O TABAGISMO E O ESTRESSE OXIDATIVO NA FISIOPATOLOGIA DA DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA¹ 1

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Transcrição:

O TABAGISMO E O ESTRESSE OXIDATIVO NA FISIOPATOLOGIA DA DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÔNICA¹ 1 Carolina Renz Pretto 2, Marília Martins 3, Vanessa Adelina Casali Bandeira 4, Sabrina Azevedo Wagner Benetti 5, Mirna Stela Ludwig 6. 1 1 Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Atenção Integral à Saúde UNIJUÍ/UNICRUZ. 2 Enfermeira. Mestranda do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Atenção Integral à Saúde UNIJUÍ/UNICRUZ. Bolsista UNICRUZ/UNIJUÍ. Email:carol_pretto14@yahoo.com.br. 3 Fisioterapeuta. Mestranda do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Atenção Integral à Saúde UNIJUÍ/UNICRUZ. Bolsista UNICRUZ/UNIJUÍ. Email: mariliatins@gmail.com 4 Farmacêutica. Mestranda do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Atenção Integral à Saúde da UNIJUÍ/UNICRUZ. Bolsista PROSUP/CAPES/UNICRUZ/UNIJUÍ. Email: vanessa.acbandeira@yahoo.com.br. 5 Enfermeira. Mestranda do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Atenção Integral à Saúde UNIJUÍ/UNICRUZ. Email: sabrina.benetti@hotmail.com 6 Professora do Departamento de Ciências da Vida (DCVida). Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Atenção Integral à Saúde (PPGAIS) UNIJUI/UNICRUZ. Grupo de Pesquisa em Fisiologia da UNIJUÍ GPeF. Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul - UNIJUÍ Introdução A Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) é uma condição clínica com repercussões sistêmicas, caracterizada por limitação do fluxo aéreo pulmonar, parcialmente reversível e geralmente progressiva (BRASIL, 2010), porém capaz de ser prevenida e tratada. Essa limitação é causada por uma associação entre a doença de pequenos brônquios (bronquite crônica obstrutiva) e a destruição de parênquima pulmonar (enfisema) (ANGELIS et al., 2014; BRASIL, 2010; FISCHER; VOYNOW; GHIO, 2015). A bronquite crônica é definida pela presença de tosse e expectoração na maioria dos dias, por no mínimo, três meses por ano, durante dois anos consecutivos. O enfisema pulmonar ocorre pelo aumento dos espaços aéreos distais ao bronquíolo terminal, com destruição das paredes alveolares (BRASIL, 2010; GLOBAL INITIATIVE FOR CHRONIC OBSTRUCTIVE LUNG DISEASE, 2014). O desenvolvimento da DPOC envolve diferentes mecanismos e fatores como: a inflamação, o desequilíbrio entre protease/antiprotease, fatores genéticos, estresse oxidativo (desequilíbrio oxidante/antioxidante) e a injúria ambiental (tabagismo) (FISCHER; VOYNOW; GHIO, 2015). O tabagismo é o maior fator de risco para o desenvolvimento da DPOC, por gerar espécies reativas de oxigênio (EROs) no pulmão e demais tecidos do organismo dos indivíduos expostos. A recorrente produção de EROs associada à inflamação persistente, podem causar extenso dano tecidual e promover a exacerbação da doença, amplificando outros mecanismos coparticipantes (FISCHER; VOYNOW; GHIO, 2015). Diante disso, o presente estudo objetiva identificar as repercussões do tabagismo, com ênfase no estresse oxidativo, na fisiopatologia da DPOC.

Metodologia Caracteriza-se como uma pesquisa exploratória e bibliográfica desenvolvida no decorrer na disciplina de Fisiopatologia das Doenças Crônicas Não Transmissíveis, do Programa de Pós- Graduação Sticto Sensu Mestrado em Atenção Integral à Saúde, como trabalho de conclusão da mesma. A pesquisa exploratória permite desenvolver, esclarecer e modificar conceitos e ideias. Proporciona uma visão geral e aproximada de determinado fato e pode envolver um levantamento bibliográfico (GIL, 2008). A pesquisa bibliográfica é caracterizada como um conjunto ordenado de procedimentos com vistas a atender um objetivo de estudo (LIMA; MIOTO, 2007). A pesquisa foi realizada no período de setembro a outubro de 2015, por meio de artigos científicos localizados nas bases de dados Scielo, Lilacs e PubMed, utilizando-se as palavras chave tabagismo, estresse oxidativo e DPOC, presentes no título e/ou resumo. Foram selecionados 13 artigos, os quais foram analisados e explorados, o que permitiu aos autores inferências e interpretações. Resultados e Discussões Tabagismo e Radicais Livres Os radicais livres, são espécies reativas (de oxigênio - ERO ou de nitrogênio - ERN) e constituemse em átomos ou grupo de átomos que possuem elétrons livres não pareados em sua camada orbital externa, o que explica sua instabilidade e elevada reatividade. As EROs são parte integrante do metabolismo celular, participam dos processos fisiológicos envolvidos na produção de energia, regulação do crescimento celular, fagocitose, sinalização intracelular e síntese de hormônios e enzimas. Na mitocôndria, a produção de ERO ocorre por meio do metabolismo do oxigênio molecular, quando 2 a 5% do O2 sofre redução incompleta (CAVALCANTE; BRUIN, 2009; SCHNEIDER; OLIVEIRA, 2004). O principal efeito adverso do tabagismo ativo ou passivo sobre o tecido pulmonar é decorrente da ação de numerosos compostos emitidos na forma de gases, oxidantes e pró-oxidantes. O tabagismo promove aumento da produção de ERO uma vez que a fumaça do cigarro, possui diversos elementos capazes de aumentar essa produção, bem como, reduzir a concentração de antioxidantes séricos (CAVALCANTE; BRUIN, 2009; BARREIRO et al., 2010), gerando desequilíbrio redox e, consequentemente, dano tecidual. As substâncias tóxicas presentes na fumaça, como a quinona e semiquinona, entram em contato com o alvéolo pulmonar, sofrem metabolismo e resultam na redução de oxigênio no ânion superóxido que, pela ação da enzima superóxido dismutase (SOD), é transformado em peróxido de hidrogênio (H2O2), que é convertido no radical hidroxila (-OH ), altamente oxidativo (CANTIN; RICHTER, 2012). Estão presentes também na fumaça, intermediários de oxidação mais estáveis, os aldeídos, com potencial de induzir estresse oxidativo endógeno e inflamação. Em fumantes e pacientes com DPOC, o aumento dos níveis de aldeídos foram documentados no ar expirado condensado e na

saliva. Aldeídos foram associados ao rápido declínio da função pulmonar e periodicidade das exacerbações em pacientes com DPOC (VAN DER TOORN et al., 2013). As EROs também podem ser derivadas de células indutoras de inflamação (neutrófilos e macrófagos) e desempenham um papel importante no desequilíbrio oxidante/antioxidante, observado no decurso da DPOC (FISCHER; VOYNOW; GHIO, 2015). O aumento da geração de ERO na camada de fluido na superfície do endotélio alveolar pode estar ligado ao aumento do teor de ferro e cobre (catalisadores) livres nas vias respiratórias de tabagistas (FISCHER; VOYNOW; GHIO, 2015). O material particulado da fumaça de cigarro, que se acumula nas superfícies das células epiteliais alveolares, estimula a NADPH oxidase, o recrutamento de macrófagos alveolares e de células polimorfonucleares, resultando na liberação de ânion superóxido extracelular e H2O2. A quantidade de oxidantes liberados dos fagócitos alveolares de tabagistas é suficiente para induzir a oxidação e a inativação do principal inibidor da elastase de neutrófilos, a α-1 antitripsina (CANTIN; RICHTER, 2012). Os macrófagos alveolares são ativados para liberarem fatores quimiotáticos de neutrófilos. Os neutrófilos recrutados para o pulmão aumentam o quadro oxidante (CANTIN; RICHTER, 2012). Rahman, Skwasrska e Macnee (1997) indicam um aumento do radical superóxido (O2-), gerado por neutrófilos no sangue periférico de pacientes com DPOC. Outras células pulmonares, tais como pneumócitos do tipo II também podem gerar oxidantes em quantidades suficientes para inativar a α-1 antitripsina (CANTIN; RICHTER, 2012). Outra fonte de EROs em pacientes com DPOC é xantina oxidase. O aumento da atividade desta enzima é provavelmente causado por um aumento da expressão de citocinas pró-inflamatórias (KOMAKI et al., 2005). Estresse oxidativo e DPOC O aumento das EROs por diferentes processos, já citados e apresentados na figura 1, acarreta a instalação de situações de desequilíbrio entre os sistemas oxidante e antioxidante, com predomínio dos oxidantes, que resulta em efeitos negativos sobre o sistema fisiológico, denominado estresse oxidativo (CAVALCANTE; BRUIN, 2009). O organismo possui um sistema antioxidante enzimático composto por enzimas como superóxido dismutase (SOD), catalase (CAT) e glutamina peroxidase e glutationa redutase. No entanto, quando esse sistema é superado por substâncias oxidantes, representadas principalmente pelas ERO podem causar danos ao organismo (ANGELIS et al., 2014; MOUSSA et al., 2014). Figura 1. Repercussões do tabagismo no equilíbrio oxidante-antioxidante.

Fonte: produção dos autores. *ERO: Espécies Reativas de Oxigênio As EROs reagem com ácidos nucléicos, lipídeos e proteínas, causando danos às células pulmonares e estruturais. Elas também podem induzir a remodelação da matriz extracelular do pulmão, assim como a apoptose e a proliferação celular, ou pode interferir na respiração celular e mecanismos imunes e de reparação, assim como reduzir a manutenção de surfactante e de proteção antiprotease (RICHTER et al., 1995). A peroxidação lipídica é a incorporação de oxigênio molecular a um ácido graxo poli-insaturado, entre os quais os fosfolipídios da membrana celular são particularmente suscetíveis. Isso acarreta alterações na estrutura e permeabilidade da membrana, resulta em perda da seletividade da troca iônica, liberação do conteúdo de organelas, tais como as enzimas hidrolíticas dos lisossomas, e formação de produtos citotóxicos (LIMA, ABDALLA, 2001). Em relação às proteínas, estas estão sujeitas a uma variedade de modificações produzidas por ERO, que podem inativar as funções enzimáticas e causar degeneração estrutural ou ativar fatores de transcrição e sistemas proteolíticos (CAVALCANTE, BRUIN, 2009). Os danos oxidativos no ácido desoxirribonucleico (DNA) ocorrem por oxidação direta dos ácidos nucléicos que resultam em quebras de cadeia. O DNA possui um sistema de reparo, no entanto, quando o tipo e a quantidade de danos superam essa capacidade, mecanismos celulares podem ser afetados, por ocorrer morte celular e mutações genômicas (BERRA, MENCK, MASCIO, 2006).

Destaca-se ainda que, os distúrbios nos processos de oxidação-redução no decurso da DPOC não ocorrem somente nos pulmões, e o aumento da geração de ERO também é observada na circulação sanguínea periférica (WOZNIAK et al., 2013). Conclusão O tabagismo causa estresse oxidativo pulmonar, que produz danos à membrana lipídica, às proteínas estruturais ou ao DNA, o que afeta a função, estrutura e replicação celular, e, deste modo, está fortemente implicado na fisiopatologia da DPOC. Os componentes envolvidos no processo do estresse oxidativo necessitam de novas pesquisas por constituírem-se em potenciais biomarcadores da DPOC e podem orientar novas estratégias de tratamento. Palavras Chave: Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica; Estresse Oxidativo; Tabagismo. Agradecimentos: A PROSUP/CAPES/UNICRUZ/UNIJUÍ pela concessão das bolsas. Referências ANGELIS, N. et al. Airway inflammation in chronic obstructive pulmonary disease. Journal of Thoracic Disease. v.6, n.1, p.167-172, 2014. BARREIRO, E. et al. ENIGMA in COPD Project. Cigarette Smoke induced Oxidative Stress A Role in Chronic Obstructive Pulmonary Disease Skeletal Muscle Dysfunction. American Journal of Respiratory and Critical Care Medicine. v. 182, n.4 p. 477-488, 2010. BERRA C. M.; MENK C. F. M; MASCIO, P. D. Estresse oxidativo, lesões no genoma e processos de sinalização no controle do ciclo celular. Química Nova. v.29, n.6, p.1340-1344, 2006. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Atenção Básica. Doenças respiratórias crônicas. Série A. Normas e Manuais Técnicos. Cadernos de Atenção Básica, n. 25. Brasília: Ministério da Saúde, 2010. 160 p.: il. CANTIN, A. M; RICHTER, M. V. Cigarette smoke-induced proteostasis imbalance in obstructive lung diseases. Current Molecular Medicine. v.12, n.7, p.836-849, 2012. CAVALCANTE, A. G. M; BRUIN, P.F.C. O papel do estresse oxidativo na DPOC: conceitos. Jornal Brasileiro Pneumologia, v.35, n.12, p.1227-1237, 2009. FISCHER, B. M; VOYNOW, J. A.; GHIO, A. J. COPD: balancing oxidants and antioxidants. International Journal of COPD. n.10, p.261-276, 2015. GIL, A. C. Como elaborar projetos de pesquisa. 5ªed. São Paulo. Atlas, 2010.

GLOBAL INITIATIVE FOR CHRONIC OBSTRUCTIVE LUNG DISEASE. Global Strategy for the Diagnosis, Management and Prevention of Chronic Obstructive Pulmonary Disease (Updated 2014). Manchester, UK: Global Initiative For Chronic Obstructive Lung Disease, 2014. KOMAKI, Y et al. Cytokine-mediated xanthine oxidase upregulation in chronic obstructive pulmonary disease s airways. Pulmonary Pharmacology and Therapeutics. v.18, n.4, p.297-302, 2005. LIMA, E. S; ABDALLA, D. S. P. Peroxidação lipídica: mecanismos e avaliação em amostras biológicas. Revista Brasileira de Ciências Farmacêuticas. v.37, n.3, p.293-303, 2001. LIMA, T. C. S; MIOTO, R. C. T. Procedimentos Metodológicos na Construção do Conhecimento Cinetífico: a Pesquisa Bibliográfica. Revista Katálysis, Florianópolis, v.10, n.esp, p.37-45, 2007. MOUSSA, B. S. et al. Oxidative stress and lung function profiles of male smokers free from COPD compared to those with COPD: a case-control study. Libyan Journal of Medicine. n.9, p.1-13, 2014. RAHMAN, I.; SKWARSKA, E.; MACNEE, W. Attenuation of oxidant/antioxidant imbalance during treatment of exacerbations of chronic obstructive pulmonary disease. Thorax. v.52, n.6, p.565 568, 1997. RICHTER, C. et al. Oxidants in mitochondria: from physiology to diseases. Biochimica et Biophysica Acta. v.1271, n.1, p.67-74, 1995. SCHNEIDER, C. D.; OLIVEIRA, A. R. Radicais livres de oxigênio e exercício: mecanismos de formação e adaptação ao treinamento físico. Revista Brasileira de Medicina do Esporte. v.10, n.4, p. 308-313, 2004. VAN DER TOORN, M. et al. Critical role of aldehydes in cigarette smoke-induced acute airway inflammation. Respir Res, v. 14, p. 45, 2013. WOZNIAK, A. et al. Oxidant Antioxidant Balance in the Blood of Patients with Chronic Obstructive Pulmonary Disease After Smoking Cessation. Oxidative Medicine and Cellular Longevity. p.1-9, 2013.