O tabagismo entre as mulheres

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15. CONEX Resumo Expandido - ISSN 2238-9113 1 ÁREA TEMÁTICA: ( ) COMUNICAÇÃO ( ) CULTURA ( ) DIREITOS HUMANOS E JUSTIÇA ( ) EDUCAÇÃO ( ) MEIO AMBIENTE ( x ) SAÚDE ( ) TECNOLOGIA E PRODUÇÃO ( ) TRABALHO O tabagismo entre as mulheres Bruna Heloysa Alves (brunaheloysa1@hotmail.com) Ana Claudia Garabeli Cavalli Kluthcovsky (anafabio2009@gmail.com) Resumo: A prevalência do tabagismo no gênero feminino tem aumentado nos últimos anos, ao contrário do observado nos homens. Isso merece atenção especial, tanto que a Organização Mundial da Saúde iniciou em 2010 uma discussão sobre Gênero e tabaco com ênfase no marketing voltado para a mulher, com intuito de combater de forma específica o tabagismo entre as mulheres. Foram analisados dados que demonstram os efeitos adicionais do tabaco na mulher, como causa de dependência, atuação da indústria, determinantes psicossociais e determinantes cancerígenos e teratogênicos. Este artigo discorre sobre os aspectos do tabagismo na mulher bem como estratégias diferenciais para tratamento e prevenção, concluindo-se que elas demandam uma maior atenção que englobe tanto o vício quanto a autoimagem feminina. Palavras-chave: Tabagismo feminino. Saúde da mulher. Tabaco. Introdução O tabagismo é atualmente considerado um grave problema evitável de saúde em todo o mundo, atingindo diversas classes sociais, idades e gêneros (ANDRÉ, 2015). Ele é responsável por diversos agravos, tendo uma relação direta com a morte de 90% dos pacientes com câncer de pulmão, 85% com doença pulmonar obstrutiva crônica (DPOC) e 45% das mortes por doença coronariana (INCA, 2007). Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), morrem por ano mais de 5 milhões de pessoas expostas ao tabaco ativa ou passivamente, sendo este último responsável pela morte de 46% de mulheres (ANDRÉ, 2015; INCA). Ainda de acordo com a OMS, nos últimos anos tem havido um decréscimo na porcentagem de fumantes homens, entretanto, observa-se uma estabilização ou menor diminuição dos números para o sexo feminino (INCA). Neste sentido, foi criado no Brasil o Plano Nacional de saúde, com o objetivo de reduzir a incidência e prevalência do tabagismo, utilizando ferramentas de prevenção do início do consumo, promoção da cessação e proteção da exposição externa. Além disso, o Plano se compromete em orientar para informação e educação da população, e utilizar ferramentas para levantamento de dados de pacientes tabagistas (ANDRÉ, 2015).

15. CONEX Resumo Expandido - ISSN 2238-9113 2 Preocupado com o consumo de tabaco pelas mulheres, em 2010 a OMS iniciou um debate no Dia Mundial sem Tabaco sobre Gênero e tabaco com ênfase no marketing voltado para a mulher, a fim de criar políticas específicas para o combate ao tabagismo no gênero feminino (LOMBARDI, 2011). Em parceria com o município de Ponta Grossa e com a Terceira Regional de Saúde do Estado do Paraná, a Universidade Estadual de Ponta Grossa promove o Projeto de Extensão Educando e Tratando o Tabagismo, com os objetivos de prevenir o início e oferecer tratamento aos tabagistas. O projeto está vinculado ao Programa Nacional de Controle do Tabagismo e tem caráter multiprofissional, envolvendo acadêmicos e profissionais da área de Medicina e Enfermagem. O projeto conta com a realização de reuniões semanais durante quatro semanas, e posteriormente quinzenais, nas quais utiliza-se uma abordagem cognitiva-comportamental para ensinar os pacientes a parar de fumar e como controlar a abstinência. Para tal, os pacientes recebem 4 manuais do Ministério da Saúde, que demonstram desde como parar até os benefícios adquiridos com a cessação do tabagismo. Durante as reuniões do projeto, foi possível realizar um levantamento dos maiores desejos e medos dos pacientes que desejam cessar o tabagismo, evidenciando a maior preocupação das mulheres aos malefícios físicos do fumo, principalmente estéticos. A partir desta constatação, surge a importância de saber os motivos que levam às mulheres começarem a fumar e persistirem no vício. Objetivos Como parte do projeto de Extensão Educando e Tratando o Tabagismo, da Universidade Estadual de Ponta Grossa, este trabalho objetiva realizar uma revisão na literatura de artigos de periódicos indexados sobre o tabagismo feminino e seus riscos para a saúde específica da mulher, a fim de uma melhor compreensão sobre o tema. Metodologia Para esse estudo foi realizada uma pesquisa de artigos indexados nos portais de periódicos Scielo e Pubmed, utilizando os descritores tabagismo feminino, saúde da mulher e tabaco, a partir dos quais foram selecionados 7 artigos relacionados com o tema, independentes da sua data de publicação. Também foram pesquisadas informações no endereço eletrônico do Instituto Nacional do Câncer (INCA).

15. CONEX Resumo Expandido - ISSN 2238-9113 3 Resultados Analisar o tabagismo feminino é de suma importância, pois se estima que 250 milhões de mulheres fumam diariamente (OMS), e destas, 500 mil morrem por ano em decorrência do tabagismo. Outro ponto preocupante é que este número não foi estabilizado, visto a ascensão da prevalência do uso de tabaco entre as mulheres (BORGES, 2009). A dependência feminina possui algumas características distintas daquelas observadas nos homens, uma vez que a mulher apresenta maior susceptibilidade aos componentes relacionados ao humor e menos à resposta farmacológica da nicotina em si. Além disso, elas metabolizam a nicotina mais rapidamente, sendo o componente emocional mais importante para a cessação do tabagismo (LOMBARDI, 2011). Borges afirma que a mudança no perfil da mulher, como a entrada no mercado de trabalho e o enfrentamento das desigualdades sociais, são elementos que têm aumentando a incidência de fumantes femininos, que utilizam o tabaco como forma de alívio. Com a manutenção do tabagismo, as mulheres ficam expostas aos riscos adicionais aos observados nos homens, pelas diferenças fisiológicas e hormonais. As usuárias de tabaco iniciam este hábito devido a um perfil psicológico de aceitação social, visto que a indústria vende uma imagem de sensualidade vinculada ao ato de fumar. Menos importante do que a auto satisfação, elas enxergam o tabagismo como uma ferramenta de equidade entre homens e mulheres, deixando o fumo ser coisa de homem (SANCHES, 2008). Os efeitos do tabaco no organismo feminino podem causar, como nos homens, enfisema, bronquite crônica, doenças cardiovasculares, câncer entre outras doenças. Entretanto, as mulheres são acrescidas de um risco adicional de câncer de pulmão devido a uma região no braço longo do cromossomo X que aumenta a expressão do peptídeo liberador de gastrina (LOMBARDI, 2011). Esse fato juntamente com o aumento da incidência do tabagismo, fez o câncer de pulmão entre mulheres ultrapassar os índices de mortalidade por câncer de mama (BORGES, 2009). Dentre as doenças específicas femininas, o tabagismo influencia como um co-fator para o câncer de colo de útero, mutação o gene p53 que induz carcinogênese mamária, câncer de vulva e ovário, além de riscos para o feto e gravidez ectópica. Os produtos da nicotina também irão causar disfunções hormonais, causando menopausa precoce, dificuldade para engravidar e osteoporose devido à queda de estrogênio. Cabe ainda ressaltar que a fumaça

15. CONEX Resumo Expandido - ISSN 2238-9113 4 interage com os anticoncepcionais orais, o que aumenta ainda mais os riscos trombogênicos (LOMBARDI, 2011; MELLO, 2001). O consumo durante a gravidez é o agravo modificável mais importante a ser evitado, visto que o tabagismo causa aumento da morbimortalidade perinatal, com baixo peso ao nascer, placenta prévia, problemas no desenvolvimento intrauterino e abortos. A nicotina ainda foi encontrada no leite materno, o que tem sido associado ao risco de a criança ser futuramente fumante (ANDRE, 2009; LOMBARDI, 2011; LEOPÉRICO, 2004). Atualmente, as indústrias de tabaco têm vendido a ideia de glamour, diversão e sucesso ao ato de fumar, e fazem isso através de produtos com design e aroma que agradam as mulheres, além de propagandas que vinculam o tabagismo às mulheres consideradas padrões de beleza, dando a falsa impressão que a conquista do corpo ideal se deu pelo cigarro (ECKERDT, 2010). O tratamento para cessação do tabaco deve abranger todos os aspectos que a levam a fumar, como aqueles ligados ao emocional, estresse e autoaceitação (ECKERDT, 2010), considerando as diversas fases da vida da mulher, com atenção especial àquelas que desejam engravidar e amamentar (LOMBARDI, 2011). Considerações Finais Em relação às mulheres tabagistas, é necessário um foco especial em suas peculiaridades, como combater os comerciais que vendem às mulheres o ideal de beleza e glamour, os riscos à que elas são expostas, tratamento diferenciado e, principalmente, a atuação do tabaco durante o período gestacional. É importante relembrar que o tabagismo é um fator de risco evitável, desta forma, o Ministério da Saúde deve cada vez mais realizar o tratamento desses pacientes, abrangendo uma equipe multiprofissional, com apoio de médicos, psicólogos, educadores de saúde, entre outros, levando em consideração todos os aspectos que influenciam o fumo, em especial entre as mulheres. Foi observada a importância da formação de grupos educativos e de apoio, que escutem os anseios das mulheres e as ajudem de maneira integral. Desta forma, destaca-se o papel do projeto Educando e Tratando o Tabagismo, que realiza, além do tratamento farmacológico, reuniões com abordagem cognitivo comportamental, permitindo que os participantes possam se expressar com relação às suas dificuldades e progressos, aumentando a chance de sucesso terapêutico.

15. CONEX Resumo Expandido - ISSN 2238-9113 5 APOIO: Ministério da Saúde, Fundação Araucária e Universidade Estadual de Ponta Grossa. REFERÊNCIAS ANDRE, Maria Clara et al. Consumo de tabaco na mulher grávida: Revisão sistemática da literatura. Revista Portuguesa de Enfermagem de Saúde Mental, Porto, n. spe2, p. 113-118, fev. 2015 BORGES, Marcia Terezinha Trotta, BARBOSA, Regina Helena Simões. As marcas de gênero no fumar feminino: um aproximação sociológica do tabagismo em mulheres. Ciência e Saúde Coletiva, 14º edição, p. 1129-1130, 2009. ECKERDT, Neusa da Silva; CORRADI-WEBSTER, Clarissa Mendonça. Sentidos sobre o hábito de fumar para mulheres participantes de grupo de tabagistas. Rev. Latino-Am. Enfermagem, Ribeirão Preto, v.18, n. spe, p. 641-647, Jun 2010. INSTITUTO NACIONAL DO CÂNCER (INCA) LEOPERCIO, Waldir; GIGLIOTTI, Analice. Tabagismo e suas peculiaridades durante a gestação: uma revisão crítica. J. bras. pneumol. São Paulo, v. 30, n. 2, p. 176-185, Abr. 2004. LOMBARDI, Elisa Maria Siqueira et al. O tabagismo e a mulher: riscos, impactos e desafios. J. bras. pneumol. São Paulo, v. 37, n. 1, p. 118-128, Fev. 2011. MELLO, Paulo Roberto Bezerra de; PINTO, Gilberto Rodrigues; BOTELHO, Clovis. Influência do tabagismo na fertilidade, gestação e lactação. J. Pediatr. (Rio J.), Porto Alegre, v. 77, n. 4, p. 257-264, Aug. 2001. SANCHEZ MARTINEZ, J. Adriana; RIBEIRO, Cléa Regina de Oliveira. The search for equality: representations of the smoking act among adolescent women. Rev. Latino-Am. Enfermagem, Ribeirão Preto, v.16, n. spe, p. 640-645, Aug. 2008.