Revisão de literatura

Documentos relacionados
Programa Analítico de Disciplina VET331 Anestesiologia Veterinária

42º Congresso Bras. de Medicina Veterinária e 1º Congresso Sul-Brasileiro da ANCLIVEPA - 31/10 a 02/11 de Curitiba - PR 1

FÁRMACOS USADOS EM AMINAIS DE LABORATÓRIO ANESTÉSICOS E ANALGÉSICOS

AVALIAÇÃO DA NEUROLEPTOANALGESIA COM ASSOCIAÇÃO DA ACEPROMAZINA E MEPERIDINA EM CÃES SUBMETIDOS À ANESTESIA

PROTOCOLOS E TÉCNICAS ANESTÉSICAS UTILIZADAS EM OVARIOSALPINGOHISTERECTOMIAS NO INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE, CAMPUS

Medicação Pré-Anestésica

Anestesia. em cirurgia cardíaca pediátrica. por Bruno Araújo Silva

EXAME DE URETROGRAFIA CONTRASTADA PARA DIAGNÓSTICO DE RUPTURA URETRAL EM CANINO RELATO DE CASO

Programa para Seleção Clínica Cirúrgica e Obstetrícia de Pequenos Animais

- Mortalidade em equinos é muito alta (1:100) se comparadaà observ ada em pequenos animais (1:1000) e em humanos (1: )

ANESTESIA POR TUMESCÊNCIA: REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

TÉCNICA CIRÚRGICA DE ABLAÇÃO TOTAL DO CONDUTO AUDITIVO DE CÃO ACOMETIDO POR OTITE. Introdução

PROTOCOLO DE ANALGESIA

Letícia Rodrigues Parrilha 1 ; Mariana Venâncio dos Santos¹; Rodrigo Jesus Paolozzi 2, Fernando Silvério Cruz². 1 INTRODUÇÃO

BLOQUEIO ECOGUIADO DO PLANO TRANSVERSO ABDOMINAL EM GATAS SUBMETIDAS À LAPAROTOMIA

CUIDADOS PERI-OPERATÓRIOS, DIAGNÓSTICO E CONTROLE DA DOR

ANESTESIA EM ANIMAIS DE LABORATÓRIO

OSTEOSSARCOMA DE ESCÁPULA EM CÃO BOXER 1

ANESTESIA E ANALGESIA EPIDURAL LOMBOSSACRA EM PEQUENOS ANIMAIS 1

PROTOCOLO MÉDICO CÓLICA NEFRÉTICA. Área: Médica Versão: 1ª

Estudo Compara Efeitos da Morfina Oral e do Ibuprofeno no Manejo da Dor Pós- Operatória

1.Cite fatores maternos, obstétricos, fetais e do ambiente de prática obstétrica que aumentam a incidência de cesarianas.

PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA 2016 Sociedade de Anestesiologia do Distrito Federal 3ª ETAPA

ANEXO I ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: CIRURGIA DE PEQUENOS ANIMAIS

ria: Por Que Tratar? Can Dr. Daniel Volquind TSA/SBA

ANESTÉSICOS E OUTROS AGENTES ADJUVANTES MAIS UTILIZADOS

Anais do 38º CBA, p.0882

CIRURGIAS DO TRATO URINÁRIO

ÁREAS: OBSTETRÍCIA, PATOLOGIA CLÍNICA CIRÚRGICA E ANESTESIOLOGIA

Comissão de Residência Multiprofissional e em Área Profissional da Saúde COREMU. Edital nº: 21/2015 ProPPG/UFERSA

PLANO DE CURSO 8 PERÍODO ANO:

Mário Tadeu Waltrick Rodrigues Anestesiologista TSA / SBA. Pós Graduado em Terapia da Dor Universidade de Barcelona

Anestesia fora do Centro Cirúrgico

Patologia Clínica e Cirúrgica

RUPTURA DE BEXIGA OCASIONADA POR UROLITÍASE - RELATO DE CASO

RESOLUÇÃO Nº 14, DE 30 DE SETEMBRO DE 2010

FARMACOLOGIA Aula 3. Prof. Marcus Vinícius

Resumo. Abstract. Professora Doutora Departamento de Clínicas Veterinárias Universidade Estadual de Londrina. 4

MODELAGEM MATEMÁTICA DO COMPORTAMENTO CANINO APÓS A OVARIOSSALPINGOHISTERECTOMIA 1

Protocolo para o tratamento da dor aguda

Anestesia para cirurgia ambulatorial na criança

Transtornos de importância clínica no sistema urinário dos ruminantes

DOR 31/05/2010 PERCEPÇÃO DE UMA INJÚRIA TECIDUAL INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA DOR EM MEDICINA VETERINÁRIA NA MEDICINA VETERINÁRIA

ANESTESIA E ANALGESIA DE ANIMAIS UTILIZADOS EM PROTOCOLOS EXPERIMENTAIS

Analgesia Pós-Operatória em Cirurgia de Grande Porte e Desfechos

TÉCNICA CIRÚRGICA PARA CESARIANAS EM CADELAS E GATAS SURGICAL TECHNIQUE ENUCLEATION - REVIEW OF LITERATURE

Módulo 1 ABORDAGEM E OPÇÕES TERAPÊUTICAS NO DOENTE COM LITÍASE RENAL AVALIAÇÃO DIAGNÓSTICA CÓLICA RENAL 3 OBSERVAÇÃO 4 OPÇÕES TERAPÊUTICAS

23/07/14 ANESTESIA INALATÓRIA. ! Evolução da Anestesia Inalatória. ! Características da Anestesia Inalatória. ! Administrados por via aérea.

Introdução. Existem três termos utilizados em relação à percepção da dor:

Adrenalina. Vasoactivo. Apresentação: ampolas de 1 mg/1 ml (1 mg/ml) Dose de indução: 0,5-1 mg

Anexo da Política de Anestesia e Sedação

QUESTIONÁRIO SOBRE TRATAMENTO DA DOR AGUDA PÓS-OPERATÓRIA

I PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA E ATUALIZAÇÃO EM ANESTESIOLOGIA E DOR DA SARGS ANESTESIA PEDIÁTRICA: PODEMOS REDUZIR A MORBIMORTALIDADE?

22/07/14. ! Sucesso anestésico depende...! Escolha de um protocolo anestésico adequado! Adequada perfusão e oxigenação tecidual! Monitoração eficiente

UTILIZAÇÃO DE MORFINA, METADONA OU CETAMINA PELA VIA EPIDURAL EM CADELAS SUBMETIDAS À OVARIOHISTERECTOMIA 1

CONTROLE DA DOR CRÔNICA AGUDIZADA EM CÃO SUBMETIDO À EXÉRESE DE MASTOCITOMA.

SERVIÇO DE CLÍNICA MÉDICA DE PEQUENOS ANIMAIS DO INSTITUTO FEDERAL CATARINENSE - CÂMPUS CONCÓRDIA

ANESTESIA TOTAL INTRAVENOSA COM PROPOFOL OU PROPOFOL E CETAMINA: META-ANÁLISE

Avaliação de dois protocolos de analgesia transoperatória em cadelas submetidas à mastectomia unilateral total

Vilde Rodrigues de Oliveira. Capillaria spp. em dois Felinos: Relato de caso

Infusão contínua de propofol associado ao bloqueio peridural em cão submetido à ressecção da cabeça do fêmur

Programa Analítico de Disciplina VET375 Clínica Médica de Cães e Gatos

USO DE SEDAÇÃO ORAL PARA O ATENDIMENTO ODONTOLÓGICO NO NESO

INFECÇÃO DO TRATO URINÁRIO

INSUFICIÊNCIA RENAL AGUDA EM GATOS

UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE Rafael Palhano da Luz RELATÓRIO DE ESTÁGIO CURRICULAR

Anais do 38º CBA, p.1438

EFICÁCIA ANALGÉSICA DA MORFINA, METADONA E CETAMINA EM COELHOS COM SINOVITE INDUZIDA POR LIPOPOLISSACARÍDEO

ANAIS 37ºANCLIVEPA p.0211

1/100 RP Universidade de São Paulo 1/1 INSTRUÇÕES PROCESSO SELETIVO PARA INÍCIO EM ª FASE: GRUPO 5: VETERINÁRIA

PUBVET, Publicações em Medicina Veterinária e Zootecnia. Persistência do quarto arco aórtico direito em um cão - Relato de caso

GABARITO OFICIAL. Área de concentração: ANESTESIOLOGIA

CUIDADOS FARMACÊUTICOS NA DOR. Prof. Dra. Eliane Aparecida Campesatto Laboratório de Farmacologia e Imunidade Universidade Federal de Alagoas

Prostaglandinas. Analgésicos. Analgésicos. Anti-inflamatórios. Antiinflamatórios. Analgésicos Anti-inflamatórios Não Esteroidais - AINES

CURSO AUXILIAR TÉCNICO DE VETERINÁRIA HANDBOOK

Opioides: conceitos básicos. Dra Angela M Sousa CMTD-ICESP

AVALIAÇÃO DAS HISTERECTOMIAS VAGINAIS REALIZADAS NO HOSPITAL DE CÍNICAS DE TERESÓPOLIS.

Medicação Pré-anestésica Medicação Pré-anestésica (MPA) Medicação Pré-anestésica Considerações Importantes

ESTUDOS AVANÇADOS EM ANESTESIOLOGIA REGIONAL

ANEXO IV CONTEÚDOS PROGRAMÁTICOS DAS PROVAS E RESPECTIVAS REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Anti-inflamatórios. Analgésicos Anti-inflamatórios inflamatórios Não. Anti-inflamatórios inflamatórios Não Esteroidais 04/06/2013.

Assistência de enfermagem no período pré-operatório. Aline Carrilho Menezes

EDITAL 078/ Coordenação do Curso na data de divulgação do edital: Prof. Jorge José Rio Tinto de Matos

3/6/ 2014 Manuela Cerqueira

ASPECTOS CLÍNICO-CIRÚRGICOS E RADIOLÓGICOS DE HÉRNIA PERINEAL BILATERAL COM RETROFLEXÃO VESICAL EM CANINO. 1. Introdução

CONSIDERAÇÕES ANESTÉSICAS EM ANIMAIS DE LABORATÓRIO 1 CONSIDERATIONS ABOUT ANESTHESIA IN LABORATORY ANIMALS

II Simpósio Mineiro de Clínica Cirúrgica de Cães e Gatos. Normas Para Publicação de Trabalhos Científicos

Dor Aguda em Usuário Crônico de Opióides: Como Tratar?

Estudo Restrospectivo da casuística...

INTUSSUSCEPÇÃO UTERINA EM GATA (Felis catus): RELATO DE CASO. UTERINE INTUSSUSCEPTION IN CAT (Felis catus): CASE REPORT

ASSOCIAÇÃO DE MIDAZOLAM E NEUROLEPTOANALGESIA PARA ESTUDO RADIOGRÁFICO DE ARTICULAÇÃO COXOFEMORAL EM CÃES DA RAÇA PASTOR ALEMÃO

ANESTESIA EM CALOPSITA (Nymphicus Hollandicus) PARA RETIRADA DE CISTO DE INCLUSÃO DE PENA - RELATO DE CASO

GABARITO OFICIAL. Área de concentração: ANESTESIOLOGIA

PROGRAMA DE COMPONENTES CURRICULARES

CONTEÚDO PROGRAMÁTICO

CIRURGIÃO. Dr. Lucas Dehnhardt CRMV

PROCEDIMENTO PREPARATÓRIO FACE A FACE FRENTE A ANSIEDADE E DOR EM JOVENS SUBMETIDOS À EXODONTIA DE TERCEIRO MOLAR SUPERIOR

Transcrição:

INFUSÃO CONTINUA DE DIPIRONA EM UM CÃO SUBMETIDO À CISTOTOMIA E NEFROTOMIA - RELATO DE CASO Rochelle GORCZAK 1* ; Marilia Avila VALANDRO 1 ; Raimy Costa MARTINS 1 ; Marcelo ABATTI 2 ; Gabriela Ilha Jauriguiberry RODRIGUES 2 e André Vasconcelos SOARES 3 1 Programa de Pós-Graduação em Ciência Animal, Universidade Federal do Pampa (Unipampa), Uruguaiana, RS, Brasil, *rochellegorczak@gmail.com. 2 Discente do curso de Medicina Veterinária Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). 3 Professor Doutor de Medicina Veterinária na UFSM. Resumo O manejo da dor é essencial, sendo que o uso de dipirona está comprovado no controle da dor pós-operatória em caninos, devido sua analgesia possibilitar controle da dor visceral suave a moderada sem efeitos colaterais quando administrada em bolus ou por infusão contínua. Objetivou-se relatar o uso da infusão contínua de dipirona como adjuvante analgésico em um canino, fêmea, da raça Shih-Tzu, seis anos de idade, pesando 4,5kg, submetido a cistotomia e nefrotomia no HVU-UFSM. O paciente apresentava sinais clínicos, e alterações laboratoriais e ultrassonográficas sugestivos de urólitos na vesícula urinária e pelve renal direita, sendo indicada a realização de cistotomia e nefrotomia. Na avaliação pré-anestésica, o animal foi classificado como ASA III, recebendo como medicação pré-anestésica metadona associada ao midazolam, ambos IM. A indução anestésica foi realizada com propofol e na manutenção foi utilizado isofluorano em oxigênio a 100%. Durante o procedimento, o paciente recebeu infusão continua de dipirona. No período trans-operatório avaliou-se FC, f, SpO 2, ETCO 2, PAM e TR que mantiveram-se estáveis durante esse período. Após o término do procedimento, o paciente teve um retorno tranquilo, mantido na infusão de dipirona por mais 30 minutos. Após cinco horas do término da cirurgia, administrou-se tramadol e dipirona. Assim, a infusão contínua de dipirona foi considerada efetiva como adjuvante no controle da dor para o referido procedimento Palavras-chave: analgesia, cão, cirurgia, metamizol. Key Words: analgesia, dog, surgery, metamizol. Revisão de literatura ANAIS 37ºANCLIVEPA p.0201

A urolitíase abrange cerca de 0,4 a 2% dos casos atendidos na clínica de pequenos animais (BOVEE e McGUIRE, 1984), considerado a terceira doença mais importante do sistema urinário em caninos domésticos (SOSNAR et al., 2005), onde a maioria (90%) dos cálculos urinários se localiza no aparelho urinário inferior (NELSON e COUTO, 2006) e os cálculos renais representam aproximadamente 4% destes casos de urolitíase. O tratamento clínico é menos traumático, mas pode ter recidiva, muitas vezes necessitando de intervenção cirúrgica com potencial de dor considerável (FOSSUM, 2008). A obstrução urinária é considerada uma situação emergencial, com efeitos sistêmicos (uremia), podendo levar à ruptura ureteral, vesical ou uretral (BEBCHUCK, 2004), resultando ainda em efusão e dor abdominal ou edema subcutâneo (NELSON e COUTO, 2006). A dor, sinal clínico observado em todas as fases dos procedimentos cirúrgicos, envolve reações fisiológicas complexas, não sendo apenas um incômodo (BASSANEZI e FILHO, 2006). A dor tratada incorretamente pode gerar efeitos negativos nos sistemas cardiovascular, respiratório, gastrintestinal, neuroendócrino e imune (BIEBUYCK, 1990). Nesse sentido, o fornecimento de analgesia adequada em um procedimento é de suma importância para o conforto do paciente. A administração de fármacos ou a utilização de técnicas analgésicas antes do paciente ser submetido à estímulos dolorosos, é conhecida como analgesia preemptiva, o que minimiza a hiperexcitabilidade, influenciando diretamente na qualidade e controle da dor pós-operatória (BASSANEZI e FILHO, 2006). A associação de analgésicos, como infusões de diferentes fármacos, no decorrer da anestesia inalatória é benéfica, potencializando a analgesia intra e pós-operatória (BEDNARSKI, 2014). O metamizol ou dipirona, utilizado no suporte analgésico quando pequenos animais apresentam dor aguda, também é indicado por sua ação antipirética (OTERO, 2005). Além disso, é classificada como uma pirazolona dentro dos AINES, sendo sua analgesia indicada para dor visceral suave a moderada, mas inadequada para dor pósoperatória moderada a grave (HANSON e MADDISON, 2010; SCH UTTER et al., 2015). O objetivo deste trabalho é relatar o uso da infusão contínua de dipirona como adjuvante analgésico em um canino submetido a cistotomia e nefrotomia. ANAIS 37ºANCLIVEPA p.0202

Descrição do caso Foi atendido, no Hospital Veterinário Universitário da UFSM, um canino da raça Shih- Tzu, fêmea, seis anos de idade e pesando 4,5 kg, com histórico de êmese há dois dias, dor abdominal, polidpsia e hematúria. O exame bioquímico sanguíneo apresentou elevação na creatinina (4,7mg/dL). A ecografia evidenciou estruturas hiperecoicas, compatíveis com urólitos, na vesícula urinária e pelve renal direita. Diante dos achados, optou-se pela nefrotomia direita e cistotomia, para retirada dos urólitos. Na avaliação pré-anestésica, o paciente foi classificado como ASA III, recebendo na medicaçãopré-anestésica, metadona (0,4 mg/kg) associada ao midazolam (0,3 mg/kg), ambos IM. A indução a anestesia geral foi realizada com propofol (4 mg/kg, IV) seguido da intubação orotraqueal com sonda Murphy de número 4. Após a indução, foi conectada a infusão contínua de dipirona (10 mg/kg/h, IV), visando potencialização da analgesia visceral. Na manutenção anestésica foi utilizado isofluorano (1 a 3 V%) em oxigênio a 100%. No período transoperatório, que durou 80 minutos, avaliou-se FC, f, SpO 2, ETCO 2, PAM e TR que mantiveram-se estáveis durante esse período. Ao término da cirurgia o paciente foi extubado em 3 minutos, apresentando retorno tranquilo e suave, mantido na infusão de dipirona por mais 30 minutos. Após cinco horas do término da cirurgia, administrou-se tramadol (5 mg/kg, SC) e dipirona (25 mg/kg, IV). O paciente não apresentou complicações pós-operatórias, mantendo-se estável, sem alterações nos parâmetros fisiológicos e sem presença de dor. Discussão Infusões de doses baixas de cetamina, lidocaína, opioides ou de associações, são indicadas para potencializar a analgesia já administrada. Quando associada à anestesia inalatória, se observa a diminuição significativa da concentração de anestésico inalatório necessária para a manutenção da anestesia (BEDNARSKI, 2014), como foi observada no decorrer do procedimento do paciente em questão. Otero (2005) realizou um estudo em pacientes caninos hospitalizados onde administrou dipirona (10 mg/kg/hora) por infusão contínua no controle da dor pós-operatória, registrando a diminuição dos valores nas escalas de dor e sem presença de efeitos ANAIS 37ºANCLIVEPA p.0203

colaterais. No entanto, o uso dessa infusão não foi relatado, até então, como tratamento no período trans-cirúrgico, como o utilizado no decorrer da cirurgia do caso relatado. Lamont e Mathews (2014) afirmam que a dipirona utilizada a curto prazo não causa úlcera gástrica ou nefrotoxicidade, mesmo em pacientes críticos, sinais não observados no paciente descrito. E afirmam que enquanto se utilizar uma infusão no paciente a concentração plasmática do fármaco se mantém adequada para manutenção analgésica, como foi no caso relatado que permaneceu por mais 30 minutos. Em outro estudo Sch utter e colaboradores (2015), administraram a dipirona no préoperatório de 17 caninos submetidos ovariohisterectomia e, com essa pesquisa, concluíram que o uso de tal fármaco como analgésico único não é recomendado. No entanto, o estudo indicou interligação entre o mecanismos de ação da dipirona e de opioides, indicando assim possíveis efeitos sinérgicos entre estes fármacos em cães, sendo indicado sua associação na medicação pré-anestésica, mesma associação utilizada no paciente. Conclusão Levando em conta a dor gerada pelo procedimento, o protocolo utilizado, com a infusão contínua de dipirona como adjuvante à anestesia, foi seguro e eficiente, e a analgesia referente à essa infusão foi adequada. REFERÊNCIAS BASSANEZI, B.S.B; FILHO, A.G.O. Analgesia pós-operatória. Colégio Brasileiro de Cirurgia. v. 33, n. 2, p. 116-122, 2006. BEBCHUCK, T. N. Cálculos e neoplasias na bexiga. In: HARARI, J. Segredos em cirurgia de pequenos animais. Porto Alegre: Artmed, 2004. p. 231-36. BEDNARSKI, R.M. Cães e Gatos. IN: TRANQUILLI, W.J.; THURMON, J.C; GRIMM, K.A. LUMB & JONES: Anestesiologia e Analgesia Veterinária. 4ª. Ed. São Paulo: Roca, 2014. p. 767-779. BIEBUYCK, J.F. The metabolic response to stress: an overview and update. Anesthesiology. v. 73, p. 308-327, 1990. ANAIS 37ºANCLIVEPA p.0204

BOVEE, K.C.; MCGUIRE, T. Qualitative and quantitative analysis of uroliths in dogs: definitive determination of chemical type. Journal of the American Veterinary Medical Association, v.185, n.9, p.983-987, 1984. FOSSUM, T.W. Cirurgia do Rim e Ureter. IN: FOSSUM, T.W.; DUPREY, L.P.; OO`CONNOR, D. Cirurgia de pequenos animais. 3 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, p. 635-662. 2008. p. 635-662. HANSON, P.D.; MADDISON, J.E. Anti-inflamatórios não esteroidais e agentes condroprotetores. In: MADDISON, J.E.; PAGE, S.W.; CHURCH, D.B. Farmacologia Clínica de Pequenos Animais. 2 ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. p. 282-305. OTERO, P. Manejo da Dor Aguda de Origem Traumática e Cirúrgica. Dor Avaliação e Tratamento em Pequenos Animais. São Caetano do Sul: Interbook, 2005. p. 122-141. LAMONT, L.A.; MATHEWS, K.A. Opioides, anti-inflamatórios não esteroidais e analgésigos adjuvantes. IN: TRANQUILLI, W.J.; THURMON, J.C; GRIMM, K.A. LUMB & JONES: Anestesiologia e Analgesia Veterinária. 4ª. Ed. São Paulo: Roca, 2014. p. 270-304. NELSON, R. W.; COUTO, C. G. Urolitíase canina. In: NELSON, R. W.; COUTO, C. G. Medicina interna de pequenos animais. 3ed. Rio de Janeiro: Elsevier, p. 607-616. 2006. SCH UTTER, A. F.; T UNSMEYER, J. & K ASTNER, S. B. Influence of metamizole on 1) minimal alveolar concentration of sevoflurane in dogs and 2) on thermal and mechanical nociception in conscious dogs. Journal of Veterinary Anaesthesia. 2015. SOSNAR, M.; BULKOVA, T.; RUZICKA M. Epidemiology of canine urolithiasis in the Czech Republic from 1997 to 2002. Journal of Small Animal Practice, v.46, n.4, p.177-184, 2005. ANAIS 37ºANCLIVEPA p.0205