TÍTULO: O DIREITO DE ACESSO À INFORMAÇÃO AMBIENTAL SOBRE A QUALIDADE DOS RECURSOS NATURAIS NO DIREITO INTERNACIONAL: A EXPERIÊNCIA EUROPEIA DA CONVENÇÃO DE AARHUS DE 1998 CATEGORIA: EM ANDAMENTO ÁREA: CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS SUBÁREA: DIREITO INSTITUIÇÃO: CENTRO UNIVERSITÁRIO DE RIO PRETO AUTOR(ES): LARA GISELLE GUARDIANO ORIENTADOR(ES): GILBERTO CARTAPATTI JÚNIOR
RESUMO A intensa degradação dos recursos naturais impacta diuturnamente a qualidade ambiental. A sociedade, local e global, visando o bem comum, necessita participar e cobrar dos responsáveis a adoção de medidas e a implementação dos princípios e regras ambientais. O acesso e a partilha de informações sobre o uso nocivo dos recursos naturais e os impactos ambientais é um direito humano fundamental. Da mesma forma a cooperação entre os Estados soberanos para a proteção e preservação do meio ambiente em âmbito global foi consagrada na Declaração do Rio de Janeiro sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (1992), no o Acordo Quadro sobre Meio Ambiente do Mercosul (2001) e na Convenção de Aarhus (1998), no contexto da União Europeia. O tripé de Aarhus preconiza a democracia ambiental através de três pilares: o acesso à informação ambiental, a participação pública e o acesso à justiça. A pesquisa tem por objetivo investigar os efeitos da Convenção de Aarhus, da União Europeia, partindo da análise do direito humano fundamental à informação ambiental e da importância da cooperação internacional para o meio ambiente, e explorar a adequação de tais métodos ao direito brasileiro. INTRODUÇÃO É notório que vivenciamos uma sociedade de grave risco ambiental. Uma das causas estruturais das diversas crises, como bem ilustra atualmente a crise hídrica, é não se priorizar, nas últimas décadas, políticas sistêmicas de efetivação do meio ambiente ecologicamente equilibrado em todas as suas vertentes. Entretanto, constitui dever constitucional do chamado Estado Ambiental a redução dos riscos à qualidade dos recursos naturais, como vem assegurando há décadas o Direito Ambiental Internacional e a própria Constituição Brasileira no artigo 225. De fato, é necessário agir com urgência, e a participação concreta exige informação e cooperação para tomada de decisões com eficiência. No Brasil, a Lei 10650/2003 rege o acesso público aos dados e informações existentes nos órgãos e entidades integrantes do Sistema Nacional do Meio Ambiente, implementado pela Lei da Política Nacional do Meio Ambiente (Lei 6938/1981).
Assim, o escopo central é demonstrar que os deveres ambientais do Estado brasileiro devem ser interpretados à luz dos Princípios Ambientais, dos compromissos assumidos perante o Direito Internacional do Meio Ambiente e a partir da experiência dos dispositivos adotados por outros países, como aqueles da Convenção de Aarhus. OBJETIVOS Para alcançar esse objetivo, primeiramente será investigado o direito fundamental à informação, os princípios ambientais de informação e participação democrática, a cooperação internacional em matéria ambiental como fundamento dos mesmos, concretizando o escopo da Justiça Ambiental, em torno dos postulados do Estado Ambiental e do dever de reduzir os riscos à qualidade dos recursos naturais. Na sequência a pesquisa se voltará para os mecanismos de proteção do meio ambiente no contexto de uma cultura global e local de acesso à informação, com ênfase na experiência dos dispositivos do chamado tripé de Aarhus. Finalmente a pesquisa interpretará os limites e possibilidades do princípio da precaução enquanto fundamento da informação e o dever de cooperação entre entidades e Estados na proteção do meio ambiente. A análise combinada das fontes internacionais e internas permitirá tanto um diagnóstico sobre a legislação e as políticas globais e locais de tutela dos recursos naturais, como cotejar os resultados com a evolução doutrinária e jurisprudencial, o que permitirá a proposição de soluções qualificadas. A pesquisa pretende investigar o direito humano fundamental de acesso à informação sobre o meio ambiente, que emerge no contexto da cooperação internacional para a sua preservação, a exemplo da Convenção de Aarhus de 1998 sobre acesso à informação, participação do público no processo de tomada de decisão e acesso à justiça em matéria ambiental, em vigor no âmbito da União Europeia. METODOLOGIA A pesquisa selecionará as fontes internas e internacionais, coletará as informações pertinentes sobre a qualidade dos recursos naturais no Brasil,
demonstrará o grau de concreção do acesso à informação ambiental e, em suma, o grau de realização do arcabouço jurídico ambiental. Os principais vetores axiológicos a fundamentar a pesquisa são, além da informação, participação e cooperação, o desenvolvimento sustentável, o par precaução/prevenção e a vedação do retrocesso, em escala mais ampla revelando a performance ecológica das políticas públicas ambientais após a Constituição de 1988. DESENVOLVIMENTO Diante dos problemas ambientais que ameaçam as atuais e futuras gerações, a cooperação internacional é imprescindível para que se alcance o desenvolvimento sustentável dos Estados e um meio ambiente que garanta qualidade de vida a todos. Dessa forma, a colaboração mútua entre os países mostra-se fundamental, visto que também se apoia no Princípio da Precaução, elencado no rol dos princípios jurídicos do direito ambiental, por meio do qual se deve garantir que o meio ambiente tenha prevalência em casos em que não se consegue antecipar os riscos e danos das ações antrópicas, consagrado no Princípio 15 da Declaração do Rio de 1992. Dessa forma, a Convenção de Aarhus mostra-se como espelho para que medidas similares às aplicadas na União Europeia sejam implementadas em outros países do mundo, incluindo os integrantes do Mercosul. RESULTADOS PRELIMINARES A incorporação das normas internacionais ambientais e sua conjugação com a Legislação e Política ambiental brasileira busca, nesse cenário, cotejar dispositivos em vigor e adotar mecanismos e dispositivos cuja experiência frutificou, como os da Convenção de Aarhus no âmbito da União Europeia. No Brasil, a lei 10.650/2003 atua superficialmente como uma Convenção de Aarhus interna, na medida em que dispõe sobre o acesso público aos dados e informações existentes nos órgãos e entidades integrantes do Sisnama (Sistema Nacional do Meio Ambiente). Em seu artigo 2º, a lei determina que os órgãos e entidades da Administração Pública, direta, indireta e fundacional devem permitir o
acesso público aos documentos, expedientes e processos administrativos que tratem de matéria ambiental e a fornecer todas as informações ambientais que estejam sob sua guarda, em meio escrito, visual, sonoro ou eletrônico. FONTES CONSULTADAS AGUIAR, P. K. Perspectivas da transição para a Economia de Baixo Carbono a partir da Cooperação Internacional pós-kyoto. In: LEITE, J. R. M; MONTERO, C. E. P.; MELO, M. E. (orgs.) Temas da Rio + 20: desafios e perspectivas. Florianópolis: Fundação José Arthur Boiteux/UFSC, 2012. HILDEBRANDO, Accioly; SILVA, G.E. do Nascimento e, CASELLA, Paulo Borba. Manual de direito internacional público. 20. ed. São Paulo: Saraiva, 2012. LUTZENBERGER, José. Crítica Ecológica do Pensamento Econômico. Porto Alegre/RS: L&PM, 2012 MAZZUOLI, Valério de Oliveira. Curso de direito internacional público. 8. ed. rev., atual. e ampl. São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2014. MACHADO, Paulo Affonso Leme. Direito Ambiental Brasileiro. 12 ed. atual. e ampl. São Paulo: Malheiros, 2011. MAZZUOLI, V. O. Soberania e a proteção internacional dos direitos humanos: dois fundamentos irreconciliáveis. Revista de Informação Legislativa, Brasília/DF, ano 39, n. 156, p. 160-177, out./dez. 2012. MAZZUOLI, V. O.; AYALA, P. A. Cooperação internacional para a preservação do meio ambiente: o direito brasileiro e a Convenção de Aahrus. Revista Direito GV, São Paulo, n.8, p. 297-328, jan./jun. 2012. MIALHE, J. L. Direito ambiental e direitos humanos: considerações sobre a dimensão ambiental dos direitos humanos e o direito à informação no Mercosul. Revista Internacional de Direito e Cidadania, n.2, p.77-86, out. 2008. PIOVESAN, Flávia. Direitos humanos e o Direito Constitucional Internacional. 13 ed., revista e atualizada. São Paulo: Saraiva, 2012. SILVA, José Afonso da. Direito ambiental constitucional. 9. ed. São Paulo: Malheiros, 2011. SOARES, Guido Fernando Silva. Direito internacional do meio ambiente: emergência, obrigações e responsabilidades. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2003.