AS CONDIÇÕES DE SAÚDE DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES EM SITUAÇÃO DE RUA NA CIDADE DE SALVADOR Dhara Teixeira e Steffane Rodrigues - UFBA



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Transcrição:

AS CONDIÇÕES DE SAÚDE DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES EM SITUAÇÃO DE RUA NA CIDADE DE SALVADOR Dhara Teixeira e Steffane Rodrigues - UFBA O presente artigo tem o objetivo de discutir a concepção e as condições de saúde de crianças e adolescentes em situação de rua, a partir do acompanhamento de quarenta participantes, de ambos os sexos, com idades entre 9 e 17 anos, na cidade de Salvador, por um período de aproximadamente dois anos. Esse estudo é resultado de um recorte do projeto de pesquisa O impacto da vida na rua em adolescentes: Um estudo longitudinal sobre risco e proteção (Morais, Koller, Raffaelli, Santana, 2011), que ocorreu em três cidades brasileiras: Fortaleza, Salvador e Porto Alegre. Como base teórica e metodológica do projeto foi utilizada a abordagem Bioecológica do Desenvolvimento Humano, de Urie Bronfenbrenner (1989), em que o desenvolvimento humano é definido como o conjunto de processos através dos quais as particularidades da pessoa e do ambiente interagem para produzir constância e mudança nas características da pessoa no curso de sua vida. Essa abordagem tem uma dupla influência no presente trabalho, pois de um lado sustenta nossa base metodológica, do outro, nos auxilia na concepção e percepção das condições de saúde da população pesquisada, uma vez que compreendemos saúde em seu conceito ampliado, relacionando-se com diversos âmbitos da vida dos adolescentes. Para entender a importância desse estudo com essa população se faz necessário considerar concepções mais atuais do processo saúde/doença, além da compreensão do que essas concepções significam no contexto de vida de crianças e adolescentes em situação de rua. Além disso, o interesse pela investigação acerca do conceito e da experiência de saúde deriva da necessidade apontada por alguns estudos da emergência de novas construções sobre este conceito que considerem, sobretudo, a sua historicidade, multidimensionalidade e a processualidade (Paim & Almeida Filho, 1998; Sarriera e cols., 2003, apud MORAIS, 2005). O processo saúde/doença é inerente à existência humana, fazendo parte do cotidiano de todos os indivíduos nas diferentes sociedades. No entanto, o entendimento do que venha a ser saúde, doença, cuidados com a saúde (prevenção e recuperação), hábitos saudáveis e qualidade de vida é fortemente influenciado pelo contexto sociocultural em que ocorre,

podendo variar de uma cultura para outra e mesmo entre indivíduos de uma mesma cultura (Boruchovitch & Mednick, 2002; Capra, 1982; Minayo, 1998; Minayo & Souza, 1989; Rezende, 1989, apud MORAIS, 2005). Consideramos que a díade saúde e qualidade de vida é entendida de forma inseparável nas compreensões atuais da literatura, sendo que para entender aquela torna-se preciso revisar o contexto social e cultural, analisar fatores de risco e proteção que atingem essa população, além da concepção dos próprios indivíduos acerca de saúde e doença. É interessante ressaltar que o contexto de vida dessa população revela uma série de problemas que interferem diretamente em um desenvolvimento saudável. Podemos citar como condições de risco para a saúde dessa população as dimensões físicas, psicológicas, estruturais e sociais a que estão submetidas: violência, uso de drogas, envolvimento em atividades de risco furtos, assaltos, tráfico de drogas, trabalhos explorados, uso do corpo, a falta de prevenção as doenças, comportamento sexual precoce e de risco (Hutz & Koller, 1996), além da falta de uma rede de atendimento estruturada. Neste trabalho discutiremos as condições de saúde das crianças e adolescentes em situação de rua, focando nas questões relativas à saúde física em geral, ao uso de substâncias psicoativas e aos comportamentos sexuais de risco. Serão abordados também os aspectos que envolvem o acesso à rede de atenção à saúde por essa população na cidade de Salvador. MÉTODO A estratégia metodológica utilizada foi a Inserção Ecológica (Cocconello e Koller, 2003), o que quer dizer que o processo investigativo considerou o ambiente ecológico em que cada participante está inserido, tentando compreender, em suas dimensões mais complexas, como ocorre a relação entre os participantes nos diversos ambientes e contextos de desenvolvimento, buscando uma maior aproximação e reconhecimento da realidade social desses indivíduos. Sendo assim, a coleta de dados foi realizada em serviços e projetos da rede de atenção a crianças e adolescentes em situação de rua em Salvador, como forma de facilitar a identificação dos participantes e a constituição do vínculo com eles, além de minimizar a mortandade da amostra ao longo do acompanhamento longitudinal. Esse acompanhamento de aproximadamente 2 anos foi dividido em três tempos (T1, T2 e T3), com a diferença de 6 meses entre cada um. Em cada tempo foi aplicado um

conjunto de instrumentos que buscaram avaliar diversos âmbitos da história de vida da população. Durante todo o período as pesquisadoras estiveram presentes semanalmente nos momentos de lazer, refeições, atividades domésticas diárias, atividades pedagógicas dentro e fora das instituições e contatos informais, como forma de garantir uma investigação mais completa e contextualizada da história de vida dos participantes. A avaliação das condições de saúde ocorreu em seis momentos: (primeiro) no Checklist de Eventos de Vida em que dentre as 36 afirmativas, duas diziam respeitos a questões de saúde: Problemas crônicos de saúde ou incapacidade e Hospitalizado devido a ferimento ou acidente ; (segundo) na Entrevista de Status de Vida Corrente, em que os adolescentes avaliaram em um escala de 1 a 4 (ruim, média, boa ou excelente) como avaliavam sua saúde de um modo geral, (terceiro) responderam sobre a frequência do uso de drogas, (quarto) sobre comportamentos sexuais de risco, (quinto) na Escala de Eventos de Vida Correntes, em que responderam e avaliaram o impacto se nos últimos seis meses foram hospitalizados, tiveram algum problema grave de saúde e/ou foram vítimas de violência sexual; por fim, (sexto) em outro checklist de 12 sintomas físicos em que era perguntado se havia tido algum sintoma dos descritos no último mês. A partir dos dados coletados, foi realizada a análise quantitativa desses instrumentos através do SPSS (versão 18), em que se calculou as estatísticas descritivas, frequência, média e porcentagem. Para a análise qualitativa, foram utilizados os diários de campo produzidos pelas pesquisadoras ao longo do acompanhamento dos participantes e as informações sobre estes registradas no tracking caso a caso, um banco de dados privado com informações compartilhadas entre os pesquisadores. A análise de conteúdo dessas informações foi feita através de três eixos de análise: saúde física, uso de substâncias psicoativas e comportamento sexual de risco. RESULTADOS E DISCUSSÃO Saúde Física Devido a amplitude que o conceito de saúde tem tomado em todo o discurso científico nas últimas décadas e da diversidade de significados que indivíduos de diferentes culturas atribuem para o fenômeno saúde-doença, torna-se imprescindível tentar compreender como a população de crianças e adolescentes em situação de rua vivenciam os assuntos relacionados a

saúde. Sobre isso, os estudos de Santana (1998) e Morais (2005), investigando as concepções de saúde para essa população, encontraram que os entrevistados relacionaram saúde e doença à ausência de doenças e patologias, a fatores biopsicosócioafetivos relacionados a aspectos psíquicos, afetivos, existenciais, políticos e espirituais, no primeiro estudo, e a práticas de cuidado e assistência da rede, no segundo estudo. Os resultados da presente pesquisa corroboram com isso quando trazem a contraposição da avaliação que os adolescentes fazem de sua saúde ao lado do grande número de fatores adversos e de sintomas apresentados no mês, anterior a aplicação de T1. No Checklist de Eventos de Vida, 14 (35%) adolescentes afirmaram já ter passado por Problema crônico de saúde ou incapacidade e 27 (67,5%) já foram Hospitalizado devido a ferimento ou acidente. Na Entrevista de Status de Vida Corrente, respondendo a pergunta Comparado com outros jovens que nota você daria para a sua saúde? houve uma tendência dos adolescentes se considerarem saudáveis, pois do total de adolescentes entrevistados, 16 (41%) avaliaram sua saúde como excelente, 13 (33,3%) como boa, 8 (20,5%) como média e apenas 2 (5,1%) como ruim. A média de avaliação da saúde foi de 3,10 (DP=0,91). Na Escala de Eventos de Vida Correntes, em relação aos eventos ocorridos nos últimos seis meses antes da aplicação de T1 encontramos que 8 (20%) adolescentes foram hospitalizados devido a acidente/doença e 5 (12,5%) tiveram problemas graves de saúde. No Checklist de sintomas físicos, foi perguntado se no último mês eles haviam apresentado algum(ns) dos 12 sintomas listados (Ver Gráfico 1). A média de sintomas físicos apresentados pelos participantes foi de 4,6 sintomas (DP = 2,71), sendo o número mínimo de sintomas 0 e o número máximo 8.

Gráfico 1. Frequência da presença de sintomas físicos no último mês Ao analisarmos o curto tempo de vida dessa população em paralelo com o grande número de fatores adversos relacionados à saúde, podemos perceber a complexidade que tal relação pode ter. Seguem trechos elucidativos dos diários de campo e tracking no sentido de perceber a complexidade que falar das condições de saúde dessa população traz: J Queixou-se de dores na barriga, na região do tórax e na cabeça (...) J machucou o pé e o rosto ao pular o muro de casa na tentativa de fugir para a rua"; S retornou para a instituição depois de muitos meses evadida. Ela está com um machucado na perna e disse que já tem dois meses que não cicatriza ; A profissional me contou que M estava dormindo até agora, pois na noite anterior tinha ido ao Hospital Juliano Moreira. Ela me explicou que ele era paciente de lá, mas abandonou o tratamento ; A sentou-se ao meu lado e relatou a sua ida ao médico. Ele está com um ferimento na barriga causada por uma bala perdida. Segundo ele, já faz mais de 1 mês que isso aconteceu, então, ontem ele foi ao médico para saber se ele poderia fazer atividades como jogar bola, totó, etc. O médico disse que ainda é cedo pois a bala ainda está alojada em seu corpo (...) Perguntei a ele como ele estava e ele respondeu que estava um pouco mal pois as dores estavam incomodando ;

R só reclamou mesmo da gripe e disse que ainda não tinha tomado nenhum remédio (...) Nesta semana apareceu com um corte no peito e disse ao coordenador da instituição que caiu nas pedras enquanto trabalhava. R irá ao CAPS AD todas as terças pela tarde (...) a psicóloga disse-me que o psiquiatra receitou um remédio pra ele. Ele toma diariamente e tem melhorado ; W me mostrou suas feridas, causadas por furúnculos (...) ele disse para não tocá-lo por que ele estava com impinge ; Hoje RM estava se auto-mutilando na instituição. Depois de um tempo ela apareceu na escada, o braço dela estava sangrando. A educadora me falou que J havia feito vários cortes no braço com um pedaço de espelho na tarde de hoje, essa pratica é recorrente ; No meio dessa conversa, o educador interrompeu e perguntou se RS havia tomado a medicação, ela disse que sim, apesar de estar com o comprimido na mão, escondendo ; C estava com olheiras bastante profundas, magra, roupas sujas, corpo sujo ; JA foi atropelado e está internado no HGE, a psicóloga foi visitá-lo, já que nenhum parente apareceu no hospital ; MA foi diagnosticado com diabetes emocional. Não está tomando nenhuma medicação, pois perdeu a receita. Considerando superficialmente o conteúdo trazido - pois a vida desses adolescentes é permeada de detalhes que apenas um estudo de caso detalhado poderia abarcar podemos encontrar as condições biopsicosociais que o conceito de saúde aqui trabalhado abarca. Encontramos assim questões referentes a presença de sintomas físicos, de sofrimento psíquico (também aliado aos usuários de saúde mental), de falta de cuidado e assistência, além de questões diretamente atreladas aos fatores de vulnerabilidade que a vivência na rua pode trazer: ferimentos e agressões frutos da violência. Existem políticas, programas e fóruns para assegurar o direito à saúde dessa população, como a Política Nacional de Atenção Integrada a Saúde de Adolescentes e Jovens e o Fórum Nacional de Saúde Mental Infanto-Juvenil. Porém, na prática vemos o quão distante está a implementação dessas políticas e quando algumas são efetivadas tendem a centralizar na díade doença/cura, não abarcando a complexidade das diversas patologias nessa população específica e a situação de vulnerabilidade gerada pela falta de oportunidades de

educação, trabalho, lazer e cultura, decorrentes das desigualdades estruturais existentes em contextos de precariedade como o da rua. Reafirmamos a partir disso a responsabilidade do Estado na implementação dessas políticas e que estas sejam capazes de agir de acordo com os princípios dos direitos humanos, articulando diversos saberes e práticas que se adéquam ao contexto de vida da população estudada. Uso de substâncias psicoativas Sabe-se que o uso de drogas é um dos principais fatores de risco entre a população de rua e têm elevado impacto para o desenvolvimento saudável de crianças e adolescentes. Os estudos têm mostrado que os adolescentes em situação de rua têm padrão de uso de drogas muito mais elevado do que outros adolescentes em desenvolvimento típico que não estão em situação de vulnerabilidade social. Os motivos que levam essa população ao uso e abuso dessas substâncias são dos mais variados e complexos com fatores agravantes nas histórias de vida que intensificam as problemáticas envolvidas (SANTANA, 2014). Em 1995 a Organização Mundial da Saúde, em seu relatório anual, publicou que no mundo existiam cerca de 100 milhões de crianças e adolescentes usuários de drogas, dentre estes 40 milhões na América Latina (OMS, 1995). Devido à ineficácia das políticas públicas e falta de prioridade dada a esse problema de saúde pública é provável que esse número tenha aumentado. No Levantamento Nacional sobre o Uso de Drogas entre Crianças e Adolescentes em Situação de Rua (2003) feito em 27 capitais brasileiras, foi encontrado que dos 2.807 participantes, 19,1% fizeram uso de alguma substância ilícita antes da situação de rua e 31% depois da situação de rua. O Levantamento também traz que 76% já fizeram uso de álcool, 63,7% de tabaco, 44,4% de solventes, 40,4% de maconha, 24,5% de crack, cocaína e merla (NOTO et al, 2004). Esse elevado padrão de uso também foi encontrado na presente pesquisa, onde procurou-se investigar a frequência e quantidade média e a idade do primeiro uso do álcool, cigarro, maconha, solvente, cocaína, crack e outras drogas (tabela 1). Tabela 1. Frequência e porcentagem* do uso de drogas na vida, no último ano e no último mês Substância Psicoativa Idade do primeiro uso (média) Uso na vida (f%) Uso no último ano (f%) Uso no último mês (f%)

Álcool 11,09 (DP=2,61) 23 (60,5%) 20 (83,3%) 10 (41,7%) Cigarro 10,94 (DP=2,37) 24 (63,2%) 16 (66,7%) 10 (41,7%) Maconha 11,58 (DP=2,11) 20 (52,6%) 14 (70%) 8 (40%) Solvente 12,03 (DP=3,35) 5 (13,2%) 2 (40%) 2 (40%) Cocaína 12,32 (DP=2,37) 15 (39,5%) 11 (68,8%) 4 (25%) Crack 11,66 (DP=2,27) 4 (11,4%) 2 (50%) 1(50%) Outros¹ 11,85(DP=2,35) 3 (8,3%) 1 (33,3%) 1(33,3%) *valid percent ¹crocodilho,pitilho,merla Pode-se chamar a atenção para as substâncias lícitas (porém ilícitas para essa população) - álcool e tabaco - como as que são consumidas primeiro, com uma média de idade de respectivamente 11,09 e 10,94 anos, além de serem as drogas mais consumidas durante a vida, corroborando com a literatura dos anos 90 (Silva-Filho, Carlini-Cotrim & Carlini, 1990) que afirmam que o uso do álcool se inicia antes da ida as ruas, sugerindo que a ingestão do álcool é culturalmente aceita dentro das famílias e na sociedade. Em relação ao uso do tabaco, podemos observar que foi a droga usada com menor média de idade e maior frequência de uso na vida, coadunando com a frequência de uso encontrada no Levantamento Nacional (2003) em que o tabaco foi a droga de uso mais frequente entre as crianças e adolescentes em situação de rua, não apenas para os parâmetros de uso na vida, no ano e no mês, mas principalmente a frequência de consumo e o número de cigarros consumidos por dia. Essa precocidade do consumo está relacionada ao tabaco ser uma droga lícita, portanto aceita socialmente e mais acessível. Neiva-Silva, Marquardt, López & Koller (2010), a partir de sua revisão de literatura, afirmam que há uma tendência de maior uso de solventes pela população infanto-juvenil de rua. Porém um fato interessante de ser notado é que na presente pesquisa encontrou-se que a droga ilícita mais utilizada na vida, no último ano e no último mês é a maconha. Esse resultado ainda precisa ser melhor analisado, mas sugerem algo em torno da popularização cada vez mais acelerada da maconha, não só no Brasil, como em diversos outros países, em detrimento da diminuição do uso de solventes de maneira geral. O uso da maconha foi percebido durante toda a pesquisa como bastante presente na vida dos adolescentes, como mostram alguns trechos dos diários de campo e tracking: R estava sendo ameaçado pelos meninos porque dedurou a um educador onde estava uma ponta de maconha que os meninos estavam fumando (...) voltou a frequentar o CAPS e está tomando medicação, segundo as mães sociais ele tem usado bastante maconha ; Li no

prontuário de RS que haviam encontrado maconha na mochila dela. Ela disse para a psicóloga que os meninos sempre ofereciam maconha a ela ; W esteve a todo momento inquieto e irritando os outros adolescentes, pronunciava o nome Cannabis sativa, perguntei se o mesmo sabia o que era e ele me respondeu que era uma planta. O uso dos derivados da coca - cocaína, crack e merla - é uma questão que merece consideração especial, tendo em vista o alto potencial prejudicial dessas drogas em curto tempo. Além disso, esses derivados agravam os problemas vividos por crianças e adolescentes em situação de rua, principalmente por provocar isolamento social, o que dificulta consideravelmente o estabelecimento de vínculos, fator essencial para a reinserção social. Apesar de não ser uma epidemia, é percebido um grande aumento do uso dessas substâncias. Ainda no Levantamento Nacional foi encontrado em duas capitais do Nordeste, Fortaleza e Recife, os índices de consumo recente, que eram quase insignificantes até 1997 (em torno de 1%), saltaram, respectivamente, para 10,3% e 20,3% em 2003. Esses dados, embora avaliados em apenas duas capitais, sugerem uma crescente disponibilidade de derivados da coca no Nordeste brasileiro (NOTO et al, 2004). No presente estudo acompanhamos diariamente o caso de um adolescente que estava no processo de resignificação do seu uso e da sua relação com o crack: A aplicação de T1 foi tranquila, apenas na parte referente ao uso de drogas percebi que Y ficou um pouco preocupado, suas feições mudaram, quando perguntei a respeito do uso do crack ele ficou sério e seus olhos encheram de lágrimas ; Percebi que Y não estava tão bem como na semana anterior. O achei mais fraco e abatido, seus olhos estavam mais amarelados do que antes, suspeito de que tenha retornado a usar crack. ; Y pareceu mais sério e triste hoje. Sua aparência física não estava muito saudável, percebi que seus olhos estavam bem amarelados e sua pele meio manchada ou machucada. Quando Y está fazendo um uso mais tranquilo de drogas, suspendendo o uso do crack e apenas fumando maconha, ele parece mais tranquilo e sua aparência física mais saudável, sem os olhos com o fundo bem amarelado. Por isso suspeito alguma recaída. ; O referido adolescente permaneceu institucionalizado até completar 18 anos e abandonou o uso da substância até o momento em que esteve sendo acompanhado na instituição. Percebemos ainda que a variável estar em situação de abrigamento se apresenta como um fator positivo para a diminuição do uso de substâncias psicoativas nessa população,

uma vez que todas as frequências de uso de drogas diminuíram no último mês, anterior a aplicação de T1, em que a maior parte dos participantes se encontravam nessa situação. Esses resultados corroboram com a ideia de que a presença da rede de apoio para a população se situa como um dos principais fatores de proteção. Além disso, devemos considerar de acordo com análise qualitativa, que o uso de drogas não se apresenta como o principal problema a ser enfrentado por essa população, de outro modo, compreendemos que o uso/abuso de substâncias psicoativas nessa faixa etária vem para ocupar um lugar vazio e fragmentado, vem para conter as lágrimas e dores de histórias de vida que são fruto de abandono, negligência, violência e dor. Desse modo, apostamos em práticas voltadas para a redução do uso de drogas que compreendam o lugar social e psíquico que essa substância ocupa, não focalizando a droga em si, mas, principalmente, os demais fatores de risco que rodeiam essas crianças e adolescentes. Comportamento Sexual Pensar os fatores de risco relacionados à sexualidade na população de crianças e adolescentes em situação de rua significa perceber a maneira diversa e peculiar com que ela aparece: precocidade das relações sexuais, número elevado de parceiros sexuais, violência sexual, desconhecimento das doenças e prevenções. Dos 40 entrevistados no presente estudo, 25 (64,1%) afirmaram que já transaram na vida, sendo a média de idade da primeira relação sexual 12 anos (DP=2,44). Em relação ao uso do preservativo, o estudo de Hutz e Forster (1996) trouxe uma altíssima proporção de adolescentes que nunca utilizaram preservativos durante as relações sexuais, 92% das meninas e 88% dos meninos. No presente estudo, dos 25 (64,1%) entrevistados que já transaram na vida, 13 (56,5%) usaram preservativo na última relação sexual, o que mostra que boa parte deles têm relações sexuais desprotegidas ou não fazem um uso constante do preservativo, e 9 (37,5%) afirmaram que já engravidou ou engravidou uma parceira. Sendo assim, fica evidente a exposição ao risco de contrair doenças sexualmente transmissíveis (DTS's) ou de ter uma gravidez indesejada, o que se agrava segundo os dados do Boletim Epidemiológico HIV/Aids (BRASIL, 2012), no qual é possível observar uma tendência de aumento na taxa de prevalência da infecção pelo HIV/Aids na população jovem.

Importante destacar que os 25 entrevistados que já tiverem relação sexual afirmaram não possuir nenhuma DST, o que traz como possibilidades o não entendimento por parte dos entrevistados do que é uma DST ou o desconhecimento de ter a doença devido a falta de acesso aos serviços de saúde e não terem a prática do autocuidado. Em um dos diários de campo feitos pelos pesquisadores foi registrado: I me disse ainda que recebeu o resultado de exame de sangue que apontou que ela está com sífilis. No presente estudo, 2 (5%) entrevistados afirmaram terem sido vítimas de violência sexual. Porém, durante o acompanhamento semanal das crianças e adolescentes durante a pesquisa, outras crianças revelaram que tinham sido abusadas: A entrevistadora tentava várias vezes conversar com W, e foi quando descobriu que ele tinha sofrido violência sexual por um membro da família que era o tio, R disse que aos cinco anos foi estuprada pelo vizinho, este vizinho tinha uma sobrinha da mesma idade dela, ela foi brincar com a menina e então foi violentada, Aos 10 anos de idade M foi abusado em casa por um tio, que segundo ele é usuário de drogas e já tinha cometido alguns furtos. Em relação ao abuso sexual no ambiente domiciliar, de acordo com o Levantamento Nacional sobre o Uso de Drogas em Situação de Rua nas 27 capitais brasileiras (2003), dos 2.807 entrevistados 48 (1,7%) sofreram a tentativa de abuso, 34 (1,2%) foram abusados de fato (sem relação) e 26 (0,9%) foi forçado a fazer sexo. O abuso sexual, em muitos casos, é um fenômeno intrafamiliar marcado pela existência de vinculação afetiva entre seus integrantes, dependência econômica entre os cuidadores, negligências, conivências e vulnerabilidades (CFP, 2009). Entre as diversas manifestações da violência praticada contra a criança, a sexual intrafamiliar é responsável por sequelas que podem acompanhar a sua vida, com reflexos no campo físico, social e psíquico, justificando o envolvimento de profissionais de várias áreas na busca de alternativas capazes de minorar os danos (CFP, 2009). Ainda de acordo com o Levantamento Nacional sobre o Uso de Drogas em Situação de Rua nas 27 capitais brasileiras (2003), em relação ao abuso sexual sofrido em situação de rua, dos 2.807 entrevistados 190 (6,8%) sofreram a tentativa de abuso, 74 (2,6%) foram abusados de fato (sem relação) e 50 (1,8%) foi forçado a fazer sexo.

Sendo assim, de acordo com os dados do Levantamento a exposição à violência sexual é maior em situação de rua, porém no presente estudo a maioria dos casos de abuso sexual aconteceu no domicilio, antes da criança ou adolescente está em situação de rua. Pode-se notar também que a visibilidade é maior quando o abuso ocorre na rua, diferente do domícilio em que a situação é silenciada. Como exemplo dessa maior visibilidade na rua, pode-se citar este trecho do tracking: Durante a aplicação do instrumento, I falou sobre a violência sexual que passou em Aracaju e relatou que seus amigos junto com ela pegou o homem que a estuprou e o espancou até a morte. Nesse contexto, é evidente a vulnerabilidade das crianças e adolescentes em situação de rua no que se refere às questões que envolvem a sexualidade. CONSIDERAÇÕES FINAIS Diante dos dados coletados foi possível perceber que para falar das condições de saúde dessa população é preciso compreender o contexto social em que essas crianças e adolescentes estão inseridas, conhecer suas histórias de vida e os fatores de risco e proteção envolvidos e entender o significado de saúde não como ausência de doenças, mas como um conceito ampliado de saúde. Os dados mostraram que apesar das crianças e adolescentes em situação de rua considerarem majoritariamente sua própria saúde como boa comparada a outros jovens, elas passaram por uma grande quantidade de fatores adversos relacionas à saúde, um elevado uso/abuso de substâncias psicoativas e comportamentos sexuais de risco. Somado a isso, ficou evidente a falta de acesso aos serviços de saúde por essa população e o desconhecimento do direito à saúde. Nesse sentindo, pensar na saúde dessa população significa aliar fatores ligados ao período do desenvolvimento às condições de vulnerabilidade social e à precariedade da rede de atenção na cidade de Salvador, o que mostra o grande desafio que ainda se tem por percorrer. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CONSELHO FEDERAL DE PSICOLOGIA. Comissão Nacional de Direitos Humanos. Falando sério sobre a escuta de crianças e adolescentes envolvidos em situação de

violência e a rede de proteção. Propostas do Conselho Federal de Psicologia. Brasília, DF, 2009 HUTZ, C. S; FORSTER, L. M. K. Comportamentos e atitudes sexuais de crianças de rua. Psicologia: Reflexão e Crítica, 9, 1996, pp. 209-229 LIMA, I.M.S.O; ALVES, V.S; CORREIA, L.C. Adolescência e consumo de substâncias psicoativas: uma discussão sob o enfoque do direito a saúde. In Tavares, L. A; Montes, J. C. A adolescência e consumo de drogas: uma rede informal de saberes e práticas. Salvador: EDUFBA: CETAD, 2014. 316p (Coleção drogas: clínica e cultura) MORAIS, N.A; SILVA, L.N; KOLLER, S.H. Endereço desconhecido: Crianças e adolescentes em situação de rua. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2010. 528p MORAIS, N. A. Um estudo sobre a saúde de adolescentes em situação de rua: O ponto de vista dos adolescentes, profissionais de saúde e educadores. Dissertação de Mestrado não publicada, Curso de Pós-Graduação em Psicologia do Desenvolvimento, Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, RS, 2005 MORAIS, N. A.; KOLLER, S. H. Saúde de crianças e adolescentes em situação de rua. In Morais, N. A.; Neiva-Silva, L.; Koller, S. H. Endereço desconhecido: Crianças e adolescentes em situação de rua. (Vol. 1, Cap. 9, pp. 235-262). São Paulo: Casa do Psicólogo, 2010 MINISTÉRIO DA SAÚDE. Boletim epidemiológico HIV/Aids. Brasília, 2012. Disponível em: http://www.aids.gov.br/sites/default/files/anexos/publicacao/2012/52654/boletim_2012_final_ 1_pdf_21822.pdf NOTO, A.R; GALDURÓZ, J.C; NAPPO, S.A. et al. Levantamento nacional sobre uso de drogas entre crianças e adolescentes em situação de rua nas 27 capitais brasileiras. 2003. São Paulo: CEBRID Escola Paulista de Medicina, 2004

SANTANA, J. S. S. Saúde-doença no cotidiano de meninos e meninas de rua: Ampliando o agir da enfermagem. Tese de Doutorado não publicada, Escola de Enfermagem Anna Nery, Universidade Federal do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, RJ, 1998 SILVA-FILHO, A.R., CARLINI-COTRIM, B. & CARLINI, E.A. Uso de psicotrópicos por meninos de rua. Comparação entre dados coletados em 1987 e 1989. In Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas (Ed.), Abuso de drogas entre meninos e meninas de rua no Brasil (PP.1-19). São Paulo, SP: Centro Brasileiro de Informações sobre Drogas Psicotrópicas, 1990 SILVA, L. N.; MARQUARDT, J. P.; LÓPEZ, J.; KOLLER, S. H. Uso de drogas por crianças e adolescentes em situação de rua e a busca de intervenções efetivas. In Morais, N. A.; Neiva-Silva, L.; Koller, S. H. Endereço desconhecido: Crianças e adolescentes em situação de rua.. (Vol. 1, Cap. 12, pp. 325-349). São Paulo: Casa do Psicólogo, 2010 SANTANA, J.P. Adolescência e drogas: uma abordagem em situação de risco. In Tavares, L. A; Montes, J. C. A adolescência e consumo de drogas: uma rede informal de saberes e práticas. Salvador: EDUFBA: CETAD, 2014. 316p (Coleção drogas: clínica e cultura) TAVARES, L. A; MONTES, J. C. A adolescência e consumo de drogas: uma rede informal de saberes e práticas. Salvador: EDUFBA: CETAD, 2014. 316p (Coleção drogas: clínica e cultura)