE DIOCTOPHYMA RENALE EM CÃES

PREVALÊNCIA DE PARASITOS INTESTINAIS EM GATOS DOMÉSTICOS JOVENS COM DIARREIA PREVALENCE OF INTESTINAL PARASITES IN YOUNG DOMESTIC CATS WITH DIARRHEA

ESTUDO RETROSPECTIVO DE NEOPLASMAS FELINOS DIAGNOSTICADOS DURANTE O PERÍODO DE 1980 A INTRODUÇÃO

ULTRASSONOGRAFIA PEQUENOS ANIMAIS

Infecção por -=3 Trichodina sp. na pele do pirarucu. (B) Detalhe mostrando em maior aumento o parasito Trichodina sp,

RADIOGRAFIA ABDOMINAL. Profª Drª Naida Cristina Borges

OCORRÊNCIA DE CASOS DE ANCYLOSTOMA CANINUM E TOXOCARA CANIS NO HOSPITAL VETERINÁRIO ESCOLA (HEV) ( ) MAPUTO MOÇAMBIQUE

Características gerais

FIBROADENOCARCINOMA, CARCINOSSARCOMA E LIPOMA EM CADELA RELATO DE CASO FIBROADENOCARCINOMA, CARCINOSARCOMA AND LIPOMA IN BITCH - CASE REPORT

Vilde Rodrigues de Oliveira. Capillaria spp. em dois Felinos: Relato de caso

UROLOGIA. Especialidade médica que estuda o aparelho gênito-urinário masculino e urinário feminino e se preocupa com suas doenças.

ECHINOCOCCUS GRANULOSUS

Anais do 38º CBA, p.1438

XVI Reunião Clínico - Radiológica. Dr. RosalinoDalasen.

Marque a opção do tipo de trabalho que está inscrevendo: ( ) Resumo (X) Relato de Caso WING TIP OEDEMA EM CORUJA MOCHO-DIABO (ASIO STYGIUS)

CARCINOMA PULMONAR MESTASTÁTICO RESPONSIVO À QUIMIOTERAPIA ANTINEOPLÁSICA EM CADELA: RELATO DO CASO

[ERLICHIOSE CANINA]

04/06/2018. APP: Human Body (Male) Sistemas Humanos. Prof. Leonardo F. Stahnke. Sistema Respiratório

CIRURGIAS DO SISTEMA GENITAL FEMININO. João Moreira da Costa Neto

HIPERADRENOCORTICISMO CANINO ADRENAL- DEPENDENTE ASSOCIADO A DIABETES MELLITUS EM CÃO - RELATO DE CASO

Sub-Reino Metazoa. - Esse sub-reino possui 30 filos, sendo 2 de importância médica. São os filos Platyhelminthes e Nemathelminthes.

SERVIÇO DE CLÍNICA MÉDICA DE PEQUENOS ANIMAIS DO INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE - CÂMPUS CONCÓRDIA

Resumo: Anais do 38º CBA, p.1725

Jaboticabal/SP. 4 Professora Doutora em Anestesiologia Veterinária, Universidade Federal do Pará.

GABARITO OFICIAL. Área de concentração: ANESTESIOLOGIA

MARIANA MOTTA DE CASTRO

ESTUDO DE NEOPLASMAS MAMÁRIOS EM CÃES 1

Presença de Spirocerca lupi (Rudolphi, 1809) em Canino Relato de Caso

PUBVET, Publicações em Medicina Veterinária e Zootecnia. Adenocarcinoma nasal em cão: relato de caso

Pesquisa Institucional desenvolvida no Departamento de Estudos Agrários, pertencente ao Grupo de Pesquisa em Saúde Animal, da UNIJUÍ 2

UNICAM ENSINO PROFISSIONAL CURSO DE AUXILIAR VETERINÁRIO PEQUENO PORTE NOME COMPLETO ALUNO

Dioctophyma renale em 28 cães: aspectos clinicopatológicos e ultrassonográficos 1

ESQUISTOSSOMOSE PROFESSORA: MÁRCIA BUDTINGER

HERNIA PERITONIO PERICÁRDICA EM CÃO: RELATO DE CASO PERICARDIO-PERITONEAL HERNIA IN DOG: CASE REPORT

Dioctophyma renale: Revisão

O presente estudo tem como finalidade avaliar a eficácia da coleira KILTIX, do laboratório BAYER, no controle do carrapato Rhipicephalus sanguineus.

FASCIOLOSE. Disciplina de Parasitologia

Anais do 38º CBA, p.0882

AVALIAÇÃO EPIDEMIOLÓGICA E HEMATOLÓGICA DO TUMOR VENÉREO TRANSMISSÍVEL EM CÃES NO HOSPITAL VETERINÁRIO DA UFCG

Transcrição:

Dioctophyme renale NA MUSCULATURA ABDOMINAL DE UM CÃO RELATO DE CASO PRESENCE OF Dioctophyme renale IN THE MUSCLES OF ABDOMINAL WALL OF A DOG - CASE REPORT CAYE, P.¹; MILECH, V. 2 ; LIMA, C.S. 3 ; BRAGA, F.V.A 4 ; DURANTE, L.H. 5 ; RAPPETI, J.C.S 6 ¹Universidade Federal de Pelotas (UFPel) pamiscaye@gmail.com ²UFPel- vanessamilech@gmail.com 3 Universidade de Franca- charless.lima@yahoo.com.br 4 UFPel - bragafa@hotmail.com 5 Médica Veterinária - lhdurante@hotmail.com 6 UFPel josainerappeti@yahoo.com.br INTRODUÇÃO Palavras-chave: Parasito, dioctofimatose, verme. Dioctophyme renale (Goeze,1782) é um nematóide que parasita preferencialmente o rim direito de animais carnívoros, reduzindo o órgão a uma cápsula fibrosa. Este parasito é conhecido como verme gigante do rim, podendo chegar a 100 centímetros de comprimento e 1,2 centímetros de diâmetro. É caracterizado como uma zoonose, podendo assim parasitar humanos (ALVES et al., 2007). Comumente a migração é para o rim direito, visto que está mais próximo ao duodeno (FORTES, 1997). Apesar da maior parte dos relatos serem sobre a ocorrência em rim direito, existem diversos casos na literatura que descrevem o achado deste parasito em localizações ectópicas (CAMARGO ET AL., 2013; FIGUEIREDO ET AL., 2013). O seu achado em musculatura é incomum. O ciclo biológico do parasito é indireto, tendo como hospedeiros definitivos preferencialmente os cães, além de outros mamíferos. O hospedeiro intermediário essencial é um anelídeo oligoqueta aquático (Lumbriculus variegatus) e podem existir, ainda, hospedeiros paratênicos, como peixes e rãs. No hospedeiro intermediário, ao serem consumidos os hospedeiros paratênicos infectados com a forma larval infectante (L3) de Dioctophyme renale (D. renale), ou o próprio anelídeo, as larvas (L3) atravessam a parede intestinal e migram ao rim (KOMMERS et al., 1999). O diagnóstico é realizado através do achado de ovos amarronzados de parede espessa e em forma de barril no exame parasitológico de urina. O resultado positivo na urinálise só é possível em infestações com fêmeas (MORAILLON et al., 2013). Outro método muito eficaz é a ultrassonografia, constatando a presença de estruturas tubulares com finas paredes hiperecogênicas 108

(COTTAR et al., 2012). Nenhuma terapia médica é efetiva contra a dioctofimatose (BRUN et al., 2002). O único tratamento é a remoção cirúrgica, que pode ser de todo o rim afetado, através de nefrectomia, ou apenas do parasito quando em outros órgãos (MORAILLON et al., 2013). Este trabalho tem como objetivo relatar um caso de dioctofimatose em massa muscular diagnosticada em um cão. RELATO DO CASO Um cão, macho, 21 kg, 5 anos, sem raça definida (SRD), foi trazido para atendimento e, após anamnese, foi constatado aumento de volume nos testículos e na base do pênis. O exame ultrassonográfico indicou a presença de estruturas tubulares com finas paredes hiperecogênicas sugerindo D. renale, localizado lateralmente ao pênis, em tecido subcutâneo e região inguinal da cavidade abdominal (Figura 1 - A). Após o diagnóstico de D. renale o animal foi encaminhado para tratamento cirúrgico. A medicação pré-anestésica constou de 0,05 mg/kg de acepromazina e 0,4 mg/kg de morfina. A indução anestésica foi com dose de 4 mg/kg de propofol, seguida de manutenção com isoflurano 3% vaporizado com oxigênio a 100%. O paciente foi preparado e realizou-se uma incisão pré-retroumbilical mediana para realização de laparotomia exploratória. Ato contínuo, realizou-se divulsão da musculatura do músculo reto abdominal visualizando-se galerias (Figura 1 - B) indicativas de migração do parasito. Este foi localizado, removido, o local desbridado e a parede abdominal suturada de maneira usual. O verme media 50 centímetros de comprimento (Figura 1 C,D). 109

Figura 1 Cão, macho, SRD, com dioctofimatose. A- Ultrassonografia modo B, demonstrando padrão compatível com D. renale no tecido subcutâneo em região inguinal. B- Galeria formada por migração de D. renale no músculo reto abdominal. C, D- Parasito sendo removido. Fonte: suprimida. A medicação pós-operatória constou de 4 mg/kg de cloridrato de tramadol e 0,2 mg/kg de meloxicam. Os pontos de pele foram removidos aos sete dias de pós-operatório. DISCUSSÃO Embora frequentemente os casos de dioctofimatose em cães acometam o rim direito, sua ocorrência em outros órgãos e livre na cavidade abdominal vem sendo relatada ao longo dos anos. Foram descritos casos de presença do parasito na região inguinal esquerda (FIGUEIREDO et al., 2013) e na região inguinal direita (MAIA et al., 2012), no interior do saco gestacional em corno uterino direito (VEIGA et al., 2012), parcialmente alojado em cavidade torácica perfurando o diafragma (ZABOTT et al., 2012), em tumor de mama na mama abdominal caudal esquerda 110

(FIGUEIREDO et al., 2013), nos pulmões, livre na cavidade torácica, livre na cavidade abdominal, escroto, ureter e rim esquerdo (CAMARGO et al., 2013). O fato da ocorrência do parasito em massa muscular é considerado incomum, como verificado pela literatura. O procedimento cirúrgico descrito resultou em remoção do parasito, que estava alojado no músculo reto abdominal formando galerias na massa muscular. Isso é explicado pela produção de enzimas proteolíticas e lipolíticas liberadas por glândulas esofágicas do parasito, causando necrose de coagulação (PEDRASSANI, 2009). A realização de uma laparotomia exploratória foi justificada pelo fato da possibilidade de existirem parasitos no interior da cavidade abdominal (CAMARGO et al., 2013). Tal produção enzimática também justifica a migração realizada pelo nematóide, que primariamente estava localizado em tecido subcutâneo, lateral ao pênis do paciente, mas que durante o procedimento não foi encontrado. Isto levou à realização de laparotomia exploratória com o intuito de encontrar o nematóide. Porém, após inspeção e visualização de aumento de volume na musculatura foi encontrado no músculo reto abdominal. O parasito formou galerias que indicavam a migração pela região inguinal. O prognóstico para dioctofimatose em massa muscular é relativo ao local afetado, à carga parasitária e ao tempo de infecção. O animal acometido sofrerá destruição tecidual, causada pela liberação das enzimas esofágicas citadas anteriormente e pela própria migração do nematóide pelos tecidos. CONSIDERAÇÕES FINAIS O D. renale tem a capacidade de parasitar a massa muscular de cães. Percebe-se que um correto exame clínico, acompanhado de exame ultrassonográfico, é fundamental para um diagnóstico preciso, sendo que a correta localização é de vital importância para a determinação da abordagem cirúrgica. REFERÊNCIAS ALVES, G.C., SILVA, D.T., NEVES, M.F. Dioctophyma renale: O parasita gigante do rim. Revista Científica Eletrônica de Medicina Veterinária, Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia de Garça/FAMED, 2007. BRUN, M.V.; BECK, C.A.C.; MARIANO, M.B.; ANTUNES, R.; PIGATTO, J.A.T. Nefrectomia laparoscópica em cão parasitado por Dioctophyma renale Relato de Caso. Arquios de Ciências Veterinárias e Zoologia da UNIPAR,v.5, n.1, p. 145-152, 2002. 111

CAMARGO, M.C.; ARRUDA, P.M.; PARIZOTTO, L.H.; GALINDO, C.M.; MATTEI, V.; GRANEMANN, M.C. Localizações ectópicas de Dioctophyma renale em cães, gatos e quatis em Santa Catarina. Archives of Veterinary Science, v.18, resumo 240, 2013. COTTAR, B.H.; DITTRICH, G.; FERREIRA, A.A.; CARVALHO, A.C.P.; ALBERNAZ, V.G.P.; LUZ, M.T.; TASQUETI, U.I. Achados ultrassonográficos de cães parasitados por Dioctophyma renale estudo retrospectivo. Veterinária e Zootecnia, v.19, n.1, p. 8-11, 2012. FIGUEIREDO, A.P.; DA SILVA, D.F.; MANRIQUE, W.G.; DE SOUSA, A.A.R. Ciclo errático de Dioctophyme renale: relato de dois casos. Orinoquia, v.17, n.1, 2013. FORTES, E. Parasitologia Veterinária. São Paulo-SP: Editora Cone, 3 ed., 1997. KOMMERS, G.D., ILHA, M.R.S., DE BARROS, C.S.L. Dioctofimose em cães: 16 casos. Ciência Rural, v. 29, n.3, 1999. MAIA, V.C.C.; VIEIRA, S.L.; OLIVEIRA, P.C.; CAMPOS, F.S.; HORTA, V.; DA VEIGA, C.C.P. Dioctofimose inguinal em cão relato de caso. Anais do I Simpósio Internacional de Ultrassonografia em Pequenos Animais. Botucatu-SP, Brasil, v.19, n.1, 2011. MORAILLON, R.; LEGEAV, Y.; BOUSSARIE, D.; SÉNÉCAT, ODILE. Manual Elsevier de Medicina Veterinária. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013. PEDRASSANI, D. Aspectos morfológicos, imunológicos e epidemiológicos do Dioctophyme renale em cães no distrito de são cristóvão, Três Barras, Santa Catarina. Novembro de 2009. Tese (Doutorado em Medicina Veterinária) Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinária UNESP, Campus de Jaboticabal. VEIGA, C.C.P.; DE OLIVEIRA, P.C.; FERREIRA, A.M.R.; AZEVEDO, F.D.; VIEIRA, S.L.; PAIVA, M.G.A. Dioctofimose em útero gravídico em cão Relato de caso. Revista Brasileira de Medicina Veterinária, v.34, n.3, p.188-191. 112

ZABOTT, M.V.; PINTO, S.B.; VIOTT, A.M.; TOSTES, R.A.; BITTENCOURT, L.H.F.B.; KONELL, A.L.; GRUCHOUSKEI, L. Ocorrência de Dioctophyma renale em Galictis cuja. Pesquisa Veterinária Brasileira, v.32, n.8, p. 786-788, 2012. 113