BALANÇO FITOSSANITÁRIO DO ANO AGRÍCOLA DE 2006

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Transcrição:

DIRECÇÃO REGIONAL DE AGRICULTURA DA BEIRA LITORAL Direcção de Serviços de Agricultura Divisão de Protecção das culturas ESTAÇÃO DE AVISOS DO DÃO BALANÇO FITOSSANITÁRIO DO ANO AGRÍCOLA DE 2006 Maria Helena Pinto Marques Fernanda Rodrigues Vanda Batista (consultora externa) VISEU 2006

ÍNDICE 1 - ESTAÇÃO DE AVISOS DO DÃO 1.1 - Localização 4 1.2 - Recursos humanos 4 1.3 - Instalações e equipamento 4 1.4 - Postos de observação 5 1.4.1 - Postos meteorológicos 5 1.4.2 - Postos de observação fenológica e biológica 6 1.5 - Utentes 7 2 - ACTIVIDADES DA ESTAÇÃO DE AVISOS DO DÃO 2.1 - Emissão dos boletins fitossanitários 8 2.2 - Ensaios realizados e divulgação 8 2.3 - Outras actividades 11 3 - RESULTADOS OBTIDOS EM 2006 3.1 - Vinha 3.1.1 - Estados fenológicos 12 3.1.2 - Míldio (Plasmopara vitícola Berl & de Toni) 14 3.1.3 - Escoriose (Phomopsis vitícola Sacc.) 17 3.1.4 - Oídio (Uncinula cinerea Pers.) 18 3.1.5 - Podridão cinzenta (Botrytis cinerea Pers.) 18 3.1.4 - Traça da uva - Eudemis (Lobesia botrana Den & Schiff) e Cochilis (Eupoecilia ambiguella Hb.) 19 3.1.5 - Cigarrinha verde (Empoasca vitis Gothe) 21 2

3.2 - Macieira 3.2.1 - Estados fenológicos 23 3.2.2 - Pedrado (Venturia ineaqualis Cke.) 24 3.2.3 - Bichado (Cydia pomonella L.) 27 3.2.4 - Lagartas mineiras (Phyllonorycter blancardella F. e Leucoptera malifoliella Costa) 31 3.2.5 - Cochonilha de São José (Quadraspidiotus perniciosus Comstock) 33 3.2.6 - Aranhiço vermelho (Panonychus ulmi Koch) 37 3.2.7 - Piolhos Verde (Aphis pomi Pass.) e Cinzento (Dysaphis plantaginea Fonsc.) 39 3.2.8 - Mosca da fruta (Ceratitis capitata Wied.) 40 3.3 - Oliveira 3.3.1 - Estados fenológicos 43 3.3.2 - Traça da oliveira (Prays olea Bernard) 44 3.3.3 - Mosca da azeitona (Dacus olea Gmelin) 47 3.3.4 - Traça verde (Margaronia unionalis Hubn.), Caruncho (Phloeotribus scarabaeoides Bernard) e Euzophera pinguins Haw. 49 3.3.5 - Olho Pavão (Spilocea oleagina Cast.) e Cercosporiose (Cercospora sp.) 51 3.3.6 - Gafa (Colletotrichum spp.) 3.4 - Pessegueiro 3.4.1 Lepra (Taphrina deformans) 54 4 - CONSIDERAÇÃO FINAIS 55 3

1 - ESTAÇÃO DE AVISOS DO DÃO 1.1 - Localização A Estação de Avisos do Dão encontra-se afecta à Direcção de Serviços de Agricultura, Divisão da Protecção das Culturas, da Direcção Regional de Agricultura da Beira Litoral, localizada na Estação Agrária de Viseu. 1.2 - Recursos humanos Em 2006, o grupo de trabalho foi o seguinte: Maria Helena Cortês Pinto Marques Eng.ª Agrícola Fernanda Jesus Lopes Rodrigues Assistente Administrativo Vanda Cristina Azevedo da Costa Batista Eng.ª Agrícola (consultora externa) Marisa Alexandra Fernandes Baltazar Eng.ª Agrícola (estágio profissional até Junho) 1.3 - Instalações e equipamento A Estação de Avisos do Dão está instalada no edifício principal da Estação Agrária de Viseu, ocupando 2 gabinetes e um pequeno laboratório. O equipamento que dispõe é o seguinte: - 1 microscópio Leitz Sm -Lux ; - 1 Lupa Binocular Wild M5 ; - 1 Lupa Binocular Olympus SZ60 ; - 1 Lupa Binocular Nikon ; - 1 máquina de dobragem de circulares; - 1 estufa Memmert ; - 1 frigorífico Miele ; - 1 computador compaq - Pentium 4; - 1 computador Vectra VL Hewlett Packard ; - 1 computador Zenith ; - 1 impressora - hp psc 750; - 1 impressora - hp deskjet 840; 4

- 1 máquina fotográfica digital Olympus C5050 zoom - 1 duplicador Risograph TR 1530-7 estações meteorológicas automáticas (4 estações Vórtice, 2 estações Pulsonic e 1 estação Campbell); - 5 abrigos meteorológicos principais modelo Stevenson; - 10 abrigos meteorológicos secundários; - 1 insectário; - 9 termohigrógrafos Richard ; - 1 termopluviohumectografo Bazier ; - 16 pluviómetro tipo Babinet ; - Opel Corsa (22-CI-40) desde Novembro de 2006 1.4 - Postos de observação 1.4.1 - Postos meteorológicos De forma a aplicar as metodologias de previsão baseadas nos dados meteorológicos da região, a Estação de Avisos do Dão dispõe de 15 postos meteorológicos tradicionais (5 principais e 10 secundários) e 7 postos meteorológicos automáticos. Os postos principais são constituídos por um pluviómetro e um abrigo do tipo Stevenson equipado com um termómetro de máxima, um termómetro de mínima um psicrómetro e um termohigrógrafo Richard de rotação semanal. Os postos secundários estão equipados com um pluviómetro e um abrigo do tipo Stevenson equipado com um termómetro de máxima e de mínima. As estações meteorológicas automáticas registam os dados horários e diários da temperatura, humidade relativa, precipitação, nº de horas de folha molhada, velocidade e direcção do vento. Nos postos meteorológicos tradicionais as leituras são feitas diariamente, pelos leitores responsáveis. As leituras são enviadas diariamente à estação de Avisos, via postal de Março a Setembro. O resto do ano, semanalmente os postos principais, e mensalmente os postos secundários. Os dados dos postos automáticos são recolhidos via modem. 5

Fig. 1 Localização das estações meteorológicas automáticas e tradicionais 1.4.1. Postos de observação fenológica e biológica (POB s) As observações da fenologia das culturas da vinha, pomar e olival e da biologia dos seus principais inimigos, foram feitas pelos técnicos da Estação de Avisos do Dão nos locais onde estão instalados os postos meteorológicos principais ou na área da sua influência. No caso da oliveira foram instalados mais dois postos nas zonas mais representativas da cultura. Os POB s, localizados em Viseu, Foz de Arouce (Lousã), Lobão da Beira (Tondela), S. Paio (Gouveia), Várzea (S. Pedro do Sul), Penalva do Castelo e Canas de Senhorim, são acompanhados semanalmente e para cada cultura são monitorizados os estados fenológicos das culturas e as seguintes pragas e doenças: 6

Quadro 1 Pragas e doenças acompanhados nos POB s Pragas Doenças Vinha Pomar Olival Bichado da fruta Aranhiço vermelho Traça da uva Piolhos verde e Traça da oliveira Cigarrinha verde cinzento Mosca da azeitona Cochonilhas Lagartas mineiras Coch. S. José Mosca da fruta Escoriose Gafa Míldio Pedrado Olho de Pavão Oídio Cancro Cercosporiose Podridão cinzenta 1.5 Utentes Em 2006 registaram-se 780 inscrições, entre as quais de agricultores, Cooperativas Agrícolas, Associações, Serviços Oficiais e particulares através dos quais os nossos avisos e informações chegam a outros agricultores. Existem ainda 76 inscrições permanentes não pagas, para organismos do Ministério da Agricultura, os leitores dos postos meteorológicos tradicionais e colaboradores. 7

2 - ACTIVIDADES DA ESTAÇÃO DE AVISOS DO DÃO 2.1 - Emissão de boletins fitossanitários Em 2006 foram enviadas 18 circulares com avisos e informações para tratamento das principais pragas e doenças do pomar, vinha e oliveira. Foram ainda emitidas informações para tratamento do pessegueiro. As circulares foram difundidas via correio, Internet, serviço telefónico de atendimento automático e através de mensagem via telemóvel (SMS) apenas quando houve necessidade de realização imediata de tratamento. 2.2 Ensaios realizados e divulgação A Estação de Avisos do Dão realizou os seguintes ensaios que contaram com a colaboração de estagiários: A confusão sexual como meio de luta alternativo de combate do bichado da macieira - trabalho acompanhado pela estagiária Catarina Isabel Lemos Figueiredo; Ensaio de dois métodos de captura e massa e sua comparação com a luta química para a mosca da fruta - trabalho acompanhado pelo estagiário António Jorge Pais Ferreira Coelho; Combate à traça da oliveira e à mosca da azeitona com recurso a diferentes estratégias de luta - trabalho acompanhado pela estagiária Fernanda Isabel dos Santos Lopes; Determinação do somatório de temperaturas para cochonilha de S. José pela - trabalho acompanhado pela estagiária Mónica Isabel Loureiro Fortunato; O uso do Regalis no controlo do vigor vegetativo em algumas variedades de macieira - trabalho acompanhado pela estagiária Isabel Maria Carvalho Machado; 8

No âmbito do Projecto AGRO foram desenvolvidos os seguintes trabalhos: Validação e simplificação das metodologias de previsão, relativamente ao Olho Pavão. Melhoria do controlo do cancro das pomóideas, comparando diferentes estratégias no sentido de reduzir a incidência da doença. Validação da metodologia de previsão da cochonilha de S. José, pela determinação do somatório de temperaturas existentes para Portugal e sua adaptação à região. Validação da metodologia de previsão do bichado da fruta, pela determinação do somatório de temperaturas. Introdução da luta biotécnica Método da Confusão Sexual. Também foi realizado o trabalho com o tema O uso do Carotenol e seu efeito na coloração da variedade Royal Gala. Durante o ano de 2006 os técnicos participaram e realizaram várias acções de divulgação que tiveram como publico alvo agricultores, associações, técnicos, entre outros. 6 de Janeiro de 2006 Organização da acção de divulgação com a apresentação dos resultados obtidos nos seguintes ensaios Estratégias de combate ao cancro das pomóideas e Controlo do vigor vegetativo em algumas variedades de macieira. 23 de Fevereiro de 2006 2º Encontro Fitossanitário de Leiria com a apresentação do tema Pedrado das Pomóideas. 9

17 de Março de 2006 Acção de sensibilização subordinada ao tema Pedrado das Pomóideas estratégias no seu controlo, realizado no IPV Viseu e promovido pela APIDÃO. 5 de Abril de 2006 Participação na organização do Dia Aberto de Olivicultura realizado na Estação Agrária de Viseu com a apresentação do tema Principais pragas e doenças do olival. 27 de Abril de 2006 Participação em duas acções de divulgação sobre Pragas e doenças do olival realizadas na Pampilhosa da Serra (Amoreira e Janeiro de Baixo). 16 de Maio de 2006 Participação na acção de formação realizada no Regimento de Infantaria nº 14 Viseu com a monitorização do módulo Pragas e doenças do olival. 25 de Maio de 2006 Acção de Divulgação - Valorização de variedades regionais de pomóideas através do modo de produção biológico 6 de Junho de 2006 Participação na organização do Fórum de Fruticultura realizado no Auditório do Instituto Politécnico de Viseu promovido pela FELBA. 20 de Julho de 2006 Participação na organização da acção de divulgação sobre Técnicas de Pulverização realizada na Estação Agrária de Viseu. 27 de Setembro de 2006 Participação na acção de esclarecimento sobre o Decreto-Lei nº 173/2005 promovida pela DRABL e realizada no Centro de Formação da Gafanha da Nazaré. 10

16 de Novembro de 2006 Participação na organização da acção de divulgação realizada na Estação Agrária de Viseu com a apresentação e análise dos dados obtidos em 2005 e 2006 referentes à mosca da fruta. Acção de Divulgação Europe Direct Agricultura Biológica - Visita à Quinta da Comenda 2.3 - Outras actividades Além das acções atrás referidas, os técnicos dos Serviços de Avisos desempenharam outras actividades nomeadamente: Assistência técnica aos agricultores no domínio da Sanidade Vegetal em gabinete e no campo; Monitoragem; Apoio em projectos da DRABL no que se refere à protecção fitossanitária das culturas; Recepção e acompanhamento de grupos de formandos de cursos de formação, escolas e politécnicos (visita à exploração e estação meteorológica); Colaboração e execução do projecto Agro 8.2 Redução do Risco e dos impactes ambientais na aplicação de produtos fitofarmacêuticos Modernização e reforço da capacidade do Serviço Nacional de Avisos Agrícolas; Apoio na realização dos tratamentos fitossanitários efectuados durante 2006 às culturas da Estação Agrária de Viseu; Elaboração de listas de produtos homologados para posterior distribuição pelos utentes do serviço; Leitura de programas e emissão de pareceres (pomóideas e olival) com vista a acreditação de Associações de Protecção e Produção Integradas na região da Beira Litoral; Elaboração de relatórios intercalares e do relatório final de actividades. 11

3 - RESULTADOS OBTIDOS EM 2006 3.1. Vinha 3.1.1. Estados fenológicos Quadro 2 Evolução fenológica da cultura da vinha Estados fenológicos Lobão da Beira S.Paio Viseu Várzea Foz de Arouce A 8/2 8/2 8/2 8/2 8/2 A/B 17/3 19/3 14/3 9/3 B C 27/3 23/3 23/3 28/3 27/3 3/4 6/4 29/3 1/3 C/D D/E 10/4 18/4 6/4 4/4 3/4 19/4 23/4 11/4 11/4 10/4 F E 19/4 19/4 19/4 3/5 27/4 3/5 27/4 11/5 15/4 F/G 3/5 11/5 3/5 16/5 18/4 G 11/5 15/5 11/5 19/5 3/5 12

Estados fenológicos Lobão da Beira S.Paio Viseu Várzea Foz de Arouce G/H 16/5 19/5 16/5 23/5 11/5 H 23/5 23/5 23/5 30/5 16/5 H/I 30/5 30/5 30/5 6/6 23/5 6/6 6/6 6/6 13/6 31/5 I 13/6 6/6 J 14/6 13/6 21/6 21/6 13/6 Bago chumbo 4/7 4/7 16/7 4/7 28/6 Fecho do cacho 4/8 10/8 4/8 4/8 29/7 Pintor 23/9 23/9 23/9 23/9 23/9 Cacho maduro 13

3.1.2. Míldio (Plasmopara vitícola Berl & de Toni) Foram colocados nas condições de campo, no fim do Outono de 2005, os fragmentos com oósporos retirados das folhas de videira (Fig. 2). Estes começaram a ser recolhidos semanalmente a partir de Março e colocados em estufa a uma temperatura de 22ºC (Quadro 3). Fig. 2 Oósporos de míldio Esta metodologia tem como objectivo avaliar a maturação dos oósporos de míldio e quando germinam em menos de 24 horas, temos a indicação que estes se encontram maduros e podem ocorrer infecções. Esta situação verificou-se no dia 3 de Abril no posto de Lobão da Beira e no dia 12 de Abril nos postos de Viseu e S. Paio. No quadro seguinte encontram-se os registos das observações de oósporos. De uma maneira geral, as germinações foram muito intensas em todos os postos no decurso da segunda quinzena de Março e início de Abril. Nesta altura não se registaram infecções pois as vinhas da região não se encontravam no estado fenológico sensível. 14

Quadro 3 Germinação dos oósporos em fragmentos de folhas de videira colocados em estufa a 22º C Data Postos Biológicos Nº de dias de permanência dos fragmentos em estufa 1 2 3 4 5 6 7 8 9 M T M T M T M T M T M T M T M T M T 06-Mar C 0 0 0 0 0 0 1 S S D D 2 0 0 0 0 0 14-Mar C 0 0 0 0 0 0 0 S S D D 141 122 1 0 18 3 21-Mar C 0 0 0 0 0 0 S S D D 20 1 10 0 0 0 27-Mar C 0 0 0 0 0 5 0 2 1 S S D D 46 0 1 0 04-Abr C 0 0 0 1 0 0 2 S S D D 4 2 0 1 0 0 12-Abr C 0 23 7 F F S S D D 36 5 11 8 2 2 1 0 26-Abr C 0 0 0 0 0 S S D D F F 2 1 0 0 0 0 02-Mai C 0 0 0 4 0 2 0 S S D D 8 0 0 0 0 1 10-Mai C 0 0 0 0 0 S S D D 0 0 0 0 0 0 0 0 16-Mai C 0 0 0 0 0 0 0 S S D D 0 0 0 0 0 0 24-Mai C 0 0 0 0 0 S S D D 0 0 0 0 0 0 0 0 06-Mar C 0 0 0 0 0 0 S S D D 13 5 42 14 25 4 15-Mar C 0 0 0 0 S S D D 0 0 0 0 0 0 3 5 27-Mar C 0 0 10 12 55 73 72 61 S S D D 189 0 8 2 03-Abr C 0 0 2 6 8 14 7 3 S S D D 7 2 0 0 10-Abr C 0 0 0 0 0 0 0 F F S S D D 2 0 0 0 19-Abr C 0 0 0 0 0 S S D D 0 0 0 0 0 0 0 0 03-Mai C 0 0 0 0 0 S S D D 0 0 0 0 0 0 0 0 10-Mai C 0 0 0 0 0 S S D D 0 0 0 0 0 0 0 0 17-Mai C 0 0 0 0 0 S S D D 0 0 0 0 0 0 0 0 23-Mai C 0 0 0 0 0 0 0 S S D D 0 0 0 0 0 0 06-Mar C 0 0 0 0 3 1 S S D D 0 0 0 0 0 0 15-Mar C 0 0 0 0 0 0 S S D D 0 0 0 0 0 0 27-Mar C 0 0 0 0 0 4 10 13 S S D D 110 0 26 1 03-Abr C 0 4 11 3 31 12 78 S S D D 23 3 3 0 10-Abr C 0 0 0 3 0 3 0 F F S S D D 8 1 10 20 19-Abr C 0 0 0 0 0 S S D D 0 0 F F 0 0 1 0 03-Mai C 0 0 0 0 0 S S D D 0 0 0 0 0 0 0 0 10-Mai C 0 0 0 0 0 S S D D 0 0 0 0 0 0 0 0 17-Mai C 0 0 0 0 2 S S D D 0 0 0 0 0 0 0 0 23-Mai C 0 0 0 0 0 0 0 S S D D 0 0 0 0 0 0 Viseu Foz de Arouce Lobão da Beira 15

Quadro 3 (continuação) Germinação dos oósporos em fragmentos de folhas de videira colocados em estufa a 22º C. Data Postos Biológicos Nº de dias de permanência dos fragmentos em estufa 1 2 3 4 5 6 7 8 9 M T M T M T M T M T M T M T M T M T 07-Mar C 0 0 0 0 0 0 0 S S D D 3 12 32 0 34 31 14-Mar C 0 0 0 0 0 0 0 S S D D 220 37 120 93 12 10 21-Mar C 0 0 0 0 0 0 0 S S D D 8 5 11 7 8 0 30-Mar C 0 0 S S D D 14 0 0 0 0 0 0 0 0 0 04-Abr C 0 0 0 5 1 10 8 S S D D 28 0 0 14 6 3 11-Abr C 0 0 0 0 0 F F S S D D 2 0 0 0 0 0 18-Abr C 0 0 0 0 0 0 0 S S D D 0 2 5 2 1 0 02-Mai C 0 0 0 0 0 0 0 S S D D 0 3 0 0 0 0 09-Mai C 0 0 0 0 0 0 0 S S D D 0 0 0 0 0 0 15-Mai C 0 0 0 0 0 0 0 0 0 S S D D 0 0 0 0 24-Mai C 0 0 0 0 0 S S D D 0 0 0 0 0 0 0 0 08-Mar C 0 0 0 0 S S D D 0 0 2 1 18 1 9 1 Várzea 13-Mar C 0 0 7 0 1 0 S S D D 93 9 49 21 17 14 20-Mar C 0 0 0 0 0 0 S S D D 0 4 2 6 0 1 29-Mar C 0 0 0 0 S S D D 0 0 0 0 0 0 0 0 07-Abr C 0 S S D D 30 0 1 8 5 2 7 1 F F S S 12-Abr C 2 0 F F S S D D 22 1 0 1 0 0 0 0 20-Abr C 0 0 0 S S D D 0 0 F F 0 0 1 0 0 0 04-Mai C 0 0 S S D D 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 11-Mai C 0 0 0 S S D D 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 18-Mai C 0 0 S S D D 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 0 22-Mai C 0 0 0 0 0 0 0 0 S S D D 0 0 0 0 0 S. Paio Para o míldio foram emitidos quatro Avisos e uma recomendação para não realizar tratamento (Aviso nº 6 de 18 de Abril). O primeiro aviso a recomendar tratamento foi emitido no dia 27 de Abril pois as chuvas ocorridas nos dias 21 e 22 de Abril associadas ao desenvolvimento vegetativo (10 cm de pâmpano) e à temperatura média (10 ºC) provocaram infecções de míldio. Como as manchas resultantes destas infecções estavam previstas aparecer no dia 3 de Maio foi recomendada a realização de tratamento próximo desta data. Juntamente com esta circular foi emitida uma lista de produtos homologados classificados de acordo com o seu modo de acção. Devido à urgência do tratamento também foi emitido um SMS aos utentes inscritos. As manchas foram encontradas no posto de Foz de Arouce no dia 3 de Maio conforme o previsto. 16

A precipitação ocorrida nos dias 21 e 22 de Maio levou à emissão de uma mensagem via telemóvel e de uma circular a recomendar a realização de novo tratamento. No dia 13 de Junho foi emitida uma nova circular e SMS a aconselhar tratamento, devido às chuvas ocorridas. Como as vinhas já se encontravam no estado fenológico Bago de chumbo Bago de ervilha foram recomendados produtos com cobre. Em Julho, verificou-se alguma instabilidade no tempo tendo ocorrido precipitação nos meados do mês. Deste modo, foi aconselhada a realização do último tratamento com cobre na Circular nº 13 emitida no dia 17. 3.1.3. Escoriose (Phomopsis vitícola Sacc.) Em 2006 foram emitidos dois Avisos para a escoriose. No primeiro aviso, emitido no dia 31 de Janeiro, foram referidas algumas medidas culturais que auxiliam no controlo da doença. À semelhança dos anos anteriores foi emitido um segundo aviso, dia 21 de Março, onde foram descritas duas estratégicas que os viticultores poderiam adoptar para controlar a doença: 1ª. Efectuar duas aplicações: 1ª Aplicação com 30-40 % dos gomos no estado fenológico D (saída das folhas) 2ª Aplicação com 40% dos gomos no estado fenológico E (folhas livres) Recomendava-se a utilização com uma das seguintes substâncias activas: azoxistrobina, azoxistrobina+folpete, enxofre, folpete, mancozebe, metirame, propinebe, fosetil de alumínio + mancozebe e fosetil de alumínio + folpete. 2ª. Efectuar uma aplicação: Efectuar uma única aplicação no estado fenológico D (saída das folhas). Utilizando a mistura do fungicida sistémico fosetil de alumínio com mancozebe ou com folpete. 17

3.1.4. Oídio (Uncinula cinerea Pers.) O oídio foi a doença que se manifestou com maior severidade tendo sido necessário alertar para a realização de tratamento em quatro Avisos. O primeiro aviso para o oídio foi emitido no dia 18 de Abril quando a maioria das vinhas se encontravam no estado fenológico E - Folhas livres e F Cachos visíveis. Foi recomendada a utilização de enxofre em pó. Em meados de Maio já eram visíveis sintomas da doença e como as vinhas se encontravam próximo da floração foi recomendado novo tratamento na Circular nº 9 emitida a 22 de Maio. Juntamente com esta circular foi emitida a lista de produtos homologados para o oídio da vinha. Durante o mês de Junho verificaram-se as condições favoráveis ao desenvolvimento da doença (nevoeiros e neblinas até tarde). Deste modo, foi emitida nova recomendação de tratamento na Circular nº 11 (13 de Junho), onde também foi feita a advertência para a importância da realização de técnicas culturais de modo a promover o arejamento das videiras. Esta recomendação teve como base as observações realizadas no dia 12 de Junho no posto de Lobão da Beira onde foram observados 60 cachos com sintomas da doença. Devido aos ataques verificados em algumas vinhas da região foi realizado um alerta para a importância da realização de técnicas culturais que promovam o arejamento das videiras (Aviso nº 11 de 13 de Junho). Também foi emitido um SMS a alertar os utentes para a realização de tratamento. Como as condições se mantiveram favoráveis ao desenvolvimento da doença foi emitido novo aviso a recomendar tratamento com produtos de acção curativa (Circular nº 12 de 27 de Junho). Nesta data foram observados 42 cachos com sintomas no posto de Lobão da Beira. 3.1.5. Podridão Cinzenta (Botrytis cinerea Pers.) Para a podridão cinzenta foram emitidos dois Avisos em 17 de Julho e 16 de Agosto, pois as condições meteorológicas encontravam-se favoráveis ao desenvolvimento da doença e já eram visíveis focos da mesma em algumas vinhas da região. O último tratamento também foi recomendado via SMS. O último tratamento assumiu especial importância devido ao facto de se ter registado no POB de Foz de Arouce um ataque 18

de podridão de 46% na observação realizada no dia 5 de Setembro. Este ataque estava associado à presença de traça da uva cujas perfurações são propícias à instalação do fungo da podridão cinzenta. No POB de Lobão da Beira, na observação do dia 7 de Setembro verificou-se 43% de cachos atacados com podridão, em especial na casta Jaen. Esta percentagem de ataque aumentou para 46% na observação realizada dia 18 de Setembro. 3.1.6. Traças da uva Eudemis (Lobesia botrana Den & Schiff) Cochilis (Eupoecilia ambiguella Hb.) No início do mês de Março, foram colocadas armadilhas sexuais para as traças da uva (Eudémis e Cochilis), nos postos biológicos. A armadilha sexual para a Cochilis apenas foi colocada no posto de S. Paio, pois esta espécie apenas se manifesta em vinhas com maior altitude. Como se pode observar no gráfico seguinte a Eudémis teve três gerações bem definidas. À semelhança dos anos anteriores foi no posto de Lobão da Beira onde se verificou um maior número de capturas, seguindo-se o posto de Foz de Arouce. 400 350 300 Nº de adultos 250 200 150 100 50 0 14-Mar 30-Mar 12-Abr 03-Mai 16-Mai 02-Jun 20-Jun 04-Jul 20-Jul 02-Ago 21-Ago 05-Set 18-Set 04-Out 26-Out Viseu S. Paio (Eudemis) S. Paio (Cochilis) Lobão Foz Arouce Várzea Fig. 3 Curva de voo da traça da uva 19

A segunda geração da traça da uva provocou, em algumas vinhas da região, estragos consideráveis. Verificou-se uma maior percentagem de ataque no cacho nos postos de observação da Foz de Arouce e Lobão da Beira. Foi atingido o máximo de perfurações com lagarta viva no dia 2 de Agosto no posto de Foz de Arouce (24 perfurações com lagarta viva /100 cachos) (Fig. 4). No posto de Lobão da Beira o máximo de perfurações com lagarta viva (22/100 cachos) foi registado no dia 27 de Julho (Fig. 5). Nos meses de Agosto e Setembro ocorreu o voo da 3ª geração. No dia 8 de Agosto, no posto de Foz de Arouce foram observados 150 ovos em 100 cachos (Fig. 4). Deste modo, foi emitido um Aviso no dia 9 de Agosto no sentido de aconselhar a realização de um tratamento para a traça da uva especialmente nas vinhas onde se tinha verificado perfurações resultantes do ataque da 2ª geração e/ou caso se regista-se 1 a 10% de cachos com posturas ou perfurações recentes. No posto de Foz de Arouce foi realizado um tratamento após a observação dos ovos baixando drasticamente a população de traça da 3ª geração. No posto de Lobão da Beira não foi realizado nenhum tratamento o que originou um forte ataque de traça nos cachos no inicio de Setembro (60% de perfurações com lagarta) e associado a este ataque um elevado ataque de podridão cinzenta conforme o referido anteriormente. Esta recomendação teve como objectivo reduzir a intensidade da praga de modo a evitar estragos provocados pela 3ª geração que normalmente são coincidentes com a vindima o que impossibilita a realização de qualquer tratamento. 160 Foz de Arouce 140 120 100 80 60 40 20 0 Perfurações sem lagarta Perfurações com lagarta viva Perfurações com pupa/exúvia ovos 29-Jun 13-Jul 27-Jul 02-Ago 08-Ago 05-Set Fig. 4 Evolução da traça da uva no posto de Foz de Arouce 20

Lobão da Beira 80 70 60 50 40 30 20 10 0 Perfurações sem lagarta Perfurações com lagarta Perfurações com pupa ovos 13-Jul 21-Jul 27-Jul 02-Ago 08-Ago 17-Ago 31-Ago 05-Set 18-Set Fig. 5 Evolução da traça da uva no posto de Lobão da Beira 3.1.7. Cigarrinha Verde (Empoasca vitis Gothe) O voo da cigarrinha verde foi acompanhado com o auxílio de placas cromotrópicas amarelas instaladas em todos os postos. Como se pode observar na figura o posto onde se registou um maior número de capturas foi o posto de S. Paio seguido do posto de Lobão da Beira. Nº de adultos 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 30-Mar 12-Abr 03-Mai 16-Mai 02-Jun 20-Jun 11-Jul 27-Jul 08-Ago 30-Ago 13-Set 27-Set Data Viseu S. Paio Lobão Foz Arouce Várzea Fig. 6 - Curva de voo da cigarrinha verde 21

Nestes dois postos foram realizadas observações semanais em 100 folhas e na casta Aragonês ou Tinta Roriz visto ser uma das castas mais sensível ao ataque desta praga. No posto de S. Paio não foi ultrapassado o NEA estipulado para esta praga (50 ninfas/100 folhas), tendo-se registado um máximo de 22 ninfas em 100 folhas no dia 20 de Julho. Situação inversa ocorreu no posto de Lobão da Beira, onde o NEA foi ultrapassado na observação efectuada no dia 27 de Julho onde se registou a presença de 68 ninfas em 100 folhas. Tendo em conta esta situação e aliada ao facto de as condições se encontrarem favoráveis ao desenvolvimento da praga, foi recomendada no aviso nº 14 emitido no dia 9 de Agosto de 2006 a vigilância das vinhas onde se verificaram ataques nos anos anteriores e caso fossem observadas 50 ninfas em 100 folhas deveria ser realizado um tratamento. Quadro 4 - Circulares de Aviso emitidas em 2006 para a cultura da vinha Mês Janeiro Março Abril Maio Traça da Uva Cigarrinha Verde Inimigos da Vinha Escoriose Oídio Míldio AVISO N.º 1 24/01/2006 AVISO N.º 3 21/03/2006 AVISO N.º 6 * 18/04/2006 AVISO N.º 7 27/04/2006 AVISO N.º 9 22/05/2006 Podridão Cinzenta Junho AVISO N.º 12 27/06/2006 AVISO N.º 11 13/06/2006 Julho AVISO N.º 13 17/07/2006 Agosto AVISO N.º 14 9/08/2006 AVISO N.º 15 16/08/2006 22

3.2. Macieira 3.2.1. Estados fenológicos Quadro 5 Evolução fenológica da cultura da macieira Estados Fenológicos A B C D E E2 F1 F2 G H I J Lobão da Beira Várzea S. Paio Viseu Foz de Arouce Gold. Stark. Gold. Stark. Gold. Stark. Gold. Stark. Gold. Stark. 8 Fev. 8 Fev. 13 Fev. 13 Fev. 6 Fev. 6 Fev. 13 Fev. 13 Fev. 8 Fev. 8 Fev. 15 Mar. 15 Mar. 20 Mar. 13 Mar. 20 Mar. 14 Mar. 19 Mar. 13 Mar. 15 Mar. 15 Mar. 27 Mar. 27 Mar. 30 Mar. 30 Mar. 29 Mar. 29 Mar. 27 Mar. 20 Mar. 20 Mar. 3 Abr. 3 Abr. 27 Mar. 9 Abr. 9 Abr. 8 Abr. 8 Abr. 8 Abr. 8 Abr. 6 Abr. 6 Abr. 11 Abr. 10 Abr. 12 Abr. 11 Abr. 12 Abr. 10 Abr. 10 Abr. 19 Abr. 18 Abr. 18 Abr. 18 Abr. 19 Abr. 29 Abr. 29 Abr. 4 Mai. 4 Mai. 28 Abr. 28 Abr. 20 Abr. 21 Abr. 21 Abr. 10 Mai. 10 Mai. 10 Mai. 10 Mai. 6 Mai. 6 Mai. 29 Abr. 29 Abr. 20 Mai. 20 Mai. 17 Mai. 17 Mai. 12 Mai. 12 Mai. 10 Mai. 10 Mai. 1 Jun. 1 Jun. 17 Mai. 17 Mai. 19 Mai. 19 Mai. 20 Mai. 20 Mai. 23

3.2.2. Pedrado (Venturia ineaqualis Cke.) Foram colhidas, a partir de Março, folhas de macieira dos vários POB s e em laboratório retiradas as pseudotecas para posterior observação na lupa binocular. Esta metodologia tem como principal objectivo acompanhar a evolução da maturação das pseudotecas (Quadro 6). Quadro 6 Evolução da maturação das pseudotecas ao longo do tempo Data Posto Biológico Estado de desenvolvimento das pseudotecas 6 Março Viseu Lobão da Beira Tondela Pseudotecas muito pequenas e difíceis de retirar. Alguns ascos formados sem ascósporos. Pseudotecas muito pequenas. Nenhum asco formado no seu interior. Pseudotecas muito pequenas. Ascos quase imperceptíveis. 7 Março Várzea 8 Março S. Paio Pseudotecas com alguns ascos formados. Já são visíveis alguns ascósporos formados. Alguns ascos com ascósporos formados no interior mas ainda pouco definidos. 14 Março Várzea Pseudotecas com ascos formados. São visíveis alguns ascósporos. S. Paio Alguns ascos com ascósporos formados no seu interior. 15 Março Viseu Pseudotecas com ascos e em alguns eram visíveis ascósporos em formação. 21 Março Viseu Pseudotecas com ascos e ascósporos bem formados. 22 Março Lobão da Beira Apenas alguns ascos formados e são visíveis alguns ascósporos formados. S. Paio As pseudotecas possuem ascos com ascósporos visíveis no seu interior 23 Março Várzea Ascos formados com ascósporos no seu interior. Visíveis ascósporos soltos na solução. 28 Março Viseu Ascos com ascósporos formados. Alguns mais ténues outros soltos na solução. Ascos formados com ascósporos no seu interior. Visíveis Várzea 29 Março ascósporos soltos na solução. S. Paio Pseudotecas maduras com ascósporos maduros no seu interior 30 Março Lobão da Beira Pseudotecas grandes e fáceis de retirar. Ascos formados com ascósporos no seu interior. Alguns visíveis no exterior dos ascos. Lobão da Beira Pseudotecas com ascos e ascósporos formados e bem visíveis. Alguns soltos. 3 Abril Pseudotecas com ascos formados e no seu interior ascósporos em Várzea formação. 4 Abril Viseu Pseudotecas com ascos e ascósporos formados. Muitos acósporos soltos dos ascos. 10 Abril Viseu Pseudotecas maduras com ascos formados e ascósporos bem visíveis 24

Data Posto Biológico Estado de desenvolvimento das pseudotecas Lobão da Beira Pseudotecas grandes com ascos e ascósporos bem diferenciados e soltos 12 Abril Foz de Arouce Ascos com ascósporos no interior e alguns soltos S. Paio Algumas pseudotecas com um desenvolvimento mais atrasado. Ascos com alguns ascósporos no interior. 23 Abril Lobão da Beira e Foz de Arouce Algumas pseudotecas em maturação. Alguns ascos com ascóporos formados no seu interior. 24 Abril Viseu e Várzea 25 Abril S. Paio Observaram-se algumas pseudotecas em maturação, outras maduras e algumas vazias Pseudotecas em processo de maturação com ascos formados e ascósporos e outros mais atrasados Viseu Ascos com ascósporos no interior e alguns soltos 3 Maio Lobão da Beira Ascos e ascósporos bem diferenciados e alguns ascósporos soltos Foz de Arouce Pseudotecas fáceis de retirar com ascos e ascósporos bem diferenciados e alguns ascósporos soltos Viseu Algumas pseudotecas maduras e muitas vazias Várzea Grande quantidade de ascósporos bem diferenciados e soltos 15 Maio S. Paio Ascos com ascósporos no interior e alguns soltos Lobão da Beira Ascos e ascósporos bem diferenciados e alguns ascósporos soltos Foz de Arouce Peritecas fáceis de retirar com ascos e ascósporos bem diferenciados e alguns ascósporos soltos 9 Junho Viseu Pseudotecas vazias com ascos vazios As projecções dos ascósporos foram monitorizadas através da colocação de três lâminas com vaselina sob uma rede com folhas colocadas no solo (Fig. 7). Estas lâminas foram observadas ao microscópio após a ocorrência de precipitação o que nos permitiu avaliar a quantidade de ascósporos projectados (Fig. 8). Esta metodologia apenas foi aplicada no posto de Viseu. Fig. 7 Lâminas sob a rede 25

Precipitação 80 70 60 50 40 30 20 10 0 17-Mar 19-Mar 21-Mar 23-Mar 25-Mar 27-Mar Precipitação 29-Mar 31-Mar 02-Abr 04-Abr Data 06-Abr 08-Abr 10-Abr 16-Abr 19-Abr 21-Abr 23-Abr Projecções Fig. 8 Precipitação acumulada e projecções registadas 100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 Nº ascósporos projectados Sendo o pedrado a doença mais problemática que afecta os pomares da região e devido à complexidade no seu controlo, foi necessário emitir 13 Circulares de Aviso durante a presente campanha. Tendo em conta que o controlo desta doença passa por um atempado e correcto posicionamento dos produtos fitofarmacêuticos as circulares também foram difundidas via mensagem telemóvel, gravação telefónica e por email. A primeira circular foi emitida no dia 21 de Março, pois segundo as observações fenológicas, a maioria dos pomares da região já se encontravam próximo do estado sensível C3-D e a previsão era de tempo instável. Também foi enviado um SMS e juntamente com a Circular foi enviada uma lista com os produtos homologados para o pedrado das pomóideas. No dia 30 de Março foi enviada nova informação a aconselhar a realização de um tratamento até ao dia 6 de Abril, data prevista para o aparecimento das manchas resultantes das infecções de 18 e 19 de Março. Esta informação também foi divulgada via SMS. Devido à previsão de instabilidade do tempo foi necessário recomendar novo tratamento nas Circulares nº 5 e n.º 6 emitidas nos dias 10 e 18 de Abril, respectivamente. Estas circulares foram acompanhadas com o envio de SMS s. Nos dias 21 e 22 de Abril ocorreu precipitação que ultrapassou os 25 litros por m 2 e deste modo ocorreu a lavagem de produto o que provocou novas infecções. Como o aparecimento das manchas estava previsto para o dia 4 de Maio, foi emitido novo aviso e SMS no dia 27 de Abril. 26

Segundo o ciclo de desenvolvimento da doença as infecções secundárias ocorrem após o aparecimento de manchas que, submetidas a condições propícias ao seu desenvolvimento, esporulam dando origem a novas infecções. Esta situação foi tida em conta aquando a emissão do aviso n.º 8 no dia 15 de Maio, onde já tinham sido observadas manchas de pedrado em alguns pomares de região e como se verificavam condições de humidade favoráveis (neblinas e nevoeiros) estavam reunidas as condições para ocorrerem novas infecções. Após esta situação verificou-se um forte ataque da doença, principalmente nos pomares onde não tinha sido realizado o tratamento anterior, e deste modo, foi necessário emitir novo aviso no dia 22 de Maio. No dia 13 de Junho ocorreu precipitação o que levou ao envio de um SMS no mesmo dia. Durante este mês ocorreram fortes orvalhos e nevoeiros, pelo que foi dada a indicação de realização de novo tratamento no aviso emitido a 27 de Junho, essencialmente nos pomares onde existiam manchas e onde tinham ocorrido chuvas na semana anterior. Nos meses de Julho e Agosto verificou-se a ocorrência de precipitação o que levou à emissão dos avisos nº 13 e nº 15. Juntamente com o aviso nº 15 também foi enviado um SMS. Nos avisos nº 16 e nº18 foi dada a indicação para a realização de tratamento com ureia a 5%, visto ter uma boa acção na destruição das folhas o que implica uma diminuição da fonte de inoculo para o ano seguinte. 3.2.3 Bichado (Cydia pomonella L.) As armadilhas sexuais para o bichado foram colocadas nos POB s na primeira semana de Março, mas o voo só teve início no dia 4 de Abril no posto de S. Pedro do Sul. Nos restantes postos as capturas tiveram início no dia 18 de Abril. No posto de Viseu apenas foram capturados adultos na armadilha sexual no mês de Julho, nos dias 10 e 27 de Julho, pelo facto de ter sido instalado nos pomares da Estação Agrária de Viseu o Método da Confusão Sexual. 27

Como pode ser observado na figura seguinte é difícil diferenciar as gerações de bichado, pois as capturas foram contínuas ao longo do ano. O posto onde se obtiveram mais capturas ao longo do ano foi o da Várzea, sendo este um pomar abandonado e com muita fruta. 45 40 35 Nº de adultos 30 25 20 15 10 5 0 30-Mar 13-Abr 27-Abr 11-Mai 25-Mai 8-Jun 22-Jun 6-Jul 20-Jul 3-Ago 17-Ago 31-Ago 14-Set 28-Set 12-Out Data Viseu S. Paio Lobão Foz Arouce Várzea Fig. 9 Curva de voo do bichado da fruta A evolução da praga também foi acompanhada através das observações diárias do insectário onde tinham sido colocados, no ano anterior, rolos com 1000 larvas provenientes da geração hibernante interceptadas nas cintas de cartão canelado colocadas no posto de S. Paio (Fig. 10 e 11). Fig. 10 Cinta de cartão canelado Fig. 11 Rolos com larvas de bichado no insectário 28

As primeiras emergências ocorreram no dia 28 de Abril. No dia 15 de Maio, verificou-se o pico de emergências no insectário, com o total de 111 adultos, sendo 38 fêmeas e 73 machos (Fig. 12). As emergências de adultos duraram aproximadamente dois meses e meio. Desde que se iniciou as emergências dos adultos até ao dia 5 de Junho, o número total de machos emergidos foi superior ao das fêmeas, uma vez que até esta data o número total de machos emergidos foi de 491 e o de fêmeas 311, sendo a sua diferença de 180. Em algumas situações pontuais houve um maior número de fêmeas emergidas. No final das observações verificou-se que tinham emergido 821 adultos. Deveriam ter emergido 1000 adultos, uma vez que no insectário foram colocadas 1000 lagartas. Tal facto não aconteceu porque, ao abrir-se as cintas no final das emergências verificou-se que 89 lagartas estavam parasitadas e as outras 90 puderam ter fugido e serem fêmeas uma vez que estas são mais activas que os machos. No dia 12 de Julho verificou-se que as emergências da 1ª geração do bichado cessaram com um total de 2 adultos, 1 fêmea e 1 machos. 120 100 80 60 40 20 0 28-Abr 5-Mai 12-Mai 19-Mai 26-Mai 2-Jun 9-Jun 16-Jun 23-Jun 30-Jun 7-Jul 14-Jul Fêmeas Machos Fig. 12 - Evolução da emergência de machos e fêmeas no insectário 29

No dia 28 de Abril, colocaram-se duas mangas de postura, uma num ramo de macieira na parcela F2 (Manga A) e outra num ramo de pereira (Manga B). No dia 2 de Maio colocaram-se mais duas mangas de postura, tanto na parcela F2 (Manga C), como na pereira (Manga D). Em cada manga foram efectuados vários registos, nomeadamente, primeira postura, última postura, perfurações, total de ovos, estado de cabeça negra, morte dos adultos e introdução dos adultos (estes resultados encontram-se no estágio da confusão sexual). A data das primeiras perfurações nos frutos foi no dia 22 de Maio na manga de postura D. Neste dia houve mortalidade do casal, recorrendo-se à sua substituição. A partir do dia 22 de Maio até ao dia 29 de Maio de 2006 houve um decréscimo de número de ovos principalmente a partir do dia 29 de Maio com a substituição do casal. Uma das razões poderá ter sido que a nova fêmea eliminou os ovos para poder efectuar as suas posturas, que se iniciava no dia 1 de Junho. Podemos estar aqui perante um fenómeno de sobrevivência das espécies nunca antes observado nesta espécie. Durante o corrente ano foram emitidas 6 circulares de avisos para o bichado da fruta. A primeira advertência, datada de 10 de Abril, foi direccionada aos fruticultores que tivessem optado pela instalação do Método da Confusão Sexual nos seus pomares, pois conforme o indicado anteriormente, foi capturado o primeiro adulto no posto de observação biológica da Várzea em S. Pedro do Sul. No dia 28 de Abril assistiu-se ao máximo de adultos imergidos em insectário, embora ainda não se tivessem observado posturas nas mangas, estavam reunidas na natureza as condições necessárias à sua ocorrência (temperatura crepuscular, entre as 18-22 horas, superior a 15ºC e humidades relativas iguais ou superiores a 65%). Deste modo foi difundida no dia 29 de Abril uma mensagem via SMS a aconselhar a realização de tratamento com um produto ovicida ou ovicida/larvicida. Tendo em conta que alguns fruticultores optam pela estratégia larvicida foi aconselhada a realização de um tratamento com produtos com este modo de acção na Circular nº 8 emitida no dia 15 de Maio. Juntamente com esta circular foi publicada uma lista com os produtos homologados para esta praga. 30

Como o voo continuava muito intenso e já tinham sido detectadas perfurações de bichado recomendou-se a renovação de tratamento no dia 5 de Junho e aconselhou-se a vigilância dos pomares onde tivesse sido instalado o Método da Confusão Sexual. Aquando o início do voo da 2ª geração foi emitida uma nova circular no dia 27 de Junho a aconselhar novo tratamento. Devido à sua intensificação foi aconselhada a renovação de tratamento no dia 17 de Julho (Circular nº 13). Pela mesma razão aliada ao facto de o número de perfurações recentes ter aumentado foi aconselhado novo tratamento na Circular nº 14 emitida a 9 de Agosto. Após esta data foi feita nova referência para a necessidade de repetir tratamento na Circular nº 15 de 16 de Agosto. 3.2.4. Lagartas mineiras (Phyllonorycter blancardella F. e Leucoptera malifoliella Costa) A Estação de Avisos do Dão acompanha as duas espécies de lagartas mineiras mais importantes para a região, a mineira pontuada (Phyllonorycter blancardella F.) e circular (Leucoptera malifoliella Costa). Ambas formam galerias nas folhas, embora estas galerias sejam distintas consoante as espécies (Fig. 13 e 14). (a) (b) Fig. 13 Adulto (a) e galeria (b) da lagarta mineira pontuada 31

(a) (b) Fig. 14 Adulto (a) e galeria (b) da lagarta mineira circular À semelhança de anos anteriores a lagarta mineira pontuada inicia sempre o voo mais cedo. Este teve início no mês de Março, registando-se as primeiras capturas de adultos no dia 7, no POB da Várzea e na semana seguinte registaram-se capturas nos restantes postos. Segundo a curva de voo esta espécie teve três gerações. As primeiras capturas de adultos de lagarta mineira circular só foram registadas no dia 3 de Abril nos postos de Tondela e Foz de Arouce. O número de gerações é difícil de determinar devido à irregularidade das capturas registadas nos diferentes postos. Conforme se pode observar na figura seguinte o voo da lagarta mineira pontuada é intenso com capturas semanais muito elevadas. No posto da Várzea as capturas foram superiores aos restantes postos. Apesar da população de adultos ser muito elevada os estragos provocados por esta espécie não são representativos, na cultura em causa. 800 700 Nº de adultos 600 500 400 300 200 100 0 6-Mar 20-Mar 3-Abr 17-Abr 1-Mai 15-Mai 29-Mai 12-Jun 26-Jun 10-Jul 24-Jul 7-Ago 21-Ago 4-Set 18-Set 2-Out 16-Out 30-Out 13-Nov Viseu S. Paio Lobão Foz Arouce Várzea Fig. 15 - Curva de voo da lagarta mineira pontuada 32

O voo da lagarta mineira circular manifestou-se com maior intensidade no posto de Foz de Arouce onde inclusive se assistiu a uma desfoliação precoce do pomar devido ao ataque desta praga. Não se efectuou qualquer tratamento contra a praga pois o proprietário abandonou o pomar este ano. 450 400 350 Nº de adultos 300 250 200 150 100 50 0 27-Mar 10-Abr 24-Abr 8-Mai 22-Mai 5-Jun 19-Jun 3-Jul 17-Jul 31-Jul 14-Ago 28-Ago 11-Set 25-Set 9-Out 23-Out Viseu S. Paio Lobão Foz Arouce Várzea Fig. 16 - Curva de voo da lagarta mineira circular 3.2.5. Cochonilha de São José (Quadraspidiotus perniciosus Comstock) O primeiro tratamento, para formas hibernantes desta praga, foi recomendado na circular emitida a 13 de Março. O produto aconselhado foi o óleo de Verão a 4%, a alto volume e pressão, de forma a molhar bem as árvores. De forma a aumentar a sua eficácia foi recomendado o seu posicionamento mais próximo possível da rebentação (inchamento do gomo) e com tempo seco. De forma a monitorizar o voo dos machos foram colocadas em Março as armadilhas cromotrópicas brancas com feromona. Verificou-se a captura dos primeiros adultos no posto de Tondela no dia 12 de Abril (Fig. 17). Em Viseu também foi acompanhado um pomar localizado na Escola Superior Agrária de Viseu, pela estagiária que realizou o estágio nesta área. 33

Fig. 17 - Macho de cochonilha de S. José O voo dos machos provenientes da geração hibernante manifestou-se com maior intensidade no posto de S. Paio onde se registou um pico de capturas de 103 adultos (2 de Maio). O voo dos machos da 1ª geração foi mais intenso no posto de Foz de Arouce com 208 capturas (11 de Julho) e da 2ª geração com 200 capturas (21 Setembro) no posto de Viseu Pomar da Escola (Fig. 18). 250 200 Nº machos 150 100 50 0 4-Abr 18-Abr 2-Mai 16-Mai 30-Mai 13-Jun 27-Jun 11-Jul 25-Jul 8-Ago 22-Ago 5-Set 19-Set 3-Out 17-Out 31-Out 14-Nov 28-Nov Viseu Viseu (Escola) S. Paio Tondela F. Arouce Várzea Fig. 18 Curva de voo dos machos da cochonilha de S. José 34

De forma a aconselhar o posicionamento correcto dos tratamentos fitossanitários contra esta praga é necessário determinar o início da eclosão das larvas. Para isso recorre-se à colocação de cintas adesivas bifacetadas nos ramos atacados com cochonilha (Fig. 19 e 20). Em cada posto foram colocadas 8 cintas. Fig. 19 - Frutos e ramo com sintomas de cochonilha de S. José Fig. 20 - Larvas interceptadas nas cintas adesivas Segundo o modelo referido por Guimarães (1993) e adoptado pelo SNAA é utilizado o 7,3 ºC como zero de desenvolvimento desde 1 de Janeiro, com os seguintes valores de referência: Quadro 8 Dados segundo o modelo de Guimarães (1993). Fases de desenvolvimento do insecto Eclosão das larvas da 1ª geração Eclosão das larvas da 2ª geração Eclosão das larvas da 3ª geração Temperaturas desde 1 de Janeiro acima dos 7,3 ºC 500 525 º dia 1270 1295 º dia Fins de Agosto até meados de Novembro 35

Quadro 9 Somatórios obtidos nas diferentes fases de actividade da cochonilha, Fase de Actividade Inicio do voo dos machos da geração hibernante Inicio da eclosão das ninfas da 1ª geração Inicio do voo dos machos da 1ª geração Inicio da eclosão das ninfas da 2ª geração Inicio do voo dos machos da 2ª geração acima de 7,3ºC a partir de 1 de Janeiro, segundo Guimarães (1993). 1 de Janeiro acima dos 7,3 ºC S. Paio Foz de Arouce Lobão da Beira Várzea Viseu 402.5 325.3 235.3 364.5 226.3 552.7 589.8 530.1 534.2 472.4 982.5 872.7 956.0 746.4 869.9 1313.3 1223.6 1291.4 1164.2 1181.7 2071.2 1933.7 1983.7 1746.4 1804.4 As primeiras ninfas foram interceptadas no dia 17 de Maio nos postos de Lobão da Beira (530.1º) e Foz de Arouce (589.8º) e no dia 18 de Maio nos postos de Viseu (472.4º) e S. Paio (552.7º) (Quadro 9). Deste modo, foi preconizado o segundo tratamento no dia 22 de Maio apenas nos pomares onde se verificasse a existência da praga (Circular nº 9). O início da eclosão das ninfas da 2ª geração registou-se no posto de Foz de Arouce no dia 6 de Julho quando se atingiu o somatório de 1223.6º. Seguiram-se os postos de S. Paio (1313.3º), Várzea (1164.2º) e Viseu (1181.7º) no dia 12 de Julho e Lobão da Beira no dia 13 de Julho com 1291,4º. Tendo em conta esta situação foi emitido um aviso no dia 17 de Julho a recomendar a renovação do tratamento, apenas nos pomares onde se verifique a existência da praga. 36

3.2.6. Aranhiço vermelho (Panonychus ulmi Koch) Para determinar o início das primeiras eclosões dos ovos de Inverno colocaram-se, nos diferentes postos biológicos, duas tabuínhas de eclosão, com dois fragmentos cada, ocupados com ovos de Inverno de aranhiço vermelho (Fig. 21) com vaselina em toda a volta para impedir a fuga das larvas acabadas de eclodir. Fig. 21 Tabuinhas de eclosão com dois fragmentos O início da eclosão verificou-se no dia 5 de Março da Várzea. Na semana seguinte registou-se um aumento do número de eclosões em todos os postos o que levou à emissão de um aviso a 13 de Março (Fig. 22). Aconselhando-se a utilização de óleo de Verão a 4% a alto volume e alta pressão de forma a molhar bem as árvores, o mais próximo possível da rebentação (Inchamento do gomo). 450 400 350 Nº ácaros 300 250 200 150 100 50 0 23-Fev 2-Mar 9-Mar 16-Mar 23-Mar 30-Mar 6-Abr 13-Abr 20-Abr 27-Abr 4-Mai 11-Mai Lobão F. Arouce Viseu Várzea S. Paio Fig. 22 - Curvas de eclosão de ácaros nos postos biológicos 37

No dia 10 de Abril verificou-se a máxima eclosão do aranhiço vermelho em todos os postos. No dia 18 de Abril foi emitido um Aviso a aconselhar o agricultor a fazer uma observação no seu pomar e se, em 100 folhas colhidas ao acaso, 60% estivessem ocupadas pela praga devia realizar um tratamento. A 5 de Junho, devido às temperaturas elevadas e a fortes ataques verificados em alguns pomares da região, aconselhou-se nova observação em 100 folhas e caso se verificasse a existência de 50-75% de folhas ocupadas deveria ser realizado um tratamento. A mesma indicação constou na Circular nº 13 de 17 de Julho pois as temperaturas elevadas sentidas no mês de Julho provocaram fortes ataques de aranhiço vermelho. Fig. 23 Ovo, fêmea e macho de aranhiço vermelho 38

3.2.7. Piolhos Verde (Aphis pomi Pass.) e Cinzento (Dysaphis plantaginea Fonsc.) O primeiro tratamento para formas hibernantes desta praga foi emitido a 13 de Março. O tratamento deveria ser posicionado, o mais próximo possível da rebentação (Inchamento do gomo), com óleo de Verão a 4%, a alto volume e alta pressão, de forma a molhar bem as árvores. Visto ter sido observado em alguns pomares a presença de piolho verde (Fig. 24) e cinzento (Fig. 25) foi aconselhada, no aviso emitido no dia 27 de Abril, a observação de 100 rebentos. Deveria ser realizado um tratamento caso se obtivesse a seguinte percentagem de ocupação: Piolho verde 15% de rebentos infestados Piolho cinzento 2 a 5% de rebentos infestados Fig. 24 - Colónia de piolho verde Fig. 25 - Colónia de piolho cinzento Como se verificou um aumento do ataque de piolho verde em alguns pomares da região, aconselhou-se uma nova observação e a repetição do tratamento caso fosse ultrapassado o NEA anteriormente mencionado, na circular nº 9 de 22 de Maio. 39

3.2.8 Mosca da fruta (Ceratitis capitata Wied.) Para monitorizar o voo da mosca da fruta foi utilizada a garrafa mosqueira com trimedlure e fosfato diamónio a 5% (Fig. 26). Fig. 26 Garrafa mosqueira As garrafas mosqueiras foram colocadas nos POB s na primeira semana de Julho mas apenas se registou a primeira captura no dia 24 de Agosto no posto da Viseu. Contrariamente ao ano passado o número de capturas manteve-se a um nível baixo tendo-se registado um máximo de capturas de 60 adultos no posto de Viseu no dia 12 de Outubro. Seguiu-se o posto de Foz de Arouce tendo obtido o pico de capturas no dia 8 de Novembro com 28 capturas. Como o NEA da praga é a presença foi aconselhado um tratamento na Circular nº 15 (16 de Agosto), visto já ter sido detectada a primeira captura no posto de Viseu (Fig. 27). No dia 22 de Agosto foram encontrados frutos com mosca na variedade Royal Gala (Variedade temporã), tendo o aviso saído com bastante oportunidade. 40

70 60 50 40 30 20 10 0 20-Jul 27-Jul 3-Ago 10-Ago 17-Ago 24-Ago 31-Ago 7-Set 14-Set 21-Set 28-Set 5-Out 12-Out 19-Out 26-Out 2-Nov 9-Nov 16-Nov 23-Nov Viseu S. Paio Lobão Foz Arouce Várzea Fig. 27 Capturas de adultos de mosca da fruta na garrafa mosqueira. No que se refere há mosca da fruta existe o estágio curricular onde é possível ver a evolução do ataque desta praga durante o ano e em várias variedades. Além disso, demonstra-se a eficácia do método alternativo, captura em massa com dois dispositivos diferentes, de combate a esta praga. 41

Quadro 10 Avisos emitidos para as pragas e doenças das pomóideas durante 2006. Mês Cancro Janeiro AVISO N.º 1 24/01/2006 Fevereiro Março Abril Maio Junho Julho Agosto Setembro Novembro AVISO N.º 18 7/11/2006 Pedrado AVISO N.º 3 21/03/2006 AVISO N.º 4 30/03/2006 AVISO N.º 5 10/04/2006 AVISO N.º 6 18/04/2006 AVISO N.º 7 27/04/2006 AVISO N.º 8 15/05/2006 AVISO N.º 9 22/05/2006 AVISO N.º 11 13/06/2006 AVISO N.º 12 27/07/2006 AVISO N.º 15 16/08/2006 AVISO N.º 16 22/09/2006 Inimigos do Pomar Aranhiço Coc. Afídeos Vermelho S. José AVISO N.º 10 5/06/2006 AVISO N.º 13 17/07/2006 AVISO N.º 2 13/02/2006 AVISO N.º 9 22/05/2006 AVISO N.º 7 27/04/2006 Bichado AVISO N.º 5 10/04/2006 AVISO N.º 8 15/05/2006 AVISO N.º 10 5/06/2006 AVISO N.º 12 27/07/2006 AVISO N.º 13 17/07/2006 AVISO N.º 14 9/08/2006 Mosca da Fruta AVISO N.º 15 16/08/2006 42

3.3. Olival 3.3.1. Estados fenológicos Quadro 11 Evolução fenológica da cultura do olival Estados Fenológicos Lobão da Beira S. Paio Viseu Várzea Foz de Arouce A A/B B C D D/E E F F1 G H I J 8 Fev. 6 Fev. 8 Fev. 6 Fev. 8 Fev. 6 Mar. 8 Mar. 20 Fev. 7 Mar. 6 Mar. 20 Mar. 29 Mar. 30 Mar. 21 Mar. 20 Mar. 10 Abr. 12 Abr. 13 Abr. 18 Abr. 3 Abr. 19 Abr. 25 Abr. 27 Abr. 24 Abr. 19 Abr. 29 Abr. 6 Mai. 11 Mai. 10 Mai. 23 Abr. 3 Mai. 17 Mai. 24 Mai. 17 Mai. 23 Abr. 27 Mai. 7 Jun. 8 Jun. 26 Mai. 27 Mai. 31 Mai. 14 Jun. 14 Jun. 8 Jun. 31 Mai 8 Jun. 21 Jun. 22 Jun. 10 Jun. 5 Jun. 14 Jun. 30 Jun. 29 Jun. 14 Jun. 8 Jun. 13 Out. 19 Out. 31 Out. 20 Out. 13 Out. 11 Nov. 16 Nov. 14 Nov. 11 Nov. 8 Nov. 43

Foram instaladas, nos cinco postos biológicos e ainda em Penalva do Castelo e Canas de Senhorim, armadilhas sexuais para a traça da oliveira e placas cromotrópicas amarelas com feromona para a mosca da azeitona. Devido a ataques verificados a Sul do país pela praga da oliveira, Euzophera pinguis, continuou-se a colocar no posto biológico de Viseu a armadilha sexual para acompanhar esta espécie. 3.3.2. Traça da Oliveira (Prays olea Bernard) Esta praga teve três gerações anuais distintas (Fig. 28). A segunda geração foi muito afastada da terceira geração (dois meses) situação muito semelhante à verificada em anos anteriores. Nº de adultos 350 300 250 200 150 100 50 0 3-Abr 17-Abr 1-Mai 15-Mai 29-Mai 12-Jun 26-Jun 10-Jul 24-Jul 7-Ago 21-Ago 4-Set 18-Set 2-Out 16-Out 30-Out 13-Nov 27-Nov Viseu S. Paio Lobão Foz Arouce Várzea Penalva Canas Fig. 28 Curva de voo dos machos da traça da oliveira Nos postos de observação biológica de Penalva do Castelo e Viseu foram realizadas observações semanais para as diferentes gerações da traça da oliveira. A seguir são apresentados os dados obtidos no posto de Penalva do Castelo, já que os dados de Viseu analisados pela estagiária que acompanhou o posto encontram-se descritos no relatório de estágio. 44

Para a 1ª geração, ou geração filófaga, observaram-se 100 rebentos, 2 por árvore em 50 árvores. Foi registado o nº de galerias, rebentos roídos, larvas vivas e mortas e ovos. O número de galerias observadas foi bastante elevado no dia 8 de Março (Fig. 29). O número de rebentos roídos foi aumentando atingindo-se o seu máximo no dia 19 de Abril. Para esta geração o nível económico de ataque é de 10% de rebentos roídos em árvores jovens. 30 25 20 15 10 5 0 Nº galerias Larvas vivas Rebentos roídos 08-Mar 13-Mar 20-Mar 09-Abr 19-Abr 04-Mai Fig. 29 - Dados relativos à 1ª geração da traça da oliveira no olival do posto biológico de Penalva do Castelo A observação realizada no dia 9 de Abril foi determinante para a decisão do envio do aviso, foram registados 17% rebentos roídos. Tendo em conta esta situação foi emitida uma circular no dia 10 de Abril a aconselhar a observação visual de 5 gomos terminais em 20 árvores. O tratamento apenas deveria ser realizado caso, fossem observados 10 % de gomos atacados em especial se o ataque se verificasse em olivais novos. Para a 2ª geração, denominada por geração antófaga, observaram-se 100 inflorecências, 2 inflorecências por árvore em 100 árvores. Foram contabilizados o número de ninhos, ovos e número de larvas vivas (Fig. 30). O número de ninhos observados foi aumentando e atingiu o máximo no dia 2 de Junho (Fig. 30). Nesta geração foi possível observar ovos e na mesma data foram registados 11 ninhos, 8 com larva viva. O nível económico de ataque é 5-11% de inflorecências atacadas com formas vivas. 45

Embora se tivesse atingido o NEA não foi enviado nenhum aviso pois os olivais encontravam-se em plena floração e esta era abundante. O ataque de traça funciona como monda de flores, não se reflectindo na produção final, como se veio a verificar. 12 10 8 6 4 2 0 Nº ninhos Larvas vivas Nº ovos 29-Mai 02-Jun 10-Jun 17-Jun 26-Jun 03-Jul 10-Jul Fig. 30 - Dados relativos à 2ª geração da traça da oliveira no olival posto biológico de Penalva do Castelo. A 3ª geração, denominada carpófoga, iniciou-se no fim de Maio. Tendo em conta que o voo (Fig. 28) e o número de posturas (Fig. 30) se intensificaram o tratamento, para esta geração, foi recomendado no dia 27 de Junho na Circular nº 12. Este tratamento assumiu um papel preventivo visto não se ter realizado qualquer tratamento na geração anterior. Tem como principal objectivo evitar a queda prematura dos frutos provocada pela penetração das larvas na altura da eclosão dos ovos. A importância deste tratamento veio a ser confirmada nos postos de Penalva do Castelo e S. Paio, onde não foi realizado qualquer tratamento e deste modo foram registados frutos com orifício de saída da traça (Fig. 31). Neste posto verificou-se uma queda prematura muito acentuada de azeitonas durante o mês de Setembro e Outubro. No posto de Viseu foi efectuado tratamento não se registando praticamente orifícios de saída. 46

18 16 14 12 10 8 6 4 2 0 Penalva do Castelo S. Paio - Gouveia 12-Set 19-Set 26-Set 02-Out 12-Out 27-Out Fig. 31 - Orifícios de saída da traça da oliveira 3.3.3. Mosca da azeitona (Dacus olea Gmelin) Foi realizada, em todos os postos biológicos, a contagem da totalidade de moscas capturadas na placa cromotrópica amarela com feromona (Fig. 32). As capturas da mosca da azeitona iniciaram-se na primeira semana Julho em todos os postos, com excepção de Viseu onde se registou a primeira captura no dia 27 de Julho. Verificou-se um maior número de capturas a partir do início do mês de Outubro, com capturas mais elevadas nos postos de Penalva do Castelo, Foz de Arouce, Viseu e S. Paio. 350 300 Nº de adultos 250 200 150 100 50 0 2-Jul 16-Jul 30-Jul 13-Ago 27-Ago 10-Set 24-Set 8-Out 22-Out 5-Nov 19-Nov S. Paio Lobão Foz Arouce Várzea Penalva Canas Viseu Fig. 32 Curva de voo da mosca da azeitona 47

Em meados do mês de Agosto foi atingido o nível económico de ataque, 8 a 12% de frutos com formas vivas, nos postos de Viseu e Foz de Arouce, com 18% e 11% de frutos com formas vivas (Fig. 33), respectivamente. No dia 16 de Agosto foi emitido um aviso a recomendar tratamento. Fig. 33 Larva recém eclodida Após esta data assistiu-se a uma redução no número de ovos e lagartas vivas, embora fossem registadas algumas picadas. Tal situação pensa-se que esteve relacionada com as altas temperaturas verificadas no fim do mês de Agosto e no mês de Setembro que inviabilizaram os ovos. No dia 12 de Outubro registaram-se 8 picadas com larva viva e 10 picadas com ovo no posto de Penalva do Castelo e 12 picadas com larva viva e 3 ovos no posto de S. Paio (Fig. 34 e 35). Em qualquer dos postos foi ultrapassado o NEA levando à emissão de um aviso aconselhando novo tratamento no dia 16 de Outubro. 12 Penalva do Castelo 10 8 6 4 2 0 ovos galerias com lagarta galerias sem lagarta picadas sem nada orificios de saída 18-Ago 22-Ago 30-Ago 06-Set 12-Set 19-Set 26-Set 02-Out 12-Out 27-Out 13-Nov Fig. 34 - Evolução da mosca da azeitona no posto de Penalva do Castelo 48

14 12 10 8 6 4 2 0 ovos galerias com lagarta S. Paio - Gouveia galerias sem lagarta picadas sem nada orificios de saída 18-Ago 22-Ago 30-Ago 06-Set 12-Set 19-Set 26-Set 02-Out 12-Out 27-Out 13-Nov 28-Nov Fig. 35 - Evolução da mosca da azeitona no posto de S. Paio em Gouveia 3.3.4. Traça verde (Margaronia unionalis Hubn.) e Euzophera pinguins Haw. Verificou-se um ataque de Margarónia na variedade Picual da parcela Folha 15 do olival da Estação Agrária de Viseu. Foi registado um maior número de rebentos com folhas roídas no dia 8 de Março, posteriormente este número foi diminuindo. Tal facto pode estar relacionado com o tratamento realizado no dia 18 de Março com Bacillus thuringiensis para a traça verde da oliveira (Fig. 36). Também foram registados rebentos com folhas roídas em algumas variedades do olival multivarietal da Estação Agrária de Viseu. Contrariamente à Folha 15, o ataque na variedade Picual foi menos intenso tendo-se registado apenas 11 rebentos com folhas roídas no dia 23 de Fevereiro. Na mesma data observaram-se 10 rebentos com folhas roídas na variedade Cornzuelo e 18 rebentos com folhas roídas na variedade Redondil. No dia 30 de Março foram registados 10 rebentos com folhas roídas na variedade Arbequina. No posto biológico de Penalva do Castelo o seu ataque foi menos expressivo que no ano anterior tendo sido observado apenas 1 rebento com folha roída no dia 8 de Março. 49

Picual 45 40 35 30 25 20 15 10 5 0 21-Fev 08-Mar 19-Jan 22-Mar 29-Mar 03-Abr 13-Abr Fig. 36 Evolução do ataque de Margarónia na Folha 15 da EAV Na observação realizada a 6 de Setembro no posto de Penalva do Castelo foi visível a presença de 3 frutos com ataque de caruncho no pedúnculo. Pela observação da curva de voo da Euzophera pinguins é possível verificar a existência de dois picos de capturas, no dia 21 de Junho e 23 de Agosto. A armadilha foi colocada em Abril de modo a determinar a altura correcta do início do voo que ocorreu no dia 18 de Maio com a captura de 2 adultos. A partir de 7 de Novembro não foram registadas mais capturas (Fig. 37). 20 18 16 14 12 10 8 6 4 2 0 3-Abr 17-Abr 1-Mai 15-Mai 29-Mai 12-Jun 26-Jun 10-Jul 24-Jul 7-Ago 21-Ago 4-Set 18-Set 2-Out 16-Out 30-Out Fig. 37 Curva de voo da Euzophera pinguins Haw. 13-Nov 50

Fig. 38 Lagarta de Euzophera pinguins Haw. 3.3.5. Olho Pavão (Spilocea oleagina Cast.) e Cercosporiose (Cercospora sp.) No dia 13 de Março, foi emitido um aviso a aconselhar um tratamento para o Olho Pavão, com um produto à base de cobre, pois os olivais encontravam-se no estado fenológico B início vegetativo. Como o tempo decorria chuvoso e com temperaturas amenas, foi emitido um aviso no dia 30 de Março a aconselhar a protecção do olival até ao estado D inchamento dos botões florais. 60 50 40 30 20 10 0 Olho Pavão 08-Mar Cercosporiose 13-Mar 20-Mar 12-Abr 19-Abr Fig. 38 Percentagem de ataque do Olho Pavão e Cercosporiose no posto de Penalva do Castelo 51

3.3.6. Gafa (Colletotrichum spp.) A Gafa foi a doença que se manifestou com maior intensidade no corrente ano. As condições favoráveis a seu desenvolvimento estiveram reunidas aquando das chuvas ocorridas em meados de Agosto. A precipitação associada ás temperaturas amenas verificadas nos meses de Setembro e Outubro provocaram graves infecções nos olivais da região, principalmente a partir de Outubro. Deste modo, foram emitidos quatro avisos a recomendar tratamento para a Gafa com produtos à base de cobre. Os avisos foram emitidos nas seguintes datas: 16 de Agosto, 22 de Setembro, 16 de Outubro e 7 de Novembro, após a ocorrência das chuvas. O tratamento aconselhado na circular nº 17 de 16 de Outubro foi extremamente importante, pois os sintomas da doença começaram a manifestar-se com bastante intensidade, em olivais não tratados, a partir desta data, como se pode constatar pelos valores das observações a seguir apresentados. Os sintomas da Gafa começaram a ser visíveis nos frutos a partir do dia 27 de Outubro com 1 azeitona gafada em S. Paio e 8 azeitonas gafadas em Penalva do Castelo. O número de frutos com sintomas aumentou exponencialmente como se pode constatar no gráfico seguinte. Deste modo, na observação realizada no dia 13 de Novembro foram observados 25 frutos com gafa no posto de S. Paio e 89 frutos com gafa em Penalva do Castelo. O número de frutos com sintomas de gafa passou para 100 e 63 nos postos de Penalva do Castelo e S. Paio, respectivamente, no dia 28 de Novembro. É importante referir que estes ataques foram verificados essencialmente na variedade Galega que é a variedades mais sensível e representativa da região. 52

100 90 80 70 60 50 40 30 20 10 0 Penalva do Castelo 27-Out 13-Nov 28-Nov S. Paio Fig. 39 Evolução do ataque de Gafa nos posto de S. Paio e Penalva do Castelo O quadro seguinte resume os avisos emitidos no ano de 2006 para as pragas e doenças do olival. Quadro 12 Resumo dos avisos emitidos para as pragas e doenças do olival Mês Março Abril Junho Agosto Setembro Outubro Novembro Olho de Pavão AVISO N.º 2 13/03/2006 AVISO N.º 4 30/03/2006 Inimigos do Olival Mosca da Traça da Oliveira Azeitona AVISO N.º 5 10/04/2006 AVISO N.º 12 27/06/2006 Gafa AVISO N.º 15 16/08/2006 AVISO N.º 16 22/09/2006 AVISO N.º 17 16/10/2006 AVISO N.º 18 7/11/2006 53

3.4. PESSEGUEIRO 3.4.1 Lepra (Taphrina deformans) A informação para a realização de tratamentos contra a lepra do pessegueiro foi enviada no dia 24 de Janeiro aconselhou-se um tratamento, após a poda e próximo do abrolhamento, com um produto à base de cobre. No dia 13 de Março foi emitida uma informação com um esquema e com os estados fenológicos (Fig. 40), posicionando os tratamentos e as respectivas substâncias activa: Cobre até ao inchamento do gomo ; Após a rebentação até ao inicio da floração, enxofre e captana ; Após a queda das pétalas (depois da floração) recomendaram-se as seguintes substâncias activas: tirame, metirame e zirame. Estes tratamentos deviam ser repetidos sempre que ocorressem condições climáticas favoráveis à doença, pelo menos até ao vingamento do fruto. Fig. 40 Estados fenológicos do pessegueiro e posicionamento dos produtos 54