Índice e tratamento de Fraturas Faciais

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Transcrição:

Índice e tratamento de Fraturas Faciais Godoi, Michele 1 ; Basualdo, Alexandre 2 (1) Aluna do curso de Odontologia, IMED, Brasil. E-mail: mixe_godoi@hotmail.com (2) Professor do curso de Odontologia da faculdade IMED- orientador. E-mail: a.basualdo@yahoo.com.br

Resumo:O presente trabalho tem como objetivo realizar uma revisão bibliografia sobre fraturas faciais e consequentemente realizar uma discussão comparativa de resultados obtidos por outros autores.o índice foi dividido em gênero (homens e mulheres), faixa etária(crianças, adultos, idosos) e causa da fratura.os casos incluídos no índice são de pacientes que sofreram acidentes automobilísticos, de motocicleta, agressão física, acidentes de trabalho, acidentes domésticos e atropelamento, e também, daqueles que sofreram fratura facial patológica. Também foram estudados os tipos de fraturas, sua localização na face, seus tratamentos e quais as primeiras condutas médicas realizadas após a chegada dos pacientes nos hospitais. Palavras-chave: Pacientes; Fraturas; Face. Abstract: The present study aims to conduct a review of literature on facial fractures and consequently perform a comparative discussion of the results obtained by other autores.o index was divided into gender (men and women), age (children, adults, elderly) and because of fratura.os cases included in the index are patients who have suffered car accidents, motorcycle, assault, accidents, household accidents and trampling, and also those who have suffered any pathologic fracture face. Also studied were the types of fractures, its location on the face, their treatments and medical procedures which the first conducted after the arrival of patients in hospitals. Keywords: Patients; Fractures; Face.

1. INTRODUÇÃO Os traumatismos, sob todos os aspectos, apresentam grande importância na sociedade atual estando entre as principais causas de morbi-mortalidade. A cada dia, cerca de 16.000 pessoas morrem em decorrência de trauma. Dentre as inúmeras lesões ocorridas em centros de traumas urbanos, o traumatismo facial é um dos mais prevalentes. Por ser a parte mais exposta do corpo e a menos protegida, a face é a região mais relacionada a uma variedade de traumatismos ocorridos, isoladamente ou associados a outros órgãos ou sistemas, em centros de emergência. (CARVALHO et al., 2010) Estes traumatismos ocorrem principalmente no osso mandibular, mas pode acometer também a maxila, zigomático, complexo naso-órbito-etmoidal e estruturas supraorbitárias, entre outros. As principais causas de fraturas faciais incluem os acidentes automobilísticos e as agressões. Outras causas de lesões incluem as quedas, os acidentes desportivos e os de trabalho. As fraturas faciais resultantes de acidentes automobilísticos são muito mais frequentes em pessoas que não usavam cinto de segurança no momento do acidente. (HUPP; ELLIS III; TUCKER, 2009) O tratamento das lesões de cabeça e pescoço deve, geralmente, ser adiado até que uma completa avaliação, exame e estabilização do paciente tenham sido realizados, Contudo, muitas vezes, algum tratamento inicial é geralmente necessário para a estabilização do paciente. (HUPP; ELIS III; TUCKER, 2009) 2. REVISÃO DE LITERATURA O traumatismo à região facial frequentemente resulta em lesões do tecido mole, dos dentes e dos principais componentes do esqueleto da face, incluindo mandíbula, maxila, zigoma, complexo naso-órbito-etmoidal e estruturas supraorbitárias. Além disso, essas lesões geralmente estão associadas a lesões em outras partes do corpo. (HUPP; ELLIS III; TUCKER, 2009) Os traumas de face representam 7,4% -8,7% dos atendimentos emergenciais. A grande quantidade de lesões na face deve-se à enorme exposição e à pouca proteção da região, levando, frequentemente, a traumas graves. (MACEDO et al., 2007) Antes de obter uma história detalhada e proceder a uma avaliação física completa da área facial, deve-se cuidar das lesões severas que causam risco de morte. O primeiro passo na avaliação do paciente traumatizado é o exame da estabilidade cardiopulmonar, pois os pulmões devem estar adequadamente ventilados. Os sinais vitais, frequência respiratória, o pulso e a pressão arterial, devem ser registrados. Medidas imediatas, como a aplicação de ataduras, curativos compressivos e o pinçamento de vasos com sangramentos profundos, devem ser realizadas o mais rápido possível. Em seguida, deve-se fazer uma avaliação do estado neurológico do paciente e um exame da sua coluna cervical. A palpação cuidadosa do pescoço para detectar possíveis áreas dolorosas e radiografias seriadas da coluna cervical devem ser realizadas assim que possível. (HUPP; ELLIS III, TUCKER, 2009) Com frequência, as fraturas dos ossos da face comprometem severamente a ventilação do paciente, em especial quando ele está inconsciente ou em posição supina. As fraturas mandibulares mais graves, sobretudo as bilaterais ou cominutivas, podem causar deslocamento posterior da mandíbula e da língua, resultando em obstrução das vias aéreas superiores. (HUPP; ELLIS III; TUCKER, 2009)

O simples reposicionamento e a estabilização da mandíbula em uma posição mais anterior podem aliviar esta obstrução. A colocação de uma sonda nasofaríngea ou orofaríngea pode ser suficiente para manter temporariamente uma via respiratória adequada. Aparelhos protéticos, dentes avulsionados, pedaços de osso ou outros detritos também podem contribuir para a obstrução das vias aéreas e tem de ser removidos. Todo o excesso de sangue e saliva deve ser aspirado da orofaringe, prevenindo a aspiração e o laringoespasmo. (HUPP; ELLIS III; TUCKER, 2009) Após o paciente estar inicialmente estabilizado, deve-se realizar uma anamnese completa. Cinco importantes perguntas devem ser realizadas: (1) Como aconteceu o acidente? (2) Quando aconteceu o acidente? (3) Quais as características da lesão, incluindo o tipo de objeto causados, a direção de onde veio o impacto e outras considerações logísticas similares? (4) Houve perda de consciência? (5) Que sintomas o paciente apresenta no momento, incluindo dor, alterações de sentidos, alterações visuais e má oclusão? Uma revisão completa dos sistemas, incluindo informações sobre alergias, medicamentos e imunização antitetânica prévia, condições clínicas e cirurgia prévia, deve ser obtida. (HUPP; ELLIS III; TUCKER, 2009) O diagnóstico da fratura mandibular é estabelecido a partir de um histórico de traumatismo recente, junto com exames clínico e radiográfico. (DYM, 2004) A fratura de mandíbula ocupa o segundo lugar entre as fraturas dos ossos da face, tendo havido aumento significativo de casos nos últimos anos. A não-identificação e o tratamento inadequado podem levar à deformidade estética ou funcional permanente. (PATROCÍNIO, 2005) Existem duas etiologias básicas para as fraturas de mandíbula. Chamamos de fraturas patológicas aquelas relacionadas com tumores, osteoporose, e outras doenças que direta ou indiretamente acometem o osso. As fraturas traumáticas são a imensa maioria das fraturas de mandíbula e estão relacionadas a acidentes de trânsito, quedas, violência, esportes, entre outros. (PATROCÍNIO, 2005) Uma das classificações de fraturas descreve as fraturas de mandíbula de acordo com sua localização anatômica. As fraturas são designadas como condilares, de ramo, de ângulo, de corpo, sinfisiais, alveolares e de processo coronóide. (HUPP; ELLIS III; TUCKER, 2009) Outro sistema de classificação das fraturas mandibulares as categoriza em fraturas do tipo galho verde, simples, cominutivas e compostas. Estas categorias descrevem a condição dos fragmentos ósseos na região fraturada e a possível comunicação com o meio externo. (HUPP; ELLIS III; TUCKER, 2009) - Simples: é aquela na qual o tecido mole que a recobre está intacto e não existe comunicação com a cavidade bucal ou o exterior. Essa fratura pode ou não ser deslocada. (DYM, 2004) - Composta: é aquela na qual a terminação óssea está exposta à cavidade bucal ou exterior. Quase todas as fraturas mandibulares que ocorrem nas áreas de suporte dos dentes são consideradas compostas. Isso acontece porque a fratura entra em contato com a cavidade bucal através do espaço do ligamento periodontal e do sulco gengival. (DYM, 2004) - Cominutiva: é aquela na qual o osso é quebrado e existem pequenos fragmentos. Ela pode ser simples ou composta. (DYM, 2004) Classicamente encontramos um conjunto de sinais e sintomas composto por dor, edema, hematoma, desoclusão dentária, alteração do contorno facial, crepitação e mobilidade de fragmentos ósseos. (PATROCÍNIO, 2005) A avaliação do terço médio da face começa verificando-se a mobilidade da maxila isoladamente ou em combinação com os ossos zigomáticos ou nasais. (HUPP; ELLIS III; TUCKER, 2009) As fraturas do terço médio da face incluem aquelas que afetam a maxila, o zigoma e o complexo naso-órbito-etmoidal. Essas fraturas podem ser classificadas em fraturas Le Fort I, II ou III, fraturas do complexo zigomático-maxilar, fraturas de arco zigomático ou fraturas naso-órbitoetmoidais. Tais fraturas podem ocorrer isoladamente ou combinadas. (HUPP; ELLIS III; TUCKER, 2009)

Fraturas do complexo zigomático estão entre as mais freqüentes do complexo maxilofacial. Por sua posição e projeção no arcabouço facial, apresentam uma significativa incidência de injúrias além de representar peça fundamental na estética do paciente. (GONDOLA et al., 2006) Nas fraturas faciais, os objetivos do tratamento incluem a rápida cicatrização óssea; o retorno das funções ocular, mastigatória e nasal normais; a recuperação da fala e um resultado estético facial e dental aceitável. (HUPP; ELLIS III; TUCKER, 2009) Para alcançar esses objetivos, os seguintes princípios cirúrgicos básicos devem servir de guia para o tratamento das fraturas faciais: redução da fratura e fixação dos segmentos ósseos para imobilizar os segmentos no local da fratura. Além disso, a oclusão original deve ser restaurada e qualquer infecção na área deve ser erradicada ou prevenida. (HUPP; ELLIS III; TUCKER, 2009) As fraturas faciais em crianças preocupam devido às graves sequelas que as mesmas ocasionam em função do crescimento e desenvolvimento dos ossos faciais. Os princípios específicos de tratamento das fraturas nos adultos não podem ser indiscriminadamente aplicados na população pediátrica, devido às particularidades desta população em relação ao crescimento facial, ao grande potencial de remodelação óssea e à possibilidade da presença de germes dentários na topografia das fraturas. (SOUZA et al., 2009) A estrutura óssea elástica e macia dos maxilares das crianças é capaz de suportar um considerável impacto sem fratura, porque os ossos não são tão rígidos como nas idades mais avançadas (DINGMAN & NATVIG, 2001) (DOURADO et al., 2004) Uma técnica de imobilização que pode ser utilizada em paciente dentados envolve o uso de uma placa lingual ou oclusal. Esta técnica é especialmente útil no tratamento das fraturas mandibulares em crianças nas quais a colocação de arcos de fio de aço e placas ósseas é difícil, devido à configuração dos dentes decíduos e à presença dos germes dos dentes permanentes, e pela dificuldade em se obter a colaboração e compreensão do paciente. (HUPP; ELLIS III; TUCKER, 2009) Kaban relacionou as causas mais comuns de traumas faciais em crianças como quedas, lesões por objetos contusos, acidentes automobilísticos e causas diversas, nesta ordem. (SOUZA, 2009) 3. DISCUSSÃO Há três décadas, estudos apontavam os acidentes por veículos automotores como a principal causa dos traumas faciais. Porém, verifica-se uma participação cada vez maior da agressão física como mecanismo de trauma facial no Brasil e em outros países. (MACEDO et al., 2007) MANTOVANI et.al., 2006, em um estudo com 513 casos de pacientes com fraturas faciais, concluiu que 77 eram mulheres (15,1%) e 436 homens (84,9%). A faixa etária mais acometida foi a de 20 a 29 anos, sendo que aproximadamente 2/3 (69,8%) das fraturas ocorreram entre as idades de 11 a 39 anos. Foi diagnosticado um total de 565 fraturas, com uma média de 1,10 por vítima.a fratura mais frequente foi a mandibular (35%), seguida da zigomática (24%) e da nasal (23%). Observou que as etiologias das fraturas foram em 169 (32,94%) casos de acidentes com veículos (automóveis, caminhão, ônibus, motocicleta), sendo 13 atropelamentos; 129 (25,1%%) por agressão física, 89 (17,2%) devido à queda, 47 (9,2%) acidentes com bicicleta, 27 (5,3%) associadas a esportes, 25 (4,9%) devido a acidentes com animais e outras (7,4%). (MANTOVANI et al., 2006) Quanto ao tipo de fratura, 371 (72,3%) referiam-se a fraturas faciais simples (uma única fratura na face) e 142 (27,6%) eram fraturas faciais múltiplas. (MANTOVANI et al., 2006) Em 2005, LEITE SEGUNDO, CAMPOS e VASCONCELOS, catalogaram 363 pacientes, 83,47% eram do sexo masculino e 16,53% do sexo feminino. Com 32,76%, os acidentes de trânsito foram a causa principal no sexo masculino, seguidos por quedas (23,43%) e agressões físicas (16,17%). Já no sexo feminino, mudam as porcentagens. Acidentes de trânsito 36,66%, quedas 21,66% e agressões físicas (15%).

No sexo masculino, ocorreram mais fraturas na mandíbula (33,63%), ossos nasais (32,44%) e zigomático (27,38%). No sexo feminino, ocorreram mais fraturas nos ossos nasais (51,67%), mandíbula (26,67%) e zigomático (11,67%). 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS As fraturas faciais são comuns e causadas principalmente por acidentes de trânsito, quedas e agressões físicas, apresentando variação entre os dois estudos quanto a colocação de quedas e agressões físicas. Elas incidem mais em pacientes entre 20 e 29 anos. O sexo masculino foi o mais acometido, apresentando uma diferença significativa para o sexo feminino. Os ossos faciais mais acometidos foram a mandíbula, nasal e zigomático, sendo que no estudo de LEITE SEGUNDO, CAMPOS e VASCONCELOS, houve uma variação. No sexo masculino houve mais na mandíbula e no sexo feminino mais nos ossos nasais. Porcentagem considerável desses acidentes de trânsito está associada ao uso de drogas, excesso de velocidadee não uso de cinto de segurança. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CARVALHO, T. B. O. et al. Six years of facial trauma care: an epidemiological analysis of 355 cases. Brazilian Journal of Otorhinolaryngology, v. 76, n. 5, p. 565-574, set./out. 2010. DOURADO, E. et al. Trauma Facial em Pacientes Pediátricos. Revista de Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial, Camaragibe, v. 4, n. 2, p. 105-114, abr./jun. 2004. DYM, H. Redução Fechada das Fraturas Mandibulares: Indicações e Técnicas. In:. Atlas de Cirurgia Oral Menor. São Paulo: Santos, 2004. p. 254 261. GONDOLA, A. O. et al. Epidemiologia das fraturas zigomáticas: uma análise de 10 anos. Revista Odonto Ciência, Porto Alegre, v. 21, n. 52, p. 158-161, abr./jun. 2006. HUPP, J. R.; ELLIS, E. R.; TUCKER, M. R. Tratamento das Fraturas Faciais. In: Oral e Maxilofacial Contemporânea. 5. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2009. p. 487 511.. Cirurgia LEITE SEGUNDO, A. V.; CAMPOS, M. V. S.; VASCONCELOS, B. C. E. Perfil epidemiológico de paciente portadores de fraturas faciais. Revista Ciência Médica, Campinas, v. 14, n. 4, p. 345-350, jul./ago., 2005. MACEDO, J. L. S. et al. Mudança etiológica do trauma de face de pacientes atendidos no pronto socorro de cirurgia plástica do Distrito Federal. Revista da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, São Paulo, v. 22, n. 4, p. 209-212. 2007.

MANTOVANI, J. C. et al. Etiologia e incidência das fraturas faciais em adultos e crianças: experiência em 513 casos. Revista Brasileira de Otorrinolaringologista, v. 72, n. 2, p. 235-241, mar./abr. 2006. PATROCÍNIO, L. G. et al. Fratura de mandíbula: análise de 293 pacientes tratados no Hospital de Clínicas da Universidade Federal de Uberlândia. Revista Brasileira de Otorrinolaringologia, v. 71, n. 5, p. 560-565, set./out. 2005. SOUZA, D. F. M. et.al. Epidemiologia das fraturas de face em crianças num pronto-socorro de uma metrópole tropical. Acta Ortopédica Brasileira, v. 18, n. 6, p. 335-338, junho, 2009.