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Nº24 Nº25 junho maio 2018 BMPS

Uma Visita em Portugal em 1866 Hans Christian Andersen Tradução e notas de Silva Duarte Instituto de Cultura e Língua Portuguesa, 1984 O tesouro deste mês é uma obra de Hans Christian Andersen, cujo título Uma Visita em Portugal em 1866 relata, precisamente, a viagem que o próprio, o grande contista dinamarquês realizou pelo nosso país, em 1866. «Aceitando o reiterado convite de dois portugueses, José e Jorge O Neil, que nos tempos de juventude conhecera em Copenhaga, Andersen resolve visitar o pequeno país situado na extrema ponta Ocidental da Europa. ( ) De Espanha, parte de diligência para Portugal, e a viagem decorre em condições de fadiga, que bem se podem imaginar. Todo o esgotante trajeto se colora de pequenos episódios que o génio narrativo de Andersen, maravilhosamente anima. O ilustre viajante está no limite das suas forças, mas quando, novamente de comboio, atravessa a fronteira e observa a paisagem ridente que se lhe depara, logo se anima e jubilosamente, exalta os confortos encontrados no Entroncamento.» A presente edição é comemorativa da visita de Sua Majestade a Rainha Margarida II da Dinamarca a Portugal, em junho de 1984 e teve a colaboração da Embaixada Real da Dinamarca em Portugal. A imagem da capa é um óleo da autoria de C. A. Jensen, Retrato de Andersen, Odense (1836), Museu Hans Christian Andersen. Disponível para requisição e consulta na Biblioteca Municipal de Ponte de Sor.

«Uma visita em Portugal em 1866, em relação com os outros diários de viagem, nos quais Andersen detalhadamente deixou registadas as usas impressões de infatigável viajante, parece salientar-se por uma nota constante de afeição para com os amigos portugueses que calorosamente o convidaram a visitar o seu país. No seio das suas famílias viveu Andersen por longo tempo, comprazendo-se na intimidade dos seus lares e descobrindo os encantos da natureza próxima, em excursões mais ou menos distantes. É este um outro aspeto saliente do registo das suas impressões e viagem a Portugal - a revelação admirável da paisagem do nosso país, o «paraíso terreal» encontrado. No ano em que nos visitou, Andersen era já há muito uma notabilidade europeia e mundial, vira uma boa parte do Mundo, privara com as mais altas personalidades do seu tempo, conhecia a glória e por toda a parte recebera as maiores homenagens, e esta circunstância é de pesar na apreciação que fez do nosso país, em que não há uma palavra de menos apreço, ainda que registe duas ou três notas de menor agrado pelo que viu e sentiu, nomeadamente a canícula em Lisboa.» Retirado da publicação. Fotografia do equipamento de viagem de Hans C. Andersen.

Desenho do Aqueduto das Águas Livres feito por Andersen numa carta para a Srª Henriette Collin (Casa-Museu de Odense). Nota: «Andersen desenhou o aqueduto numa carta para a Senhora Collin a carta (sem data e não tendo sido enviada) encontra-se na Casa de H. C. Andersen em Odense: facsimilada no prefácio de Wanscher aos Desenhos de H. C. Andersen (1925), p. 7. O desenho foi repetido numa carta completa e enviada na última estada em «Pinheiro» em 24/7 (na Colecção de Cartas de Collin, 15.» «As janelas do meu quarto dão precisamente para esse lado e para uma parte do vale de Alcântara, sobre o qual, de construção arrojada e grandiosa, com arcos de altura vertiginosa, se estende o grande aqueduto: Os Arcos das Águas Livres. Os montes verdejantes com os seus pomares e os muros da cidade ocultam quase por completo Lisboa; apenas uma parte dos subúrbios a oeste e os montes que se erguem no sentido este, com conventos e casernas, se deixam ver». p. 30-31. Retirado da publicação.

A publicação contém completas e extensas notas explicativas de modo que qualquer leitor perceba a obra no seu contexto histórico e geográfico. Reprodução da primeira página do manuscrito da tradução portuguesa de «Historien om en Moder» da coleção Collin. Um dos exemplos que engrandecem esta edição é o facto de o tradutor e anotador, Silva Duarte ter incluído, em extensa nota, a história documentada de algumas das traduções para português das obras do autor e incluir inclusivamente a tradução de um conto, História de uma mãe, que podemos ler na integra. «Assim, é este diário de viagem, mais do que um relato de detalhes visuais, de acontecimentos vividos ou de impressões fugazmente colhidas, uma exaltação, que se cumula, aqui e acolá, em expressão poética da paisagem que profundamente o impressionou e cujo contacto lhe provocou sentidos estados de alma, para empregar uma expressão típica do seu romântico tempo. Por esta razão, muito há de subjetivo nesta obra ( ) e [seria] a Viagem a Portugal em si própria, um elemento precioso para o estudo do carácter do escritor dinamarquês que tão fielmente nela se retrata.» Retirado da publicação.

Reprodução da primeira página de uma carta de [António Feliciano de] Castilho para Andersen (Biblioteca Real de Copenhaga ). Fotografia da casa de Hans Christian Andersen, em Odense, agora Casa-Museu. (O intelectual português e Andersen conheciam-se e comunicavam-se me francês e dinamarquês, mas Castilho apenas assinava as suas missivas, visto ser cego desde muito novo.)